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Associação da capacidade funcional e violência em idosos comunitários

RESUMO

Objetivo:

Analisar a relação da capacidade funcional de idosos comunitários com as características sociodemográficas e de violência.

Métodos:

Estudo epidemiológico transversal, do tipo analítico, com 159 idosos. Para coleta dos dados, utilizaram-se um questionário para caracterização sociodemográfica; a escala de Katz, de Lawton e Brody; um questionário adaptado da rede FIBRA; e a Conflict Tactics Scales, analisados mediante estatística descritiva e inferencial por meio do teste qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fisher e modelos de regressão logística múltipla.

Resultados:

Observou-se que as variáveis sociodemográficas influenciam a prevalência da dependência funcional para as atividades básicas da vida diária e redução nas atividades avançadas em idosos com violência psicológica e física.

Conclusão:

A dependência de idosos para atividades básicas e intermediárias relaciona-se com características como idade avançada, exercício laboral e saber ler e escrever. A dependência funcional dos participantes pode favorecer desfechos violentos, sejam eles físicos, sejam psicológicos.

Descritores:
Idoso; Violência; Maus-Tratos ao Idoso; Atividades Cotidianas; Enfermagem Geriátrica

ABSTRACT

Objective:

To analyze the relationship between the functional capacity of elderly community members and the sociodemographic and violence characteristics.

Methods:

Cross-sectional, epidemiological, analytical study with 159 elderly people. For data collection, a questionnaire was used for sociodemographic characterization; the Katz, Lawton and Brody scale; a questionnaire adapted from the FIBRA network; and the Conflict Tactics Scales, analyzed using descriptive and inferential statistics using Pearson’s chi-square test, Fisher’s exact test and multiple logistic regression models.

Results:

It was observed that the sociodemographic variables influence the prevalence of functional dependence for basic activities of daily living and reduction in advanced activities in elderly people with psychological and physical violence.

Conclusion:

The dependence of the elderly for basic and intermediate activities is related to characteristics such as advanced age, work exercise and knowing how to read and write. The participants’ functional dependence can favor violent outcomes, whether physical or psychological.

Descriptors:
Aged; Violence; Elder Abuse; Activities of Daily Living; Geriatric Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Analizar la relación de la capacidad funcional de ancianos comunitarios con las características sociodemográficas y de violencia.

Métodos:

Estudio epidemiológico transversal, del tipo analítico, con 159 ancianos. Para recogida de los datos, se utilizaron un cuestionario para caracterización sociodemográfica; la escala de Katz, de Lawton y Brody; un cuestionario adaptado de la red FIBRA; y la Conflict Tactics Scales, analizados mediante estadística descriptiva y inferencial por medio del test chi cuadrado de Pearson, test exacto de Fisher y modelos de regresión logística múltipla.

Resultados:

Se observó que las variables sociodemográficas influencian la prevalencia de la dependencia funcional para las actividades básicas de la vida diaria y reducción en las actividades avanzadas en ancianos con violencia psicológica y física.

Conclusión:

La dependencia de ancianos para actividades básicas y intermediarias se relaciona con características como edad avanzada, ejercicio laboral y saber leer y escribir. La dependencia funcional de los participantes puede favorecer desfechos violentos, sean ellos físicos, sean psicológicos.

Descriptores:
Anciano; Violencia; Maltrato al Anciano; Actividades Cotidianas; Enfermería Geriátrica

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional avança no cenário brasileiro. Em 2019, o número de pessoas acima de 65 anos correspondeu a aproximadamente 20 milhões, totalizando 9,52% da população do país. Estima-se que essa população atingirá, em 2060, o percentual de 25,49%, equivalente a cerca de 58 milhões de indivíduos nessa faixa etária(11 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Projeções e estimativas da população do Brasil e das Unidades da Federação [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2019 [cited 2020 Jun 03]. Available from: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock&utm_campaign=novo_popclock
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).

As mudanças na estrutura populacional repercutiram no perfil de morbidade da população, com a aumento da incidência de doenças não transmissíveis sobre os processos transmissíveis. O acometimento por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) se associa à diminuição da capacidade funcional, refletindo na limitação do desempenho de atividades da vida diária (AVD)(22 Almeida TZS, Santos CA, Rocha SV, Pedreira RBS, Pinto Junior EP. Prevalência e fatores associados à incapacidade funcional em idosos residentes na zona rural. Rev Ciênc Méd Biol. 2016;15(2):199-203. doi: 10.9771/cmbio.v15i2.16996
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).

A capacidade funcional é representada pelo potencial em manter as funções físicas e mentais necessárias para conservação da autonomia e independência. Configura-se em uma das dimensões mais relevantes na gerontologia, em razão dos sofrimentos pessoal e familiar, decorrentes da dependência e crescente demanda por serviços sociais e de saúde(33 Berlezi EM, Farias AM, Dallazen F, Oliveira KR, Pillatt AP, Fortes CK. Analysis of the functional capacity of elderly residents of communities with a rapid population aging rate. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(4):643-52. doi: 10.1590/1809-98232016019.150156
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).

A capacidade funcional envolve o desempenho das AVDs, sejam básicas, instrumentais e avançadas. As atividades básicas da vida diária (ABVDs) são aquelas ligadas ao autocuidado, como banhar-se e vestir-se(44 Katz S, Akpom CA. A measure of primary sociobiological functions. Int J Health Serv. 1976;6(3):493-508. doi: 10.2190/uurl-2ryu-wryd-ey3k
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). Já as atividades instrumentais da vida diária (AIVDs) compreendem o desempenho de funções necessárias para manter uma vida independente na comunidade, como usar o telefone e fazer compras(55 Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining and Instrumental Activities of Daily Living. Gerontol. 1969;9(3):179-86. doi: 10.1093/geront/9.3_Part_1.179
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). As atividades avançadas da vida diária (AAVDs) são aquelas relacionadas aos domínios físico, social, produtivo e de lazer(66 Reuben DB, Solomon DH. Assessment in geriatrics: of caveats and names. J Am Geriatr Soc. 1989;37(6):570-2. doi: 10.1111/j.1532-5415.1989.tb05691.x
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).

O comprometimento da capacidade funcional e a dependência são considerados fatores de vulnerabilidade com forte nível de evidência para manifestação da violência em idosos(77 Pillemer K, Burnes D, Riffin C, Lachs MS. Elder Abuse: Global Situation, Risk Factors, and Prevention Strategies. Gerontologist. 2016;56(S2):S194-S205. doi: 10.1093/geront/gnw004
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), estando também relacionados a sinais de violência nessas pessoas(88 Dias VF, Araújo LSLR, Cândido ASC, Lopes AOS, Pinheiro LMG, Reis LA. Dados sociodemográficos, condições de saúde e sinais de violência contra idosos longevos. Rev Saúde Col UEFS. 2019;9:186-192. doi: 10.13102/rscdauefs.v9.3685
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).

A violência contra idosos é um fenômeno mundial, sendo definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)(99 World Health Organization (WHO). Missing voices: views of older persons on elder abuse [Internet]. Geneva: WHO; 2002 [cited 2019 Nov 09]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/67371/WHO_NMH_VIP_02.1.pdf?sequence=1
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) como um “ato único ou repetido, ou falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento em que haja expectativa de confiança, que causa danos ou sofrimento a uma pessoa idosa”. Uma estimativa global revela que 6% dos idosos foram vítimas de violência, e projetase que o número dos idosos vulneráveis a ela tende a aumentar(1010 World Health Organization (WHO). Global status report on violence prevention 2014 [Internet]. Geneva: WHO; 2014 [cited 2019 Nov 16]. Available from: https://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/status_report/2014/en/
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).

No Brasil, verifica-se que a residência do idoso se constitui o principal lócus da experiência violenta. Contudo, sabe-se que muitos idosos não fazem denúncia pela dependência de terceiros, medo das consequências ou receio de afetar negativamente suas relações e integridade familiar, uma vez que filhos e cônjuges representam mais da metade dos agressores(1111 Lopes LGF, Leal MCC, Souza EF, Silva SZR, Guimarães NNA, Silva LSR. Violence against the elderly person. Rev Enferm UFPE. 2018;12(9):2257-68. doi: 10.5205/1981-8963-v12i9a236354p2257-2268-2018
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-1212 Adib M, Esmaeili M, Zakerimoghadam M, Nayeri ND. Barriers to help-seeking for elder abuse: a qualitative study of older adults. Geriatr Nurs 2019;40(6):565-71. doi: 10.1016/j.gerinurse.2019.04.003
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).

Nesse contexto, considerando a expressiva quantidade de idosos e a redução da capacidade funcional, torna-se relevante estudar a sua relação com a violência em idosos. Desse modo, poderseá contribuir para elaboração de políticas públicas e protocolos de intervenções que apoiem ações de serviços sociais e de saúde, favorecendo inovações no cuidado e preservando a independência dos sujeitos. Consequentemente, podem-se prevenir situações de violência e melhorar as condições de vida dessa população.

OBJETIVO

Analisar a capacidade funcional de idosos comunitários e sua relação com as características sociodemográficas e desfecho da violência.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Este estudo vincula-se à pesquisa intitulada “Impacto de intervenções multidimensionais em idosos cadastrados na Atenção Primária à Saúde e seus cuidadores”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Desenho, período e local do estudo

Estudo epidemiológico transversal, do tipo analítico, norteado pela Iniciativa STROBE, realizado no período de março de 2016 a março 2017, em três Unidades Básica de Saúde da Família, na microrregião III do Distrito Sanitário IV do município de Recife, Pernambuco, Brasil.

População ou amostra; critérios de inclusão e exclusão

O quantitativo de idosos de cada equipe foi determinado pela proporcionalidade entre as três unidades de saúde. A população era composta por 1.209 idosos, sendo realizado o cálculo amostral por meio da fórmula de população finita para estudos epidemiológicos, adotando um poder de erro de 8%. A seleção da amostra foi aleatória, proporcional, do tipo sistemática, considerando que, a cada cinco idosos da lista de cada equipe, um era selecionado e convidado a participar da pesquisa.

Foram incluídas no estudo pessoas classificadas como idosas e que estivessem cadastradas na área adscrita da referida unidade de saúde. Foram excluídas aquelas com dificuldade de comunicação ou déficit cognitivo grave, sendo esses critérios identificados pelo pesquisador no momento da coleta ou referidos pelo cuidador.

No decorrer da pesquisa, 176 idosos foram abordados para contribuir com o estudo por atenderem aos critérios de elegibilidade, entretanto 17 foram excluídos por impossibilidade de realizar a coleta. Então, seguiu-se a estratégia de amostragem, e o idoso seguinte da lista foi convidado a participar. Dessa forma, a amostra foi composta por 159 participantes.

Protocolo do estudo

A equipe de coleta de dados era composta por 22 alunos do curso de Enfermagem e 11 do curso de Terapia Ocupacional. Foram executados dois treinamentos para calibração dos coletadores, discorrendo-se sobre os instrumentos a serem utilizados e rigor ético de uma pesquisa científica.

Os entrevistadores realizaram a coleta acompanhados dos agentes comunitários de saúde (ACS), visando articular o vínculo com o idoso e a segurança do coletador. Essa etapa ocorreu na residência dos idosos após esclarecimentos acerca dos objetivos e participação voluntária da pesquisa, do sigilo das informações prestadas e depois da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Inicialmente, foi realizado um estudo-piloto com 25 idosos, incluídos posteriormente na amostra final, para avaliar a viabilidade da coleta e do instrumento e, assim, minimizar falhas.

Foram utilizados para coleta de dados: um questionário elaborado pelo pesquisador para caracterização sociodemográfica; o índice de Katz para as ABVDs(44 Katz S, Akpom CA. A measure of primary sociobiological functions. Int J Health Serv. 1976;6(3):493-508. doi: 10.2190/uurl-2ryu-wryd-ey3k
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); a escala de Lawton para avaliação das AIVDs(55 Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining and Instrumental Activities of Daily Living. Gerontol. 1969;9(3):179-86. doi: 10.1093/geront/9.3_Part_1.179
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); um questionário adaptado da rede “Fragilidade em Idosos Brasileiros” (FIBRA) para as AAVDs(1313 Oliveira EM, Silva HS, Lopes A, Cachioni M, Falcão DVS, Batistoni SST, et al. Atividades Avançadas de Vida Diária (AAVD) e desempenho cognitivo entre idosos. Psico-USF. 2015;20(1):109-20. doi: 10.1590/1413-82712015200110
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); e a Conflict Tactics Scales Form R (CTS-1) para avaliar existência de violências, em suas dimensões física e psicológica(1414 Straus MA. Measuring intrafamily conflict and violence: the Conflict Tactics (CT) Scales. J Marriage Fam. 1979;41(1):75-88. doi: 10.2307/351733
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).

O índice de Katz avalia a capacidade funcional para ABVDs, considerando seis atividades de complexidade hierárquica: alimentação, controle esfincteriano, transferências, capacidades para se vestir, tomar banho e utilizar o vaso sanitário(1515 Lino VTS, Pereira SRM, Camacho LAB, Ribeiro Filho ST, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz). Cad Saúde Pública. 2008;24(1):103-12. doi: 10.1590/S0102-311X2008000100010
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). Foram classificados como independentes, os idosos que não precisavam de ajuda em nenhuma das atividades; e dependentes, aqueles que necessitavam de ajuda em mais de uma atividade.

A escala de Lawton e Brody(55 Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining and Instrumental Activities of Daily Living. Gerontol. 1969;9(3):179-86. doi: 10.1093/geront/9.3_Part_1.179
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) avalia as AIVDs, sendo composta pelas seguintes atividades: preparar refeições, executar tarefas domésticas, manusear dinheiro, utilizar o telefone, tomar medicações, fazer compras e usar os meios de transporte. A escala classifica a condição funcional dos idosos mediante um escore envolvendo as sete atividades(1616 Santos RL, Virtuoso Jr JS. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Atividades Instrumentais da Vida Diária. Rev Bras Promoç Saúde. 2008;21(4):290-96. doi: 10.5020/18061230.2008.p290
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). Eles foram classificados como independentes quando o escore atingia 21 pontos; ou dependentes, com escore de até 20 pontos.

Na avaliação das AAVDs, utilizou-se um conjunto de questões da rede FIBRA adaptadas por Oliveira et al.(1313 Oliveira EM, Silva HS, Lopes A, Cachioni M, Falcão DVS, Batistoni SST, et al. Atividades Avançadas de Vida Diária (AAVD) e desempenho cognitivo entre idosos. Psico-USF. 2015;20(1):109-20. doi: 10.1590/1413-82712015200110
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). As questões abordam o engajamento dos idosos em 13 atividades distribuídas em domínios educativos, cívicos, religiosos e de lazer, possibilitando três opções de resposta: “nunca fez”, “parou de fazer” e “ainda faz”. Foram classificados como mais ativos (MA), aqueles que executavam quatro ou mais atividades; e menos ativos (ME), os idosos que desenvolviam três ou menos atividades.

A CTS-1 visa mensurar as estratégias utilizadas por membros de uma família para solucionar possíveis conflitos e, indiretamente, perceber situações de violência. Essa escala é composta por 19 questões que estão divididas em três grupos, segundo os tipos de estratégias utilizadas para lidar com as desavenças: argumentação (itens a-c), agressão verbal (itens d-f e h-j) e agressão física (itens k-s). Cada item contempla três opções de respostas: “não aconteceu”, “aconteceu algumas vezes nestes últimos 12 meses” e “aconteceu várias vezes nestes últimos 12 meses”(1717 Hasselmann MH, Reichenheim ME. Adaptação transcultural da versão em português da Conflict Tactics Scales Form R (CTS-1), usada para aferir violência no casal: equivalências semântica e de mensuração. Cad Saúde Pública. 2003;19(4):1083-93. doi: 10.1590/S0102-311X2003000400030
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).

Para a classificação da violência, os itens de agressão verbal avaliam a violência psicológica; atos como empurrar, agarrar, dar tapa, jogar objeto, torcer o braço e puxar o cabelo identificam a violência física menor; e a violência física maior compreendem os itens mais graves do instrumento, como dar soco, bater, chutar, jogar contra a parede, queimar ou escaldar, usar uma faca ou arma de fogo. O idoso que apresentou uma resposta positiva em algum dos itens foi considerado em situação de violência, de acordo com cada classificação(1717 Hasselmann MH, Reichenheim ME. Adaptação transcultural da versão em português da Conflict Tactics Scales Form R (CTS-1), usada para aferir violência no casal: equivalências semântica e de mensuração. Cad Saúde Pública. 2003;19(4):1083-93. doi: 10.1590/S0102-311X2003000400030
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).

Análise dos resultados e estatística

A tabulação e análise dos dados foram realizadas no SPSS, versão 25.0, mediante estatística descritiva (frequência absoluta e relativa) e estatística inferencial (teste qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fisher e modelos de regressão logística múltipla). O teste exato de Fisher foi escolhido nos casos em que o número de caselas com frequência inferior a 5% foi menor que 20%.

O critério de entrada das variáveis para o modelo de regressão logística foi definido entre as variáveis que apresentaram p < 0,2. Para todas as análises, foi adotado o nível de significância de 5% (p < 0,05).

RESULTADOS

No que concerne à caracterização dos idosos, 53,5% (n = 85) têm idade entre 60 e 70 anos, sendo 76,7% (n = 122) do sexo feminino, 66% (n = 105) sem companheiro (viúvas, divorciadas ou que nunca casaram), 79,2% (n = 126) não exercem atividade laboral e 71,1% (113) possuem renda média de um salário mínimo, vigente no momento da coleta.

As variáveis sociodemográficas foram associadas à capacidade funcional por meio das ABVDs, AIVDs e AAVDs, conforme apresentadas na Tabela 1. Constatou-se que houve associação do sexo (p = 0,031) e estado conjugal (p = 0,006) com as ABVDs. Observou-se, ainda, que as variáveis idade, saber ler e escrever, estado conjugal e atividade laboral apresentaram associação com as AIVDs (p < 0,001; p < 0,001; p = 0,011; p = 0,003, respectivamente). Considerando a capacidade funcional para realização de atividades avançadas da vida diária, verificou-se associação com idade, saber ler e escrever, estado conjugal e atividade laboral (p < 0,001; p = 0,018; p = 0,030; p = 0,002, respectivamente).

Tabela 1
Distribuição do perfil sociodemográfico dos idosos segundo a capacidade funcional, Recife, Pernambuco, Brasil, 2016-2017

A análise da capacidade funcional não evidenciou associações com as violências psicológica, física menor e física maior. A dependência funcional para ABVDs predominou em idosos com violências psicológica (18,2%; n = 10), física menor (28,6%; n = 02) e física maior (25,0%; n = 01). Por outro lado, para AIVDs, a dependência funcional prevaleceu em idosos sem nenhum tipo de violência. Quanto às AAVDs, foram considerados menos ativos aqueles idosos sob violência psicológica (50,9%; n = 28), violência física menor (57,1%; n = 04) e física maior (75,0%; n = 03). Esses resultados podem ser visualizados na Tabela 2.

Tabela 2
Prevalência de violência sofrida entre os idosos comunitários de acordo com a capacidade funcional, Recife, Pernambuco, Brasil, 2016-2017

Verifica-se, na Tabela 3, o modelo de regressão logística múltipla para a dependência funcional, em que foram incluídas apenas as seguintes variáveis: estado conjugal, idade, saber ler e escrever e exercício de atividade laboral. Os dados permitem inferir que os indivíduos com relacionamento possuem 5,1 vezes a probabilidade de apresentar dependência funcional para ABVDs.

Tabela 3
Variáveis associadas à dependência funcional por meio de regressão logística ajustada, Recife, Pernambuco, Brasil, 2016-2017

Em relação às AIVDs, os idosos com idade superior a 70 anos, que não sabem ler nem escrever e que não desenvolvem atividade laboral apresentam, respectivamente, 2,565, 6,511 e 3,830 mais probabilidades de ter dependência para essas atividades.

Considerando as AAVDs, idosos com mais de 70 anos e que não exercem atividade laboral possuem aumentadas (2,518 e 3,786, respectivamente) as probabilidades de dependência nessas atividades avançadas.

DISCUSSÃO

A caracterização da amostra quanto aos dados sociodemográficos apresentou predomínio de pessoas do sexo feminino, sem relacionamento conjugal, sem exercício de atividade laboral e com renda média de um salário mínimo. O predomínio do sexo feminino é um fato que reflete a maior expectativa de vida das mulheres, com uma sobrevida maior, em torno de 5 a 7 anos, quando comparada aos homens, processo este conhecido como feminização da velhice(1111 Lopes LGF, Leal MCC, Souza EF, Silva SZR, Guimarães NNA, Silva LSR. Violence against the elderly person. Rev Enferm UFPE. 2018;12(9):2257-68. doi: 10.5205/1981-8963-v12i9a236354p2257-2268-2018
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).

No entanto, a maior expectativa de vida das idosas está vinculada a anos adicionais com menor qualidade de vida, maior fragilidade e risco aumentado de dependência funcional. E quando esse perfil se soma a efeitos de variáveis sociodemográficas, como escolaridade menor, viver só, ter que cuidar e precisar de cuidados, a qualidade de vida das mulheres tende a declinar(33 Berlezi EM, Farias AM, Dallazen F, Oliveira KR, Pillatt AP, Fortes CK. Analysis of the functional capacity of elderly residents of communities with a rapid population aging rate. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(4):643-52. doi: 10.1590/1809-98232016019.150156
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). Vale ressaltar que o aumento do risco de dependência associado a essas variáveis sociodemográficas pode acarretar vulnerabilidade para situações de violência.

Nesse sentido, considerando a dependência para as atividades de menor complexidade, houve associação significativa para mulheres, sem companheiro. Os idosos sem companheiro apresentaram uma redução da capacidade funcional comparados àqueles com companheiros, de modo que apresentam risco aumentado de se tornarem dependentes(1818 Matos FS, Jesus CS, Carneiro JAO, Coqueiro RS, Fernandes MH, Brito TA. Reduced functional capacity of community-dwelling elderly: a longitudinal study. Ciênc Saúde Colet. 2018;23(10):3393-401. doi: 10.1590/1413-812320182310.23382016
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). Sendo assim, há possibilidades de estes idosos estarem expostos a maus-tratos, uma vez que necessitam de outra pessoa para os auxiliar nas atividades diárias.

No tocante ao estado civil, os idosos que não têm relacionamento conjugal são mais dependentes para as AIVDs, corroborando o estudo realizado no município de Campina Grande-PB, com 242 idosos(1919 Araújo GKN, Sousa RCR, Souto RQ, Silva Júnior EG, Eulálio MC, Alves FAP, et al. Functional capacity and depression in elderly. Rev Enferm UFPE. 2017;11(10):3778-86. doi: 10.5205/reuol.12834-30982-1-SM.1110201711
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). Por outro lado, neste estudo, os idosos com relacionamento conjugal possuem 5,1 vezes a probabilidade de apresentar dependência funcional para as ABVDs, refutando o referenciado na literatura. Diante do exposto, dependendo da conjuntura em que vive a pessoa idosa, esta poderá passar a depender mais do cônjuge para realizar atividades básicas, o que pode gerar, nele, sobrecarga e estresse. Esse cenário pode ser propício a situações de violência psicológica que impactarão a qualidade de vida do idoso.

Em relação aos idosos acima de 70 anos, que não sabem ler nem escrever, sem relacionamento conjugal e sem atividade laboral, estes tiveram maior dependência para as atividades de complexidade intermediária e as de complexidade avançada. Nesse contexto, a escolaridade é um fator importante no que concerne às atividades de complexidade intermediária. Conforme observado neste estudo, os dados revelam que idosos que não sabem ler nem escrever apresentam 6,5 vezes a probabilidade de serem dependentes para as AIVDs.

Nesse sentido, um estudo realizado em São Paulo-SP, com 1.188 idosos, revelou que aqueles com limitação na educação apresentaram 10,1 vezes a probabilidade de ter escores comprometidos para o estado cognitivo, habilidades funcionais e fragilidade, quando comparados a idosos com maior escolaridade, que tiveram 4,6 vezes a probabilidade dos mesmos escores ruins(2020 Brigola AG, Alexandre TS, Inouye K, Yassuda MS, Pavarini SCL, Mioshi E. Limited formal education is strongly associated with lower cognitive status, functional disability and frailty status in older adults. Dement Neuropsychol. 2019;13(2):216-24. doi: 10.1590/1980-57642018dn13-020011
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). Ou seja, quanto mais limitada for a escolaridade, maior é a probabilidade de obter escores ruins. Somando-se a essa discussão, uma investigação realizada em Pelotas-RS com 1.340 idosos demonstrou que a baixa escolaridade interfere negativamente na realização das AIVDs de idosos(2121 Farías-Antúnez S, Lima NP, Bierhals IO, Gomes AP, Vieira LS, Tomasi E. Disability related to basic and instrumental activities of daily living: a population-based study with elderly in Pelotas, Rio Grande do Sul, 2014. Epidemiol Serv Saúde. 2018;27(2):e2017290. doi: 10.5123/S1679-49742018000200005
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). Diante dessas informações, uma vez que o idoso necessita de outra pessoa para gerenciar as suas finanças, o que faz parte das AIVDs, ele fica suscetível à violência de cunho financeiro.

As AIVDs e AAVDs são atividades que, para os idosos, apresentam certo grau de complexidade, principalmente para aqueles que já possuem algum comprometimento da saúde. No entanto, o que fica claro é que as AIVDs apresentam um grau de complexidade superior às ABVDs devido, principalmente, ao seu caráter de envolvimento social. Assim, muitos idosos são capazes de realizar todas as tarefas dentro de sua própria casa; contudo, se for necessário fazer qualquer atividade que necessita de um contato social fora das dependências em que está habituado, ele se sente impossibilitado(33 Berlezi EM, Farias AM, Dallazen F, Oliveira KR, Pillatt AP, Fortes CK. Analysis of the functional capacity of elderly residents of communities with a rapid population aging rate. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(4):643-52. doi: 10.1590/1809-98232016019.150156
https://doi.org/10.1590/1809-98232016019...
).

Todavia, o maior grau de complexidade para realizar atividades da vida diária pode resultar em necessidade de auxílio, podendo, o idoso, ficar mais vulnerável para diversas situações. Seguindo essa premissa, estudos revelam que idosos sem exercício de atividade laboral ou em avançado processo de senescência apresentam maior dependência para executar as atividades da vida diária, aumentam a sobrecarga do cuidador e, com isso, podem fazer crescer a probabilidade de sofrerem abuso, maus-tratos e/ou violência(2222 Lino VTS, Rodrigues NCP, Lima IS, Athie S, Souza ER. Prevalence and factors associated with caregiver abuse of elderly dependents: the hidden face of family violence. Ciênc Saúde Colet. 2019;24(1):87-96. doi: 10.1590/1413-81232018241.34872016
https://doi.org/10.1590/1413-81232018241...

23 Oliveira A, Nossa P, Mota-Pinto A. Assessing functional capacity and factors determining functional decline in the elderly: a cross-sectional study. Acta Med Port. 2019;32(10):654-60. doi: 10.20344/amp.11974
https://doi.org/10.20344/amp.11974...
-2424 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2014 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2015 [cited 2020 Feb 24]. Available from: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv65857.pdf
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizac...
).

No que tange à violência e à análise da capacidade funcional para as ABVDs, demonstrou-se que as violências (psicológica, física menor e física maior) predominaram em idosos com dependência funcional para essas atividades. Autores(2525 Maia PHS, Ferreira EF, Melo EM, Vargas AMD. Occurrence of violence in the elderly and its associated factors. Rev Bras Enferm. 2019;72(Suppl 2):64-70. doi: 10.1590/0034-7167-2018-0014
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
) relatam que a dependência para as atividades da vida diária foi fator decisivo para a ocorrência de violência nos idosos. Estudo conduzido na Colômbia, com a participação de 23.694 idosos, encontrou associação da capacidade funcional com maus-tratos de idosos(2626 Ballesteros SM, Moreno-Montoya J. Individual - and state-level factors associated with functional limitation prevalence among Colombian elderly: a multilevel analysis. Cad Saúde Pública. 2018;34(8):e00163717. doi: 10.1590/0102-311X00163717
https://doi.org/10.1590/0102-311X0016371...
), o que demonstra o quanto a capacidade funcional pode determinar a ocorrência de violência na população idosa.

No entanto, no presente estudo, considerando a análise da capacidade funcional para as atividades de complexidade intermediária em relação à violência, não se identificou associação de nenhum tipo de violência com dependência para essas atividades. Esses dados contrapõem-se, em parte, aos achados de uma revisão sistemática(2727 Alves CS, Serrão C. Risk factors for the occurrence of violence against the elderly: a systematic review. Pan Am J Aging Res. 2018;6(2):58-71. doi: 10.15448/2357-9641.2018.2.29964
https://doi.org/10.15448/2357-9641.2018....
) cuja conclusão é de que, quanto maior for o grau de dependência do idoso em ABVDs e em AIVDs, maior é o risco de sofrer todos os tipos de violência. Nesse sentido, maiores prejuízos nas atividades de complexidade intermediária a baixa proporcionam maiores oportunidades para necessidades não atendidas, ocasionando maior risco para manifestação de violência(2828 Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CR, Berman J, et al. Prevalence of and risk factors for elder abuse and neglect in the community: a population-based study. J Am Geriatr Soc. 2015;63(9):1906-12. doi: 10.1111/jgs.13601
https://doi.org/10.1111/jgs.13601...
).

Ao analisar a capacidade funcional para as atividades de maior complexidade em relação às violências em questão, evidenciou-se que todas as violências predominaram nos idosos menos ativos para essas atividades. Em parte, isso pode ser explicado por relatos de que a diminuição da frequência de AAVDs é de natureza social, sinalizando a perda de motivação para contatos sociais, problemas de mobilidade e inadequação ambiental. Ademais, o engajamento nessas atividades exige certo grau de independência e autonomia, constituindo o declínio na saúde física como limitador para AAVDs e ampliador das chances de isolamento social(2929 Souto JF, Ribeiro PCC, Souza LF. Atividades avançadas de vida diária: revisão de uma medida da capacidade funcional do idoso. Rev Kairós. 2017;20(3):407-25. doi: 10.23925/2176-901X.2017v20i3p407-425
https://doi.org/10.23925/2176-901X.2017v...
).

Em um estudo realizado no pronto atendimento, observou-se que o risco de violência aumenta 4,24 vezes a chance de desenvolver fragilidade e de esta última influenciar no desempenho das atividades cotidianas entre os idosos(3030 Santos RC, Menezes RMP, Araújo GKN, Marcolino EC, Xavier AG, Gonçalves RG, et al. Frailty syndrome and associated factors in the elderly in emergency care. Acta Paul Enferm. 2020;33:eAPE20190159. doi: 10.37689/acta-ape/2020AO0159
https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO...
). A análise dessas variáveis demonstram a existência de uma relação bidirecional, em que o surgimento da dependência funcional pode aumentar o risco de violência e, consequentemente, elevar o nível dessa dependência.

Sendo assim, estes achados fomentam a necessidade de investigações longitudinais que reforcem os dados encontrados e sanem as lacunas evidenciadas neste estudo, principalmente no que concerne à relação entre a análise da capacidade funcional para as atividades de complexidade intermediária e a violência; e também acerca das variáveis “estado civil” e “dependência funcional” para as ABVDs.

Limitação do estudo

Este estudo apresenta como limitação o corte transversal, pois a realização da coleta de dados em um único momento não possibilita estabelecer uma relação de causalidade, mas apenas identificar fatores associados.

Contribuições para a área da Enfermagem, Saúde ou Política Pública

Identificar o nível de capacidade funcional dos idosos possibilita a compreensão da vulnerabilidade desse indivíduo à violência, permitindo que os profissionais de saúde construam seu planejamento de cuidados baseado nas reais necessidades da funcionalidade desse idoso e consigam prevenir a violência. Além disso, os dados exibidos neste trabalho denotam a necessidade de avaliar a capacidade funcional durante a assistência à pessoa idosa, visando reduzir a exposição à violência.

CONCLUSÃO

Os achados do estudo permitem concluir que idosos com relacionamento apresentam maior dependência funcional para atividades básicas; já aqueles com idade avançada, que não sabem ler nem trabalham têm maior dependência para atividades instrumentais. Para as atividades avançadas, a dependência é mais expressiva entre idosos que não trabalham e têm mais de 70 anos. No tocante à violência, conclui-se que a dependência relacionada a atividades básicas e avançadas entre os participantes pode favorecer desfechos violentos, sejam eles físicos, sejam psicológicos.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Flho
EDITOR ASSOCIADO: Ana Fátima Fernandes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    30 Mar 2020
  • Aceito
    14 Jun 2020
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