OBJETIVO: Já está bem estabelecido que a forma de intervenção mais eficaz no tratamento de pacientes com esquizofrenia consiste na combinação de tratamento psicofarmacológico com intervenções psicosssociais. No caso da esquizofrenia refratária a tratamento antipsicótico (ERTA), a terapêutica concentra-se quase que exclusivamente nos tratamentos farmacológicos, não havendo evidências de que as intervenções psicossociais sejam eficazes. O presente estudo procura investigar o efeito da Terapia Ocupacional (TO) como possível potencializadora do tratamento psicofarmacológico da ERTA. MÉTODO: Foram comparados dois grupos de pacientes com ERTA: O grupo Experimental (GE) recebeu tratamento psicofarmacológico com clozapina e TO e Grupo Controle (GC), apenas tratamento psicofarmacológico. Foi utilizada a Escala de Observação Interativa de Terapia Ocupacional (EOITO) para avaliar a evolução do processo terapêutico. O estudo teve duração de 6 meses e cada paciente foi avaliado em sete tempos diferentes (avaliação inicial e seis avaliações mensais). A EOITO foi aplicada independentemente por dois terapeutas ocupacionais, com altos índices de confiabilidade (Kappa= 0,90, p=0,001). A análise estatística utilizada foi a análise repetida de variância e a comparação dos tamanhos de efeito padronizados. RESULTADOS: O cálculo dos tamanhos de efeito mostrou de modo consistente que o GE beneficiou-se da intervenção da TO ao longo de todo período de observação, sendo que os maiores tamanhos de efeito ocorreram a partir do quarto mês. CONCLUSÕES: A combinação de TO com clozapina mostrou-se mais efetiva do que o uso de clozapina isoladamente na evolução dos pacientes com esquizofrenia refratária a tratamento antipsicótico. A TO pode representar uma alternativa adicional no arsenal terapêutico da ERTA.
Esquizofrenia; Esquizofrenia resistente a tratamento antipsicótico; Terapia ocupacional; Escala de observação interativa de terapia ocupacional