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APRESENTAÇÃO DE TRABALHO CIENTÍFICO

INTRODUÇÃO

Apesar das numerosas obras existentes sobre o assunto, há interesse da Revista Brasileira de Enfermagem em que o tema proposto seja tratado de maneira suscinta e didática, para consulta fácil das enfermeiras interessadas. O objetivo deste artigo, é, portanto, colocar à disposição das profissionais envolvidas em trabalhos de pesquisa uma referência curta e concisa que, embora não esgotando o assunto, possa servir-lhes de orientação na fase final do trabalho e na elaboração do relatório para publicação.

O artigo não contém nada de original senão, talvez, a forma de tratamento da matéria e um ou outro exemplo. A bibliografia no final constituí valiosa fonte de informação para quem desejar ampliar os conhecimentos sobre o tema.

Sob o ponto de vista da composição literária, o relatório de um trabalho científico pode ser considerado uma exposição do tipo explanar, isto é, em "dar a compreender a outrem um princípio, um assunto, uma opinião"44 SILVEIRA BUENO, Francisco da - A Arte de Escrever. São Paulo, Ed. Saraiva, 1962, p. 170-174..

Clareza, propriedade na utilização dos termos, precisão de linguagem e estilo atraente e interessante, são as qualidades essenciais a uma explanação.

Numa pesquisa, a redação do relatório é, realmente, a última e mais importante tarefa do autor. Tudo o mais já foi feito: seleção do problema, revisão da literatura, seleção da população, do método e dos instrumentos para a coleta de dados, a própria coleta dos dados e sua tabulação, análise e interpretação, e até mesmo os anexos. Falta a parte mais difícil e trabalhosa, que é a elaboração do documento final, cujas características de concisão, clareza, correção e fidedignidade podem credenciá-lo para a publicação ou reduzi-lo a mais um artigo à procura de um agente de divulgação. Teve muita razão quem afirmou que "... os princípios para redigir um relatório de pesquisa são mais fáceis de dar do que obedecer"22 GOOD, W. J. & HATT, P. K. - Métodos em Pesquisa Social 2ª ed. São Paulo, Ed. Nacional, 1968, p. 456-477., pois mesmo que o autor os conheça teoricamente, sua aplicação depende de habilidades especiais, da capacidade de colocar no papel o que se tem em mente, de maneira tal que outras pessoas possam acompanhar o raciocínio do autor e compreender sua obra. Depende, portanto, de razoável conhecimento do vernáculo, de experiências anteriores em exercícios de composição literária, da utilização sistemática de dicionários, especialmente ortográfico e etimológico.

O objetivo do relatório final é informar às pessoas interessadas no aussunto sobre a natureza do problema investigado, como foi planejado e implementado o projeto, os resultados conseguidos, a intepretação do autor sobre esses resultados e a conclusão ou as conclusões a que chegou.

PARTES DO RELATÓRIO FINAL

Relatórios de pesquisa devem apresentar, pelo menos as seguintes partes: Títulos, Introdução, Revisão da Literatura, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusões e Referências Bibliográficas. Cada uma delas poderá ser subdividida em vários itens, dependendo da natureza e do tamanho do assunto.

Título da pesquisa

Deve ser simples, direto, preciso, mais ou menos curto, indicando concisamente o conteúdo da investigação. Nas dissertações e teses é hábito colocar o título, com o nome do autor e da instituição onde a tese será defendida, na primeira página, seguida dè outras com os agradecimentos, se for o caso, e o índice ou conteúdo. Este deve incluir a lista e a paginação das tabelas ou quadros e das figuras existentes no texto.

Introdução

Contém, em geral, a apresentação do assunto e a justificação da pesquisa. Deve incluir:

1 - o problema em foco, que é sempre a expressão de uma dúvida, de uma indagação e que poderá ou não ser formulada em forma de pergunta; a origem do problema, suas delimitações e a análise dos elementos que o constituem;

2 - à ou as hipóteses, isto é, as possíveis respostas à pergunta que deu origem ao problema, a tentativa de explicação do fenômeno. A formulação dessas hipóteses de trabalho é muito importante por que elas vão nortear todas as atividades da pesquisa, incluindo a seleção da população e dos instrumentos de coleta de dados; as conclusões do estudo devem ser a comprovação ou a negação das hipóteses;

3 - os objetivos do estudo, que derivam do problema e das hipóteses e que constituem, de fato, a base estrutural de todo o trabalho do investigador; devem ser redigidos de modo claro, preciso e direto.

Esta parte do relatório pode ser iniciada mesmo antes da coleta de dados, seguindo um esquema pré-estabelecido; nunca, porém, antes de alguma leitura preliminar sobre o assunto, em que os tópicos de interesse são resumidos em fichas de consulta.

Revisão da literatura

O levantamento da literatura existente sobre o problema em estudo é trabalhoso e demorado. O que interessa especificamente são as pesquisas já publicadas sobre o assunto e que, se completas e conclusivas, invalidam quaisquer outras investigações na mesma linha; nesse caso, o autor deverá mudar o tema do seu trabalho.

Para construir uma boa base teórica sobre a qual apoiar suas conclusões, o pesquisador necessita consultar o maior número possível de trabalhos científicos escritos sobre aquele tema ou sobre assuntos correlatos, partindo sempre dos artigos e obras mais atuais e recentes, num período de uma ou duas décadas, conforme a área um caso à parte - as obras e os documentos mais antigos são os mais valorizados como fonte de informação.

Metodologia

Esta parte poderá aparecer com os títulos de "Material e Método" ou "População e Método". Inclui:

1 - descrição da população (conjunto de pessoas, animais, objetos, plantas, acontecimentos, etc.) selecionada para o estudo e o critério de seleção adotado. As características da população, obtidas por meio de fichários ou questionários, já constituem parte dos resultados e não devem ser colocados no capítulo da metodologia;

2 - descrição breve, mas suficiente, dos instrumentos que foram utilizados na coleta de dados;

3 - critérios usados na qualificação e quantificação das variáveis estudadas, citando a fonte e justificando sua escolha;

4 - definição ou conceituação de termos; e

5 - limitações do estudo.

A definição de termos ajuda a esclarecer o problema e facilita a formulação das hipóteses. Por isso deverá ser feita à medida em que se processa a revisão da literatura e sob a forma de conceitos. Deve incluir: a) o significado do pensamento todo, não apenas das palavras; b) o significado das expressões de acordo com o uso habitual dos profissionais e não apenas a definição dada pelo dicionário; c) a descrição de exemplos ilustrativos, e quando necessário.

Não há necessidade de definir as palavras ou expressões já consagradas pelo uso e que não dão margem a diferentes interpretações. Definições operacionais, entretanto, são necessárias para esclarecer confusões semânticas e anular ambigüidades e redundâncias na descrição de qualquer fenômeno.

A definição operacional consiste, segundo Wandelt, na descrição explicita de um fenômeno considerado como referência concreta do termo a ser definido^ quer constitua essa referência um objeto, um processo ou uma ação... é descrição ou a representação real de um processo, ação ou objeto sugerido como exemplo único e representativo da significação do tempo que está sendo definido55 WANDELT, Mabel - Guide for the beginning Researcher., New York, Appleton-Century-Crofts 1970, p. 102-113.

Weatherall, simplificando, apresenta a definição operacional como consistindo em "especificar aquilo que se faz, com o feito de de apontar aquilo que é referido"66 WEATHERALL, M. - O Método Científico. São Paulo, Ed. Univ. S. Paulo e Ed. Polígono, 1970, p. 45-46.

Resultados

Neste capítulo devem ser apresentados o resultado da identificação, tabulação e transformação dos dados; esses são reduzidos a números e porcentagens, organizados em quadros ou tabelas e transformados em valores estatísticos; um mínimo de discussão ou de interpretação pessoal poderá ser tolerado nesse capítulo apenas para amenizar a monotonia de uma série de tabelas e a fim de chamar a atenção para as informações de grande significação.

O exagero no número de tabelas ou a inclusão de quadros contendo detalhes, informações de pouca relevância, ou dados complementares que em nada afetarão os resultados da pesquisa, só servirão para torná-la mais longa e de leitura demorada e difícil.

Discussão

Constitui a parte mais importante da pesquisa, quando o autor avalia os dados que obteve e os confronta com os conhecimentos existentes sobre o assunto ou com os resultados conseguidos por outros pesquisadores. Exige reflexão, raciocínio, grande conhecimento da matéria e da respectiva literatura corrente.

A observância de uma seqüência lógica na discussão, relacionando os resultados conseguidos com as hipóteses levantadas no início e os objetivos propostos, facilitará a elaboração das conclusões.

Conclusões

O capítulo poderá ter o nome de "Sumário e Conclusões"; nesse caso, será iniciado com a apresentação de um resumo bem conciso de todo o trabalho, começando pelo problema, hipóteses e objetivos e focalizando ligeiramente a metodologia empregada.

As conclusões não devem conter repetições dos dados do texto; consistem em afirmações concisas que respondem às proposições apresentadas no início do trabalho, com base na análise e interpretação dos resultados alcançados.

Informações conseguidas no decorrer da coleta de dados, mas estranhas ao problema em foco e aos objetivos da pesquisa, podem e devem ser discutidos, mas não precisam, necessariamente, dar origem a qualquer conclusão.

Referência Bibliográfica

É a lista, em ordem alfabética de autor ou por ordem de citações no texto, das obras citadas na revisão da literatura e que serviram de base à discussão dos resultados.

Os artigos, folhetos ou livros consultados, mas não especificamente citados no trabalho podem aparecer à parte, em folha destinada à bibliografia consultada, mas nunca entre as referências bibliográficas.

A forma de apresentação das referências bibliográficas precisa seguir as determinações da Comissão de Estudo e Documentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Anexos ou Apensos

Esta parte é destinada a todo o material que, apesar de elucidativo e importante, não necessita aparecer no texto: modelo dos questionários utilizados, tabelas, quadros ou figuras que possam orientar o leitor na complementação de informações, textos de leis de interesse para a pesquisa e qualquer outro material que o autor julgar necessário para facilitar a compreensão do assunto.

CARACTERÍSTICAS DO RELATÓRIO

O documento final deve apresentar certas características a fim de torná-lo compreensível e de fácil e agradável leitura para o grupo a que se destina. O que será exposto abaixo não constitui a única maneira de apresentá-lo, mas a mais indicada pela maioria dos autores. Fox11 FOX, D. J. - Fundamentals of Research in Nursing. 2.ª ed. New York, Appleton - Century-Crofts, 1970, p. 287-309. afirma que não existe um modo único de se organizar o relatório da pesquisa, mas sim concordâncias sobre o que deverá ser incluído e em que ordem de seqüência. A forma poderá variar sem invalidar os resultados, contanto que o estilo seja adequado e garanta a comunicação perfeita entre o autor e seus leitores.

Cabeçalho

O título do trabalho deve estar no centro da primeira página, em maiúsculas. Logo abaixo, em minúsculas, o nome do autor ou 4os autores. No caso de mais de um autor, colocar em primeiro lugar o nome do que maior contribuição deu. Se o autor pertencer & alguma instituição, ou exercer função de importância, colocar um asterísco após o nome, com ou sem parêntesis, e completar as informações em nota de rodapé, separada do texto por um traço horizontal. A primeira página deste trabalho pode servir de exemplo do exposto.

Forma

Deve ser datilografado em papel tamanho ofício, espaço duplo, com margem de pelo menos 3cms à esquerda, no topo e ao pé da página, e de 1,5a 2cms à direita. As notas de rodapé, quando necessárias, devem aparecer dentro desses limites, separadas do texto por um traço horizontal e mais ou menos 4 cm.

Títulos e sub-títulos - Os títulos de partes, capítulos ou secções devem ser colocados no centro da página, em maiúsculas. Os subtítulos (se houver) vêm logo abaixo, também no centro da página, mas em minúsculas. Os tópicos correspondentes aos títulos e subtítulos seguem a mesma margem do texto e podem ser grifados. Os itens, isto é, as subdivisões dos tópicos, numeradas ou não, seguem a margem dos parágrafos em sua primeira linha, e a do texto nas demais; suas subdivisões, se houver, acompanham a margem <ios parágrafos tanto na primeira como nas demais linhas.

As enumerações, quando estritamente necessárias, devem seguir as normas usuais, conforme exemplo a seguir; abusar delas, entretanto, além de dificultar a compreensão do texto, ainda confere ao trabalho um aspecto desagradável de esquematização didática.

Exemplo:

CAPÍTULO V
O MÉTODO HISTÓRICO

Apesar de ser esta a forma mais indicada, alguns autores suprimem o ponto entre os números ou preferem utilizar números e letras. Nesse caso, uma outra forma seria:

A subdivisão em mais de dois sub-itens dificulta a compreensão do texto e deve ser evitada.

No caso do trabalho ser publicado através de alguma editora, a diferenciação de títulos, sub-títulos, tópicos ou itens será feita pelas classes de caracteres usadas pelas gráficas: redondo, itálico, versalete e negrito (redondo, cor forte).

Paginação - Deve ser feita em algarismos arábicos em seqüência, incluindo as referências bibliográficas e os anexos. Quando se tratar de tese ou dissertação, usar algarismos romanos, minúsculos; ao pé da página, para o prefácio (se houver), agradecimentos e índices do conteúdo do trabalho, dos quadros e das tabelas; no restante, algarismo arábicos em seqüência. As páginas que correspondem aieí, isto é, as primeiras do prefácio e do texto, não recebem numeração.

Redação final

Não se tratando exatamente de trabalho literário, mas de um relatório técnico, a linguagem merece especial atenção - clareza, precisão e simplicidade na construção das sentenças são características muito importantes da redação. Algumas sugestões podem ser valiosas como, por exemplo: usar sentenças curtas, com poucas idéias, de preferência a longos períodos com excesso de explicações; seguir uma seqüência sistematizada, e lógica na exposição do raciocínio, fácil de ser acompanhada; não usar gíria, neologismos ou chavões, por mais adequados que pareçam à expressão do pensamento; evitar abusos de sinais, símbolos e abreviaturas; evitar excessos no uso do jargão profissional; caprichar no estilo, tornando-o interessante, de leitura fácil e agradável mesmo para pessoas de outros campos ou profissões; evitar excessos de documentação, de repetições, de detalhes irrelevantes, supérfluos. Em suma expor o assunto completa, mas concisamente, evitando prolixidade desnecessária; incluir o material absolutamente indispensável, excluir tudo o que não for de utilidade para melhorar a compreensão do texto; ressaltar os pontos importantes e não deixar que as idéias principais percam-se na confusão da linguagem.

Apesar da pesquisa ter constituído trabalho individual ou de um grupo de pessoas, o seu relato deve ser feito de maneira impessoal, nunca na primeira pessoa do singular ou plural. Tratando-se da descrição de um processo já completado, é aconselhável a utilização dos verbos no passado, a não ser na formulação das hipóteses e nas recomendações de estudos posteriores (quando houver), em que poderão ser empregados verbos no futuro.

Números e porcentagens - Usar palavras para citar os números da primeira dezena e números inteiros grandes que não sejam seguidos de unidade de medida.

  • Ex.: cinco pessoas receberam mais de um milhão...

  • a ampola continha 3 ml de medicamento

Nos demais casos usar sempre algarismos, mesmo para os valores relativos expressos em porcentagens. Estes, quando sozinhos, dispensam o parêntesis; quando precedidos de números absolutos, porém, devem aparecer entre parêntesis. Ex.: dos 465 casos, 150 (32%) constituíam... etc. Será bom lembrar, entretanto, que não é elegante iniciar uma sentença com algarismos; quando não se puder evitar a alternativa por razão ligada à melhor compreensão do texto, o número deve ser expresso em palavras, qualquer que seja o seu tamanho. Ex... da população total. Quarenta e cinco casos... etc.

Referências - Parte importante da pesquisa por constituir a base para a argumentação do autor na defesa de suas proposições, a referência a estudos já publicados ou em fase de elaboração deve seguir uma sistemática que facilite a consulta dos leitores interessados.

A citação de autores pode ser feita diretamente, quando suas opiniões são transcritas exatamente como aparecem no trabalho original - nesse caso, se forem curtas (menos de quatro linhas), devem aparecer entre aspas; se forem longas (mais de quatro linhas), podem dispensar as aspas se colocadas em parágrafos separado, com tipos ou espaços de máquina menores.

A citação indireta se dá quando a idéia do autor é apresentada sob outra forma, não com suas próprias palavras. Não pode ser colocada entre aspas.

A forma mais usada para a referência dessa literatura é colocar o sobrenome do autor em maiúsculas, seguido do ano de publicação da pesquisa, ou do livro ou artigo em questão.

Ex.: FOX (1970), ao se referir ao... etc.

Quando houver dois ou três autores, colocar o sobrenome dos dois ou dos três, seguidos da data; no caso de haver de quatro a mais autores, colocar o sobrenome do primeiro, seguido da expressão latina "et alii", ou no vernáculo & colaboradores.

A fim de facilitar a consulta, a ordem alfabética deve ser rigorosamente observada na lista final das referências bibliográficas. A colocação do número correspondente à sua indicação na lista de referências, à direita e acima do nome do autor, é opcional - poderá facilitar a procura da obra, nada mais.

  • Ex.: GOOD e SCATES (1954), ao se referirem... etc; ou

  • GOOD e SCATES33 GOOD, C. V. & SCATES, D. E. - Methods of Research: Educational, Psychological, Sociológica!. New York, Appleton-Century-Crofts, 1954, p. 832-888., ao se referirem... etc.; ou

  • GOOD e SCATES (1954)33 GOOD, C. V. & SCATES, D. E. - Methods of Research: Educational, Psychological, Sociológica!. New York, Appleton-Century-Crofts, 1954, p. 832-888., ao se referirem... etc. ou ainda:

  • GOOD e SCATES, 195433 GOOD, C. V. & SCATES, D. E. - Methods of Research: Educational, Psychological, Sociológica!. New York, Appleton-Century-Crofts, 1954, p. 832-888., ao ... etc.

Quando forem citados dois ou mais artigos do mesmo autor, publicados no mesmo ano, as letras minúsculas a, b, c ... etc. devem ser colocadas logo após a data, tanto no texto quanto na lista das referências, a fim de diferenciá-los.

Ex.:

ARANTES (1973a) ao se referir aos hospitais psiquiátricos do município de São Paulo...

ARANTES (1973b) trata do ensino do relacionamento terapêutico. ..

As determinações da Associação Brasileira de Normas Técnicas são de consulta obrigatória nesta fase do trabalho.

Tabelas ou quadros - Devem ser numerados com algarismos romanos seguidos de um traço. O título é de grande importância - não pode ser longo demais, com detalhes supérfluos, nem tão pouco resumido a custa do sacrifício da clareza por falta de informações; precisa ser curto, mas explícito, respondendo às perguntas: que ou o que? quando? onde? como?

O cabeçalho inclui as especificações do conteúdo de cada uma das colunas. Quando os espaços forem pequenos e exigirem abreviações ou símbolos ao invés da especificação completa, torna-se imprescindível a legenda no rodapé da tabela (espaço logo abaixo do fecho desta e utilizado para notas informativas e explicativas e para a designação da fonte fornecedora dos dados).

Para facilitar o trabalho datilográfico e por medida econômica, de tempo e dinheiro, as linhas de separação das colunas podem ser dispensadas, menos a que separa a coluna indicadora das demais; a tabela deve ser fechada no alto e embaixo e aberta lateralmente, à direita e à esquerda. A figura a seguir ilustra o exposto e completa a explicação.

É importante considerar que o valor da pesquisa não está condicionado à apresentação de um grande número de tabelas complexas, mas sim a uma tabulação necessária e que demonstre os resultados obtidos de forma fácil de serem apreendidos pelo leitor.


Ex: QUADRO X - COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS DE ESTUDO SEGUNDO IDADE E SEXO, NO INÍCIO DA OBSERVAÇÃO

CONCLUSÃO

O assunto não foi esgotado e apresenta muitos aspectos que poderão ser elucidados pela consulta à bibliografia indicada. Entretanto, há alguns pontos que precisam ser enfatisados, especialmente para os que estão iniciando no campo da investigação científica.

O valor do estudo não está relacionado com o seu tamanho, mas com o conteúdo. A precisão e concisão do relatório são qualidades que o qualificam como veículo impar da informação científica; deve ser uma exposição completa do processo seguido na execução da mesma, de maneira a possibilitar a sua repetição com a garantia de se chegar aos mesmos resultados.

Como enfatizam alguns autores, o relatório de pesquisa não é discurso, ensaio literário ou crônica de jornal; seu estilo deve ser natural, direto, comercial.

A consulta a livros de gramática e a dicionários é um imperativo e não se dispensa nem aos mais afeitos à composição literária; a revisão do trabalho por especialistas no assunto e per mestres no vernáculo é sempre recomendável, muitas vezes indispensável, dependendo da competência do autor da pesquisa.

Facilidade para expor as próprias idéias com clareza e objetividade e em estilo elegante, interessante, sem floreios e liberdades de linguagem, é qualidade que se adquire por meio de treino, escrevendo, revendo o que já se escreveu, reescrevendo o que não ficou claro, enfim, caprichando na forma e no estilo, sem pressa e com perseverança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    SILVEIRA BUENO, Francisco da - A Arte de Escrever. São Paulo, Ed. Saraiva, 1962, p. 170-174.
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    WANDELT, Mabel - Guide for the beginning Researcher., New York, Appleton-Century-Crofts 1970, p. 102-113.
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  • PERRONE, Oberdan - Elaboração de Trabalhos Científicos. 2.ª ed. Rio de Janeiro .1970.
  • REY, Luís - Como Redigir Trabalhos Científicos. S. Paulo, Edgard Blücher, Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.
  • SALOMON, D. V. - Como fazer uma monografia. Belo Horizonte. Instituto de Psicologia da Universidade Católica de M.G., 1971, p. 279-310.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 1974
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