Acessibilidade / Reportar erro

O ano de 2016, um marco

Este é o editorial do último número deste 2016, que foi um ano especialíssimo e que seguramente será lembrado pela história.

Foi o ano em que o povo brasileiro destituiu um governo sem revolução, sem tiro, sem greve, apenas pela demonstração clara de sua vontade.

Por um lado, houve um fortalecimento do sistema, um novo grau de respeito a um povo que, dentro dos limites da lei e vencendo uma quadrilha de criminosos que se intitulavam partido político, impôs a sua vontade.

Por outro lado, houve a grande decepção daqueles que acreditavam ter resolvido os problemas de desigualdade social e de desnível econômico que são presentes na nossa sociedade.

Tenho certeza de que a decepção é maior do que o sentimento de justiça que estimula tantas pessoas que assistiram à queda do maior esquema de roubo e corrupção que houve na história do Brasil.

O sentimento de perda é maior e mais dolorido do que a sensação de vitória.

Os que acreditaram que haveria um país grande, com crescimento econômico em nível internacional, com reconhecimento do mundo, com a possibilidade de autonomia no petróleo, viram tudo roer por causa do grande fator de erro, em qualquer passo da história, o homem.

Tudo teria sido possível e poderia ter continuado não fosse a ganância por um ganho financeiro acima de qualquer dimensão, uma ânsia de poder eterno e um desprezo por qualquer norma legal.

Caíram por uma falha legal que iniciou todo o processo de impedimento que possibilitou a derrubada do esquema. Realmente, como afirmam, a pequena falha que os juristas descobriram e que deu legalidade ao processo é desproporcional ao imenso mal que todo o sistema desenvolveu.

Na história temos alguns exemplos semelhantes, e talvez o mais próximo tenha sido o de Al Capone, o maior gângster da história, famoso pelas suas doações a campanhas de caridade, que foi preso em 1931 por uma falha na sua declaração de imposto de renda, uma migalha de desacerto na sua vida desonesta e assassina.

Acredito que a falta de uma filosofia, da definição de princípios, do suporte teórico, sejam responsáveis por essas ocorrências, fatos episódicos na história e em geral ligados a homens sem preparo para o grau de liderança que exercem.

O desprezo pelas instituições é a marca de todos esses desastres que ocorrem. Hoje, ainda nos estertores da crise que ocorreu nesse grupo de políticos, vemos ainda a tentativa de negar as instituições legais.

A prepotência, a falta do hábito de respeito às regras e à autoridade constituída, é o destino final de todos os que têm a possibilidade de alcançar altos cargos sem o preparo adequado.

A inoperância e o oportunismo daqueles que cercam essas figuras favorecem em muito o seu desenvolvimento, permitem e estimulam o seu crescimento.

Felizmente o mecanismo de ajuste que rege o equilíbrio da natureza não permite a progressão dessas pessoas, embora o mal que causam possa em alguns casos ser irreparável.

Esses fatos não são exclusivos da política, ocorrem em várias áreas. Na nossa atividade não é raro na chefia dos serviços, na direção de programas acadêmicos, na gestão de sociedades e de regionais e em todas as atividades com único homem à frente, cercado de pessoas inoperantes e oportunistas. Ao longo da história da ortopedia brasileira vários foram os exemplos de autoritarismo e prepotência que trouxeram importantes prejuízos para pessoas e instituições e que não merecem ser lembrados. Os seus autores desapareceram no esquecimento.

Para a RBO, 2016 foi um grande ano, a indexação nos colocou no plano internacional e continuamos a crescer no plano nacional. Estamos iniciando um grande processo de renovação do nosso quadro de revisores que atualizará o nosso perfil editorial.

Os nossos novos revisores, sugeridos pelas sociedades de especialidade e por antigos revisores, trarão a juventude necessária para mantermos a RBO em franco progresso, sem que haja a perda da qualidade. Estamos fazendo essa mudança de forma progressiva, para não perder o equilíbrio dos experientes e ganhar o dinamismo dos mais jovens.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2016
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br