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Quadrinhos, cultura e sociedade
contribuições das narrativas sequenciais para formação do leitor

RESUMO

Introdução:

A discussão em torno das experiências de leitores com histórias em quadrinhos suscita vários apontamentos, desde relações de identificação, produção de sentidos e ressignificação até preconceitos contra este tipo de suporte midiático.

Objetivo:

Este artigo tem como objetivo averiguar as contribuições das narrativas sequenciais na formação do leitor, analisando como tal objeto de entretenimento é capaz de abranger conceitos e informações capazes de gerar impactos sociais relevantes, identificando e provocando reflexões sociais.

Método:

A metodologia utilizada foi de abordagem qualitativa a partir de uma revisão de literatura na qual se levantou artigos e trabalhos científicos acerca da contribuição dos quadrinhos para a formação do leitor e processo de ensino-aprendizagem.

Resultados e conclusão:

Os resultados indicaram que as interações com a histórias em quadrinhos despertou nos leitores novas formas de pensamento e ressignificação de seus papéis na sociedade, despertando novos sentidos ocasionados pelos impactos que tais histórias provocam. Os estudos também apontam para a capacidade de interpretação dos conteúdos presentes tanto nos textos quanto nas imagens dos quadrinhos; afinal, o cenário das narrativas sequenciais evoca questionamentos e fatos relevantes que ao serem narrados pelos leitores contribuem para a reflexão e introjeção de conhecimento.

PALAVRAS-CHAVE:
Comunicação; Quadrinhos; Leitura; Leitor; Comportamento.

ABSTRACT

Introduction:

The discussion about the experiences of readers with comic books raises several points, from identification relationships, production of meanings and resignification to prejudices against this type of media support.

Objective:

This article aims to investigate the contributions of sequential narratives in the education of the reader, analyzing how such an entertainment object is able to cover concepts and information capable of generating relevant social impacts, identifying, and provoking social reflections.

Methodology:

The methodology used was a qualitative approach based on a literature review in which articles and scientific papers were raised about the contribution of comics to the reader's education and the teaching-learning process.

Results and conclusion:

The results showed that the interactions with comic books awakened in readers new ways of thinking and resignification of their roles in society, awakening new meanings caused by the impacts that such stories provoke. The studies also point to the ability to interpret the content present both in the texts and in the images of the comics, after all, the scenario of sequential narratives evokes questions and relevant facts that, when narrated by readers, contribute to the reflection and introjection of knowledge.

KEYWORDS:
Communication; Comics; Reading; Reader; Behavior.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo possui como tema de interesse o comportamento do leitor de história em quadrinhos, observando como tal gênero ficcional de leitura influencia o comportamento e o pensamento dos indivíduos que entram em contato com este tipo de material. Tal inquietação surgiu da necessidade de compreender como esse tipo de leitura consegue interferir na vida social dos indivíduos, almejando a possibilidade de externarem opiniões e valores através das experiências com as narrativas sequenciais.

Ademais, viu-se a necessidade de propor uma revisão bibliográfica que pudesse analisar outros estudos, abordagens e resultados sobre quadrinhos e suas contribuições para o crescimento intelectual e construção do ser humano, seu comportamento; bem como novas discussões a serem observadas. Para tanto, fez-se necessário buscas em repositórios acadêmicos e demais canais digitais para se alcançar um bom desempenho na pesquisa.

Partiu-se do seguinte questionamento: é possível haver relações de identificação e produção de sentidos através da leitura de histórias em quadrinhos? Nossa hipótese propõe que determinadas leituras, quando associadas à realidade do leitor, podem tornar-se elementos essenciais para reflexão e construção de identidades, assim como a projeção e do entendimento do eu e dos conflitos socioculturais enfrentados diariamente - essa autocompreensão e reflexão de si possibilitam aos leitores repensarem seu papel na sociedade.

Viu-se a possibilidade de as narrativas sequenciais causarem determinados impactos sociais naqueles que as leem, na expectativa de que os leitores possam empreender uma jornada reflexiva de produção de sentidos através dos quadrinhos, que nada mais são do que imagens gráficas e textos narrativos que se desdobram no imaginário do leitor e que se transmutam em metáforas e analogias, sugerindo caminhos, decisões, influenciando ações e introjeção de conhecimento.

Afinal, a leitura serve ao propósito de instruir, informar e agregar conhecimento: “[...] ler não é somente o que está escrito em formato de texto. Ler abarca o visual, os símbolos, formas e vídeos. Ler é conseguir explorar, pelo menos em parte, esse emaranhado de informações presentes na atualidade. (SANTOS, 2014SANTOS, Andréa Pereira dos Santos. Juventude da UFG: trajetórias socioespaciais e práticas de leitura. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014., p. 21)”

Vale ressaltar que as narrativas estão presentes desde os tempos mais remotos, perpassando a humanidade por todo tecido histórico e social, transcendendo o lugar comum.

Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, básica a qual pretende, a partir de uma revisão de literatura, apresentar trabalhos e experiências acerca da utilização das histórias em quadrinhos enquanto elementos de fruição de leitura e aprendizado.

2 COMUNICAÇÃO, CULTURA E QUADRINHOS: ROMPENDO PARADIGMAS

As manifestações do conhecimento humano, objeto de estudo de várias correntes teóricas existentes, agregam diversos níveis de formação cultural e crítica aos indivíduos presentes na sociedade - seja na filosofia, política e religião, dentre outros. Nesse sentido, as teorias comunicacionais se ligam à forma como a sociedade moderna se comporta diante dos suportes midiáticos existentes, afetando a rotina da sociedade e transformando-a de maneira irreversível.

Apesar da persistência de certos preconceitos e pensamentos ideológicos que se fazem presentes no mundo contemporâneo, é fato que a comunicação se transformou ao longo de décadas, tornando-se objeto de estudo de várias linhas de pesquisa. Teorias que versam sobre a alienação através dos meios de comunicação e o entretenimento vazio são cada vez mais frágeis e constantemente submetidas a refutações, fazendo-se necessário lançar mão de estudos aprofundados para a compreensão das relações da mídia com os indivíduos na sociedade.

Thompson (1999)THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999. estuda a influência da mídia na formação das sociedades modernas, enxergando o mundo sócio-histórico não apenas como um campo-objeto a ser observado, mas como um campo-sujeito construído por indivíduos que, em suas rotinas diárias, estão constantemente preocupados em compreender a si mesmos e o mundo ao redor por um viés sociocultural.

O autor percebe os meios de comunicação como carentes de interpretações, sentidos e poder - em uma quase-interação mediada1 1 Para Thompson (1999), existem três formas ou tipos de interação: face a face, mediada e quase-interação mediada. Esta última refere-se às relações sociais estabelecidas pelos meios de comunicação de massa (livros, jornais, rádio, televisão, cinema, internet etc.). Segundo o autor, “no caso da quase-interação mediada, as formas simbólicas são produzidas para um número indefinido de receptores potenciais” (THOMPSON, 1999, p. 79). Os indivíduos, nessa situação social, se conectam uns aos outros em um processo de intercâmbio simbólico e comunicacional. - em que surge a possibilidade de elevação intelectual e ganhos na reelaboração social do caráter simbólico dos indivíduos. Ao analisar os meios de comunicação e sua relação com os indivíduos, Thompson (1999)THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999. sustenta a ideia de que o desenvolvimento das sociedades modernas tornou o processo de formação individual mais aberto e reflexivo, haja vista o leque de formas simbólicas e subjetivas que as mídias oferecem. Para o autor:

Devemos abandonar a ideia de que os destinatários dos produtos da mídia são espectadores passivos cujos sentidos foram permanentemente embotados pela contínua recepção de mensagens similares. Devemos também descartar a suposição de que a recepção em si mesma seja um processo sem problemas, acrítico e que os produtos são absorvidos pelos indivíduos como uma esponja absorve água. Suposições desse tipo têm muito pouco a ver com o verdadeiro caráter das atividades de recepção e com as maneiras complexas pelas quais os produtos da mídia são recebidos pelos indivíduos, interpretados por eles e incorporados em suas vidas. (THOMPSON, 1999THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., p. 31)

Na teoria social da mídia, os meios de comunicação estão cada vez mais voltados para o crescimento e o desenvolvimento sociocultural, com Thompson (1999THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., p. 35) apoiando o discurso de que “em todas as sociedades, os seres humanos se ocuparam da produção e intercâmbio de conteúdos simbólicos”. Afinal, o ser humano “é um animal suspenso em teias de significado que ele mesmo teceu”, referenciando Geertz (2008GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 2008., p. 15).

Na medida em que as interpretações e ressignificações da vida social se organizam, os meios de comunicação se reestruturam numa teia de significados repleta de informações que são desveladas e guiam os indivíduos através de fios condutores, designando papéis sociais a cada um ou, como preferir, agentes transformadores de sua própria prática social. Geertz (2008GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 2008., p. 4) descreve da seguinte forma:

Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado. É justamente uma explicação que eu procuro, ao construir expressões sociais enigmáticas na sua superfície.

Ramos (2019RAMOS, Rubem Borges Teixeira. Stan Lee e Homem-Aranha: compreendendo as teias de significado entre autor e criação, a luz dos estudos culturais. Revista Diálogo, Canoas, n. 42, p. 67-77, 2019., p. 72) corrobora o pensamento de Geertz, afinal:

O comportamento humano pode assumir por vezes um ou mais vieses complexos, frutos de estruturas conceituais às quais o indivíduo se encontra exposto no seu cotidiano, sobrepostas ou amarradas. Para tanto, Geertz defendia a análise do fenômeno cultural através de uma interpretação calcada na ideia de cultura como um conjunto de estruturas, ou melhor, de teias de significado, que um indivíduo concede para uma ação que desempenha ou um evento de que toma parte.

Os estudos desses autores se aproximam da teoria social de Thompson sobre os meios de comunicação, pois diz respeito a uma maior receptividade dos produtos midiáticos, sugerindo processos de contextualização das mensagens, na qual os indivíduos buscam sentido e ressignificações através dos impactos sociais ocasionados pelas mídias. Ainda, segundo Thompson (1999THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., p. 24):

As ações simbólicas podem provocar reações, liberar respostas de determinado teor, sugerir caminhos e decisões, induzir a crer e a descrer, apoiar os negócios do Estado ou sublevar as massas em revolta coletiva. Usarei o termo “poder simbólico” para me referir a essa capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações dos outros e produzir eventos por meio da produção e da transmissão de formas simbólicas.

Tal poder simbólico pode ser conferido nos temas sociais contemporâneos, tornando-se relevantes para a sociedade - injustiças, desigualdades, política, saúde, economia e educação expressam as condições em que o mundo se encontra e possibilita novas maneiras de observar a natureza humana e procurar por novas soluções; pois, enquanto ação humana, a comunicação está em permanente interação com a vida social, afetando o seu desenvolvimento e sendo afetada por ela.

Os produtos da mídia guiam os indivíduos nessas teias de significação, podendo causar impacto social relevante por meio da difusão de formas simbólicas. Portanto, deve-se considerar as histórias em quadrinhos como meio de comunicação, arte e cultura que agregam valores às produção de sentidos, explorando metáforas, analogias e contextos sociais que possibilitam identificação e ressignificações de sentidos nos indivíduos. Quanto a isso, Thompson (1999THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., p. 358) afirma:

Muitos fenômenos sociais são formas simbólicas, e formas simbólicas são construções significativas que, embora possam ser analisadas pormenorizadamente por métodos formais ou objetivos, inevitavelmente apresentam problemas qualitativamente distintos de compreensão e interpretação.

Televisão, cinema, séries, livros, aplicativos de smartphones e/ou tablets e quadrinhos são objetos que fazem parte da rotina diária de grande parte da sociedade e podem ser explicadas a partir do conceito de apropriação e análise contextualizadas das mídias, permitindo aos indivíduos darem maior sentido às mensagens e incorporá-las em suas vidas através das trocas de experiências e informações. Faz todo sentido, portanto, que os quadrinhos sejam vistos pelo olhar sociocultural, pois “se a comunicação é uma forma de ação, a análise da comunicação deve se basear, pelo menos em parte, na análise da ação e na consideração do seu caráter socialmente contextualizado” (THOMPSON, 1999THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., p. 37).

Bakhtin (2011BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011., p. 139) afirmou que “o valor biográfico pode organizar não só a narração sobre a vida do outro, mas também o vivenciamento da própria vida”, e a humanidade já provou que as narrativas sócio-históricas são construídas pelas grandezas e misérias humanas.

A despeito de estereótipos e preconceitos, a questão primordial não é ser contra ou a favor dos diferentes gêneros de leitura; porém, reconhecer as mudanças qualitativas nesses produtos, perceber as contribuições para a sociedade e o desenvolvimento sociocultural humanizado, com as formas simbólicas desses meios instaurando diálogos possíveis entre sujeitos e objetos - ocasionando, assim, a quebra de paradigmas de formas de pensamento retrógrados e comportamentos estanques.

Essa assertiva é comprovada em Neves (2020)NEVES, André Roberto Custódio. O sujeito e a leitura: uma abordagem sociocultural através das narrativas autobiográficas de menores em conflito com a lei e os quadrinhos Castanha do Pará (2018), de Gidalti Jr. 2020. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020., o qual demonstra que as histórias em quadrinhos, a exemplo de Castanha do Pará2 2 A graphic novel ou história em quadrinhos voltada para o público adulto, Castanha do Pará, narra a história de um menino com cabeça de urubu que vive suas aventuras pelos cenários tradicionais de Belém/PA, mais precisamente, no mercado público Ver-o-Peso. Sobrevivendo de pequenos furtos e migalhas que consegue nas ruas, possui sonhos como qualquer criança e pesadas tragédias em sua jovem vida. O autor, Gidalti Jr., utiliza das expressões visuais da pintura e dos quadrinhos para dar vida a essa narrativa urbana, com muita ludicidade e paixão para alertar sobre a dura realidade dos menores do país. (2018GIDALTI JR. Castanha do Pará. São Paulo: SESI, 2018.), de Gidalti Jr., podem ser elementos importantes e promotores de reflexão ao serem utilizadas como catalizadoras da realidade de sujeitos. No caso dessa pesquisa, o autor utiliza-se, a partir de uma pesquisa-ação com adolescentes em conflito com a lei, da história em quadrinhos citada, para que esses jovens possam ler e a partir da narrativa do texto estabelecer conexão e reflexão com sua realidade social.

3 LEITURA: UMA PONTE ENTRE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

A leitura, de modo geral, pode influenciar no comportamento dos indivíduos, agregando valor informativo, reflexivo e de conhecimento para além do simples entretenimento, em um processo de formação e desenvolvimento que afeta várias camadas sociais, fazendo com que os indivíduos comecem a perceber o mundo para além do simples preto e branco.

Muitas complexidades são percebidas no mundo contemporâneo e questionamentos socioculturais tomam a atenção das mídias, informando e tencionando os indivíduos a manifestarem suas indagações ou posicionamentos diante da sociedade. Portanto, a relação existente entre os sujeitos e a leitura acarreta a produção de novos significados e interpretações. Santos (2014SANTOS, Andréa Pereira dos Santos. Juventude da UFG: trajetórias socioespaciais e práticas de leitura. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014., p. 21) corrobora com tal entendimento:

A leitura é a ponte entre a informação e o conhecimento. Entretanto, ler não é somente o que está escrito em formato de texto. Ler abarca o visual, os símbolos, formas e vídeos. Ler é conseguir explorar, pelo menos em parte, esse emaranhado de informações presentes na atualidade (SANTOS, 2014SANTOS, Andréa Pereira dos Santos. Juventude da UFG: trajetórias socioespaciais e práticas de leitura. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014., p. 21).

Nesse sentido, a leitura caracteriza-se como importante fenômeno sociocultural que, segundo Reblin (2011REBLIN, Yuri Andreas. Super-heróis, cultura e sociedade: aproximações multidisciplinares sobre o mundo dos quadrinhos. São Paulo: Idéias & Letras, 2011., p. 21), possui relação direta com os valores e suas representações:

[...] pela minha experiência no estudo das narrativas e da narratividade humana - isto é, no ato de contar histórias - e suas relações no processo de invenção do mundo e na elaboração da personalidade, eu poderia apontar para a seguinte direção: existe [...] uma relação entre as histórias e o público-leitor. A pergunta é se os valores e os preceitos defendidos interferem de alguma forma na constituição da personalidade de seus leitores. [...] as histórias podem sim contribuir para o processo de amadurecimento das crianças tanto ao abordar arquétipos quanto ao lidar com emoções e apresentar soluções simbólicas para os problemas que as crianças - bem como pessoas de outras faixas etárias - enfrentam no cotidiano.

Impulsionado pela leitura, o sujeito humaniza suas relações com o universo circundante e a si mesmo, mudando sua própria visão acerca do mundo e suas idiossincrasias. Temer e Nery (2013, p. 107) afirmam: “O indivíduo é definido como ser interpretativo, instituidor de sentidos. Para compreender a realidade que o cerca, o homem ressignifica códigos e significados que utiliza de forma combinada e alternada, de acordo com seu substrato cultural e sua necessidade de sobrevivência”.

A verdadeira efetivação da leitura necessita, entretanto, partir de algum atrativo, familiaridade ou contextualização para se chegar à decodificação dos sinais alfabéticos e, consequentemente, à compreensão do texto. Assim, o leitor será capaz de fazer uma leitura de mundo eficiente e que será finalmente percebida como algo que vai ao encontro de seu interesse, de sua vivência ou, pelo contrário, não lhe desperta a atenção.

Vale mencionar que os conteúdos historicamente determinados e culturalmente organizados são introjetados por meio da interação sociocultural, pois esses conteúdos da experiência histórica do homem, mesmo que consolidados em criações materiais, são refletidos nas formas verbais e imagéticas de comunicação entre as pessoas e tais conteúdos. Ademais, o papel da leitura é ser uma ferramenta nobre capaz de levar cada indivíduo a uma determinada interpretação da sociedade e do mundo, através da contextualização. Citando Dumont (2001DUMONT, Lígia Maria Moreira. Contexto, leitura e subjetividade. Transinformação, Campinas, v. 13, n. 1, p. 43-47, jun. 2001., p. 44):

As implicações do contexto em que se produz uma ação e onde se produz um texto, ou mesmo uma obra de arte, um discurso, uma teoria, enfim, onde e quando qualquer produção ou ação humana se efetiva, devem constituir o primeiro acesso para interpretar e entender qualquer manifestação de um sujeito, ou de uma coletividade.

Portanto, a leitura e sua aplicabilidade são fomentadas através de três fatores considerados propulsores na sua efetivação: o contexto do leitor, a subjetividade e o sentido que fornece. Segundo a autora, todo tipo de leitura agrega valores a priori, seja científico ou entretenimento - não existe leitura inferior ou simplesmente casual.

A leitura pode ser um dos meios mais enriquecedores já existentes, em que os indivíduos entram em contato com lendas, contos e demais narrativas (como as histórias em quadrinhos), agregando vários sentidos e informações, despertando interesse, curiosidade e contribuindo para o desenvolvimento sociocultural e crítico.

4 QUADRINHOS: UMA NARRATIVA EM MOVIMENTO

Característicos dos meios de comunicação solidificados através da arte, cultura e comunicação, as histórias em quadrinhos são apreciadas por boa parte dos indivíduos que consomem, colecionam e se identificam com essas obras. As aventuras contidas nos gibis, com personagens variados, mascarados ou não, heróis, anti-heróis e vilões com apelo emocional e carga dramática que ultrapassam as complexas linhas do bem e do mal, despertando a empatia e a curiosidade nos leitores.

Através da identificação com determinados personagens e seus contextos históricos e políticos, os leitores desse tipo de literatura - um dos poucos gêneros que unem textos e imagens de forma simbiótica - são impactados pelos seus conteúdos, contribuindo para um gradativo letramento que perpassa a mais tenra infância até o desenvolvimento do pensamento sociocultural e humanizado.

Essa qualidade narrativa permite ao leitor usar a imaginação e viajar entre várias jornadas de descobertas, aprender valiosas lições através da produção e reprodução do conhecimento, compartilhar informações, despertar novas percepções, interpretações e subjetividades em suas rotinas e até melhorar sua relação com o mundo. Gasque e Ramos (2012GASQUE, Kelley Cristine Gonçalves Dias; RAMOS, Rubem Borges Teixeira. As histórias em quadrinhos: instrumento de informação e de incentivo à leitura. Revista Data Grama Zero, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 9, 2012., p. 7) afirmam que:

Os [...] quadrinhos precisam estar sempre muito bem sintonizados com seu público leitor para que o mecanismo de troca de percepções entre emissor (autor, desenhista) e receptor (leitor) reflita a realidade e o cotidiano. Isso ocorre mediante o processo de intertextualidade, em que eventos e situações que despertaram a atenção dos autores são colocados em contato com os parâmetros exibidos pelos leitores, estabelecendo-se um canal de comunicação que pode fidelizar a relação autor-leitor e o próprio ato da leitura ao longo de vários anos. Eles assumem também um papel importante como possíveis formadores de conceitos e opiniões, porque são capazes, em sua obra, de empregar percepções e interpretações do pensamento subjetivo. Essas noções, quando em sintonia com a realidade do leitor, permitem a ele reforçar conceitos e conhecimentos previamente adquiridos ou mesmo refletir acerca do que está sendo veiculado.

McCloud (2005MCCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 2005., p. 20), em sua própria conceituação, apresenta os quadrinhos como “imagens pictóricas e outras justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador”, conferindo ao leitor um papel decisivo ao colocá-lo como parte determinante da obra. Afinal, além de ser absorvido por esse tipo de leitura repleto de metáforas e analogias, também se insere valores universais que contribuem em sua relação com o mundo - em outras palavras, o leitor torna-se participante e formador de opiniões. Porém, infelizmente, Vergueiro e Ramos (2009VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo. Quadrinhos na educação: da rejeição à prática. São Paulo: Contexto, 2009., p. 9) expõem:

Houve um tempo, não tão distante assim, em que levar histórias em quadrinhos para a sala de aula era motivo de repreensão por parte dos professores. Tais publicações eram interpretadas como leitura de lazer e, por isso, superficiais e com conteúdo aquém do esperado para a realidade do aluno. Dois dos argumentos muito usados é que geravam “preguiça mental” nos estudantes e afastavam os alunos da chamada “boa leitura”.

O autor explica que educadores do passado atribuíram valorações pejorativas aos quadrinhos como, por exemplo, serem prejudiciais ao processo de ensino e aprendizagem, exposição de ação e violência gratuita, receio de que crianças e adolescentes pudessem imitar as condutas dos personagens e incitação da prática de crimes; além de perturbar a mente do leitor ao ponto de este não saber a distinção entre a realidade e a fantasia, alienando-o do processo de crescimento e desenvolvimento social. Rama e Vergueiro (2010RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. (org.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Editora Contexto, 2010., p. 16) relatam que o argumento utilizado era de que as histórias em quadrinhos traziam

[...] prejuízos ao rendimento escolar e poderiam, inclusive, gerar consequências ainda mais aterradoras, como o embotamento do raciocínio lógico, a dificuldade para a apreensão de ideias abstratas e o mergulho em um ambiente imaginativo prejudicial ao relacionamento social e afetivo de seus leitores.

Os quadrinhos sofreram grandes represálias por parte de pensadores de destaque, como Frederic Wertham (1895-1981), que propagou várias ideias negativas através do livro A sedução do inocente (1954WERTHAM, Frederic. Seduction of the innocents. New York: Rineheart & Company, 1954.), em que descrevia os efeitos nefastos que, segundo ele, os quadrinhos causavam na vida das crianças.

O autor afirmava que aqueles que liam histórias em quadrinhos possuíam distúrbios comportamentais que culminavam em desajustes sociais. A publicação de Wertham despertou, no Congresso Norte-Americano, mais precisamente na figura emblemática do senador Joseph McCarthy, uma perseguição contra tudo que pudesse ofender ou ferir a moral, os costumes e os valores norte-americanos - vale notar que, nesse período, os Estados Unidos da América (EUA) travavam uma guerra contra os comunistas em 1950, buscando cada vez mais valer-se dos costumes e modo de vida americano. Codespoti (2013CODESPOTI, Sérgio. Fredric Wertham manipulou dados do livro Sedução do Inocente. Universo HQ, Petrópolis, fev. 2013. Disponível em: http://universohq.com/noticias/fredric-wertham-manipulou-dados-do-livro-seducao-do-inocente/. Acesso em: 19 out. 2019.
http://universohq.com/noticias/fredric-w...
, n.p.) afirma que:

Em 1954, Wertham foi chamado para depor sobre delinquência juvenil, na subcomissão do senado dos Estados Unidos, justamente em virtude dos “méritos” do livro Sedução do Inocente. O resultado direto da investigação foi a criação do Comic Code Authority, o código de censura dos quadrinhos e a falência da E. C. Comics, na época a mais relevante editora de quadrinhos dos Estados Unidos, especializada em histórias policiais e de terror.

Décadas mais tarde, Tilley (2012)TILLEY, Carol L. Seducing the innocent: Fredric Wertham and the falsifications that helped condemn comics. Information and Culture: a Journal of History, Austin, v. 47, n. 4, p. 397-413, 2012. conduziu uma pesquisa que refuta o livro de Wertham. Investigando os casos relatados na obra, a pesquisadora encontrou falhas grosseiras, assim como manipulação de dados e informações privilegiando os interesses próprios do autor em detrimento de uma pesquisa séria e profunda. Segundo a autora:

[...] A Sedução de Wertham incluiu inúmeras falsificações e distorções. Este trabalho documenta exemplos específicos de como Wertham manipulou, exagerou, comprometeu e fabricou evidências - especialmente as evidências que ele atribuiu à pesquisa clínica realizada pessoalmente com jovens - para ganhos retóricos. Eu defendo que Wertham privilegiou seus próprios interesses quanto aos elementos culturais da psiquiatria social e da higiene mental ao custo da ciência praticada de forma sistemática e confiável, uma ação que, não obstante, serviu para desacreditar tanto suas alegações quanto as histórias em quadrinhos. (TILLEY, 2012TILLEY, Carol L. Seducing the innocent: Fredric Wertham and the falsifications that helped condemn comics. Information and Culture: a Journal of History, Austin, v. 47, n. 4, p. 397-413, 2012., p. 386)

Mesmo diante de sérias acusações, enfrentando preconceitos passados e presentes, as histórias em quadrinhos tornaram-se objetos da comunicação admiradas por grande parte da sociedade devido às potencialidades de análises pelos vieses educacional, artístico e cultural.

Petit (2009)PETIT, Michèle. A arte de ler: ou como resistir a adversidade. Trad. Arthur Bueno e Camila Boldrini. São Paulo: Ed. 34, 2009. percebe nessas nuances uma busca do ser humano por compreensão, sentidos e ressignificações por meio destes gêneros ficcionais da literatura: a autora reconhece que a ficção e o imaginário são fenômenos que coexistem na experiência humana, sendo encontradas nas leituras de mitos, contos, lendas, romances e, sobretudo, quadrinhos - objeto de estudo deste trabalho - em que se abrem outras dimensões de espaço e tempo, por assim dizer, com histórias paralelas ao mundo crível e que possibilitam a construção do pensamento humano. Ela afirma:

A literatura, em particular, sob todas as suas formas (mitos e lendas, contos, poemas, romance, teatro, diários íntimos, histórias em quadrinhos, livros ilustrados, ensaios - desde que sejam “escritos”), fornece um suporte notável para despertar a interioridade, colocar em movimento o pensamento, relançar a atividade de simbolização, de construção de sentido, e incita trocas inéditas. […] como no caso dos meninos e meninas desmobilizados do conflito armado colombiano3 3 Petit (2009) refere-se à leitura realizada com jovens colombianos em situação de alta vulnerabilidade e riscos em 2001. Naquele tempo, a pesquisadora Beatriz Helena Robledo narrava histórias para adolescentes que se viam envolvidos no conflito armado entre a guerrilha e as forças paramilitares da Colômbia. , que, a partir do desvio do relato, de uma metáfora poética, passam a se tornar narradores de sua própria história. (PETIT, 2009PETIT, Michèle. A arte de ler: ou como resistir a adversidade. Trad. Arthur Bueno e Camila Boldrini. São Paulo: Ed. 34, 2009., p. 368)

Nos quadrinhos, encontram-se possibilidades de geração de sentidos, melhorias nos aspectos pessoais e comportamentais dos indivíduos, avanços nas capacidades cognitivas de percepção e interação, sugestão de mudanças no mundo à sua volta, formação de opiniões baseadas em situações e paradigmas incorporados ao contexto sócio-histórico. Todas essas características foram percebidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que sugeriram a categorização desse meio de comunicação como gênero literário, pois são constitutivas da literatura geral e oferecem aos leitores um suporte midiático de articulação do texto e literariedade (MEC, 1997MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC). Parâmetros curriculares nacionais 1ª a 4ª séries. Brasília: Secretaria da Educação Básica, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12640:parametros-curriculares-nacionais-1o-a-4o-series. Acesso em: 17 set. 2019.
http://portal.mec.gov.br/component/conte...
).

Também Eco (2011ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2011., p. 40), em sua análise sobre a leitura das histórias em quadrinhos, destaca conceitos sobre “apocalípticos” e “integrados”, falando a respeito dos detratores e daqueles que absolvem os objetos da comunicação, dos quais os quadrinhos fazem parte. Para os apocalípticos, as mídias desestimulam o público a pensar, tornando-o passivo e conformista e, nesse sentido, os meios de comunicação são utilizados para fins de controle e manipulação da sociedade capitalista, gerando um mundo homogêneo e padronizado.

Por outro lado, os integrados elencam vários motivos para absolver tais objetos, sendo eles: a) fonte de informação possível a uma parcela da população que sempre esteve distante das informações; b) mensagens veiculadas pelas mídias que contribuem para a formação intelectual do público; e c) elemento unificador da intersubjetividade dos diferentes grupos. Conforme dito por ele:

[...] em uma sociedade particularmente nivelada, onde as perturbações psicológicas, as frustrações e os complexos de inferioridade estão na ordem do dia [...] em uma sociedade industrial onde o homem se torna número no âmbito de uma organização que decide por ele [...] em uma sociedade de tal tipo, o herói deve encarnar, além de todo limite pensável, as exigências de poder que o cidadão comum nutre e não pode satisfazer. (ECO, 2011ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2011., p. 246-247)

Este cidadão comum é o herói de seu mundo, capaz de criar, imaginar, pensar e interpretar situações através das metáforas presentes nas obras ficcionais, organizando informações e intervindo no mundo ao seu redor de maneira transformadora. O imaginário detém uma força alegórica sem precedentes, faz com que o leitor se permita viajar e interagir com gêneros literários que despertem suas noções de mundo em busca de sentidos e possibilitando ressignificações.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE OS ESTUDOS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA FORMAÇÃO DO LEITOR

Este tópico apresenta uma revisão bibliográfica dos estudos sobre a leitura de histórias em quadrinhos e suas contribuições para a formação do leitor - aspectos comunicacionais e informativos que, absorvidos pelos indivíduos, são capazes de fomentar questionamentos e ressignificações pessoais, além de produzir vários sentidos através da leitura desse gênero narrativo. Levantou-se dados a partir de palavras-chave como, por exemplo, “sujeito e leitura”, “leitura e sociedade”, “formação do leitor e histórias em quadrinhos”, “quadrinhos como forma de desenvolvimento sociocultural”.

Para conhecer o estado da arte de tais temáticas, foram realizadas pesquisas em bases de dados digitais disponíveis nos repositórios acadêmicos na internet e que contribuíram para o desenvolvimento e a construção deste artigo científico; pois foi possível conhecer outros estudos com essas diretrizes, analisá-los e compará-los à pesquisa vigente.

Para tanto, fizemos, a partir das palavras-chave citadas anteriormente, buscas no Google Acadêmico, no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no SciELO, na Biblioteca Digital de Teses e dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Biblioteca de Teses e Dissertações da Biblioteca da UFG (BDTD/UFG), Biblioteca de Teses e Dissertações da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Repositório da Universidade de Brasília (UNB) e no Directory of Open Access Journal (DOAJ). Vale ressaltar que não estabelecemos um espaço temporal e/ou inicial para a busca em base de dados, mas restritos ao ano de final de 2021, uma vez que é nesse ano que o artigo foi escrito.

O levantamento bibliográfico nos apresentou os seguintes trabalhos acadêmicos, os quais foram listados a partir dos resultados apresentados nas bases de dados. Informamos que os dados estão apresentados todos juntos, considerando todas as bases de dados, uma vez que alguns trabalhos foram encontrados em mais de uma delas.

Quadro 1
Referências sobre histórias em quadrinhos e formação do leitor

O levantamento bibliográfico revelou a existência de 40 trabalhos acerca da contribuição das histórias em quadrinhos dentro do processo de ensino-aprendizagem e formação crítica do leitor. Há exemplos de uso dessas histórias na biblioteca escolar e na sala de aula. Alves (2018)ALVES, Ayane Priscila de Araújo. Histórias em quadrinhos como espaço pedagógico de leitura na formação do leitor: cruzando limites antes impossíveis. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2018. defende, em sua pesquisa, o uso da história em quadrinhos como espaço pedagógico de leitura o qual contribui para o processo de ensino aprendizagem; indo ao encontro do que Vergueiro (2014)VERGUEIRO, Waldomiro. Uso das HQs no ensino. In: RAMA, Ângela; VERGUEIRO, Waldomiro (org.). Como usar as histórias em quadrinhos em sala de aula. 4. ed. São Paulo, Contexto, 2014. p. 7-29. defende acerca da importância dos quadrinhos no processo educacional contra o preconceito diante de tal gênero.

Amarília (2009)AMARILHA, Marly. Literatura e quadrinhos: a paródia como pedagogia na formação do leitor. Educação em Questão, v. 36 n. 22, p. 56-73, set./dez. 2009., por sua vez, realiza um estudo acerca da leitura de quadrinhos na formação crítica do leitor. Para tanto, faz uso das paródias presentes nos quadrinhos de forma a facilitar o entendimento e a apreensão da leitura. Nessa linha de uso das HQs para a formação do leitor crítico, ainda temos os trabalhos de Claudino (2008)CLAUDINO, Valentina Imaculada. A atividade de leitura de histórias em quadrinhos/tiras na formação do leitor crítico: um estudo do Programa Ação Cidadã. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008., Langoni (2015)LANGONI, Ana Carolina; CHISTÉ, Priscila de Souza. Histórias em quadrinhos: um caminho para a formação de leitores críticos. In: JORNADAS INTERNACIONAIS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, 3., 2015. Anais [...]. São Paulo: USP, 2015. e Marozo (2016)MAROZO, Jonas dos Santos e Luís Fernando da Rosa. Contribuições para o desenvolvimento do leitor crítico: desmistificando o preconceito. CCNEXT: Revista de Extensão, Santa Maria, v. 3, ed. esp. 12, p. 341-345, 2016..

Araújo e Silva (2019)ARAÚJO, Gustavo Cunha de; SILVA, Edimila Matos da. Formação de conceitos por meio das histórias em quadrinhos: contribuições da teoria histórico-cultural. Notandum, a. 23, n. 50, p. 45-71, maio/ago. 2019. fazem uso dos quadrinhos para formação e entendimento de conceitos científicos por parte de estudantes do curso de Educação do Campo da Universidade Federal do Tocantins. Ainda, em estudos relacionados às práticas de leitura de quadrinhos por universitários, temos o estudo de Bari e Vergueiro (2007)BARI, Valéria Aparecida; VERGUEIRO, Waldomiro. As histórias em quadrinhos como elemento para a formação de leitores ecléticos: algumas reflexões com base em depoimentos de universitários. Comunicação e Educação, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 15-24, 2007., o qual aponta as HQs enquanto elemento para a formação de leitores ecléticos, tendo por base depoimentos desses estudantes. Corroboram ainda para o uso das HQs no contexto universitário o trabalho de Kundlatsch e Cortela (2018)KUNDLATSCH, Aline; CORTELA, Beatriz Salemme Corrêa. Contribuições formativas das histórias em quadrinhos na formação inicial de professores de Física. Tecné, Episteme y Didaxis, Bogotá, n. esp., 2018. com um estudo acerca da formação inicial de professores de Física.

Bari e Vergueiro (2009)BARI, Valéria Aparecida; VERGUEIRO, Waldomiro. Biblioteca escolar, leitura e histórias em quadrinhos: Uma relação que se consolida. In: ENCONTRO NACIO-NAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 10., 2009. Anais [...]. João Pessoa: UFPB, 2009., em outro estudo, apresentam outros elementos interessantes no que diz respeito ao uso das HQs na biblioteca escolar. Para os autores, essa leitura pode se consolidar, pois tal gênero apresenta as imagens e o texto como determinantes para o gosto e a compreensão da mensagem presente nessa leitura. Bari (2013)BARI, Valéria. Leitura Escolar e Histórias em Quadrinhos: fruição intelectual, criatividade e formação de gostos de leitores. 9ª Arte, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 25-33, jan. 2013., agora em um estudo individual, aprofunda seus estudos acerca da leitura das HQs na biblioteca escolar ao apresentar esse tipo de leitura como pertencente à 9ª arte.

Resultados positivos quanto ao uso de HQs na Educação Básica também podem ser encontrados em Bona (2012)BONA, Rafael José. Intertextualidades cinematográficas nas histórias d’Os Trapalhões: contribuições para a educação. Revista de Estudos da Comunicação, Curitiba, v. 13, n. 32, p. 199-209, set./dez. 2012., o qual apresenta resultado de uma pesquisa acerca das intertextualidades cinematográficas nas HQs dos “Trapalhões”, mostrando ser possível trabalhar a formação cultural por meio dessa prática. Outros trabalhos, como o de Campos (2018)CAMPOS, Bárbara Arcanjo. A formação do sujeito-leitor no ensino fundamental: contribuições das histórias em quadrinhos. In: JORNADAS INTERNACIONAIS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, 5., 2018. Anais [...]. São Paulo: USP, 2018., Diniz (2018)DINIZ, Ivone Aparecida. A contribuição das histórias em quadrinhos para a formação de leitores na educação infantil. Monografia (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2018., Fagundes (2018)FAGUNDES, Natascha da Costa. As histórias em quadrinhos no processo de ensino-aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia) - Faculdade de Informação e Comunicação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018., Ferreira (2018)FERREIRA, Simone de Almeida. A importância das histórias em quadrinhos no ensino de Língua Portuguesa no 6° ano do Ensino Fundamental. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Letras) - Centro de Estudos Superiores de Itaituba, Itaituba, 2018., Langoni (2018)LANGONI, Ana Carolina. Histórias em quadrinhos do universo Macanudo: um caminho para formação de leitores críticos. In: ARTES VISUAIS, LITERATURA, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS COM EDUCAÇÃO E CIDADE, 1., 2018. Anais [...]. Vitória: EDIFES, 2018. e Cavalcanti e Sant´Anna (2019)CAVALCANTI, Bianca da Silva; SANT’ANNA, Micheline Medeiros dos Santos. HQs: contribuições na formação de leitores e produção de histórias em quadrinhos. In: CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO CPAN, 4.; SEMANA INTEGRADA GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO DO CPAN, 3., 2019. Anais [...]. Campo Grande: UFMS, 2019., com estudos específicos do uso das HQs no ensino da Língua Portuguesa; Lucas (2012)LUCAS, André da Rosa. Histórias em quadrinhos: primeiros passos para a formação de leitores nas séries iniciais. Especialização. Monografia (Especialização em Formação de Leitores) - Faculdades Integradas de Jacarepaguá, General Câmara, 2012., Perrelli e Stryer (2012)PERRELLI, Márcia Regina; STRYER, Fábio Augusto. Leitura: a contribuição das histórias em quadrinhos para a formação do leitor. In: PARANÁ. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: volume I. Secretaria da Educação do Estado do Paraná, 2012. p. 2-18., Silva (2009)SILVA, Greice Ferreira da. Formação de leitores na Educação Infantil: contribuições das histórias em quadrinhos. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, 2009., Tavares (2011)TAVARES, Mayara Barbosa. O uso das histórias em quadrinhos no contexto escolar: contribuições para o ensino/aprendizado crítico-reflexivo. In: ENCONTRO ESTADUAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 4., 2011. Anais [...]. Goiás: CEPED, 2011., Vergueiro (2014)VERGUEIRO, Waldomiro. Uso das HQs no ensino. In: RAMA, Ângela; VERGUEIRO, Waldomiro (org.). Como usar as histórias em quadrinhos em sala de aula. 4. ed. São Paulo, Contexto, 2014. p. 7-29., Oliveria e Furtado (2016), Santos e Bonfim (2018)SANTOS, Adriana Alvarenga; BONFIM, Andreia. Histórias em quadrinhos: recurso pedagógico no processo de formação do leitor. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia) - Faculdade Calafiori, São Sebastião do Paraíso, 2018., Castelelione (2020) e Habowski (2020)HABOWSKI, Adilson Cristiano; CONTE, Elaine. Contribuições das histórias em quadrinhos digitais às práticas educativas. Periferia, v. 12, n. 2, p. 279-301, maio/ago. 2020.. Todos esses artigos e trabalhos acadêmicos apresentam uma importante comprovação do uso de histórias em quadrinhos no contexto educacional. Podemos dar destaque, nesse contexto, ao trabalho de Castro (2018)CASTRO, Anne Karoline da Cruz. As histórias em quadrinhos na formação do leitor surdo em níveis fundamental e médio: uma experiência na Escola Estadual 11 de Agosto, em Aracaju/SE. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, 2018., que traz uma experiência interessante do uso das narrativas sequenciais para a formação de leitores surdos de nível Fundamental e Médio de uma escola estadual de Aracajú.

Bari (2008) apresenta, em sua tese de doutorado, um panorama brasileiro e europeu quanto ao uso das histórias em quadrinhos na formação de leitores. Nesse panorama, ficou evidente a contribuição das HQs para a consolidação de práticas e gostos pela leitura tanto no contexto brasileiro quanto europeu.

Para a formação do leitor literário, as HQs têm sido um instrumento interessante, uma vez que, ao adaptar os textos literários, muitas vezes de difícil compreensão para leitores não fluentes, facilitam o entendimento pelo conjunto figura e texto, sendo que o texto também é adaptado para uma linguagem mais simples e acessível. Nesse sentido, os trabalhos de Mota (2016)MOTA, Elaine Mendes da. Literatura em quadrinhos: percursos e possibilidades na formação do leitor literário. Dissertação (Mestrado Profissional em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. e Neves e Santos (2019)NEVES, André Roberto Custódio; SANTOS, Andréa Pereira. Farenheit 451: relações entre o leitor de histórias em quadrinhos com cenários distópicos. Vozes e Diálogo, Itajaí, v. 18, n. 2, p. 118-129, jul./dez. 2019. são exemplos interessantes com resultados satisfatórios.

Passos e Vieira (2014)PASSOS, Lívia Almeida; VIEIRA, Mauricéia Silva de Paula. A contribuição do gênero história em quadrinhos para o desenvolvimento da leitura. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 4., 2014. Anais [...]. Uberlândia: UFU, 2014., a partir de uma análise de HQs coletadas em jornais de ampla circulação com situações cotidianas, entendem que estas contribuem para a ampliação de entendimento por parte dos leitores, de uma forma lúdica e prazerosa.

Ramos (2008)RAMOS, Rubem Borges Teixeira. Histórias em quadrinhos na sociedade contemporânea: lazer, obtenção de conhecimento na leitura das revistas de super-heróis. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Escola da Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. inicia seus estudos focado nas HQs de super-heróis durante o seu curso de mestrado. Nesse primeiro trabalho, analisa as histórias em quadrinhos como instrumento voltado para informação e construção do conhecimento. Já em sua tese de doutorado, em 2017, realiza uma análise e discussão das experiências de leitores brasileiros e norte-americanos com HQs da Marvel e DC Comics no sentido de entender a apropriação e introjeção do conhecimento por meio desse gênero de leitura.

Outros usos interessantes a respeito das HQs são como instrumentos de introspecção, no caso com o trabalho de Neves (2020)NEVES, André Roberto Custódio. O sujeito e a leitura: uma abordagem sociocultural através das narrativas autobiográficas de menores em conflito com a lei e os quadrinhos Castanha do Pará (2018), de Gidalti Jr. 2020. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020., no qual o autor, em sua dissertação de mestrado, apresenta o quadrinho “Castanha do Pará” para adolescentes em conflito com a lei, os quais, a partir da leitura, passam a compreender melhor sua posição social e a refletir acerca daquilo que estão vivenciando na realidade e a imaginar de que forma podem se distanciar do atual contexto. Outro trabalho interessante é o de Werneck e Leite (2018)WERNECK, Giovanna Carrozzinno; LEITE, Priscila de Souza Chisté. Contribuições para discutir na escola a violência contra as mulheres: os quadrinhos de Henfil e a formação do leitor crítico. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 10, n. 19, p. 80-95, jan./abr. 2018., que apresenta os quadrinhos de Henfil e sua contribuição para discutir, na escola, a violência contra as mulheres.

Demais trabalhos e artigos apresentados no Quadro 1 ainda trazem diferentes estudos bibliográficos, todos eles pontuando a importância e contribuição das HQs tanto para formação de leitores, focando no gosto e compreensão, quanto no processo de ensino e aprendizagem.

5 CONCLUSÃO

Foram apresentadas discussões em torno dos processos de crescimento e desenvolvimento sociocultural através da receptividade dos produtos da mídia, em especial os quadrinhos. Na busca por definições e geração de sentidos, os sujeitos procuram ressignificar a si mesmos através dos conteúdos presentes nos objetos da comunicação e a difusão de temas relevantes para a sociedade, na tentativa de compreensão do comportamento humano e suas interações com os meios. Ou seja, a capacidade de aproximação, absorção e introjeção de conhecimento através deste objeto da mídia e a elevação do pensamento dos leitores a patamares distintos dos demais.

A leitura das narrativas sequenciais se apresenta enquanto fenômeno social, comunicacional e histórico, cercadas de características, estruturas e formas utilizadas como recurso para a promoção de reflexões acerca do papel dos indivíduos na sociedade e podendo causar impactos sociais relevantes. Os quadrinhos envolvem os leitores de várias camadas sociais distintas que, ao interagir com tais produtos midiáticos, são impactados por esse universo de imagens, textos e contextualizações que evocam realidades bem próximas do cotidiano.

Nossa questão inicial se pautou na seguinte pergunta: é possível haver relações de identificação e produção de sentidos através da leitura de histórias em quadrinhos? Dessa forma, nossa hipótese, comprovada por meio do levantamento bibliográfico, tende a afirmar que determinadas leituras, quando associadas à realidade do leitor, podem tornar-se elementos essenciais para reflexão e construção de identidades, bem como a projeção e o entendimento do eu e dos conflitos socioculturais enfrentados diariamente - essa autocompreensão e reflexão de si possibilitam aos leitores repensarem seu papel na sociedade. Portanto, comprovadamente, o uso de histórias em quadrinhos, tanto para o processo de formação do leitor quanto para o processo de ensino-aprendizagem, são instrumentos essenciais tanto para a sala de aula quanto para a biblioteca.

  • 1
    Para Thompson (1999)THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., existem três formas ou tipos de interação: face a face, mediada e quase-interação mediada. Esta última refere-se às relações sociais estabelecidas pelos meios de comunicação de massa (livros, jornais, rádio, televisão, cinema, internet etc.). Segundo o autor, “no caso da quase-interação mediada, as formas simbólicas são produzidas para um número indefinido de receptores potenciais” (THOMPSON, 1999THOMPSON, John Brookshire. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1999., p. 79). Os indivíduos, nessa situação social, se conectam uns aos outros em um processo de intercâmbio simbólico e comunicacional.
  • 2
    A graphic novel ou história em quadrinhos voltada para o público adulto, Castanha do Pará, narra a história de um menino com cabeça de urubu que vive suas aventuras pelos cenários tradicionais de Belém/PA, mais precisamente, no mercado público Ver-o-Peso. Sobrevivendo de pequenos furtos e migalhas que consegue nas ruas, possui sonhos como qualquer criança e pesadas tragédias em sua jovem vida. O autor, Gidalti Jr., utiliza das expressões visuais da pintura e dos quadrinhos para dar vida a essa narrativa urbana, com muita ludicidade e paixão para alertar sobre a dura realidade dos menores do país.
  • 3
    Petit (2009)PETIT, Michèle. A arte de ler: ou como resistir a adversidade. Trad. Arthur Bueno e Camila Boldrini. São Paulo: Ed. 34, 2009. refere-se à leitura realizada com jovens colombianos em situação de alta vulnerabilidade e riscos em 2001. Naquele tempo, a pesquisadora Beatriz Helena Robledo narrava histórias para adolescentes que se viam envolvidos no conflito armado entre a guerrilha e as forças paramilitares da Colômbia.
  • Disponibilidade de dados e material:

    Não aplicável.
  • Financiamento: Não é aplicável.

REFERÊNCIAS

  • ALVES, Ayane Priscila de Araújo. Histórias em quadrinhos como espaço pedagógico de leitura na formação do leitor: cruzando limites antes impossíveis. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2018.
  • AMARILHA, Marly. Literatura e quadrinhos: a paródia como pedagogia na formação do leitor. Educação em Questão, v. 36 n. 22, p. 56-73, set./dez. 2009.
  • ARAÚJO, Gustavo Cunha de; SILVA, Edimila Matos da. Formação de conceitos por meio das histórias em quadrinhos: contribuições da teoria histórico-cultural. Notandum, a. 23, n. 50, p. 45-71, maio/ago. 2019.
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  • BONA, Rafael José. Intertextualidades cinematográficas nas histórias d’Os Trapalhões: contribuições para a educação. Revista de Estudos da Comunicação, Curitiba, v. 13, n. 32, p. 199-209, set./dez. 2012.
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  • CASTELIONE, Flávia Rangel Pimenta. Viver dói: contribuições dos quadrinhos de Chiquinha na formação do leitor responsivo. Dissertação (Mestrado Profissional em Letras) - Instituto Federal do Espírito Santo, Vitória, 2020.
  • CASTRO, Anne Karoline da Cruz. As histórias em quadrinhos na formação do leitor surdo em níveis fundamental e médio: uma experiência na Escola Estadual 11 de Agosto, em Aracaju/SE. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, 2018.
  • CAVALCANTI, Bianca da Silva; SANT’ANNA, Micheline Medeiros dos Santos. HQs: contribuições na formação de leitores e produção de histórias em quadrinhos. In: CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO CPAN, 4.; SEMANA INTEGRADA GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO DO CPAN, 3., 2019. Anais [...]. Campo Grande: UFMS, 2019.
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  • DINIZ, Ivone Aparecida. A contribuição das histórias em quadrinhos para a formação de leitores na educação infantil. Monografia (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2018.
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  • MOTA, Elaine Mendes da. Literatura em quadrinhos: percursos e possibilidades na formação do leitor literário. Dissertação (Mestrado Profissional em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
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  • NEVES, André Roberto Custódio; SANTOS, Andréa Pereira. Farenheit 451: relações entre o leitor de histórias em quadrinhos com cenários distópicos. Vozes e Diálogo, Itajaí, v. 18, n. 2, p. 118-129, jul./dez. 2019.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    04 Dez 2021
  • Aceito
    04 Jan 2022
  • Publicado
    11 Jan 2022
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