Acessibilidade / Reportar erro

Os ângulos de distalização e lateralização do ombro na artroplastia reversa podem interferir nos resultados funcionais em pacientes com artropatia do manguito rotador?

Resumo

Objetivo:

Avaliar a influência dos valores radiográficos nos resultados clínicos e funcionais em pacientes tratados com artroplastia reversa para artropatia do manguito rotador utilizando um desenho lateralizado.

Métodos:

Foi realizada uma análise retrospectiva. Foram registradas as demografias dos pacientes, bem como o intervalo de movimento pré-operatório e pós-operatório. A função foi calculada usando a pontuação Constant-Murley tanto antes como depois do procedimento. Radiografias pré e pós-operatórias anteroposteriores e axiais do ombro afetado foram analisadas. Nas imagens pré-operatórias, foram calculados a distância acromioumeral (DAU)e offset lateral umeral (OLU). As medidas pós-operatórias incluídas foram DAU, OLU, ângulo de distalização do ombro (ADO) e ângulo de lateralização do ombro (ALO). Foi realizada uma análise de regressão linear e regressão quadrática para determinar seu grau de associação com os resultados funcionais finais. Aplicando uma análise de regressão quadrática e curvas ROC, os valores de corte foram determinados em relação aos ângulos acima mencionados e o valor preditivo positivo foi calculado.

Resultados:

As maiores faixas de elevação anterior (EA) foram encontradas com ADO entre 40 e 45° e ALO entre 80 e 90°, enquanto a melhor abdução (ABD) foi observada com ALO de 90 e 100°. A DAU pré-operatória foi correlacionada com a rotação externa (RE) (rs: 0,47; p: 0,049). A DAU pós-operatória apresentou uma relação diretamente proporcional com a EA (rs: 0,49; p: 0,03). A ABD pós-operatória mostrou uma regressão linear inversa com a DAU pré-operatória (rs: -0,44, p: 0,047). O ALO e o ADO estavam inversamente relacionados.

Conclusão:

Determinamos que um ADO entre 40 e 45° e um ALO de 80 e 100° poderia levar a uma melhor amplitude de movimento em relação à EA e ABD em pacientes com artropatia do manguito rotador tratados com artroplastia reversa de ombro.

Palavras-chave
artroplastia; manguito rotador; ombro

Abstract

Objective:

To evaluate the influence of radiographic values on clinical and functional results in patients treated with reverse arthroplasty for rotator cuff arthropathy (RCA) using a lateralized design.

Methods:

A retrospective analysis was performed. Patient demographics were recorded, as well as preoperative and postoperative range of motion. Function was calculated using the Constant-Murley score both before and after the procedure. Pre and postoperative anteroposterior and axial radiographs of the affected shoulder were analysed. In the preoperative images, the following was calculated: acromiohumeral distance (AHD) and lateral humeral offset (LHO). Postoperative measurements included: AHD, LHO, distalization shoulder angle (DSA) and lateralisation shoulder angle (LSA). Linear regression and quadratic regression analysis was performed to determine their degree of association with final functional outcomes. By applying a quadratic regression analysis and ROC curves, the cut-off values were determined with respect to the above-mentioned angles and the VPP was calculated.

Results:

The greater anterior elevation (AE) ranges were found with DSA between 40-45° and LSA among 80°- 90°, while better ABD was observed with LSA of 90-100°. Preoperative AHD was correlated to RE (rs:0.47; p:0.049). Postoperative AHD was found to be in a directly proportional relationship with AE (rs:0.49; p:0.03). Postoperative ABD showed an inverse linear regression with preoperative AHD (rs: -0.44, p:0.047). LSA and DSA were inversely related.

Conclusion:

We found that a DSA between 40-45° and a LSA of 80-100° could lead to better range of motion regarding AE and ABD in patients with rotator cuff arthropathy treated with RSA.

Keywords
arthroplasty; rotator cuff; shoulder

Introdução

O desenho original da artroplastia invertida (AI) do ombro por Grammont em 1985 para o tratamento da artropatia do manguito rotador (AMR) consistia em medialização e distalização do centro de rotação da articulação glenoumeral para melhorar o braço de alavanca deltoide e, assim, aumentar a amplitude da elevação anterior (EA) e a abdução (ABD).11 Grammont P, Trouilloud P, Laffay J, et al. Étude et réalisation d’une nouvelle prothèse d’épaule. Rhumatol 1987;39:407–418,22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68,33 Boileau P, Watkinson DJ, Hatzidakis AM, Balg F. Grammont reverse prosthesis: design, rationale, and biomechanics. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(1, Suppl S) 147S–161S Esses implantes foram associados a algumas complicações específicas, como geração de incisuras escapulares e danos neurológicos11 Grammont P, Trouilloud P, Laffay J, et al. Étude et réalisation d’une nouvelle prothèse d’épaule. Rhumatol 1987;39:407–418,22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68,33 Boileau P, Watkinson DJ, Hatzidakis AM, Balg F. Grammont reverse prosthesis: design, rationale, and biomechanics. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(1, Suppl S) 147S–161S que diminuíram graças à introdução deartroplastias reversas do ombro (ARO) lateralizadas, também diminuindo a incidência de luxação protética e aumentando a amplitude de rotação.44 Katz D, Valenti P, Kany J, Elkholti K, Werthel JD. Does lateralisation of the centre of rotation in reverse shoulder arthroplasty avoid scapular notching? Clinical and radiological review of one hundred and forty cases with forty five months of follow-up. Int Orthop 2016;40(01):99–108

Há controvérsias em relação ao posicionamento ideal do implante para maximizar a amplitude de movimento (ADM) e reduzir o risco de complicações. Debate-se também os valores radiográficos e sua influência nos desfechos pós-operatórios.55 Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809 Vários autores tentam determinar o grau ideal de lateralização e distalização na ARO, embora os métodos tenham sido considerados muito exigentes para a prática clínica diária.55 Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809,66 Greiner S, Schmidt C, Herrmann S, Pauly S, Perka C. Clinical performance of lateralized versus non-lateralized reverse shoulder arthroplasty: a prospective randomized study. J Shoulder Elbow Surg 2015;24(09):1397–1404,77 Lädermann A, Denard PJ, Boileau P, et al. Effect of humeral stem design on humeral position and range of motion in reverse shoulder arthroplasty. Int Orthop 2015;39(11):2205–2213,88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 Os ângulos de distalização e lateralização do ombro descritos por Boutsiadis et al.88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 acerca da posição do úmero em relação à escápula, poderiam representar ferramentas reprodutíveis e determinantes dos desfechos clínicos.

O objetivo deste estudo foi identificar os valores radiográficos e avaliar sua influência nos resultados em pacientes tratados com ARO para AMR utilizando um desenho lateralizado com 135° de inclinação umeral.

Métodos

Este estudo é uma análise retrospectiva de casos atendidos entre janeiro de 2018 e janeiro de 2020 e foi aprovado pelo Comitê de Ética.

Seleção de Pacientes

Os critérios de exclusão foram pacientes tratados com próteses medializadas ou com inclinação umeral de 145° ou 155°; presença concomitante de fraturas da cabeça do úmero ou da glenoide; ausência de radiografias pré-operatórias; cirurgias de revisão; acompanhamento insuficiente e doenças neuromusculares. Os pacientes incluídos tiveram acompanhamento mínimo de 12 meses e foram submetidos ao tratamento da ARM (Hamada ≥ 3) com prótese lateralizada e inclinação umeral de 135°. Esses indivíduos tinham 18 anos ou mais e deltoide funcional.

Técnica Cirúrgica

A prótese lateralizada Arrow® (FH Orthopaedics, Mulhouse, França) foi utilizada.

Com o paciente em posição de cadeira de praia e anestesia do plexo, a abordagem deltopeitoral foi realizada com tenotomia insercional completa do subescapular e secção da cápsula articular. A cabeça do úmero foi luxada em rotação externa máxima e a osteotomia do úmero foi realizada com 20° de retroversão e 135° de inclinação. Posteriormente, o canal umeral foi submetido a raspagens crescentes até a obtenção de uma sensação de atrito cortical. A lima de maior calibre foi mantida no local para proteger o úmero proximal durante o procedimento na glenoide.

Ao realizar a exposição da glenoide, os osteófitos e o lábio degenerativo foram ressectados para otimizar a visualização da superfície articular. Em seguida, a cartilagem articular foi fresada, preservando o máximo de estoque ósseo possível. A implantação de metaglene foi feita projetando uma inclinação inferior de 10° com versão neutra. A fixação definitiva utilizou dois parafusos de compressão de 5,5 mm. Este sistema permitiu a utilização de glenosferas de 36, 39 ou 42 mm.

O componente umeral definitivo foi colocado não cimentado desde que a qualidade óssea metafisária o permitisse. A seguir, o tamanho do inserto de polietileno final foi escolhido. Assim como o tamanho da glenosfera, estes parâmetros foram decididos de acordo com a tensão deltoide intraoperatória e a estabilidade do implante.

Todos os pacientes foram submetidos à imobilização por 30 dias com tipoia de tipo Velpeau e iniciaram exercícios de mobilidade passiva uma semana após a cirurgia e reabilitação quatro semanas depois.

Avaliação Clínica

As ADMs pré-operatória e pós-operatória no último acompanhamento foram determinadas. A mobilidade ativa foi avaliada em graus, utilizando goniômetro, em EA, RE1, ABD e rotação interna (RI) com a mão nas costas, registrando o segmento alcançado pelo polegar como nível máximo conforme a descrição de Greene e Heckman99 Greene WB, Heckman JD. The clinical measurement of joint motion. Rosemont, Illinois: American Academy of Orthopaedic Surgeons; 1994:5–26 e pontuado de acordo com Levy et al.1010 Levy JC, Everding NG, Gil CC Jr, Stephens S, Giveans MR. Speed of recovery after shoulder arthroplasty: a comparison of reverse and anatomic total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2014;23(12):1872–1881

A função do deltoide foi definida pelo cirurgião responsável pelo tratamento, de acordo com a escala motora de Daniel, considerando o funcionamento do deltoide ao igualar ao valor de M5.1111 Avers D. Técnicas de balance muscular. In: Daniels and Worthingham. Técnicas de exploración manual y pruebas funcionales New York: Elsevier; 2014:115–123

A função foi calculada utilizando o escore de Constant-Murley adaptado para a população argentina.1212 Gómez D, Dainotto T, Moya D, Patiño JM. Traducción y adaptación transcultural del Constant-Murley Score al español de la Argentina. RAAOT 2022;87(04):579–592

Avaliação Radiológica

Foram utilizadas radiografias anteroposterior (AP) e axial do ombro afetado, tanto pré-operatórias quanto pós-operatórias. Considerando a importância do posicionamento correto e da técnica radiológica, todas as imagens foram realizadas pela mesma equipe e o mesmo fluoroscópio.

As medidas foram determinadas na projeção AP por dois pesquisadores que desconheciam os desfechos clínicos com o software Synapse 3d® (Fujifilm Healthcare®), considerando a média interobservador. A concordância interobservador foi calculada pelo coeficiente de correlação intraclasse (CCI). O poder do CCI foi considerado quando a concordância foi superior a 0,8. O CCI foi quase perfeito em todas as medições, como demonstrado na ►Tabela 1.

Tabela 1
Valores radiográficos expressos como média e desvio-padrão (DP)

Nas imagens pré-operatórias, foram calculados os seguintes parâmetros: distância acromioumeral (DAU) e offset lateral do úmero (OLU). As medidas pós-operatórias incluíram DAU, OLU, ADO e ALO (►Fig. 1).

Fig. 1
Descrições das medidas. a) ângulo de lateralização do ombro; b) ângulo de distalização do ombro; c) distância acromioumeral pré-operatória; d): distância acromioumeral pós-operatória; e) deslocamento lateral do úmero pré-operatório; f) offset lateral do úmero pós-operatório.

  • – O ALO (►Fig. 1A) foi determinado com base em três pontos de referência: a borda superior do tubérculo glenoidal, a borda mais lateral do acrômio e a borda mais lateral do tubérculo maior. Uma linha uniu o tubérculo glenoidal superior à borda mais lateral do acrômio. Uma segunda linha conectou este último ponto com a borda lateral da tuberosidade maior. O ângulo entre essas duas linhas corresponde ao ALO.

  • – O ADO (►Fig. 1B) considerou a borda superior do tubérculo glenoidal, a borda mais lateral do acrômio e a borda mais superior do tubérculo maior. O ADO foi calculado traçando-se uma linha da borda mais lateral do acrômio até o tubérculo glenoidal superior e, daí, outra linha até a borda mais superior da tuberosidade maior. O ângulo entre essas duas linhas correspondeu ao ADO.

  • – A DAU foi medida calculando a distância perpendicular entre a porção mais lateral do acrômio e uma linha paralela à borda superior da tuberosidade maior (►Fig. 1C, D).

  • – O OLU foi calculado com base na distância da linha da DAU até a projeção da borda mais lateral da tuberosidade maior (►Fig. 1E, F).

A classificação de Hamada e Fukuda1313 Hamada K, Fukuda H, Mikasa M, Kobayashi Y. Roentgenographic findings in massive rotator cuff tears. A long-term observation. Clin Orthop Relat Res 1990;(254):92–96 determinou o grau de osteoartrite glenoumeral.

Análise Estatística

As variáveis descritivas contínuas foram expressas como média, desvio-padrão e amplitude. As variáveis qualitativas foram expressas em porcentagens. Uma análise de regressão linear determinou o grau de associação entre os ângulos pré-operatórios e pós-operatórios e a mobilidade. Uma análise de regressão quadrática foi realizada e a área sob a curva (AUC, do inglês area under the curve) característica de operação do receptor (ROC, do inglês, receiver operating characteristic) (AUC-ROC) foi calculada. O valor do ponto de corte foi utilizado como o valor cuja sensibilidade e especificidade estavam mais próximas do valor da AUC-ROC e a diferença absoluta entre o valor de sensibilidade e especificidade foi mínima. Os valores de corte foram determinados em relação aos ângulos ADO e ALO. Os programas Graph Pad Prism 8.02 e MedCalc12.0 foram empregados para análise.

Resultados

Pacientes

Dos 57 pacientes submetidos à ARO, 35 foram diagnosticados com ARM. Oito indivíduos foram excluídos; não foi possível obter as radiografias de três pacientes, quatro não tiveram acompanhamento suficiente e os demais receberam próteses medializadas (►Fig. 2). O estudo incluiu 27 pacientes com idade média de 72,0 ± 7,1 anos. (77,7% mulheres, n: 21, sendo 20 ombros direitos). A ADM não foi analisada em relação ao tamanho da glenosfera, que foi de 36 mm em 24 casos e 39 mm em três casos. O tempo de acompanhamento foi de 19,3 ± 6,9 meses após a cirurgia. O ALO médio foi de 92,5° (85 a 115°) e o ADO médio foi de 43,2° (30 a 60°). Os valores médios das medidas radiográficas estão descritos na ►Tabela 1, assim como o desvio-padrão, o CCI e os intervalos de confiança (CI) dos coeficientes. A ►Tabela 2 mostra a mobilidade pré e pós-operatória e as diferenças significativas entre os valores, exceto de ABD (p: 0,56)

Fig. 2
Fluxograma de pacientes incluídos e excluídos. ARO: artroplastia reversa do ombro; ALM; artropatia da laceração de manguito.

Tabela 2
Valores pré e pós-operatórios de mobilidade

Análise de Correlação

Houve uma associação diretamente proporcional entre o DAU pré-operatório e RE e a rotação interna (RI) (rs: 0,47 e rs: 0,44, respectivamente) e uma correlação negativa de Pearson com a ABD (rs: -0,44). A DAU e a EA pós-operatória apresentaram associação de Spearman diretamente proporcional (rs: 0,49). A ►Tabela 3 revela a ausência de associação entre os demais ângulos estudados.

Tabela 3
Análise de correlação

Regressão Linear e Componente Quadrático

A RE pós-operatória apresentou regressão linear positiva com a DAU pré-operatória (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68: 0,12). A adição de um componente quadrático aumentou o ajuste (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68: 0,3; p: 0,02). Além disso, os valores pré-operatórios de DAU de 5 e 10 mm melhoraram os melhores ângulos de RE (►Fig. 3a).

Fig. 3
Regressão linear e componente quadrática. a) entre RE pós-operatório e DAU pré-operatória; b) entre EA pós-operatória e DAU pós-operatória; c) entre ABD pós-operatória e DAU pré-operatória; d) entre ALO e ADO. RE: rotação externa; DAU: distância acromioumeral; EA elevação ativa; ALO: ângulo de lateralização do ombro; ADO: ângulo de distalização do ombro.

A EA pós-operatória apresentou regressão linear positiva com a DAU pós-operatória (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68: 0,24). A adição de um componente quadrático produziu um aumento significativo no ajuste (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68:0,22; p: 0,02) com melhores ângulos pós-operatórios de EA entre 18 e 38 mm de DAU pós-operatória (►Fig. 3b).

A ABD pós-operatória apresentou regressão linear inversa com a DAU pré-operatória (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68: 0,19). A adição de um componente quadrático aumentou o ajuste (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68: 0,24; p: 0,02). Os melhores ângulos de ABD (90 a 160°) foram associados a valores pré-operatórios de DAU entre 5,7 e 13,5 (►Fig. 3c). Por fim, a correlação de Pearson entre ALO e ADO foi negativa (r2:-0,38; p: 0,047) (►Fig. 3d). Todos estes casos apresentaram relação estatisticamente significativa.

Não houve nenhum componente quadrático entre a ADO e a EA ou entre ALO e ABD (r22 Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68: 0,05; p: 0,33), ALO e RE ou ALO e RI, nem entre DAU pós-operatória e ABD ou OLU pós-operatório e ABD.

Área Sob a Curva e Previsões

A AUC-ROC foi calculada. O ADO ≤ 45° pode prever uma EA pós-operatória > 106° com sensibilidade (SE) de 73,7% (IC de 95%: 48,8 a 90,9) e especificidade (ESP) de 57,1% (IC de 95%: 29 a 96,3), com AUC de 64%(ICde 95%: 0,4 a 0,8)(►Fig.4a). O ALO ≥ 86° prevê uma EA> 106° com AUC de 0,6 (IC de 95%: 0,4 a 0,8),SE de 73,7%(IC de 95%: 48,8 a 90,9) e ESP de 57,1 (IC de 95%: 18 a 90,1) (►Fig. 4b). O ALO > 80° pode prever ABD > 76° com 94,12% de SE, 50% de ESP e AUC de 0,62 (IC de 95%: 0,4-0,8) (►Fig. 4c).

Fig. 4
Curvas ROC. a) ADO e EA > 106°; b) ALO e EA > 106°; c) ALO e ABD > 76°; d) ADO e ABD > 76°; e) ADO e RE > 20°; f) ALO e RE > 20°. ROC: característica de operação do receptor; ASD: ângulo de distalização do ombro; EA: elevação ativa; ABD: abdução; RE: rotação externa; ALO: ângulo de lateralização do ombro.

Com ALO e ABD > 76° (►Fig. 4d) e ADO ou ALO referente à RE > 20° (►Fig. 4e, 4f), a AUC foi razoável, de 0,62, 0,55 e 0,67, respectivamente, e os modelos não foram estatisticamente significativos.

Os melhores valores de EA (> 106°) foram encontrados com ADO entre 40 e 45° e ALO entre 80 e 90°. Valores menores ou maiores têm valor preditivo positivo (VPP) menor (►Tabelas 4a e 4b).

Tabela 4
4a) ADO e EA > 106°; 4b) ALO e EA > 106°; 4c) ALO e ABD > 76°

Os melhores valores de ABD foram associados ao ALO entre 90 e 100°. Valores menores ou maiores apresentaram VPP menor (►Tabela 4c).

Discussão

Os principais achados deste estudo foram que um ARO lateralizado com inclinação umeral de 135° apresentou faixas de EA > 106°, ADO entre 40 e 45° e ALO entre 80 e 90°, enquanto a ABD > 76° foi mais observada com ALO entre 90 e 100°.

Os primeiros autores a proporem o uso de ADO e ALO foram Boutsiadis et al.,88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 que incluíram dois desenhos diferentes de implantes com inclinação umeral de 145° e 155°. Estes autores observaram a existência de regressão linear positiva com ALO e EA e maior EA e ABD com ADO entre 40° e 65° e melhores valores de RE com ALO entre 75° e 100°.88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 Berthold et al.55 Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809 também relataram uma correlação entre EA e ADO entre 40° e 60° e ALO entre 75° e 95° utilizando implante de inclinação umeral de 135° em 61 pacientes. Esses resultados foram semelhantes ao nosso estudo, em que uma melhor EA foi relacionada a 40 a 45° de ADO e 80 a 90° de ALO. Nossa série revelou que o ALO está associado à melhor ABD quando calculado entre 90 e 100°. Até onde temos conhecimento, esta é a primeira vez que esta relação é descrita.

Observamos que a EA > 106° poderia ser prevista quando ADO era entre 40 e 45° e ALO entre 80 e 90°. Esses resultados podem ser comparados a estudos anteriores, onde a menor EA (< 100°) foi relacionada ao ADO < 40° ou > 70°55 Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809,88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 e ALO > 95°.

Como outros autores,1414 Mahendraraj KA, Colliton E, Muniz A, Menendez ME, Jawa A. Assessing the validity of the distalization and lateralization shoulder angles following reverse total shoulder arthroplasty. Semin Arthroplast JSES 2020;30(04):291–296,1515 Beltrame A, Di Benedetto P, Cicuto C, Cainero V, Chisoni R, Causero A. Onlay versus Inlay humeral steam in Reverse Shoulder Arthroplasty (RSA): clinical and biomechanical study. Acta Biomed 2019;90(12-S):54–63,1616 Jeon YS, Rhee YG. Factors associated with poor active anterior elevation after reverse total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(05):786–793 não encontramos um valor de corte de ADO ou ALO relacionado à RE, ao contrário de Boutsiadis et al.,88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 que previram RE > 16° quando ALO variava entre 75 e 95°. Houve uma associação diretamente proporcional entre DAU pré-operatória, conforme descrito por Berthold,55 Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809 e os melhores intervalos de RE com distâncias entre 5 e 10 mm. Essa medida radiográfica teve associação inversa com ABD, que apresentou valores entre 90 e 160° com DAU de 5,7 e 13,5 mm. A DAU pós-operatória foi diretamente associada à EA. As medidas entre 18 e 38 mm foram relacionadas a melhores faixas de EA. Isso foi mencionado por Jobin et al.,1717 Jobin CM, Brown GD, Bahu MJ, et al. Reverse total shoulder arthroplasty for cuff tear arthropathy: the clinical effect of deltoid lengthening and center of rotation medialization. J Shoulder Elbow Surg 2012;21(10):1269–1277 que verificaram que pacientes com EA > 135° apresentavam DAU pós-operatória > 38 mm em 90% dos casos e, em 45% dos indivíduos, a EA era inferior a 135° quando a DAU pósoperatória era < 38 mm. Lädermann et al.1818 Lädermann A, Denard PJ, Collin P, et al. Effect of humeral stem and glenosphere designs on range of motion and muscle length in reverse shoulder arthroplasty. Int Orthop 2020;44(03):519–530 descreveram uma relação linear positiva entre DAU e EA em um modelo computacional. Berthold observou uma correlação moderada e significativa entre RE e DAU pós-operatória,55 Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809 mas nossos achados não foram semelhantes. Resumindo, de acordo com nossos resultados, a melhor ADM pode ser obtida com ALO entre 80 e 100° e ADO > 40° e ≤ 45°. Tanto ALO quanto ADO permitiram uma estimativa da lateralização e distalização do úmero após a ARO. Beltrame et al.1515 Beltrame A, Di Benedetto P, Cicuto C, Cainero V, Chisoni R, Causero A. Onlay versus Inlay humeral steam in Reverse Shoulder Arthroplasty (RSA): clinical and biomechanical study. Acta Biomed 2019;90(12-S):54–63 encontraram uma relação direta entre ALO e ARO lateralizado e entre ASD e ARO mais distalizado. Identificamos uma correlação linear negativa entre esses ângulos, como relataram Boutsiadis et al.88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 e Beltrame et al.1515 Beltrame A, Di Benedetto P, Cicuto C, Cainero V, Chisoni R, Causero A. Onlay versus Inlay humeral steam in Reverse Shoulder Arthroplasty (RSA): clinical and biomechanical study. Acta Biomed 2019;90(12-S):54–63, o que significa que há um ponto em que muita distalização leva a menos lateralização. Demonstrou-se que a lateralização aumenta EA e RE pós-operatórias,1919 Lädermann A, Tay E, Collin P, et al. Effect of critical shoulder angle, glenoid lateralization, and humeral inclination on range of movement in reverse shoulder arthroplasty. Bone Joint Res 2019;8(08): 378–386 restaurando o centro anatômico de rotação, otimizando o recrutamento das fibras musculares restantes do manguito e preservando o momento rotacional do subescapular e redondo menor, também aumentando o momento do deltoide em 42%.77 Lädermann A, Denard PJ, Boileau P, et al. Effect of humeral stem design on humeral position and range of motion in reverse shoulder arthroplasty. Int Orthop 2015;39(11):2205–2213,2020 Goetti P, Denard PJ, Collin P, Ibrahim M, Mazzolari A, Lädermann A. Biomechanics of anatomic and reverse shoulder arthroplasty. EFORT Open Rev 2021;6(10):918–931 A EA pode ser influenciada pela lateralização, volume do deltoide e comorbidades dos pacientes,2121 Werner BC, Wong AC, Mahony GT, et al. Causes of poor postoperative improvement after reverse total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2016;25(08):e217–e222 embora este tópico ainda seja debatido.1616 Jeon YS, Rhee YG. Factors associated with poor active anterior elevation after reverse total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(05):786–793

A lateralização do ARO pode ser gerada no lado glenoide e/ou umeral. O BIO-LSA causa apenas lateralização da glenoide,2222 Boileau P, Moineau G, Roussanne Y, O’Shea K. Bony Increased Offset-Reversed Shoulder Arthroplasty (BIO-RSA). JBJS Essential Surg Tech 2017;7(04):e37 em contraste com o Arrow reverso.2323 Valenti P, Sauzières P, Katz D, Kalouche I, Kilinc AS. Do less medialized reverse shoulder prostheses increase motion and reduce notching? Clin Orthop Relat Res 2011;469(09):2550–2557 Nesta série, o ALO ficou entre 80 e 110° para lateralização ideal do implante no que diz respeito à RE e ABD. Deve-se ter cuidado com lateralização excessiva devido ao risco de neuropraxia e fratura acromial.2424 Bauer S, Corbaz J, Athwal GS, Walch G, Blakeney WG. Lateralization in Reverse Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021;10(22): 5380,2525 Paszicsnyek A, Jo O, Rupasinghe HS, et al. Factors Influencing Acromial and Scapular Spine Strain after Reverse Total Shoulder Arthroplasty: A Systematic Review of Biomechanical Studies. J Clin Med 2022;11(02):361

A distalização do úmero permite aumentar a tensão no músculo deltoide, elevando assim a EA.33 Boileau P, Watkinson DJ, Hatzidakis AM, Balg F. Grammont reverse prosthesis: design, rationale, and biomechanics. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(1, Suppl S) 147S–161S Acredita-se que o alongamento ideal do úmero deve ser em torno de 2cm,2626 Lädermann A, Williams MD, Melis B, Hoffmeyer P, Walch G. Objective evaluation of lengthening in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2009;18(04):588–595 mas a distalização excessiva do ARO pode gerar neurapraxia.2727 Kim HJ, Kwon TY, Jeon YS, Kang SG, Rhee YG, Rhee SM. Neurologic deficit after reverse total shoulder arthroplasty: correlation with distalization. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(06):1096–1103

O escore de Constant-Murley foi de 69,9 ± 7,8, em concordância com outros autores, oscilando entre 59 pontos em 45 pacientes aos 40 meses de acompanhamento e sendo de 86 pontos com implante lateralizado após 10 anos de acompanhamento.2828 Boileau P, Watkinson D, Hatzidakis AM, Hovorka I. Neer Award 2005: The Grammont reverse shoulder prosthesis: results in cuff tear arthritis, fracture sequelae, and revision arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2006;15(05):527–540,2929 Bacle G, Nové-Josserand L, Garaud P, Walch G. Long-term outcomes of reverse total shoulder arthroplasty. J Bone Joint Surg Am 2017;99(06):454–461 Não encontraram relação entre ALO ou ADO e o escore de Constant-Murley pós-operatório, ao contrário de Boutsiadis et al.,88 Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234 que descreveram uma associação significativa entre a seção de mobilidade do escore e ALO.

As limitações do nosso estudo retrospectivo foram a ausência de documentação do status intraoperatório do subescapular em todos os casos. Além disso, o tamanho da glenosfera poderia interferir na ADM,3030 Müller AM, Born M, Jung C, et al. Glenosphere size in reverse shoulder arthroplasty: is larger better for external rotation and abduction strength? J Shoulder Elbow Surg 2018;27(01):44–52 que não foi levada considerada neste estudo. Outra limitação foi o pequeno número de pacientes avaliados e o fato de que as radiografias, mesmo padronizadas, poderem apresentar variações dependendo do posicionamento do paciente durante o exame.

Conclusões

Este estudo revela que o ADO entre 40 e 45° e o ALO entre 80 e 100° poderia melhorar a amplitude de movimento em relação à EA e ABD em pacientes com artropatia do manguito rotador submetidos à ARO.

  • Suporte Financeiro
    Este trabalho não recebeu suporte financeiro de fontes públicas, comerciais ou sem fins lucrativos.
  • Trabalho desenvolvido no Hospital Británico de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina.

References

  • 1
    Grammont P, Trouilloud P, Laffay J, et al. Étude et réalisation d’une nouvelle prothèse d’épaule. Rhumatol 1987;39:407–418
  • 2
    Grammont PM, Baulot E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture. Orthopedics 1993;16(01):65–68
  • 3
    Boileau P, Watkinson DJ, Hatzidakis AM, Balg F. Grammont reverse prosthesis: design, rationale, and biomechanics. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(1, Suppl S) 147S–161S
  • 4
    Katz D, Valenti P, Kany J, Elkholti K, Werthel JD. Does lateralisation of the centre of rotation in reverse shoulder arthroplasty avoid scapular notching? Clinical and radiological review of one hundred and forty cases with forty five months of follow-up. Int Orthop 2016;40(01):99–108
  • 5
    Berthold DP, Morikawa D, Muench LN, et al. Negligible Correlation between Radiographic Measurements and Clinical Outcomes in Patients Following Primary Reverse Total Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021; 10(04):809
  • 6
    Greiner S, Schmidt C, Herrmann S, Pauly S, Perka C. Clinical performance of lateralized versus non-lateralized reverse shoulder arthroplasty: a prospective randomized study. J Shoulder Elbow Surg 2015;24(09):1397–1404
  • 7
    Lädermann A, Denard PJ, Boileau P, et al. Effect of humeral stem design on humeral position and range of motion in reverse shoulder arthroplasty. Int Orthop 2015;39(11):2205–2213
  • 8
    Boutsiadis A, Lenoir H, Denard PJ, et al. The lateralization and distalization shoulder angles are important determinants of clinical outcomes in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(07):1226–1234
  • 9
    Greene WB, Heckman JD. The clinical measurement of joint motion. Rosemont, Illinois: American Academy of Orthopaedic Surgeons; 1994:5–26
  • 10
    Levy JC, Everding NG, Gil CC Jr, Stephens S, Giveans MR. Speed of recovery after shoulder arthroplasty: a comparison of reverse and anatomic total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2014;23(12):1872–1881
  • 11
    Avers D. Técnicas de balance muscular. In: Daniels and Worthingham. Técnicas de exploración manual y pruebas funcionales New York: Elsevier; 2014:115–123
  • 12
    Gómez D, Dainotto T, Moya D, Patiño JM. Traducción y adaptación transcultural del Constant-Murley Score al español de la Argentina. RAAOT 2022;87(04):579–592
  • 13
    Hamada K, Fukuda H, Mikasa M, Kobayashi Y. Roentgenographic findings in massive rotator cuff tears. A long-term observation. Clin Orthop Relat Res 1990;(254):92–96
  • 14
    Mahendraraj KA, Colliton E, Muniz A, Menendez ME, Jawa A. Assessing the validity of the distalization and lateralization shoulder angles following reverse total shoulder arthroplasty. Semin Arthroplast JSES 2020;30(04):291–296
  • 15
    Beltrame A, Di Benedetto P, Cicuto C, Cainero V, Chisoni R, Causero A. Onlay versus Inlay humeral steam in Reverse Shoulder Arthroplasty (RSA): clinical and biomechanical study. Acta Biomed 2019;90(12-S):54–63
  • 16
    Jeon YS, Rhee YG. Factors associated with poor active anterior elevation after reverse total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2018;27(05):786–793
  • 17
    Jobin CM, Brown GD, Bahu MJ, et al. Reverse total shoulder arthroplasty for cuff tear arthropathy: the clinical effect of deltoid lengthening and center of rotation medialization. J Shoulder Elbow Surg 2012;21(10):1269–1277
  • 18
    Lädermann A, Denard PJ, Collin P, et al. Effect of humeral stem and glenosphere designs on range of motion and muscle length in reverse shoulder arthroplasty. Int Orthop 2020;44(03):519–530
  • 19
    Lädermann A, Tay E, Collin P, et al. Effect of critical shoulder angle, glenoid lateralization, and humeral inclination on range of movement in reverse shoulder arthroplasty. Bone Joint Res 2019;8(08): 378–386
  • 20
    Goetti P, Denard PJ, Collin P, Ibrahim M, Mazzolari A, Lädermann A. Biomechanics of anatomic and reverse shoulder arthroplasty. EFORT Open Rev 2021;6(10):918–931
  • 21
    Werner BC, Wong AC, Mahony GT, et al. Causes of poor postoperative improvement after reverse total shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2016;25(08):e217–e222
  • 22
    Boileau P, Moineau G, Roussanne Y, O’Shea K. Bony Increased Offset-Reversed Shoulder Arthroplasty (BIO-RSA). JBJS Essential Surg Tech 2017;7(04):e37
  • 23
    Valenti P, Sauzières P, Katz D, Kalouche I, Kilinc AS. Do less medialized reverse shoulder prostheses increase motion and reduce notching? Clin Orthop Relat Res 2011;469(09):2550–2557
  • 24
    Bauer S, Corbaz J, Athwal GS, Walch G, Blakeney WG. Lateralization in Reverse Shoulder Arthroplasty. J Clin Med 2021;10(22): 5380
  • 25
    Paszicsnyek A, Jo O, Rupasinghe HS, et al. Factors Influencing Acromial and Scapular Spine Strain after Reverse Total Shoulder Arthroplasty: A Systematic Review of Biomechanical Studies. J Clin Med 2022;11(02):361
  • 26
    Lädermann A, Williams MD, Melis B, Hoffmeyer P, Walch G. Objective evaluation of lengthening in reverse shoulder arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2009;18(04):588–595
  • 27
    Kim HJ, Kwon TY, Jeon YS, Kang SG, Rhee YG, Rhee SM. Neurologic deficit after reverse total shoulder arthroplasty: correlation with distalization. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(06):1096–1103
  • 28
    Boileau P, Watkinson D, Hatzidakis AM, Hovorka I. Neer Award 2005: The Grammont reverse shoulder prosthesis: results in cuff tear arthritis, fracture sequelae, and revision arthroplasty. J Shoulder Elbow Surg 2006;15(05):527–540
  • 29
    Bacle G, Nové-Josserand L, Garaud P, Walch G. Long-term outcomes of reverse total shoulder arthroplasty. J Bone Joint Surg Am 2017;99(06):454–461
  • 30
    Müller AM, Born M, Jung C, et al. Glenosphere size in reverse shoulder arthroplasty: is larger better for external rotation and abduction strength? J Shoulder Elbow Surg 2018;27(01):44–52

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2024

Histórico

  • Recebido
    26 Out 2022
  • Aceito
    18 Jan 2023
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br