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Popular use of medicinal plants and the socioeconomic profile of the users: a study in the urban area of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil

Uso popular de plantas medicinais e perfil socioeconômico dos usuários: um estudo em área urbana em Ouro Preto, MG, Brasil.

Abstracts

This work aimed to identify the medicinal plants of popular use and the socioeconomic profile of the users in the urban area of Ouro Preto, state of Minas Gerais, Brazil. The survey was carried out with random sampling and semi-structured interviews, amounting to 10% of households. The degree of knowledge about medicinal plants was measured by the number of species mentioned. The relationship between the popular knowledge about medicinal plants and the socioeconomic characteristics of the users (income, education, gender, age and type of knowledge acquisition) was also studied. In this survey, 6,713 inhabitants were questioned, of whom more than 90% use medicinal plants. A total of 342 species grouped in 94 families were identified. The popular names, growth habit, habitat, medicinal uses, part used and method of preparation are listed for each identified species. The main ailments treated with plants were diarrhea, insomnia, flu, dropsy and liver, renal and respiratory tract disorders. There is a large number of native species. Among the exotic ones, most are of European origin. The spiritual use of species, although present in the popular culture of the city, was negligible. Some species figure on the Brazilian red lists. It was noted that knowledge of medicinal plants by the population of Ouro Preto, in species richness, is not related to income, class, educational level and gender. The age and manner of acquisition of empirical knowledge about medicinal plants are associated with the number of species listed. Persons with greater popular knowledge about medicinal plants acquired information through family tradition, books and from other persons. Younger persons know fewer medicinal plants than the older ones, what suggests a loss of this traditional knowledge. The richness of the plants mentioned in this paper demonstrates the importance of ethnobotanical studies in the rescue of traditional knowledge in urban areas, for its scientific, historical and cultural values.

Ethnobotany; medicinal plants; Ouro Preto - MG - Brazil; socioeconomic profile; traditional knowledge


Este trabalho teve por objetivo identificar as plantas medicinais de uso popular e o perfil socioeconômico de seus usuários em área urbana de Ouro Preto, MG. O levantamento utilizou entrevistas semiestruturadas e amostragem aleatória, perfazendo 10% das residências. O grau de conhecimento sobre plantas medicinais foi medido pelo número de espécies citadas. Analisou-se a relação entre o saber popular sobre as plantas medicinais e características socioeconômicas dos entrevistados (renda, escolaridade, sexo, idade e forma de aquisição do conhecimento). Foram questionadas 6.713 pessoas, onde mais de 90% usam plantas medicinais para se tratarem. Identificou-se 342 espécies, reunidas em 94 famílias. Para cada espécie foram referidos os nomes populares, hábito, procedência, uso medicinal, parte usada, e forma de preparo. As principais moléstias tratadas com plantas foram: diarreia, insônia, gripe, hidropisia, distúrbios hepáticos, renais e do trato respiratório. Há um grande número de espécies nativas utilizadas. Dentre as exóticas, a maioria é de origem europeia. O uso místico de espécies, embora presente na cultura popular do município, foi pouco citado. Algumas espécies identificadas figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção. O grau de conhecimento sobre plantas medicinais pela população de Ouro Preto independe, tanto do nível econômico, como da escolaridade ou do sexo. A idade e a forma de aquisição do conhecimento influenciam no saber popular das ervas medicinais. As pessoas com maior saber popular sobre as plantas adquiriram esses conhecimentos principalmente pelo costume familiar, por livros, ou por outras pessoas. Pessoas mais jovens conhecem menos espécies medicinais que as mais idosas, sugerindo risco de perda desse conhecimento tradicional. A grande riqueza de plantas citadas neste trabalho denota a importância de estudos etnobotânicos no resgate do conhecimento tradicional em áreas urbanas, tanto pelo seu valor histórico-cultural, como pela importância científica.

Conhecimento tradicional; etnobotânica; plantas medicinais; perfil socioeconômico; Ouro Preto - MG


INTRODUÇÃO

Plantas medicinais podem ser definidas como vegetais que possuem substâncias com ação terapêutica (Martins et al., 2003MARTINS, E.R. et al. Plantas medicinais. Viçosa: UFV Imprensa Universitária, 2003. 220p.). O uso de plantas consideradas medicinais pela população é bastante difundido no Brasil e suas potencialidades neste setor são reconhecidas mundialmente (Simões et al., 2000SIMÕES, C.M. et al. Farmacognosia - Da planta ao medicamento. 2.ed. Porto Alegre/ Florianópolis: Ed. UFRGS/Ed. UFSC, 2000. 821p.). Estima-se que pelo menos a metade das espécies nativas possua alguma propriedade medicinal, entretanto nem 1% foi estudada adequadamente (Martins et al., 2003MARTINS, E.R. et al. Plantas medicinais. Viçosa: UFV Imprensa Universitária, 2003. 220p.). Grande parte da população brasileira encontra nos produtos de origem natural, especialmente nas plantas medicinais, a única fonte de recursos terapêuticos. De acordo com Di Stasi (1996) isso se justifica tanto pela riqueza da biodiversidade, pela tradição popular desta prática, como também pelo baixo poder aquisitivo da população. No entanto, o grande impacto antrópico sobre os ecossistemas brasileiros tem levado à perda não só de biodiversidade, mas também da cultura e das tradições das comunidades que habitam estas áreas, que dependem de recursos do meio para sobreviver. Estes fatores demonstram a necessidade de incrementar os estudos etnobotânicos no Brasil (Diegues, 2000DIEGUES, A.C. et al. Biodiversidade e Comunidades Tradicionais no Brasil. São Paulo: NUPAUB-USP, PROBIO-MMA, CNPq, 2000. 189p.).

O conhecimento tradicional é de interesse para a ciência por se tratar de um acúmulo de saberes resultantes da observação sistemática de fenômenos biológicos feitos por pessoas, muitas delas analfabetas, mas tão perspicazes como o são alguns cientistas (Balick & Cox, 1996BALICK, M.J.; COX, P.A. Plants, people, and culture: The science of ethnobotany. New York: Scientific American Library, 1996. 228p.). Como os conhecimentos tradicionais são transmitidos e mantidos principalmente pela oralidade, estudos etnobotânicos são importantes ferramentas para o seu resgate e registro, evitando-se assim que se percam ao longo do tempo. Informações adquiridas de comunidades que fazem uso da flora medicinal são utilizadas na formulação de hipóteses quanto às propriedades terapêuticas em estudos químicos e farmacológicos das espécies. Além disso, o conhecimento popular sobre o manejo da flora é útil na elaboração de estratégias conservacionistas com relação ao uso desses recursos (Albuquerque & Hanazaki, 2006ALBUQUERQUE, U.P.; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.16, p.678-89, 2006.).

O município de Ouro Preto localiza-se entre os domínios da Mata Atlântica e Cerrado, com alta diversidade vegetal, em fitofisionomias campestres e florestais (Kamino et al., 2007KAMINO, L.H.Y. et al. Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil. Megadiversidade, v.4, n.1-2, p.39-49, 2007.). Esta circunstância somada à grande riqueza cultural de seus habitantes, com raízes europeias, africanas e indígenas, propicia uma vasta fonte de conhecimentos sobre a utilização de plantas. Este trabalho teve por objetivo identificar as plantas medicinais de uso popular e o perfil socioeconômico dos usuários em área urbana de Ouro Preto a fim de registrar as informações etnobotânicas do local, subsidiando políticas públicas voltadas à proteção e conservação ambiental e cultural da região.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

Ouro Preto situa-se na região denominada Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais (Figura 1), a aproximadamente 20º30' de latitude sul e 44º33' de longitude oeste. O território de Ouro Preto corresponde a uma área de 1.274 km2, com 12 distritos (Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Rodrigo Silva, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite e Santo Antônio do Salto), além do distrito-sede com o centro da cidade e diversos bairros, com uma população de cerca de 66.000 habitantes (IBGE, 2010). A vegetação da região insere-se entre os domínios da Mata Atlântica e dos Cerrados (Rizzini, 1997RIZZINI, C.T. Tratado de fitogeografia do Brasil. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1997. 374p.), predominando os campos rupestres e as florestas estacionais. Seu relevo é acidentado, com altitude variando de 700 a 1.750 m.

A geologia deste município, assim como do Quadrilátero Ferrífero, é bastante complexa. Há a ocorrência de rochas como gnaisses, filitos, xistos, quartzo-xistos, quartzitos, itabiritos, calcários, anfibolitos e esteáticos (Alkmin & Marshak, 1998ALKMIN, F.F.; MARSHAK, S. Transamazonian orogeny in the southern São Francisco Craton Region, Minas Gerais, Brazil: evidence for paleoproterozoic collision and collapse in the Quadrilátero Ferrífero. Precambrian Research, v.90, p.29-58, 1998.). O clima, de acordo com a classificação de Köppen é Cwb (tropical de altitude), ou seja, mesotérmico úmido, com a estação chuvosa de novembro a março e inverno seco (Nimer, 1989NIMER, E. Climatologia do Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1989. 421p.). A precipitação média anual é de 1250 mm e a temperatura média é de 20°C.

FIGURA 1.
Localização da área de estudo e mapa do município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.

Amostragem

Foram feitas observações prévias do município utilizando-se mapas e levantamentos demográficos (IBGE, 2000IBGE. Censo Demográfico 2000 - Malha Municipal Digital do Brasil 1997. 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.>. Acesso em: 24 abr. 2002.
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default...
), de modo a descrever a área e programar a amostragem a ser realizada.

Para os trabalhos etnobotânicos, a amostragem da população urbana da sede e dos 12 distritos foi sistemática, seguindo a metodologia proposta pelo IBGE (1983)IBGE. Metodologia do Censo Demográfico de 1980. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. v.4, 1983. 478p.. Amostrou-se 10% das residências de cada rua, em intervalos regulares, sorteando-se a residência inicial. Entrevistaram-se apenas os residentes presentes maiores de 18 anos e que residiam no local a pelo menos 10 anos.

Coleta dos dados etnobotânicos

Os dados etnobotânicos foram obtidos ao longo de 24 meses, nos anos de 1998 a 2000, através de entrevistas semiestruturadas com questões previamente definidas em um formulário (Tabela 1), mas permitindo ao informante responder segundo sua própria lógica e conceitos e acrescentar informações (Albuquerque et al., 2008). Pelas questões pré-definidas foram coletados dados socioeconômicos como: idade, sexo, nível de escolaridade, renda familiar e forma de aprendizado do uso de plantas medicinais. Para cada espécie vegetal citada foi registrado o nome popular, hábito, procedência, parte utilizada, forma de preparo, indicação e uso, número de coleta e características da planta necessárias para identificação e confecção da ficha da exsicata (cor, presença de látex, data e local da coleta, etc.). Posteriormente, procedeu-se a transcrição da linguagem popular para a científica, com respeito à forma de preparo e usos terapêuticos.

Todas as espécies citadas que se encontravam com partes reprodutivas foram coletadas, herborizadas, identificadas, classificadas de acordo com o APG III (2009) e depositadas no Herbário Professor Jose Badini (OUPR), da Universidade Federal de Ouro Preto. A nomenclatura científica foi aferida de acordo com os bancos de dados da Lista de Espécies da Flora do Brasil (2013) e The Plant List (2013).

TABELA 1.
Formulário utilizado em entrevistas para o levantamento de plantas medicinais utilizadas pela população urbana de Ouro Preto, MG, 1998-2000.

Análises dos resultados

Calculou-se a riqueza (número) de espécies medicinais em cada família botânica.

Estimou-se o valor de uso das espécies medicinais pelos valores da frequência relativa (FR) de citação das mesmas (Magurran, 2004MAGURRAN, A.E. Measuring biological diversity. Oxford: Blackwell Science, 2004. 264p.), pelas seguintes fórmulas:

F R i = ( F A i / F A ) x 100

Onde: FRi = frequência relativa da espécie i; FAi = frequência absoluta da espécie i; ΣFA = somatório das frequências absolutas das espécies.

F A i = ( n i / N ) x 100

Onde: FAi = frequência absoluta da espécie i; ni = número de pessoas que citaram a espécie i; N = número total de entrevistados.

Para verificação dos efeitos dos dados socioeconômicos (sexo, idade, grau de escolaridade, renda mensal e forma de aquisição do conhecimento) sobre o grau de conhecimento de plantas medicinais em termos de riqueza de espécies citadas foram realizadas análises de variância (ANOVA), usando-se o Minitab (2008)MINITAB. Minitab for Windows. Versão 15. Statistical Software. USA State College, PA: Minitab, Inc. 2008.. Desde que verificado diferenças significativas, as médias foram testadas pelo teste de Tukey (Zar, 1999ZAR J.H. Biostatistical analysis. 4.ed., New Jersey: Prentice Hall, 1999. 663p.). Previamente à ANOVA, os dados foram testados para normalidade e homogeneidade de variâncias, pelos testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene, respectivamente.

Em relação à idade, compuseram-se cinco classes etárias: menor de 20 anos, de 21 a 30, de 31 a 40, de 41 a 50 e acima de 50 anos. O grau de escolaridade foi dividido em sete classes: analfabeto, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo, ensino médio incompleto, ensino médio completo, ensino superior incompleto e ensino superior completo. Quanto à renda, foram estabelecidas quatro classes: até 2, de 2 a 5, de 5 a 10 e acima de 10 salários mínimos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entrevistou-se 6.713 pessoas em 4.200 residências. Mais de 90% dos participantes da pesquisa usam plantas medicinais para se tratarem.

Foram identificadas 342 espécies, reunidas em 260 gêneros e 94 famílias, cujos nomes populares, usos medicinais, parte usada, forma de preparo, hábito de crescimento e procedência estão apresentados na Tabela 2.

TABELA 2
Espécies identificadas como medicinais em levantamento etnobotânico em área urbana no município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil, 1998-2000. (V = voucher, número de registro no Herbário OUPR, NC = não coletado)

Grande parte das espécies medicinais citadas são cultivadas (46,8%), 20% são extraídas de campos rupestres, 19% de florestas, 13,2% são ruderais e menos de 1% são oriundas de locais brejosos (Tabela 2). A metade das espécies citadas são ervas, seguidas pelos arbustos (20%), árvores (11%), subarbustos e lianas (9% cada) e parasitas (1%). As folhas são as partes mais utilizadas nos preparos e as sementes, as menos usadas (Tabela 2) A predominância de ervas pode estar relacionada ao fato de que a maioria delas são passíveis de cultivo nos quintais, ou serem ruderais, facilitando a obtenção desses recursos vegetais (Pilla et al., 2006PILLA, M.A.C. et al. Obtenção e uso das plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica v.20, p.789-802, 2006.). O uso mais expressivo de folhas representa uma boa pratica de manejo sustentável da flora, provocando menores impactos sobre as populações das espécies utilizadas. O uso preferencial de folhas também foi verificado em outros trabalhos de natureza semelhante (Pilla et al., 2006PILLA, M.A.C. et al. Obtenção e uso das plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica v.20, p.789-802, 2006.; Hanazaki et al., 2000)

As famílias com maior número de espécies citadas foram: Asteraceae, Lamiaceae, Fabaceae, Amaranthaceae, Solanaceae, Poaceae, Rubiaceae, Apiaceae, Euphorbiaceae, Myrtaceae, Cucurbitaceae, Rosaceae, Rutaceae, Malvaceae e Verbenaceae (Figura 2). Asteraceae e Lamiaceae tem sido citadas como famílias com maior riqueza de espécies medicinais em diversos levantamentos de espécies medicinais (Pilla et al., 2006PILLA, M.A.C. et al. Obtenção e uso das plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica v.20, p.789-802, 2006.; Hanazaki et al., 2000HANAZAKI, N. et al. Diversity of plant uses in two Caiçara communities from the Atlantic Forest coast, Brazil. Biodiversity and Conservation, v.9, p.597-615, 2000.).

FIGURA 2.
Famílias com maior riqueza de espécies medicinais em levantamento realizado na zona urbana do município de Ouro Preto, MG, 1998-2000.

As espécies mais citadas foram: hortelã (Mentha villosa), levante (M. longifolia) macelinha (Chamaemelum nobile), boldo (Plectranthus barbatus), funcho (Foeniculum vulgare), bálsamo (Cotyledon orbiculata), capim-cidreira (Cymbopogon citratus), alecrim (Rosmarinus officinalis), poejo (Mentha pulegium), transagem (Plantago major), manjericão (Ocimum basilicum), melissa (Melissa officinalis), losna (Artemisia absinthium), lavadeira (Leonurus japonicus), quebra-pedras (Phyllanthus niruri), arnica (Lychnophora ericoides), arruda (Ruta graveolens), cidreira (Lippia alba), saião (Bryophyllum pinnatum), milefólio (Achillea millefolium) e sálvia (Salvia officinalis). A frequência relativa de citação dessas espécies perfizeram 60% do valor total (Figura 3).

FIGURA 3.
Espécies medicinais com maior valor de frequência relativa (FR) de citações, em um levantamento realizado na zona urbana do município de Ouro Preto, MG, 1998-2000.

Dentre as espécies identificadas, 40% são exóticas, sobressaindo as de origem europeia, como a macelinha (Chamaemelum nobile), camomila (Matricaria chamomilla), melissa (Melissa officinalis) e as Mentha spp. Algumas espécies que não são nativas da região são adquiridas em farmácias ou no mercado, na forma de produto fitoterápico, aromático, ou alimentício, como por exemplo, o guaraná (Paulinia cupana), ruibarbo (Rheum palmatum), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), entre outras. Devido a este fato, elas não foram coletadas para constituir material testemunho herborizado.

As principais moléstias tratadas com plantas foram: diarreia, insônia, doenças do trato respiratório, hepáticas e renais (Tabela 2). O uso místico de espécies, comuns em rituais africanos, embora presente na cultura popular do município, ocorreu em pequena escala. Dentre essas se encontram a guiné (Petiveria alliacea), a arruda (Ruta graveolens), o pinhão (Jatropha curcas), o comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine) e a espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata) citadas principalmente contra "mau-olhado". É interessante notar que dentre essas espécies citadas, apenas a espada-de-são-jorge é de origem africana, sendo o uso das outras espécies incorporado aos saberes tradicionais desses povos. Outras espécies africanas são usadas como fitoterápicos, com largo uso popular, como o boldo (Plectranthus barbatus) e o capim-cidreira (Cymbopogon citratus). Espécies exóticas cultivadas predominam na sede urbana de Ouro Preto e nos distritos de Cachoeira do Campo e Amarantina, onde as atividades agrícolas são mais expressivas. No entanto, 60% das espécies citadas são nativas, muitas delas carecendo de referências farmacológicas e fitoquímicas. Dentre estas, podemos citar a Vellozia compacta, a conhecida canela-de-ema, algumas espécies de Ilex, chamadas de congonha e as arnicas pertencentes a várias espécies do gênero Lychnophora. Vários estudos têm comprovado as propriedades medicinais dessas espécies. Por exemplo, a ação analgésica e anti-inflamatória de diversas espécies de Lychnophora são relatadas por Guzzo et al. (2008GUZZO, L.S. et al. Antinociceptive and anti-inflammatory activities of ethanolic extracts of Lychnophora species. Journal of Ethnopharmacology, v.116, p.120-4, 2008.) e Borsato et al. (2000)BORSATO, M.L.C. et al. Analgesic activity of the lignans from Lychnophora ericoides. Phytochemistry, v.55, p.809-13, 2000.. No entanto, estudos ecológicos de espécies de Lychnophora são necessários, uma vez que nos campos rupestres onde ocorrem, encontram-se em populações reduzidas pela coleta predatória e destruição de seus habitats. Na região de Ouro Preto, chegam quase ao desaparecimento em diversas áreas como na serra de Lavras Novas e do Itacolomi. Várias espécies deste gênero figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção de Minas Gerais (COPAM, 1997COPAM Lista das espécies ameaçadas de extinção da flora do Estado de Minas Gerais. Deliberação COPAM 085/97. Belo Horizonte: COPAM, 1997. 48p. Disponível em: <http://www.biodiversitas.org.br/florabr/MG-especies-ameacadas.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2010.
http://www.biodiversitas.org.br/florabr/...
) e do Brasil (MMA, 2008MMA (Ministério do Meio Ambiente) . Lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. Instrução Normativa Nº 6 de 23/09/2008. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/MMA_IN_N_6.pdf >. Acesso em: 18 ago. 2012.
http://portal.saude.gov.br/portal/arquiv...
), como por exemplo, Lychnophora brunioides e L. ericoides.

Muitas outras espécies presentes neste levantamento são também citadas nessas listas de espécies ameaçadas, como o pequi (Caryocar brasiliense), cipó-azougue (Melothrianthus smilacifolius), congonha (Ilex affinis), ipeca (Carapichea ipecacuanha), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), pacari (Lafoensia pacari), cipó-prata (Banisteriopsis harleyi), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), carne-de-vaca (Roupala brasiliensis), jenipapo (Genipa americana) e azeitona-do-mato (Vitex polygama).

Diversas espécies diferentes recebem o mesmo nome popular, algumas delas apresentando constituintes químicos ou propriedades bastante distintas. Entre elas, são citadas como exemplos: Acanthospermum australe (Asteraceae) e Boerhavia diffusa (Nyctaginaceae) (Apu et al., 2012APU, A.S. et al. Phytochemical screening and in vitro bioactivities of the extracts of aerial part of Boerhavia diffusa Linn. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, v.2, p. 673-8, 2012.; Chaudhary & Dantu, 2011CHAUDHARY, G.; DANTU, P.K. Morphological, phytochemical and pharmacological, studies on Boerhaavia diffusa L. Journal of Medicinal Plants Research, v.5, p.2125-30, 2011.; Martins et al., 2006), ambas denominadas por erva-tostão. Diferentes espécies utilizadas popularmente para problemas hepáticos (Plectranthus barbatus, P. neochilus e Gymnanthemum amygdalinum) são chamadas de boldo. E ainda, semelhanças morfológicas, como bordos foliares espinescentes, também levam à denominação de diferentes espécies por "espinheira-santa", como Maytenus ilicifolia e Sorocea bonplandii, que apesar de possuírem diferentes constituintes químicos, ambas apresentam propriedades antiúlcera gástrica. No entanto, a falta de estudos que assegurem a ausência de toxicidade de S. bonplandii reverte em risco para as pessoas que inadvertidamente a consomem (Santos-Oliveira, 2009SANTOS-OLIVEIRA, R. et al. Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae. Contribuição ao estudo das propriedades farmacológicas., Revista Brasileira de Farmacognosia v.19, p.650-9, 2009.). Melissa officinalis, Cymbopogon citratus e Lippia alba são conhecidas como "cidreira". Embora apenas Melissa officinalis seja reconhecida como a legítima "cidreira", pelas farmacopeias americana e europeia, essas três espécies tem revelado algumas substâncias químicas em comum (Ferro et al., 1996FERRO, V.O. et al. Diagnose comparativa de três espécies vegetais comercializadas como "ervas cidreiras" Lippia alba (Mill) N.E.Br ex Britt & Wilson. Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf e Melissa officinalis L. Lecta, v.14, p.53-63. 1996.) e, consequentemente, algumas propriedades medicinais semelhantes (Gazola et al., 2004GAZOLA, R. et al. Lippia alba, Melissa officinalis and Cymbopogon citratus: effects of the aqueous extracts on the isolated hearts of rats. Pharmacological Research, v.50, p.477-80, 2004.).

Foi constatado também o uso de várias plantas tóxicas, por exemplo, o confrei (Symphytum officinale) e o mentrasto (Ageratum conyzoides), que a despeito da presença de alcaloides pirrolizidínicos (Wiedenfeld & Roder, 1991WIEDENFELD, H.; RODER, E. Pyrrolizidine alkaloids from Ageratum conyzoides. Planta Medica, v.57, p.578-9, 1991.) com ação cancerígena, são usados em formulações para uso interno. Nesse sentido, fazem-se necessários trabalhos de extensão junto à população, esclarecendo sobre alguns aspectos da utilização de fitoterápicos.

Pelas análises estatísticas, notou-se que o nível de conhecimento sobre plantas medicinais pela população de Ouro Preto, em termos de riqueza de espécies citadas, independe do nível econômico, sexo, grau de escolaridade e do distrito de moradia. Porém, os moradores dos distritos, assim como os da sede, residindo em bairros próximos às áreas de vegetação natural (como as comunidades vizinhas a unidades de conservação do Morro de São João, Morro de Santana, Morro de São Sebastião, Pocinho e Botafogo), conhecem maior número de espécies nativas.

A idade mostrou-se como um fator significativo no saber popular das plantas medicinais (Figura 4), onde a classe de menor faixa etária apresentou a menor média de plantas citadas, diferindo da média dos indivíduos mais idosos amostrados, acima de 50 anos (p<0.05). Embora os resultados sugiram uma perda de conhecimento tradicional sobre plantas medicinais das novas gerações, esta afirmação precisa ser vista com cautela. De acordo com Toledo & Barrera-Bassols (2010)TOLEDO, V.M.; BARRERA-BASSOLS, N. A etnoecologia: uma ciência pós-normal que estuda as sabedorias tradicionais. In: Silva, V.A. et al. (org.). Etnobiologia e Etnoecologia: Pessoas & Natureza na América Latina. v.1, Recife: NUPEEA. 2010. p.13-36., Voeks & Leoni (2004) VOEKS, R.A.; LEONY, A. Forgetting the forest: Assessing medicinal plant erosion in Eastern Brazil. Economic Botany, v.58, p.294-306, 2004. e Hanazaki et al. (2000)HANAZAKI, N. et al. Diversity of plant uses in two Caiçara communities from the Atlantic Forest coast, Brazil. Biodiversity and Conservation, v.9, p.597-615, 2000., este fato pode também ser devido ao maior o tempo de aquisição do conhecimento tradicional das pessoas mais idosas.

FIGURA 4.
Número médio de espécies medicinais citadas por classe de faixa etária dos indivíduos entrevistados na zona urbana de Ouro Preto, MG, 1998-2000. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Outro fator decisivo sobre o conhecimento de plantas medicinais é a forma de aprendizado. Pessoas que adquiriram o conhecimento sobre plantas medicinais por tradição familiar, livros ou combinação dessas formas, ou ainda através de outras pessoas, conhecem um maior número de espécies (Figura 5). O número de espécies citadas pelos entrevistados com essas formas de aquisição de conhecimento não diferiram estatisticamente entre si quanto ao número de espécies citadas. No entanto, aqueles que adquiriram o conhecimento sobre plantas medicinais por outras maneiras, como: revistas, jornais, televisão, rádio ou internet, conhecem menos espécies (p<0,05)

FIGURA 5.
Número médio de espécies medicinais citadas por pessoas na zona urbana de Ouro Preto, MG, 1998-2000, com as diferentes formas de aquisição do conhecimento. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Os resultados obtidos poderão subsidiar a bioprospecção de novos fármacos, assim como nortear futuras ações extensionistas no município na área ambiental e da saúde. O conhecimento sobre o uso tradicional dos recursos tem se revelado como uma ferramenta para valorização dos bens naturais e estímulo a preservação ambiental, inclusive propiciando a elaboração de estratégias conservacionistas para o manejo e conservação das espécies envolvendo a participação efetiva da população local (Diegues, 2000DIEGUES, A.C. et al. Biodiversidade e Comunidades Tradicionais no Brasil. São Paulo: NUPAUB-USP, PROBIO-MMA, CNPq, 2000. 189p.). As plantas medicinais, devido a sua relação direta com a saúde e qualidade de vida, tornam-se argumentos fortes para criar nas comunidades uma compreensão da importância de se conservar os recursos naturais, pois, através delas adquire-se a consciência do valor das plantas e da preservação ambiental. Além disso, a valorização do uso das plantas medicinais se enquadra nos propósitos de Unidade de Conservação de uso sustentável, que cobrem grande parte das áreas do entorno da cidade de Ouro Preto. Deste modo, o resgate desse conhecimento tradicional contribui para a preservação do patrimônio cultural, natural e científico existentes nessa cidade, reconhecida como monumento mundial.

AGRADECIMENTOS

À FAPEMIG pelo apoio financeiro (CAG 2598/97) e à comunidade de Ouro Preto pela presteza em nos atender durante as entrevistas.

  • ALBUQUERQUE, U.P.; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.16, p.678-89, 2006.
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Publication Dates

  • Publication in this collection
    Jan-Mar 2015

History

  • Received
    29 Oct 2012
  • Accepted
    04 June 2014
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