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Prevalência de infecção em unidades de terapia intensiva de um hospital escola terciário

Carlos Toufen Junior André Luiz Dresler Hovnanian Suelene Aires Franca Carlos Roberto Ribeiro Carvalho Sobre os autores

OBJETIVO: Determinar a prevalência de infecções em pacientes de Terapia Intensiva, os agentes infecciosos mais comuns e seus padrões de resistência. Identificar os fatores relacionados a infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva e as taxas de mortalidade. DESENHO: Estudo de prevalência de um dia. LOCAL:Um total de 19 Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) participaram do estudo. PACIENTES: Todos os pacientes com idade superior a 16 anos internados em leitos de terapia intensiva por mais de 24 horas foram incluídos. As 19 Unidades de Terapia Intensiva forneceram 126 casos. VARIÁVEIS:Taxas de infecção, uso de antibióticos, padrões de resistência microbiológica, fatores relacionados à infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva, taxas de mortalidade. RESULTADOS: Um total de 126 pacientes foi estudado. Oitenta e sete (69%) receberam antibióticos no dia do estudo, sendo 72 (57%) para tratamento e 15 (12%) para profilaxia. Baseado no tipo, observou-se que a infecção adquirida na comunidade ocorreu em 15 pacientes (20,8%), infecção hospitalar fora da Unidade de Terapia Intensiva em 24 (33,3%), e infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva em 22 pacientes (30,6%). Para 11 pacientes (15,3%) não se definiu o tipo de infecção. Quanto ao sítio de infecção, as respiratórias foram as infecções mais comuns (58,5%). Os agentes mais freqüentemente isolados foram: Enterobacteriaceae (33,8%), Pseudomonas aeruginosa (26,4%) e Staphylococcus aureus (16,9%; 100% meticilina-resistentes). Análise multivariada identificou 3 fatores associados à infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva: idade maior ou igual a 60 anos (p=0,007), uso de sonda nasogástrica (p=0,017) e pós-operatório (p=0,017). Ao final de quatro semanas, a taxa de mortalidade foi de 28,8%. Entre os infectados, a mortalidade foi de 34,7%. Não houve diferença entre as taxas de mortalidade para pacientes infectados e não-infectados (p=0,088). CONCLUSÃO: A taxa de infecção é alta entre os pacientes de terapia intensiva, especialmente as infecções respiratórias. As bactérias predominantes foram: Enterobacteriaceae. Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus (agentes resistentes). Fatores como uso de sonda nasogástrica, pós-operatório e idade maior ou igual a 60 anos mostraram associação com infecção. Este estudo documenta a impressão clínica de que a prevalência de infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva é alta e sugere que medidas preventivas são importantes para reduzir a ocorrência de infecção em pacientes críticos.

Unidade de terapia intensiva; Infecção nosocomial; Taxa de prevalência


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