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Intervenções no trabalho para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos: revisão sistemática de ensaios randomizados

Resumo

Objetivo:

investigar os efeitos de intervenções no ambiente laboral para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos.

Métodos:

revisão sistemática que incluiu ensaios randomizados, individuados ou comunitários, que investigaram efeitos de intervenções no trabalho para prevenir distúrbios musculoesqueléticos, relatados em artigos publicados entre 2015 e 2020 e indexados nas bases de dados: Lilacs, Medline/Pubmed, PEDro e Web of Science. Os estudos foram categorizados conforme a modalidade de intervenção e avaliados quanto à qualidade metodológica.

Resultados:

dos 58 estudos selecionados, 15 atenderam satisfatoriamente aos critérios de qualidade, abordando diferentes modalidades de exercícios físicos e/ou abordagem cognitivo-comportamental, aplicadas de forma única ou combinada; nenhum estudo abordou intervenções organizacionais. Apesar da heterogeneidade de intervenções e desfechos, exercícios físicos realizados nos locais de trabalho resultaram em diminuição da dor musculoesquelética, do uso de analgésicos e do afastamento do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos, no entanto, combinados às intervenções comportamentais não mostraram os resultados esperados. Os resultados com a Ergonomia Participativa ratificaram o papel fundamental dos trabalhadores na realização de intervenções em seus ambientes de trabalho.

Conclusão:

apesar de benefícios observados, salienta-se que os estudos revisados não produziram evidências consolidadas acerca das intervenções mais eficazes para prevenir distúrbios musculoesqueléticos entre trabalhadores.

Palavras-chave:
doenças musculoesqueléticas; transtornos traumáticos cumulativos; prevenção de doenças; saúde do trabalhador; revisão sistemática

Abstract

Objective:

to investigate the effects of workplace interventions aiming to prevent musculoskeletal disorders.

Methods:

systematic review that included randomized, individual or community trials, which investigated the effects of workplace interventions aiming to prevent musculoskeletal disorders, reported in articles published between 2015 and 2020 and indexed in the following databases: Lilacs, Medline/Pubmed, PEDro, and Web of Science. Studies were categorized according to the type of intervention and evaluated in terms of methodological quality.

Results:

of all 58 studies selected, 15 satisfactorily met the quality criteria, addressing different types of physical exercise and/or cognitive-behavioral approaches, applied alone or in combination. No study addressed organizational interventions. Despite the heterogeneity of interventions and outcomes, physical exercises performed in the workplace led to reduction in musculoskeletal pain, use of analgesics, and absence from work due to musculoskeletal disorders; however, combined with behavioral interventions, they did not show the expected results. The results with participatory ergonomics confirmed the critical role of workers in performing interventions in the workplace.

Conclusion:

despite the benefits observed, the studies reviewed did not produce consolidated evidence about the most effective interventions to prevent musculoskeletal disorders among workers.

Keywords:
musculoskeletal disorders; cumulative trauma disorders; prevention of diseases; occupational health; systematic review

Introdução

Os distúrbios musculoesqueléticos (DME) relacionados ao trabalho estão entre os agravos que mais afastam os trabalhadores de suas atividades, configurando-se como um problema de saúde pública mundial11. Rahman AR, Yazdani A, Shakar HK, Adon, MY. Association between Awkward Posture and Musculoskeletal Disorders (MSD) among Assembly Line Workers in an Automotive Industry. Malaysian Journal of Medicine and Health Sciences. 2014;10(1):23-8.)- (44. Haeffner R, Kalinke LP, Felli VEA, Mantovani MF, Consonni D, Sarquis LMM. Absenteísmo por distúrbios musculoesqueléticos em trabalhadores do Brasil: milhares de dias de trabalho perdidos. Rev Bras Epidemiol. 2018;(21):e180003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-549720180003
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. O uso do corpo em condições precárias de trabalho, verificadas em setores com ampliada automatização ou naqueles que dependem do trabalho manual intenso, com altas demandas físicas aos trabalhadores, tem gerado alta prevalência de DME. Portanto, intervenções no trabalho para prevenção desses distúrbios são relevantes para reduzir a prevalência ou intensidade da dor musculoesquelética, evitando sofrimento físico e mental55. National Research Council and The Institute of Medicine. Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and upper extremities. Washington (DC): National Academy Press; 2001.),(66. Stock S, Nicolakakis N, Vézina N, Vézina M, Gilbert L, Turcot A, et al. Are work organization interventions effective in preventing or reducing workrelated musculoskeletal disorders? A systematic review of the literature. Scand J Work Environ Health. 2018;44(2):113-33. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3696
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, bem como incapacidade para o trabalho, favorecendo a saúde de trabalhadores.

Nas últimas duas décadas, houve avanço notável na qualidade metodológica dos estudos, os quais proporcionaram evidências mais sólidas sobre as associações entre o trabalho e os DME, a partir de pesquisas observacionais, bem como no que concerne aos estudos de intervenção.

Entretanto, o desenvolvimento de estudos robustos com dados confiáveis e intervenções reprodutíveis com possibilidade de extrapolação dos resultados para outras populações é um desafio devido aos altos custos e à economia de mercado que negligencia a prevenção e a proteção da saúde dos que trabalham, limitando as condições para a realização dos estudos.

Algumas estratégias de prevenção podem não ser bem-sucedidas devido à insuficiência de conhecimento sobre os locais de trabalho, os trabalhadores e as situações de trabalho, na sua habitualidade e variabilidade66. Stock S, Nicolakakis N, Vézina N, Vézina M, Gilbert L, Turcot A, et al. Are work organization interventions effective in preventing or reducing workrelated musculoskeletal disorders? A systematic review of the literature. Scand J Work Environ Health. 2018;44(2):113-33. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3696
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, sem considerar a individualidade e a complexidade dos fatores envolvidos nos distúrbios musculoesqueléticos. A proposição de intervenções preventivas deve envolver, de forma antecipada, a análise do ambiente e das relações de trabalho, a compreensão das demandas físicas e psicossociais enfrentadas pelos trabalhadores e a identificação de medidas específicas para abordar as necessidades e os desafios específicos de cada contexto de trabalho66. Stock S, Nicolakakis N, Vézina N, Vézina M, Gilbert L, Turcot A, et al. Are work organization interventions effective in preventing or reducing workrelated musculoskeletal disorders? A systematic review of the literature. Scand J Work Environ Health. 2018;44(2):113-33. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3696
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. A abordagem baseada em fortes evidências pode ser fundamental para a eficácia e efetividade de intervenções. Por isso, as intervenções devem ser previamente avaliadas como oportunas e adequadas, em cada situação e ambiente laboral, considerando que não existe uma estratégia única, eficaz, para prevenir DME em todos os tipos de trabalho55. National Research Council and The Institute of Medicine. Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and upper extremities. Washington (DC): National Academy Press; 2001..

Considerando a natureza multifatorial dos DME e suas repercussões na saúde de trabalhadores, investigar o efeito de intervenções nos locais de trabalho para sua prevenção é uma agenda de pesquisa necessária. Neste sentido, buscar evidências acerca das intervenções que possam contribuir para reduzir a incidência, prevalência e gravidade desses distúrbios musculoesqueléticos se impõe55. National Research Council and The Institute of Medicine. Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and upper extremities. Washington (DC): National Academy Press; 2001.), (66. Stock S, Nicolakakis N, Vézina N, Vézina M, Gilbert L, Turcot A, et al. Are work organization interventions effective in preventing or reducing workrelated musculoskeletal disorders? A systematic review of the literature. Scand J Work Environ Health. 2018;44(2):113-33. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3696
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.

O objetivo deste artigo foi investigar os efeitos das intervenções no ambiente laboral para prevenção dos DME.

Métodos

Trata-se de uma revisão sistemática (RS) com protocolo publicado na base de registro de protocolos de revisões sistemáticas PROSPERO, sob o número de registro CRD42020215076. O relato desta revisão segue a recomendação PRISMA 202077. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021;372(71):1-9. Disponível em: https://doi.org/10.1136/bmj.n71
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.

Busca da literatura

A formulação de uma estratégia de busca bem elaborada tem papel fundamental na garantia da qualidade de uma RS. Para definir os descritores apropriados, o primeiro passo envolveu estabelecer os conceitos interligados à questão de pesquisa, a qual englobava uma análise abrangente das intervenções visando à prevenção de DME relacionado ao trabalho. O longo processo de discussão pelas autoras acerca do desfecho DME, de natureza multifatorial, e da teoria sobre os fatores de proteção para esses distúrbios, que desafiou a identificação das intervenções a serem incluídas, permitiu definir o grau de complexidade a ser adotado na construção da sintaxe, na etapa operacional de busca, realizada pelas autoras.

Após um extenso período de estudo, discussão e análise minuciosa das opções disponíveis em termos de viabilidade e pertinência, foram formulados por duas autoras (PGASS e RCPF) três blocos contendo os principais conceitos da pesquisa: distúrbios musculoesqueléticos, trabalho e intervenção/prevenção. Posteriormente, os termos para compor as estratégias de busca e escolher descritores e palavras-chave foram selecionados a partir de MeSH Terms e DeCS pelas autoras (PGASS, RCPF e MSMS) (Quadro 1).

Quadro 1
Estratégias de busca

Cada bloco de termos foi organizado internamente usando o operador booleano OR, com o objetivo de abranger diversas variações possíveis. Após ajustes em cada bloco, considerando a variedade dos termos, a estrutura sintática entre os blocos foi definida por meio do operador booleano AND. À medida que os resultados foram obtidos, aplicaram-se os filtros necessários para refinar a pesquisa. As buscas eletrônicas foram realizadas por uma das autoras (PGASS), utilizando-se as bases de dados Medline/PubMed, Lilacs, Web of Science e PEDro, e ocorreu na primeira quinzena de novembro de 2020. A condução de todo o processo de busca nas bases de dados foi cuidadosamente monitorada, supervisionada e revisada por outra autora (RCPF).

A busca complementar foi conduzida por duas das autoras (PGASS e RCPF), de forma independente, verificando as referências dos estudos previamente selecionados e identificando quais referências não haviam sido obtidas por meio das estratégias de busca.

Elegibilidade dos estudos

Critérios de inclusão

Ensaios randomizados, clínicos (ECR) ou comunitários, publicados entre 2015 e 2020 (até 31 de outubro de 2020), nos idiomas português, inglês e espanhol, cujos objetivos compreendessem intervenções nos locais de trabalho para prevenção de DME. As intervenções poderiam ser desde modificações no ambiente físico, em instrumentos e ferramentas utilizados pelos trabalhadores; intervenções com foco no indivíduo, como práticas corporais - exercícios físicos, por exemplo -, educacionais ou comportamentais; ou intervenções de natureza organizacional, como ajustes na organização ou no ritmo do trabalho, demandas operacionais e pausas adicionais.

Critérios de exclusão

Artigos de intervenção nos locais de trabalho, cujos objetivos foram diferentes da prevenção de DME (como melhora de produtividade; melhora de relacionamento interpessoal; impacto sobre a saúde em outras esferas como acuidade visual, entre outros) e estudos sobre intervenções clínicas, do ponto de vista da assistência à saúde (a exemplo de ambulatórios na empresa para tratamento clínico - medicamentoso ou fisioterapêutico - dos DME).

Seleção dos estudos

Os resultados das buscas foram exportados para o Mendeley Desktop e extraídas as duplicidades. Posteriormente, foram transferidos e organizados em planilha no software Microsoft Office Excel e retiradas as duplicatas não identificadas pelo Mendeley.

Foram lidos inicialmente os títulos e resumos, a fim de selecionar os artigos para leitura completa. Na sequência, os textos foram lidos pelas autoras (PGASS e RCPF) e classificados quanto à modalidade de intervenção realizada. As discordâncias foram discutidas exaustivamente e resolvidas por consenso.

Extração dos dados

Foram extraídas as seguintes informações relevantes para a síntese das evidências: país de desenvolvimento do estudo, ano, periódico e idioma de publicação, características da população do estudo, número de participantes, objetivos, grupo controle e grupo de intervenção, duração da intervenção e follow-up, características da intervenção, desfechos, medidas de efeito e de impacto e limitações dos estudos.

As intervenções foram categorizadas nas seguintes modalidades: intervenções sobre o ambiente de trabalho, sobre o indivíduo, quanto aos aspectos organizacionais e intervenções multidimensionais (diferentes abordagens simultaneamente), todas com objetivo de prevenção de DME.

Avaliação de qualidade dos estudos e estrutura de apresentação dos resultados

Para avaliar a qualidade metodológica dos estudos, foi utilizada a ferramenta Critical Appraisal Skills Programme88. Critical Appraisal Skills Programme. CASP Randomised Controlled Trial Standard Checklist [Internet]. [local desconhecido]: CAPS; 2021 [citado em 18 jan 2024]. Disponível em: https://casp-uk.net/casp-tools-checklists/
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(CASP) para avaliação de ensaios randomizados. A ferramenta CASP é considerada boa medida de transparência da prática de pesquisa e padrões de estudos99. Long HA, French DP, Brooks JM. Optimising the value of the Critical Appraisal Skills Programme (CASP) tool for quality appraisal in qualitative evidence synthesis. Research Methods in Medicine & Health Sciences. 2020;1(1):31-42. Disponível em: https://doi.org/10.1177/2632084320947559
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. As listas de verificação CASP não recomendam um sistema de ponderação para inferir qualidade metodológica88. Critical Appraisal Skills Programme. CASP Randomised Controlled Trial Standard Checklist [Internet]. [local desconhecido]: CAPS; 2021 [citado em 18 jan 2024]. Disponível em: https://casp-uk.net/casp-tools-checklists/
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. Dessa forma, foi contabilizada a quantidade de respostas afirmativas às 13 questões para se estabelecer o nível de atendimento aos itens CASP, se alto, médio ou baixo. Para essa avaliação, foi considerado “atendido satisfatoriamente ao CASP” quando houve de 10 a 13 respostas positivas (SIM); de 7 a 9, “atendido regularmente ao CASP”; e de 0 a 6, “baixo atendimento ao CASP”.

Devido à importância dos artigos que atenderam satisfatoriamente aos critérios CASP, optou-se por apresentar e discutir somente os resultados desses estudos, os quais são mostrados por meio de uma figura representativa de sua qualidade metodológica.

Resultados

A busca recuperou 1.068 documentos após retirada de duplicatas e arquivos sem metadados válidos. Após essa etapa, 124 estudos foram selecionados para leitura completa e triagem. Posteriormente, 97 artigos foram retidos para uma análise mais detalhada; dentre eles, 58 foram escolhidos para a avaliação da qualidade metodológica. A partir dessa avaliação, 15 artigos foram utilizados para a discussão desta revisão sistemática, como mostra a Figura 1. Desses estudos, nove eram ensaios comunitários e seis, ensaios clínicos - todos randomizados.

Figura 1
Fluxograma da revisão sistemática sobre os efeitos de intervenções no ambiente laboral para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos

Qualidade metodológica dos estudos

O resultado da avaliação de qualidade metodológica dos 15 estudos selecionados está apresentado na Figura 2.

Figura 2
Avaliação metodológica dos ensaios clínicos randomizados incluídos na revisão sistemática sobre os efeitos de intervenções no ambiente laboral para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos, com uso da ferramenta Critical Appraisal Skills Programme88. Critical Appraisal Skills Programme. CASP Randomised Controlled Trial Standard Checklist [Internet]. [local desconhecido]: CAPS; 2021 [citado em 18 jan 2024]. Disponível em: https://casp-uk.net/casp-tools-checklists/
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(CASP)

Os 15 estudos publicados que atenderam satisfatoriamente ao CASP estão descritos em tabelas. Na Tabela 1, são descritas as informações sobre o tipo de ensaio (base individuada - ECR, ou base agregada - tipo comunitário, ou seja, com clusters); os tipos e as características dos programas de intervenção; o tempo de seguimento (follow-up) do estudo; a população e os resultados. Na Tabela 2, são apresentados os objetivos dos estudos, os instrumentos utilizados para mensuração, as medidas de efeito, o impacto ou a associação, além das limitações dos estudos.

Tabela 1
Características dos estudos incluídos na revisão sistemática sobre os efeitos de intervenções no ambiente laboral para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos (Parte I)

Tabela 2
Características dos estudos incluídos na revisão sistemática sobre os efeitos de intervenções no ambiente laboral para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos (Parte II)

Constatou-se heterogeneidade nos estudos no que concerne a: tipo de população, programas de intervenção, instrumentos para mensuração, análises estatísticas e desfechos, o que não permitiu a realização de uma metanálise. Dos 15 estudos analisados, 10 investigaram intervenções sobre o indivíduo - atividades físicas e abordagens comportamentais - e cinco artigos investigaram intervenções multidimensionais.

As populações-alvo dos estudos incluíram profissionais de diferentes áreas, sendo a maior parte trabalhadores da saúde. A maioria dos estudos (n = 11) foi realizada na Europa, com concentração nos países nórdicos escandinavos (n = 8). Os instrumentos para mensuração de sintomas musculoesqueléticos foram diversificados e aplicados isolada ou simultaneamente, observando-se uma predominância (n = 8) do Questionário Nórdico-Musculoesquelético - Nordic Musculoskeletal Questionnaire (NMQ).

Descrição das intervenções dos 15 estudos com CASP satisfatório

  1. Em três estudos, foram realizadas intervenções multidimensionais utilizando treinamento físico e abordagem cognitivo-comportamental, por meio da técnica mindfulness, adotando-se a perspectiva metodológica da ergonomia participativa1010. Rasmussen CDN, Holtermann A, Bay H, Søgaard K, Birk Jørgensen M. A multifaceted workplace intervention for low back pain in nurses' aides: a pragmatic stepped wedge cluster randomised controlled trial. PAIN. 2015;156(9):1786-94.)- (1212. Stevens ML, Boyle E, Hartvigsen J, Mansell G, Søgaard K, JørgensenMB, et al. Mechanisms for reducing low back pain: a mediation analysis of a multifaceted intervention in workers in elderly care. Int Arch Occup Environ Health. 2019;92:49-58. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-018-1350-3
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    . Esses estudos mostraram redução do número de dias com dor e da intensidade da dor lombar1010. Rasmussen CDN, Holtermann A, Bay H, Søgaard K, Birk Jørgensen M. A multifaceted workplace intervention for low back pain in nurses' aides: a pragmatic stepped wedge cluster randomised controlled trial. PAIN. 2015;156(9):1786-94.), (1212. Stevens ML, Boyle E, Hartvigsen J, Mansell G, Søgaard K, JørgensenMB, et al. Mechanisms for reducing low back pain: a mediation analysis of a multifaceted intervention in workers in elderly care. Int Arch Occup Environ Health. 2019;92:49-58. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-018-1350-3
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    , além de dor em outras regiões corporais (pescoço, região superior das costas, ombros, cotovelos e mãos) (1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71..

  2. Em dois estudos, foram realizadas intervenções multidimensionais com treinamento físico associado à abordagem cognitivo-comportamental (coaching) (1313. Becker A, Angerer P, Müller A. The prevention of musculoskeletal complaints: a randomized controlled trial on additional effects of a work-related psychosocial coaching intervention compared to physiotherapy alone. Int Arch Occup Environ Health. 2017;90(4):357-71. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-017-1202-6
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    ), (1414. Becker A, Angerer P, Weber J, Müller A. The prevention of musculoskeletal complaints: long-term effect of a work-related psychosocial coaching intervention compared to physiotherapy alone - a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2020;93:877-89. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01538-1
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    . Após três meses de intervenção, a diminuição da dor foi mais pronunciada no grupo intervenção do que no controle1313. Becker A, Angerer P, Müller A. The prevention of musculoskeletal complaints: a randomized controlled trial on additional effects of a work-related psychosocial coaching intervention compared to physiotherapy alone. Int Arch Occup Environ Health. 2017;90(4):357-71. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-017-1202-6
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    . Em contrapartida, após 22 meses, os membros do grupo intervenção tinham uma amplitude de movimento maior, mas não necessariamente menos dor, comparando-se ao grupo controle1414. Becker A, Angerer P, Weber J, Müller A. The prevention of musculoskeletal complaints: long-term effect of a work-related psychosocial coaching intervention compared to physiotherapy alone - a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2020;93:877-89. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01538-1
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    .

  3. Em dois estudos, foram realizadas intervenções sobre o indivíduo, utilizando treinamento físico (relaxamento, alongamento, treino resistido e postural), em uma abordagem, segundo os autores, da ergonomia participativa1515. Pereira M, Comans T, Sjøgaard G, Straker L, Melloh M, O'Leary S, et al. The impact of workplace ergonomics and neck-specific exercise versus ergonomics and health promotion interventions on office worker productivity: A cluster-randomized trial. Scand J Work Environ Health. 2019;45(1):42-52. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3760
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    ), (1616. Akyurek G, Avci N, Ekici G. The effects of "Workplace Health Promotion Program" in nurses: A randomized controlled trial and one-year follow-up. Health Care for Women International. 2020;43(9):980-96. Disponível em: https://doi.org/10.1080/07399332.2020.1800013
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    . Concomitantemente aos exercícios físicos, os participantes tinham sessões práticas acerca da postura confortável para o trabalho sentado, assim como regulagens em seus postos de trabalho, conforme as necessidades individuais. Observou-se redução da intensidade da dor geral1616. Akyurek G, Avci N, Ekici G. The effects of "Workplace Health Promotion Program" in nurses: A randomized controlled trial and one-year follow-up. Health Care for Women International. 2020;43(9):980-96. Disponível em: https://doi.org/10.1080/07399332.2020.1800013
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    e da ausência ao trabalho devido à dor no pescoço1515. Pereira M, Comans T, Sjøgaard G, Straker L, Melloh M, O'Leary S, et al. The impact of workplace ergonomics and neck-specific exercise versus ergonomics and health promotion interventions on office worker productivity: A cluster-randomized trial. Scand J Work Environ Health. 2019;45(1):42-52. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3760
    https://doi.org/10.5271/sjweh.3760...
    .

  4. Em cinco estudos, foram realizadas intervenções sobre o indivíduo, com diferentes tipos de exercícios físicos para prevenção de DME1717. Jakobsen MD, Sundstrup E, Brandt M, Jay K, Aagaard P, Andersen LL. Effect of workplace- versus home-based physical exercise on musculoskeletal pain among healthcare workers: a cluster randomized controlled trial. Scand J Work Environ Health. 2015;41(2):153-63. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3479
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    )- (2121. Moreira RFC, Moriguchi CS, Carnaz L, Foltran FA, Silva LCCB, Coury HJCG. Effects of a workplace exercise program on physical capacity and lower back symptoms in hospital nursing assistants: a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2020;94:275-84. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01572-z
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    , que resultaram em diminuição da intensidade da dor e do consumo de analgésicos em comparação ao grupo de referência. No estudo de Korshøj et al. (2020. Korshøj M, Jørgensen MB, Lidegaard M, Mortensen OS, Krustrup P, Holtermann A, Søgaard K. Decrease in musculoskeletal pain after 4 and 12 months of an aerobic exercise intervention: a worksite RCT among cleaners. Scand J Public Health. 2018;46(8):846-53. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1403494817717833
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    , não foi possível observar qualquer alteração na intensidade da dor nas regiões avaliadas com quatro meses de intervenção, no entanto, após 12 meses, foi possível identificar uma diminuição dos sintomas musculoesqueléticos autorrelatados em pescoço, ombros, braços, punhos, joelhos e pés/tornozelos.

  5. Em três estudos, foram realizadas intervenções sobre o indivíduo baseadas apenas no treinamento cognitivo-comportamental para prevenção de DME, com a utilização da abordagem “Estágio de Mudança (SOC - Stage of Change)” ou sessões de coaching, além do incentivo às práticas saudáveis com mudanças no estilo de vida2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
    https://doi.org/10.1136/oemed-2015-10291...
    )- (2424. Danquah IH, Kloster S, Holtermann A, Aadahl M, Tolstrup JS. Effects on musculoskeletal pain from "Take a Stand!" - a cluster-randomized controlled trial reducing sitting time among office workers. Scand J Work Environ Health. 2017;43(4):350-57. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3639
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    . Não houve diferenças estatisticamente significantes quanto à prevenção dos DME nas regiões das costas e dos membros inferiores2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
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    ), (2323. Viester L, Verhagen EALM, Bongers PM, van der Beek AJ. The effect of a health promotion intervention for construction workers on work-related outcomes: results from a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2015;88(6):789-98. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-014-1007-9
    https://doi.org/10.1007/s00420-014-1007-...
    , tampouco quanto à diminuição da dor em pescoço/ombro2424. Danquah IH, Kloster S, Holtermann A, Aadahl M, Tolstrup JS. Effects on musculoskeletal pain from "Take a Stand!" - a cluster-randomized controlled trial reducing sitting time among office workers. Scand J Work Environ Health. 2017;43(4):350-57. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3639
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    , entre os grupos de intervenção e controle.

Discussão

Os estudos avaliados nesta revisão trazem resultados positivos quanto à melhora dos sintomas musculoesqueléticos em relação à intensidade e frequência, entretanto, não houve forte evidência sobre os métodos eficazes e ou efetivos para prevenção de DME relacionados ao trabalho, o que revela algumas questões e fragilidades das pesquisas, como a dificuldade de obter uma amostra satisfatória, as perdas de participantes no acompanhamento do estudo e a baixa variabilidade de categorias ocupacionais sob estudo. Nesse sentido, resultados de intervenções com um grupo ocupacional bastante específico podem ser de forma limitada extrapolados para outros grupos.

Revisões sistemáticas anteriores já revelavam evidências insuficientes quanto à eficácia das intervenções para prevenção de DME relacionados ao trabalho. Desde a década de 1990, um conjunto de revisões apontava para a melhoria de DME em região lombar como resultado de intervenções nos postos de trabalho, intervenções voltadas para fatores individuais, como exercícios físicos, ou de uso de dispositivos auxiliares, dos quais se destaca a cinta lombar. No entanto, havia lacuna de pesquisas de intervenção randomizadas, mas as evidências apontavam que intervenções isoladas teriam menor efetividade quando comparadas a intervenções múltiplas ou multidimensionais55. National Research Council and The Institute of Medicine. Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and upper extremities. Washington (DC): National Academy Press; 2001.. Contribuições posteriores foram trazidas por revisão de estudos randomizados2525. Driessen MT, Proper KI, van Tulder MW, Anema JR, Bongers PM, van der Beek AJ. The effectiveness of physical and organisational ergonomic interventions on low back pain and neck pain: a systematic review. Occup Environ Med. 2010;67(4):277-85. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oem.2009.047548
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, que investigaram intervenções no ambiente físico e organizacional para prevenção de dor lombar e cervical. Algumas limitações no conjunto das evidências foram identificadas, haja vista o número reduzido de ensaios randomizados disponíveis, com heterogeneidade das populações estudadas em cada um, como trabalhadores de escritório, em alguns estudos, e trabalhadores de cozinha, em outros, dificultando comparações, heterogeneidade do tipo de intervenção, na definição dos grupos controle e quanto aos desfechos. O conjunto de pesquisas2525. Driessen MT, Proper KI, van Tulder MW, Anema JR, Bongers PM, van der Beek AJ. The effectiveness of physical and organisational ergonomic interventions on low back pain and neck pain: a systematic review. Occup Environ Med. 2010;67(4):277-85. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oem.2009.047548
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mostrava insuficiente força de evidências sobre a eficácia das intervenções e necessidade de ampliação de estudos randomizados.

A Ergonomia Participativa (EP), citada em alguns dos estudos desta revisão como estratégia relevante para auxiliar no desenvolvimento da intervenção, tem sido definida como a abordagem que prevê o envolvimento ativo dos trabalhadores no desenvolvimento e na implementação de possíveis mudanças no ambiente de trabalho para a melhora das condições de saúde, segurança e produtividade2626. Burgess-Limerick R. Participatory ergonomics: evidence and implementation lessons. Appl Ergon. 2018;68:289-93. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.apergo.2017.12.009
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. Essa abordagem, no entanto, pode se apresentar de formas distintas, tendo em vista o papel das organizações e sua gestão, bem como as configurações de cada empresa ou situação de trabalho, no exercício da participação de trabalhadores, mais ou menos ampliada ou efetiva.

Devido à natureza do programa, desenvolvido com a abordagem da EP, as soluções foram mais efetivas porque resultaram em maior apropriação das mudanças e inovações por parte dos envolvidos, como no caso do estudo de Akyurek et al. (1616. Akyurek G, Avci N, Ekici G. The effects of "Workplace Health Promotion Program" in nurses: A randomized controlled trial and one-year follow-up. Health Care for Women International. 2020;43(9):980-96. Disponível em: https://doi.org/10.1080/07399332.2020.1800013
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com uma população de enfermeiros. No estudo de Stevens et al. (1212. Stevens ML, Boyle E, Hartvigsen J, Mansell G, Søgaard K, JørgensenMB, et al. Mechanisms for reducing low back pain: a mediation analysis of a multifaceted intervention in workers in elderly care. Int Arch Occup Environ Health. 2019;92:49-58. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-018-1350-3
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, incluindo a abordagem da EP, a intervenção aumentou o uso de dispositivos assistivos no local de trabalho, o que diminuiu o esforço físico percebido, ou seja, a participação dos trabalhadores colaborou positivamente para os resultados. Entretanto, os autores1212. Stevens ML, Boyle E, Hartvigsen J, Mansell G, Søgaard K, JørgensenMB, et al. Mechanisms for reducing low back pain: a mediation analysis of a multifaceted intervention in workers in elderly care. Int Arch Occup Environ Health. 2019;92:49-58. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-018-1350-3
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fazem uma ressalva para a necessidade de mais pesquisas com a abordagem da EP em outras populações, uma vez que nem sempre os efeitos na saúde são obtidos e, em alguns estudos anteriores, foi possível observar limitações desse tipo de programa sobre os sintomas musculoesqueléticos2626. Burgess-Limerick R. Participatory ergonomics: evidence and implementation lessons. Appl Ergon. 2018;68:289-93. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.apergo.2017.12.009
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), (2727. Sundstrup E, Seeberg KGV, Bengtsen E, Andersen LL. A systematic review of workplace interventions to rehabilitate musculoskeletal disorders among employees with physical demanding work. J Occup Rehabil. 2020;30:588-612. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10926-020-09879-x
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.

Quanto à abordagem cognitivo-comportamental, observou-se a implementação de programa para prevenção de DME baseado em mindfulness (técnica de meditação para desenvolvimento da atenção plena) (1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71., cuja base tem relação com a experiência da dor e a filosofia budista Vipassana2828. Smith SL, Langen WH. A systematic review of mindfulness practices for improving outcomes in chronic low back pain. Int J Yoga. 2020;13(3):177-82.), (2929. Anheyer D, Haller H, Barth J, Lauche R, Dobos G, Cramer H. Mindfulness-Based stress reduction for treating low back pain: A systematic review and meta-analysis. Ann Intern Med. 2017;166(11):799-807. Disponível em: https://doi.org/10.7326/M16-1997
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. Segundo os monges budistas, a meditação do tipo mindfulness, pode modificar a percepção da dor2828. Smith SL, Langen WH. A systematic review of mindfulness practices for improving outcomes in chronic low back pain. Int J Yoga. 2020;13(3):177-82.. Embora tenha sido observado um efeito benéfico em relação aos distúrbios musculoesqueléticos, quando os elementos da intervenção (exercício e abordagem cognitivo-comportamental) foram analisados separadamente, foi possível identificar um efeito contrastante no estudo de Jay et al. (1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71.. A análise dose-resposta com o treinamento físico-cognitivo evidenciou redução da dor a cada sessão de treinamento físico e as sessões de mindfulness, aumentaram a dor a cada sessão.

Uma possível explicação para os resultados do estudo de Jay et al. (1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71. é que as sessões de mindfulness, podem ter favorecido uma maior atenção do trabalhador ao seu corpo durante a atividade laboral, bem como às informações nociceptivas durante a jornada. Portanto, a técnica pode ter permitido o aumento do registro da dor já existente.

É possível, portanto, referir que o estudo1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71. que utilizou essa técnica não obteve o resultado esperado. Além de não aliviar o estresse, como previsto pelos autores, a técnica interferiu no efeito esperado da intervenção sobre a dor, pois, combinada ao treinamento físico, aumentou a percepção da dor. Os autores esperavam que, com a redução do estresse, por meio da técnica de mindfulness, poderia ocorrer o alívio da dor; e a redução da dor levaria também à diminuição do estresse, entretanto, isso não se constatou. É plausível que as formas de mensuração do efeito, pela quantificação da dor, não se adequem bem ao tipo de intervenção realizada.

Outra maneira de realizar a abordagem cognitivo-comportamental foi por meio do Stage of Change - SOC (Estágio de Mudança), utilizado nos estudos2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
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), (2323. Viester L, Verhagen EALM, Bongers PM, van der Beek AJ. The effect of a health promotion intervention for construction workers on work-related outcomes: results from a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2015;88(6):789-98. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-014-1007-9
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. Objetivou-se a melhora ou a prevenção de sintomas musculoesqueléticos com base na percepção do trabalhador sobre sua atividade e na disponibilidade para mudanças de comportamento no desempenho laboral2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
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), (2323. Viester L, Verhagen EALM, Bongers PM, van der Beek AJ. The effect of a health promotion intervention for construction workers on work-related outcomes: results from a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2015;88(6):789-98. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-014-1007-9
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), (3030. Silva JA, Silva KS. Estágios de mudança de comportamento para atividade física em adolescentes: revisão sistemática. Rev Bras Ativ Fis Saude. 2015;20(3):214-31.), (3131. Tessaro VCZ, Silva AMR, Loch MR. Estágios de mudança de comportamento para atividade física no lazer de adultos brasileiros: estudo longitudinal. Cienc Saude Colet. 2021;26(8):2969-80. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232021268.18022020
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.

Segundo essa abordagem, indivíduos que estão mais dispostos a realizar as mudanças de comportamento acreditam que os benefícios são mais importantes do que as desvantagens advindas com a mudança. A discussão acerca de técnicas que favorecem as mudanças no comportamento relacionado à saúde é complexa e diferentes teorias buscam explicar os diversos fatores envolvidos nesse processo2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
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), (2323. Viester L, Verhagen EALM, Bongers PM, van der Beek AJ. The effect of a health promotion intervention for construction workers on work-related outcomes: results from a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2015;88(6):789-98. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-014-1007-9
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), (3030. Silva JA, Silva KS. Estágios de mudança de comportamento para atividade física em adolescentes: revisão sistemática. Rev Bras Ativ Fis Saude. 2015;20(3):214-31.. Compreender as necessidades individuais e proporcionar condições para que o trabalhador consiga superar as barreiras no trabalho, ou seja, superar a insuficiência dos meios disponíveis nas situações reais de trabalho, parece ser mais adequado.

Foi possível identificar em um dos estudos2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
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que os trabalhadores com períodos mais curtos de emprego eram menos propensos a relatar sintomas musculoesqueléticos, o que pode se justificar tanto pela duração insuficiente de exposição aos fatores de risco no local de trabalho, com menor ocorrência de fato da morbidade, quanto pela insegurança em relação ao emprego novo e receio em registrar a morbidade. Esses autores identificaram ainda que, independentemente da disposição dos trabalhadores para alterar padrões de comportamento, um fator que pode colaborar para a ineficácia de uma intervenção é sua falta de prioridade atribuída pela empresa: os recursos disponibilizados para os programas de prevenção em saúde podem não ser suficientes para viabilizar as mudanças no trabalho, físicas ou organizacionais, nem assegurar a amplitude necessária das intervenções2222. Doda D, Rothmore P, Pisaniello D, Briggs N, Stewart S, Mahmood M, Hiller JE. Relative benefit of a stage of change approach for the prevention of musculoskeletal pain and discomfort: a cluster randomised trial. Occup Environ Med. 2015;72(11):784-79. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102916
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conforme a necessidade do trabalhador.

Nessa perspectiva, consideramos que a definição de intervenções que não emerge do ponto de vista da atividade, ou seja, da perspectiva de quem trabalha, a partir das dificuldades vivenciadas no labor diário, pode comprometer os resultados obtidos e esperados pelos pesquisadores.

Os exercícios físicos, combinados ou não a estratégias comportamentais, realizados no ambiente de trabalho reduziram os sintomas musculoesqueléticos1010. Rasmussen CDN, Holtermann A, Bay H, Søgaard K, Birk Jørgensen M. A multifaceted workplace intervention for low back pain in nurses' aides: a pragmatic stepped wedge cluster randomised controlled trial. PAIN. 2015;156(9):1786-94.)- (2121. Moreira RFC, Moriguchi CS, Carnaz L, Foltran FA, Silva LCCB, Coury HJCG. Effects of a workplace exercise program on physical capacity and lower back symptoms in hospital nursing assistants: a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2020;94:275-84. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01572-z
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, o que corrobora achados da revisão de Gobbo et al. (3232. Gobbo S, Bullo V, Bérgamo M, Duregon F, Vendramin B, Battista F, et al. Physical exercise is confirmed to reduce low back pain symptoms in office workers: a systematic review of the evidence to improve best practices in the Workplace. J Funct Morphol Kinesiol. 2019;4(3):1-15. Disponível em: https://doi.org/10.3390/jfmk4030043
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, que incluiu estudos que avaliaram os efeitos de diferentes modalidades de exercícios físicos, associados ou não a terapias cognitivo-comportamentais, especificamente nas lombalgias em trabalhadores de escritório.

Um outro aspecto identificado nesta revisão1818. Jakobsen MD, Sundstrup E, Brandt M, Andersen LL. Factors affecting pain relief in response to physical exercise interventions among healthcare workers. Scand J Med Sci Sports. 2017;27:1854-63. Disponível em: https://doi.org/10.1111/sms.12802
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), (1919. Jakobsen MD, Sundstrup E, Brandt M, Andersen LL. Effect of physical exercise on musculoskeletal pain in multiple body regions among healthcare workers: Secondary analysis of a cluster randomized controlled trial. Musculoskelet Sci Pract. 2018;34:89-96. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.msksp.2018.01.006
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diz respeito aos resultados distintos quando os exercícios físicos são realizados no local de trabalho, sob supervisão profissional, ou prescritos para casa. No trabalho, os exercícios repercutem de forma mais favorável no alívio da dor se comparados aos exercícios feitos em casa, ou seja, estar no ambiente laboral e fazer as pausas necessárias para a realização de exercícios parece ser mais eficaz, assim como a frequência semanal do treino físico favorece a diminuição da dor, ou seja, quanto maior a frequência semanal, melhor o resultado. Portanto, interromper o trabalho para uma sessão de atividade corporal - exercício físico - pode significar, além da pausa, a variabilidade postural, por si só favorável ao sistema musculoesquelético. Isso não ocorrerá (a pausa do trabalho) para aqueles aos quais são prescritos exercícios físicos para fazer em casa, ou seja, fora da jornada habitual de trabalho.

Os exercícios físicos promoveram também a redução do consumo de analgésicos para dor lombar em comparação ao grupo de referência, não sendo observada qualquer mudança para a dor no pescoço1717. Jakobsen MD, Sundstrup E, Brandt M, Jay K, Aagaard P, Andersen LL. Effect of workplace- versus home-based physical exercise on musculoskeletal pain among healthcare workers: a cluster randomized controlled trial. Scand J Work Environ Health. 2015;41(2):153-63. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3479
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, mas os autores não deixaram claro o motivo dessa diferença, provavelmente porque os exercícios não foram os mais adequados para a região cervical na população estudada. Por outro lado, observou-se uma melhora na força de músculos flexores do tronco, favorecendo maior equilíbrio entre músculos flexores e extensores, com consequente redução dos sintomas musculoesqueléticos na coluna lombar2121. Moreira RFC, Moriguchi CS, Carnaz L, Foltran FA, Silva LCCB, Coury HJCG. Effects of a workplace exercise program on physical capacity and lower back symptoms in hospital nursing assistants: a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2020;94:275-84. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01572-z
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. Isso pode ocorrer porque os músculos do tronco mais fortes e estáveis funcionam como uma cinta protetora da região lombar, permitindo maior mobilidade com menor sobrecarga mecânica e, consequentemente, redução da dor3333. Silveira RP, Santana ETN, Santana WG, Pádua GS, Poderoso Neto ML, Quintans LJ Jr, et al. Efetividade da estabilização segmentar vertebral na dor lombar inespecífica. Braz J Dev. 2022;8(5):36332-45. Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv8n5-239
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.

Embora seja possível identificar efeitos benéficos dos exercícios físicos sobre os sintomas musculoesqueléticos em trabalhadores, a heterogeneidade quanto às estratégias adotadas nos estudos disponíveis na literatura contribuiu para a insuficiência das evidências sobre qual modalidade de exercício físico é eficaz para melhorar a capacidade física geral e os sintomas musculoesqueléticos2121. Moreira RFC, Moriguchi CS, Carnaz L, Foltran FA, Silva LCCB, Coury HJCG. Effects of a workplace exercise program on physical capacity and lower back symptoms in hospital nursing assistants: a randomized controlled trial. Int Arch Occup Environ Health. 2020;94:275-84. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01572-z
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. Por isso é preciso cautela para avaliar os resultados dos estudos. Brewer et al. (3434. Brewer S, van Eerd D, Amick III BC, Irvin E, Daum KM, Gerr F, et al. Workplace interventions to prevent musculoskeletal and visual symptoms and disorders among computer users: A systematic review. J Occup Rehabil. 2006;16:325-58. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10926-006-9031-6
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, em revisão de 2006, não obtiveram evidências suficientes para determinar se o treinamento físico teria efeito protetor sobre os distúrbios musculoesqueléticos, pois havia quantidade insuficiente de estudos.

A prática regular de exercícios físicos é relevante para o condicionamento corporal global, ao propiciar mais energia para atividades diversas, com redução da probabilidade de adoecimento3535. Mascarenhas ALM, Fernandes RCP. Aptidão física e trabalho físico pesado: como interagem para a ocorrência de distúrbio musculoesquelético? Cad Saude Publica. 2014;30(10):2187-98. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00138512
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, no entanto, é preciso avaliar de forma mais acurada o papel do condicionamento físico sobre os DME relacionados ao trabalho. Em estudo observacional de Mascarenhas e Fernandes3535. Mascarenhas ALM, Fernandes RCP. Aptidão física e trabalho físico pesado: como interagem para a ocorrência de distúrbio musculoesquelético? Cad Saude Publica. 2014;30(10):2187-98. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00138512
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, analisou-se a interação entre aptidão física e trabalho físico pesado em trabalhadores da área de manutenção e operação de indústrias de plástico. Foi possível evidenciar que os trabalhadores com aptidão física autopercebida como precária tiveram cerca de três vezes mais prevalência de adoecimento (DME em pescoço, ombro ou parte alta do dorso) em comparação àqueles com boa aptidão física autopercebida. No entanto, essa associação só foi observada em trabalhadores com baixa demanda física de trabalho, ou seja, aqueles com trabalho físico mais leve. Já entre os trabalhadores expostos ao trabalho físico exaustivo, a ocorrência de DME em pescoço, ombro ou parte alta do dorso foi muito alta, independentemente do nível de aptidão física autopercebida3535. Mascarenhas ALM, Fernandes RCP. Aptidão física e trabalho físico pesado: como interagem para a ocorrência de distúrbio musculoesquelético? Cad Saude Publica. 2014;30(10):2187-98. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00138512
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. Diante da exposição ao trabalho físico exaustivo, a suposta proteção conferida pela boa aptidão física para ocorrência de DME quase se anula3535. Mascarenhas ALM, Fernandes RCP. Aptidão física e trabalho físico pesado: como interagem para a ocorrência de distúrbio musculoesquelético? Cad Saude Publica. 2014;30(10):2187-98. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00138512
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Ademais, posturas estáticas por tempo prolongado podem levar à fadiga, dor ou lesão, mesmo no trabalhador com bom equilíbrio postural. Dessa forma, vale salientar que, mesmo com a prática regular de exercícios físicos em suas diferentes modalidades, outros aspectos, como as exigências físicas e organizacionais, se impõem no âmbito do trabalho.

Aspectos organizacionais são fundamentais para análise da condição do trabalho e prevenção de DME. Stock et al.6, em revisão de 2018 sobre intervenções organizacionais, evidenciam baixa qualidade das evidências acerca dessas intervenções para prevenção dos DME, com exceção da implementação de pausas suplementares em diferentes contextos. Nesta revisão66. Stock S, Nicolakakis N, Vézina N, Vézina M, Gilbert L, Turcot A, et al. Are work organization interventions effective in preventing or reducing workrelated musculoskeletal disorders? A systematic review of the literature. Scand J Work Environ Health. 2018;44(2):113-33. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3696
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de estudos de intervenção, identificou-se que as pausas são uma boa estratégia para prevenir sintomas musculoesqueléticos, ratificando evidências prévias dos estudos observacionais sobre o papel preventivo das pausas na ocorrência de DME55. National Research Council and The Institute of Medicine. Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and upper extremities. Washington (DC): National Academy Press; 2001.. Entre as pesquisas desta revisão, com boa qualidade segundo o CASP, não constam aquelas que realizaram intervenções organizacionais. Evidenciou-se, assim, uma lacuna no período estudado, sem identificação de estudos de intervenção do tipo randomizado que abordassem esse aspecto entre as estratégias para prevenção de DME.

Em pesquisas de intervenção, outro ponto referido pelos autores1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71.), (2020. Korshøj M, Jørgensen MB, Lidegaard M, Mortensen OS, Krustrup P, Holtermann A, Søgaard K. Decrease in musculoskeletal pain after 4 and 12 months of an aerobic exercise intervention: a worksite RCT among cleaners. Scand J Public Health. 2018;46(8):846-53. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1403494817717833
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), (3636. Jakobsen MD, Aust B, Kines P, Madeleine P, Andersen LL. Participatory organizational intervention for improved use of assistive devices in patient transfer: a single-blinded cluster randomized controlled trial. Scand J Work Environ Health. 2019;45(2):146-57. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3769
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) diz respeito à adesão ao programa, necessária para garantir resultados válidos. Adesão aos programas de intervenção no ambiente de trabalho depende das condições disponibilizadas aos trabalhadores que facilitem sua participação e das estratégias utilizadas pelos pesquisadores3737. Costa FM, Greco RM, Alexandre NMC. Ioga na saúde do trabalhador: revisão integrativa de estudos de intervenção. Rev Bras Med Trab. 2018;16(4):509-19.. Nesse sentido, sugere-se1111. Jay K, Brandt M, Hansen K, Sundstrup E, Jakobsen MD, Schraefel MC, et al. Effect of individually tailored biopsychosocial workplace interventions on chronic musculoskeletal pain and stress among laboratory technicians: randomized controlled trial. Pain Physician. 2015;18:459-71.), (2020. Korshøj M, Jørgensen MB, Lidegaard M, Mortensen OS, Krustrup P, Holtermann A, Søgaard K. Decrease in musculoskeletal pain after 4 and 12 months of an aerobic exercise intervention: a worksite RCT among cleaners. Scand J Public Health. 2018;46(8):846-53. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1403494817717833
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), (3636. Jakobsen MD, Aust B, Kines P, Madeleine P, Andersen LL. Participatory organizational intervention for improved use of assistive devices in patient transfer: a single-blinded cluster randomized controlled trial. Scand J Work Environ Health. 2019;45(2):146-57. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3769
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) que, independentemente da abordagem a ser realizada, sejam adotadas estratégias a fim de incentivar e manter a participação do grupo.

A falta de adesão pode comprometer e limitar os resultados de intervenções que, em condições favoráveis, poderiam ser eficazes ou efetivas3838. Fletcher GS. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. Porto Alegre: Artmed; 2021.. A baixa adesão pode ocorrer também por fatores não controláveis pelos pesquisadores, como questões organizacionais, por exemplo, férias coletivas e alterações nas demandas de trabalho, conforme discutem Lanhers et al. (3939. Lanhers C, Pereira B, Garde G, Maublant C, Dutheil F, Coudeyre E. Evaluation of 'I-Preventive': a digital preventive tool for musculoskeletal disorders in computer workers-a pilot cluster randomised trial. BMJ Open. 2019;6(9):1-8. Disponível em: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2016-011304
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. Isso reforça que programas de intervenção nos ambientes de trabalho devem estar associados a estratégias elaboradas desde a fase de planejamento, prevendo e assegurando as condições de manutenção da participação66. Stock S, Nicolakakis N, Vézina N, Vézina M, Gilbert L, Turcot A, et al. Are work organization interventions effective in preventing or reducing workrelated musculoskeletal disorders? A systematic review of the literature. Scand J Work Environ Health. 2018;44(2):113-33. Disponível em: https://doi.org/10.5271/sjweh.3696
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Conforme previsto, em estudos com período maior de follow-up, acima de seis meses, as perdas de seguimento foram mais evidentes. Justifica-se então porque muitos estudos baseiam suas análises estatísticas na análise por intenção de tratar, que preconiza a inclusão de todos os participantes na análise, independentemente da participação real ou do abandono3838. Fletcher GS. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. Porto Alegre: Artmed; 2021.. Essa forma de análise é eleita com maior frequência pelos pesquisadores por garantir a manutenção dos grupos aleatórios e avaliar a intervenção nas condições reais, ou seja, com as limitações encontradas nas situações - nos locais de trabalho, neste caso4040. Medronho R, Bloch KV, Luiz RR. Werneck GL. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu; 2009.. Na revisão conduzida por Driessen et al. (2525. Driessen MT, Proper KI, van Tulder MW, Anema JR, Bongers PM, van der Beek AJ. The effectiveness of physical and organisational ergonomic interventions on low back pain and neck pain: a systematic review. Occup Environ Med. 2010;67(4):277-85. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oem.2009.047548
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, observou-se que períodos mais curtos, entre seis semanas e seis meses, não foram suficientes para medir o efeito da intervenção e, nesse caso, os resultados deveriam ser avaliados com cautela. Por outro lado, períodos mais longos permitem medir melhor a manutenção dos efeitos a longo prazo, bem como realizar medições durante todo o follow-up. Essa situação se revela como um desafio na avaliação de intervenções no ambiente de trabalho, uma vez que períodos mais longos podem implicar maior número de perdas de seguimento. Brewer et al. (3434. Brewer S, van Eerd D, Amick III BC, Irvin E, Daum KM, Gerr F, et al. Workplace interventions to prevent musculoskeletal and visual symptoms and disorders among computer users: A systematic review. J Occup Rehabil. 2006;16:325-58. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10926-006-9031-6
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sugeriram, para resultados satisfatórios no que concerne à prevenção de sintomas ou distúrbios musculoesqueléticos, pesquisas com duração de quatro a 12 meses.

A maioria dos estudos desta revisão se concentra em países europeus, em particular nos nórdicos e escandinavos, assim como foi visto na revisão conduzida por van Eerd et al. (4141. van Eerd D, Munhall C, Irvin E, Rempel D, Brewer S, van der Beek AJ, et al. Effectiveness of workplace interventions in the prevention of upper extremity musculoskeletal disorders and symptoms: an update of the evidence. Occup Environ Med. 2016;73(1):62-70. Disponível em: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102992
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, o que pode revelar as diferenças em relação ao investimento e incentivo à pesquisa entre os países. Isso limita a generalização dos achados para outras populações, para países com características socioeconômicas e culturais muito distintas. Ademais, a baixa proteção social e de saúde e segurança no trabalho em países periféricos ou quase periféricos pode resultar na dificuldade em adotar programas efetivos de prevenção nas empresas e estudá-los de forma adequada.

A questão econômica que implica práticas inseguras de trabalho também pode ser um fator limitante para a realização de intervenções voltadas à prevenção de riscos e de doenças relacionadas ao trabalho. Em cenários nos quais a perspectiva de produtividade impede o alcance de condições dignas e saudáveis de trabalho, gestores dos negócios se opõem a iniciativas ou programas voltados para implementação de modificações estruturais, que poderiam ter resultados favoráveis para a saúde e a segurança. Portanto, assegurar condições adequadas para o exercício do trabalho implica considerar os diferentes contextos políticos, econômicos e sociais.

A utilização das recomendações PRISMA neste estudo para a condução de revisões sistemáticas, bem como a inclusão de ensaios randomizados, clínicos e comunitários, sem restrição da modalidade de intervenção utilizada, agregando as que estavam disponíveis nas bases no período escolhido para a análise, bem como o uso de ferramenta para a avaliação da qualidade dos estudos, são pontos fortes desta revisão.

Conclusão

Esta revisão mostrou que as intervenções estudadas para prevenção de DME entre trabalhadores resultaram em melhorias em diferentes aspectos, entretanto, os dados não são suficientes para a construção de evidência forte sobre os métodos mais eficazes. Algumas abordagens geraram repercussões positivas, como diminuição da intensidade ou da frequência da dor, além da redução do uso de analgésicos e do absenteísmo relacionado aos sintomas musculoesqueléticos - em particular, a dor.

Diante da complexidade do universo do trabalho, as intervenções multidimensionais podem ser uma estratégia promissora, uma vez que esses programas poderão atuar sobre distintas necessidades. Entretanto, os estudos desta revisão, com melhor atendimento aos critérios de qualidade metodológica utilizados (CASP) e que combinaram exercícios físicos às intervenções comportamentais, não mostraram os resultados esperados. Ao contrário, as melhores respostas na prevenção dos DME foram obtidas com exercícios físicos realizados nos locais de trabalho, sob supervisão de um profissional de saúde e, em especial, adotando-se a abordagem da ergonomia participativa. Esses achados com o uso da Ergonomia Participativa ratificam o papel fundamental dos trabalhadores como sujeitos dos processos de intervenção sobre seu trabalho e para proteção da sua saúde.

Nesta revisão, com ensaios randomizados, identificou-se como lacuna, no período de 2015 a 2020, entre os estudos que atenderam satisfatoriamente ao CASP, a ausência de intervenções voltadas para a organização do trabalho, como as demandas de tempo, o controle sobre o trabalho, a intensificação do ritmo, a ausência de pausas, características que têm sido associadas de forma consistente, em estudos observacionais, à ocorrência dos DME em trabalhadores.

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  • Informação sobre trabalho acadêmico:

    Trabalho baseado na dissertação de mestrado de Patricia Giselle de Araújo e Silva Santos, intitulada “Intervenções no trabalho para prevenção de distúrbios musculoesqueléticos: uma revisão sistemática”, apresentada em 2022 ao Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho, da Faculdade de Medicina da Bahia, da Universidade Federal da Bahia.
  • Disponibilidade de dados:

    todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi disponibilizado no SciELO Dataverse e pode ser acessado em: https://doi.org/10.48331/scielodata.VMN1RD
  • Financiamento:

    as autoras declaram que o estudo não foi financiado.
  • Apresentação do estudo em evento científico:

    As autoras informam que os resultados parciais do trabalho foram apresentados no 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em 2022, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil.

Editado por

Editora-Chefe:

Ada Ávila Assunção

Disponibilidade de dados

todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi disponibilizado no SciELO Dataverse e pode ser acessado em: https://doi.org/10.48331/scielodata.VMN1RD

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    12 Set 2022
  • Revisado
    14 Ago 2023
  • Aceito
    06 Dez 2023
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO Rua Capote Valente, 710 , 05409 002 São Paulo/SP Brasil, Tel: (55 11) 3066-6076 - São Paulo - SP - Brazil
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