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Terapia comportamental e cognitivo-comportamental: práticas clínicas

LIVROS

Luiz Alberto Hanns

Associação Brasileira de Psicoterapia (ABRAP) Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

"Terapia comportamental e cognitivo-comportamental - Práticas clínicas"

São Paulo: Editora Roca, 2004 - ISBN: 85-7241-526-2 Organizadores: Cristiano Nabuco de Abreu, Hélio José Guilhardi

O lançamento deste livro merece um lugar de destaque na prateleira de psiquiatras e psicólogos clínicos.

Ao optar pelo formato de grande coletânea de artigos, os seus organizadores abdicaram da coesão padronizada de um manual. Preferiram apresentar a rica variedade de recursos psicoterápicos hoje disponíveis nas abordagens comportamental e cognitiva. Opção feliz. Os 42 capítulos - cada um redigido por um psicoterapeuta brasileiro de reconhecida experiência - estão organizados em três partes: I - terapia comportamental (22 capítulos), II - terapia cognitivo-comportamental (16 capítulos) e III - terapia cognitivo-construtivista (4 capítulos). O resultado não é um mero sobrevôo, mas detalhadas descrições de 38 formas de intervenção psicoterápica que podem tanto ser usadas como ferramentas efetivas de trabalho, como servem de material de consulta. Embora se possa notar a falta de uma maior padronização dos capítulos, as apresentações são claras e os exemplos clínicos vivos e didáticos. Contudo, há três pontos que ainda poderiam ser levados em conta numa próxima edição:

1) Correlacionar, de modo sistematizado, as práticas clínicas aos quadros psicopatológicos - em especial, teria sido interessante dar atenção aos transtornos de personalidade, pois a maioria dos psicoterapeutas ainda está pouco informada a respeito da existência de técnicas de tratamento destes transtornos no âmbito das psicoterapias estruturadas.

2) Dedicar um espaço maior à terapia cognitivo-construtivista, que foi contemplada com apenas quatro capítulos, faltando uma apresentação mais detalhada de conceitos e de estratégias, tal como nos capítulos referentes às duas outras escolas.

3) Seria importante em uma obra deste vulto contar com um capítulo introdutório que situasse o leitor no campo da psicoterapia em geral. Embora a coletânea inicie com uma excelente introdução de Roberto Banaco, ela é demasiado curta (duas páginas) para cumprir esta função. Capítulos que promovem certo ordenamento conceitual em um campo onde há tantas abordagens e variantes técnicas têm sido uma prática cada vez mais comum em coletâneas e manuais. A maioria dos psiquiatras e psicólogos clínicos não tem formação em psicoterapia comparada, bem como não conhece os diferentes modelos de integração teórico-clínica atualmente debatidos no campo da psicoterapia. Todavia, é preciso estar munido de algumas dessas noções para poder seguir a importante recomendação que Banaco faz ao final de sua breve introdução: "Cada uma delas (referindo-se às práticas clínicas que constam no livro) pode ser útil em algum momento da atuação do profissional de qualquer abordagem teórica, sem ferir o modelo subjacente à sua forma de trabalho. Entretanto, sua análise, escolha e utilização devem ser pautadas na fundamentação teórica da abordagem assumida pelos terapeutas".

Finalizemos comentando que, se não mapearmos as semelhanças e diferenças entre as inúmeras abordagens e se não refletirmos sobre os modos de integrar conhecimentos, corremos o risco - sob o pretexto de estarmos lidando com supostos paradigmas incomensuráveis - de eternizar o mútuo desconhecimento entre escolas, que muitas vezes reinventam a roda sob nomenclaturas diversas. Neste sentido, esta coletânea, além de nos oferecer uma ampla visão do ferramental comportamental e cognitivo, dá mais um passo em prol da integração de conhecimentos. Quem sabe, futuras versões expandidas de coletâneas possam mostrar que também entre as abordagens psicodinâmicas e as terapias estruturadas há mais proximidades e compatibilidades do que se imagina.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Nov 2005
  • Data do Fascículo
    Jun 2005
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