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IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO INDIVIDUALIZADO DA CRIANÇA INTERNA. FICHA DE ADMISSÃO

A internação de crianças ocometidas de doenças graves ou relativamente complexas vem se tornando cada vez mais imperiosa, sobretudo nos grandes centros urbanos, onde os múltiplos encargos e afazeres dos indivíduos impedem que os membros de uma família dediquem a devida atenção e assistência àquele, dentre eles, que exige cuidados médicos e de enfermagem. A necessidade da internação mostra-se ainda mais imperiosa quando o paciente é uma criança. Nesse caso, a prestação de cuidados requer atenção e zelo ainda maiores.

A internação de uma criança enferma oferece à sua família conforto, tranquilidade e segurança, permitindo a cada um dos membros do grupo familiar desempenhar suas atividades normais sem grandes transtornos. Ao mesmo tempo, embora possam ter motivos para preocupar-se com o estado da criança, a certeza de que esta se encontra sob competente e constante assistência constitui motivo de alívio.

Não obstante, o fato da internação pode provocar severo "stress" na criança enferma e, em seus familiares, sobretudo nos pais, ansiedade, sentimento de culpa e excesso de preocupação. A equipe de saúde deve, pois, atentar para as condições biopsicossociais tanto da criança como dos seus familiares e agir como elemento mediador e atenuante das emoções e sentimentos negativos decorrentes da doença e da internação.

A criança pode sentir a doença como uma agressão e sua separação da família, pela internação, como uma atitude de desestima ou abandono da parte dos pais. Daí a necessidade de considerarse a individualidade própria de cada criança e de toda equipe de saúde conhecer sua situação no grupo familiar. O conhecimento individualizado da criança não pode ficar ao capricho da simples intuição ou dos sentimentos afetivos de cada um, mas supõe, pelo menos, noções elementares de psicologia do desenvolvimento e de micro-sociologia, ou seja, da vida em grupo e dos processos de interação social.

É de fundamental importância a preparação da criança, sobretudo por meio do diálogo com os pais ou membros representativos da família. Em conversa com os pais deve-se procurar mostrar que a internação, desde que necessária, de acordo com o diagnóstico e o tratamento, é conveniente e benéfico para a criança e para eles próprios, dadas as condições da vida moderna e as vantagens que o tratamento hospitalar adequado pode proporcionar. Importa deixar claro também que a internação não deve implicar num rompimento da integração do grupo familiar, uma vez que o hospital moderno, através de técnicas apropriadas, zela pelo ajustamento da criança à nova situação, criando condições favoráveis à continuidade do seu processo evolutivo e dando aos familiares a oportunidade de manter o relacionamento afetivo com a mesma, o que é muito importante para seu restabelecimento físico, ajudando a evitar a situação de "stress" prejudicial ao tratamento.

O Setor de Enfermagem Pediátrica do H.S.P.E. de São Paulo vem se dedicando a estudos específicos sobre o tema relatado e através de treinamento e de grupos de estudos prepara sua equipe para dispensar à criança internada a melhor assistência possível.

A ficha de admissão, cujo modelo apresentamos, foi elaborada por uma equipe de trabalho que selecionou os elementos julgados essenciais à prestação de uma boa assistência de Enfermagem Pediátrica à criança, levando em conta sua situação no grupo familiar. A luz dessa ficha, da observação e de conversas posteriores com os pais e com a criança, as peculiaridades desta serão convenientemente valorizadas, tornando-se fácil conduzir os processos da individualização para uma assistência hospitalar adequada, de acordo com o diagnóstico, o tratamento e o desenvolvimento biopsicossocial.

São cinco os itens que constam da Ficha de Admissão: 1 - Identificação; 2 - Dados da admissão; 3 - Características pessoais; 4. - Aspecto físico e 5 - Informações especiais, segundo o modelo abaixo reproduzido.

  • FARIA, L.C. , colaboradores. - Importância do tratamento individualizado da criança. Ficha de admissão, Rev. Bras. de Enf. , RJ, 28: 7 - 10, 1975.

FICHA DE ADMISSÃO PEDIATRIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • 1
    ALCÂNTARA, Pedro - Pediatria Básica, Sarvier, São Paulo, 1968.
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    COSTA, Lucimar de Oliveira Lima - Socioterapia, Profissionalização e Autonomia do Serviço Social, Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ, 1973.
  • 3
    NEILL, A.S. - Liberdade sem Medo, Tradução de Nair Lacerda, 2.º edição, São Paulo, IBRASA.
  • 4
    ROCHA, Dulce Neves da - Elementos Básicos de Assistência de Enfermagem Pediátrica, Coleção Servir, Tomo II, Volume I, jun., 1971.
  • 5
    SPITZ, Renée - O Desenvolvimento Emocional do Recém-nascido, Livraria Pioneira Editora, 1960.
  • 6
    TOFFER, Alvin - O Choque do Futuro - Editora Artenova S.A., GB, 1973.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr-Jun 1975
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