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Análise das tensões nodais em blocos sobre estacas

Resumo

Blocos sobre estacas podem ser dimensionados utilizando-se, preferencialmente, modelos plásticos (bielas e tirantes) e modelos baseados na teoria da flexão. Com o intuito de analisar o comportamento das tensões nas regiões nodais inferior e superior do bloco, fez-se uma análise teórica dos resultados dos ensaios experimentais realizados por diversos pesquisadores. Observaram-se divergências nos resultados e, em função disto, foi feita uma análise crítica que permitiu a sugestão de uma nova metodologia para a verificação das tensões nodais junto a zona nodal superior, baseada no comportamento multiaxial do concreto.

Palavras-chave:
blocos sobre estacas; modelo de bielas e tirantes; tensões nodais

Abstract

Pile caps can be dimensioned using, preferably, plastic models (strut-and-tie) and models based on the flexion theory. In order to analyze the behavior of the stresses in the lower and upper nodal regions of the cap, a theoretical analysis of the experimental results found by several researchers was made. There was a discrepancy in the results obtained and, as a result, a critical analysis carried out and a new methodology for the verification of the nodal stress near the upper zone, based on the multiaxial behavior of the concrete, is suggested.

Keywords:
pile caps; strut-and-tie model; nodal stress

1. Introdução

Para o dimensionamento de blocos sobre estacas, pode-se adotar modelos de cálculo tridimensionais (lineares ou não) e modelos de bielas e tirantes, sendo este último o mais indicado por considerar regiões de descontinuidades de tensões.

O modelo de bielas e tirantes é um método de cálculo baseado no teorema do limite superior, utilizando conceito de plasticidade e consiste no dimensionamento por meio da idealização de uma treliça espacial, composta por bielas (representações dos campos de compressão), tirantes (representações dos campos de tração) e nós (volume de concreto cuja finalidade é transferir as tensões entre bielas e tirantes, entre bloco e estacas e entre pilar e bloco). O dimensionamento por este modelo consiste na verificação das tensões que surgem na região de contato entre pilar/bloco (zona nodal superior) e bloco/estaca (zona nodal inferior).

Blévot [1[1] BLÉVOT, J. Semelles en béton armé sur pieux. Institut de Recherches Appliquées du Béton Armé. Paris, m. 111-112, 1957.] estudou o comportamento de blocos sobre três e quatro estacas, propondo equacionamento para os modelos. Posteriormente, Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.] aprofundaram o estudo a respeito de blocos, chegando à conclusão que, para garantir a segurança do element, o ângulo de inclinação entre as bielas e a horizontal deve estar entre certo limite. Além disto os autores propuseram valores limites para as tensões nas regiões nodais. Devido à sua importância e abrangência, tais trabalhos nortearam todos os trabalhos acerca de blocos sobre estacas.

Desde então, o assunto é amplamente estudado e diversos pesquisadores propuseram diferentes valores para os limites das tensões nodais, como também, diferentes maneiras de aplicar o modelo de bielas e tirantes.

1.1 Justificativa

A ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.] não apresenta critério específico para o dimensionamento de blocos sobre estacas, contudo, indica o uso do modelo de bielas e tirantes por idealizar bem o comportamento estrutural dos blocos.

De acordo com a ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.], as tensões que surgem nas regiões nodais devem ser limitadas. Entretanto, existem muitas divergências em relação aos critérios usados pelas normas brasileiras e internacionais para definir o limite destas tensões e qual é a forma e a área das zonas nodais inferior e superior.

A norma brasileira traz parâmetros para a verificação das tensões mas não especifica qual modelo de bielas e tirantes deve ser adotado para o cálculo dessas tensões, deixando livre ao engenheiro a escolha do modelo mais adequado.

Assim, esse trabalho justifica-se pelas incertezas ainda existentes sobre o dimensionamento e verificação de blocos sobre estacas.

1.2 Objetivo

Este trabalho teve como objetivo avaliar as tensões nodais obtidas por meio de ensaios experimentais, comparando-as com os limites normativos existentes, a fim de realizar uma análise comparativa entre tais limites. Além disto, foram utilizados modelos propostos por diferentes autores para o cálculo das tensões nodais. Por fim, teve-se o objetivo de apresentar um critério que considere o efeito multiaxial do concreto junto à zona nodal superior.

2. Resultados experimentais utilizados

Primeiramente fez-se a coleta do maior número possível de dados experimentais quanto as propriedades geométricas e físicas dos blocos (dimensões, distância entre os centros das estacas, seções transversais da estaca e do pilar, força aplicada ao pilar em relação a qual surgiu a primeira fissura e taxas das armaduras dos pilares) e as forças últimas para cada bloco ensaiado e seus respectivos valores de resistência à compressão do concreto (f c). Foram considerados apenas os blocos com ligações monolíticas, ou seja, blocos que apresentavam cálice de fundação foram descartados.

Adebar et al. [4[4] ADEBAR, P.; KUCHMA, D. COLLINS, M. P. Strut-and-tie models for design of pile caps: an experimental study. ACI Journal, v.87, 1990; p.81-91.] ensaiou seis blocos, sendo que cinco eram apoiados sobre quatro estacas e apenas um apoiado sobre seis estacas, ver Figura [1]. Os blocos sobre quatro estacas possuem geometria hexagonal e, portanto, duas direções (por isso a indição de valores na direção x e y). Como o modelo C possui seis estacas, a indição de θx refere-se ao ângulo da biela relativa a estaca mais afastada e θy refere-se ao ângulo da biela relativa a estaca mais próxima.

Figura 1
Modelos ensaiados por Adebar et al. [4]

Os ângulos adotados foram aqueles descritos como sendo os ângulos observados nos ensaios. Nos casos em que não foi possivel obter o ângulo experimentalmente, foi traçado uma linha unindo o centro de gravidade da seção do pilar até o centro de gravidade da seção da estaca. É importante salientar que essa hipótese da consideração do ângulo de inclinação da biela em relação ao plano horizontal diverge do modelo proposto por Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.]. Os pesquisadores franceses consideram que o início da biela junto à zona nodal superior se dê à ¼ da dimensão do pilar na direção considerada, medido a partir da face do pilar.

Os dados coletados para a análise foram extraídos dos trabalhos de Adebar et al. [4[4] ADEBAR, P.; KUCHMA, D. COLLINS, M. P. Strut-and-tie models for design of pile caps: an experimental study. ACI Journal, v.87, 1990; p.81-91.], Mautoni [5[5] MAUTONI, M. Blocos sobre dois apoios, São Paulo, Grêmio Politécnico, 1972, 89 p.], Fusco [6[6] FUSCO, P. B. Investigação experimental sobre o valor limite Ƭwu das tensões de cisalhamento no concreto estrutural, São Paulo, 1985.], Chan e Poh [7[7] CHAN, T. K. POH, C. K. Behavior of precast reinforced concrete pile caps. Construction and building materials, v.14, n.2, 2000; p.73-78.], Miguel [8[8] MIGUEL, M. G. Análise numérica e experimental de blocos sobre três estacas, São Carlos, 2000, Tese (doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 242 p.], Delalibera e Giongo [9[9] DELALIBERA, R. G.; GIONGO, J. S. Deformação nas diagonais comprimidas em blocos sobre duas estacas. Revista IBRACON de estruturas e materiais. V1, n.2 (junho 2008), p. 121-157.], Barros [10[10] BARROS, R. Análise numérica e experimental de blocos de concreto armado sobre duas estacas com cálice externo, parcialmente embutido e embutido utilizado na ligação pilar-fundação, São Carlos, 2013, Tese (doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 355 p.], Munhoz [11[11] MUNHOZ, F. S. Análise experimental e numérica de blocos rígidos sobre duas estacas com pilares de seções quadradas e retangulares e diferentes taxas de armadura, São Carlos, 2014, Tese (doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universiadade de São Paulo, 358 p.], Mesquita [12[12] MESQUITA, A. C. A influência da ligação pilar-bloco nos mecanismos de rupture de blocos de fundação sobre duas estacas, Goiânia, 2015, Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Goiás, 165 p.] e Cao e Bloodworth [13[13] CAO, J.; BLOODWORTH, A. G. Shear capacity of reinforced concrete pile caps. At IABSE (International Associatoin for bridge and structural engineering). Germany, 2007.] e são mostrados nas Tabelas [1] a [10].

Tabela 1
Propriedades dos blocos analisados por Mautoni [5]
Tabela 2
Propriedades dos blocos analisados por Fusco [6]
Tabela 3
Propriedades dos blocos analisados por Adebar et al. [4]
Tabela 4
Propriedades dos blocos analisados por Chan e Poh [7]

Tabela 5
Propriedades dos blocos analisados por Miguel [8]

Tabela 6
Propriedades dos blocos analisados por Delalibera e Giongo [9]
Tabela 7
Propriedades dos blocos analisados por Barros [10]
Tabela 8
Propriedades dos blocos analisados por Munhoz [11]
Tabela 9
Propriedades dos blocos analisados por Mesquita [12]
Tabela 10
Propriedades dos blocos analisados por Cao e Bloodworth [13]

Também é importante esclarecer que os ensaios experimentais de Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.] não foram considerados nesse trabalho em função do grande número de ensaios. Portanto, os autores deste artigo decidiram elaborar um artigo semelhante a este, considerando apenas os ensaios de Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.].

O estudo desenvolvido teve o objetivo de calcular as tensões nodais e, para tal, utilizaram-se três modelos difertentes: Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.], Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] e Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.]. Os modelos são baseados nas forças atuantes nas bielas e/ou na reação das estacas. Para calcular tais forças, fêz-se o equilíbrio da região nodal conforme é mostrado na Figura [2]. A presença de momento fletor na base do pilar foi estudada por Delalibera e Giongo [9[9] DELALIBERA, R. G.; GIONGO, J. S. Deformação nas diagonais comprimidas em blocos sobre duas estacas. Revista IBRACON de estruturas e materiais. V1, n.2 (junho 2008), p. 121-157.].

Figura 2
Equilíbrio das forças na região nodal inferior para cálculo de Rst (resultante no tirante) e Rcc (resultante na biela)

Fazendo o equilíbrio das forças nas direções x e y, obtém-se as seguintes equações:

R est = F u,exp n° estacas (1)

R est = R cc sen θ (2)

R st = R cc cos(θ) (3)

sendo que:

Fu,exp é a força última experimental aplicada ao pilar;

Rest é a reação de Fu,exp em cada estaca;

Rcc é a resultante no concreto comprimido (resultante na biela);

Rst é a resultante no aço tracionado (resultante no tirante) e;

θ é o ângulo de inclinação da biela.

A equações [1] e [2] foram usadas para determinar as tensões atuantes nas bielas e nos nós de acordo com cada modelo.

2.1 Cálculo das tensões atuantes

Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.] apresentam formulação simples para o cálculo das tensões nodais. O modelo contempla apenas o valor da força aplicada no pilar, da área da seção transversal do pilar e da área da seção transversal da estaca, ambas rebatidas no sentido da biela, conforme a Figura [3].

Figure 3
Representãção das áreas da estaca (Aest) e do pilar (Ac) rebatidas, adaptado de Blévot e Frémy [2]

O valor da tensão nodal superior (tensão de contato entre pilar/bloco) é calculado por meio da equação [4], ao passo que, as tensões nodais para a zona nodal inferior (tensão de contato entre bloco/estaca) são calculadas pelas equações [5], [6] e [7] para blocos sobre duas, três e quatro estacas, respectivamente.

σ zns = F u,exp A c se n 2 θ (4)

σ zni = F u,exp 2 A est sen²(θ) (5)

σ zni = F u,exp 3 A est sen²(θ) (6)

σ zni = F u,exp 4 A est sen²(θ) (7)

sendo que:

Fu,exp é a força última experimental aplicada ao pilar;

Ac é a área da seção transversal do pilar;

Aest é a área da seção transversal da estaca e;

θ é o ângulo de inclinação da biela.

Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] propuseram uma formulação mais precisa, em que é considerado o tipo de nó da treliça idealizada. Os autores diferenciam os nós existentes de acordo com as tensões atuantes e a presençã ou não de barras ancoradas. Dessa forma, a região nodal superior é representada pela Figura [4], nó sujeito apenas à tensão de compressão, e a região nodal inferior é representada pela Figura [5], nó onde se ancoram as barras e, portanto, com incidência de forças de tração.

Figura 4
Descrição de nó sujeito apenas a tensões de compressão, adaptado segundo Schlaich e Schäfer [14]

Figura 5
Descrição de nó com barras ancoradas, adaptado segundo Schlaich e Schäfer [14]

A análise da Figura [4] sugere que o nó superior está sujeito ao estado triplo de tensões, uma vez que o volume de concreto delimitado por a0 está sujeito a forças de compressão atuantes em direções distintas. De acordo com Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.], é conveniente escolher o valor de a0 como apresentado pela equação [8].

a 0 a 1 cos θ 2 sen θ 2 = a 1 cos( θ 3 ) sen( θ 3 ) (8)

Entretanto, não é apresentado um valor limte para a0. O cálculo das tensões nodais superiores e inferiores é feito utilizando as equações [9] e [10], respectivamente.

σ zns = F u,exp a 1 b (9)

σ zni = R est A est 1+ u cotg(θ) a 1 sen²(θ) (10)

sendo que:

Fu,exp é a força última experimental aplicada ao pilar;

Rest é a reação de Fu,exp em cada estaca;

Aest é a área da seção transversal da estaca;

a0 é a área de contribuição junto à zona nodal superior;

a1 é a dimensão do pilar ou da estaca medida no sentido da biela;

b é a dimensão do pilar medida no sentido perpendicular da biela;

u é a altura em que as barras longitudinais estão distribuídas considerando uma camada de cobrimento superior e;

θ é o ângulo de inclinação da biela.

Diferentemente dos outros autores, Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] propõe que a taxa de armadura do pilar influencia no modo como é transferida a força de compressão do pilar para o bloco.

Como mostra a Figura [6], Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] analisa a tensão de compressão em uma área de concreto ampliada Ac,Amp, distante um valor x do topo do bloco.

Figura 6
Área ampliada Ac,Amp, adaptado de Fusco [15]

Essa área ampliada é aproximadamente nove vezes maior do que a área da seção do pilar e sua posição depende apenas da taxa de armadura do pilar. Como mostrado na Tabela [21], quanto maior for a taxa de armadura presente no pilar, mais distante da face superior é a área Ac,Amp. O valor de x é apenas indicativo da posição da área ampliada em relação a face superior do bloco, uma vez que a posição de x não interfere no valor de Ac,Amp.

Outro aspecto importante é que Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] indica que a tensão na zona nodal inferior está dentro dos limites aceitáveis baseando-se na tensão atuante na estaca e, assim, com as equações [11] e [12] calculam-se as tensões nas zonas nodais superior e inferior, respectivamente.

σ zns = σ cv,d sen²( θ ) (11)

σ zni = R est 1,4 A est (12)

sendo que: σcv;d é a tensão vertical atuante na profundidade x do topo do bloco, calculada por Fu,expAc,Amp;

Fu,exp é a a carga última aplicada ao pilar;

Ac,Amp é a área da seção transversal do pilar ampliada na profundidade x em relação ao topo do bloco;

Rest é a reação atuante na estaca;

Aest é a área da seção transversal da estaca e;

θ é o ângulo de inclinação da biela.

2.2 Limites dos valores das tensões nodais

Como o intuito do trabalho é comparar os modelos de cálculo das tensões com os limites indicados pelas normas, foram considerados os limites propostos pelos autores Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.], Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] e Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.], bem como os limites propostos pelas normas ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.], EHE-1998 [16[16] COMISÍON PERMANETE DEL HERMIGÓN (1998). Ministério de Fomento. Centro de Publicaciones. Instricción de Hormigón Estructural (EHE), Madrid, 1998.], ACI 318-14 [17[17] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE 920140. Building code requirements for structural concrete (ACI 318-14). Detroit, USA.], CEB-fib [18[18] COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON (1990). CEB-FIB Model Code. Paris, 1990.] e CEB-fib [19[19] COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON (2010). CEB-FIB Model code prepared by special activity group 5. Paris, 2010.].

Como se tratam de dados experimentais, não foi considerado o coeficente γc de minoração da resistência do concreto, sendo que este é usado apenas para projeto. Da mesma forma, não foi considerado o efeito Rüsch e o coeficiente αv2 pois as forças aplicadas nos modelos até as suas ruínas não foram de longa duração.

A Tabela [22] mostra todos os limites considerados para a análise em função dos seguintes tipos de nós:

  • Nó CCC - bielas prismáticas;

  • Nó CCT - bielas atravessadas por tirante único e;

  • Nó CTT ou TTT - bielas atravessadas por mais de um tirante.

Por considerar que o concreto na região de contato entre pilar/bloco esteja no estado triplo de tensões, é proposto pelos autores deste trabalho que o limite de tensão para a zona nodal superior seja igual à resistência no estado triplo de tensões indicada pela ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.]. Estando o concreto submetido ao estado triplo de tensões, com σ3 ≥ σ2 ≥ σ1, considera-se o seguinte limite:

σ 3 = f ck + 4 σ 1 (13)

sendo que:

σ1 ≥ - fctk (sendo as tensões de tração consideradas negativas).

Desta maneira, o valor limite para a tensão na zona nodal superior é um valor maior do que o valor proposto (para nós CCC) pela ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.].

Por fim, os autores fazem uma observação em relação aos limites apresentados. O livro ABNT NBR 6118:2014 Comentários e Exemplos de Aplicação [20[20] INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO. ABNT NBR 6118:2014 Comentários e Exemplos de Aplicação. 1 ed, São Paulo-SP, 2015, 480 p.], editado pelo Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), equivoca-se a respeito dos limites estabelecidos por Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.].

Na publicação é dito que os limites para as tensões nodais, tanto superior quanto inferior, dependem de um fator α, e que tal fator depende do número de estacas no qual o bloco é apoiado. O livro considera que o valor α seja aplicado tanto para a zona nodal superior, quanto para a zona nodal inferior.

De acordo com Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.], o valor de α deverá ser aplicado apenas para a zona nodal superior, como exposto na Tabela [22].

3. Resultados e discussões

Para cada bloco ensaiado por cada um dos autores citados extraiu-se a força última experimental e o ângulo de inclinação das bielas. Com essas informações, aplicou-se as equações [1], [2] e [3] para encontrar as forças de reação na estaca, nas bielas e nos tirantes que atuaram nos modelos. Os resultados dessa etapa de cálculo são mostrados nas Tabelas [11] a [20].

Tabela 11
Forças atuantes nos ensaios realizados por Mautoni [5]

Tabela 12
Forças atuantes nos ensaios realizados por Fusco [6]

Tabela 13
Forças atuantes nos ensaios realizados por Adebar et al. [4]

Tabela 14
Forças atuantes nos ensaios realizados por Chan e Poh [7]

Tabela 15
Forças atuantes nos ensaios realizados por Miguel [8]

Tabela 16
Forças atuantes nos ensaios realizados por Delalibera e Giongo [9]

Tabela 17
Forças atuantes nos ensaios realizados por Barros [10]

Tabela 18
Forças atuantes nos ensaios realizados por Munhoz [11]

Tabela 19
Forças atuantes no ensaio realizado por Mesquita [12]

Tabela 20
Forças atuantes nos ensaios realizados por Cao e Bloodworth [13]

Assim, com tais forças últimas, é possível aplicar os modelos para cálculo das tensões nodais e comparar com cada um dos limites apresentados pela Tabela [22].

Analisando atentamente a Tabela [22] nota-se que, após excluir os coeficientes de ponderações, muitos limites tornaram-se iguais. Assim, pode-se verificar que um dos fatores que provocam a discrepância entre os limites são os coeficientes de segurança que cada norma e autores adotam.

Os resultados obtidos para as tensões atuantes e tensões limites para a situação última dos ensaios, tanto para a zona nodal superior (σzns) quanto para a zona nodal inferior (σzni), de cada autor, de acordo com as equações apresentadas, estão mostrados nas Tabelas [23] a [33].

Tabela 21
Valores de x/b de acordo com Fusco [6]

Tabela 22
Tensões limites para as regiões nodais sem considerar γc, o efeito de Rüsch e αv2

Tabela 23
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Mautoni [5]

Tabela 24
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Fusco [6]

Tabela 25
Tensões atuantes na direção x × Limites considerados para os ensaios de Adebar et al. [4]

Tabela 26
Tensões atuantes na direção y × Limites considerados para os ensaios de Adebar et al. [4]

Tabela 27
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Chan e Poh [7]

Tabela 28
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Miguel [8]

Tabela 29
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Delalibera e Giongo [9]

Tabela 30
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Barros [10]

Tabela 31
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Munhoz [11]

Tabela 32
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Mesquita [12]

Tabela 33
Tensões atuantes × Limites considerados para os ensaios de Cao e Bloodworth [13]

Para facilitar o entendimento, as Figuras [7] a [26] mostram, para cada autor, no eixo x o modelo ensaiado e no eixo y os valores das tensões calculadas por cada um dos métodos. As linhas horizontais representam os valores médios das tensões limites em kN/cm2. As figuras [27] e [28] mostram todos os modelos.

Figura 7
Modelos ensaiados por Mautoni [5] × σzni

Figura 8
Modelos ensaiados por Mautoni [5] × σzns

Figura 9
Modelos ensaiados por Fusco [6] × σzni

Figura 10
Modelos ensaiados por Fusco [6] × σzns

Figura 11
Modelos ensaiados por Adebar et al. [4] × σzni

Figura 12
Modelos ensaiados por Adebar et al. [4] × σzns

Figura 13
Modelos ensaiados por Chan e Poh [7] × σzni

Figura 14
Modelos ensaiados por Chan e Poh [7] × σzns

Figura 15
Modelos ensaiados por Miguel [8] × σzni

Figura 16
Modelos ensaiados por Miguel [8] × σzns

Figura 17
Modelos ensaiados por Delalibera e Giongo [9] × σzni

Figura 18
Modelos ensaiados por Delalibera e Giongo [9] × σzns

Figura 19
Modelos ensaiados por Barros [10] × σzni

Figura 20
Modelos ensaiados por Barros [10] × σzns

Figura 21
Modelos ensaiados por Munhoz [11] × σzni

Figura 22
Modelos ensaiados por Munhoz [11] × σzns

Figura 23
Modelos ensaiados por Mesquita [12] × σzni

Figura 24
Modelos ensaiados por Mesquita [12] × σzns

Figura 25
Modelos ensaiados por Cao e Bloodworth [13] × σzni

Figura 26
Modelos ensaiados por Cao e Bloodworth [13] × σzns

Figura 27
Modelos ensaiados × σzni

Figura 28
Modelos ensaiados × σzns

A análise dos gráficos confirma a discrepância entre os limites, entretanto, os limites para a zona nodal inferior são mais próximos do que os limites da zona nodal superior para todos os blocos.

Para os blocos ensaiados por Mautoni [5[5] MAUTONI, M. Blocos sobre dois apoios, São Paulo, Grêmio Politécnico, 1972, 89 p.], observa-se que os limites estabelecidos por Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] e pelo CEB-fib [19[19] COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON (2010). CEB-FIB Model code prepared by special activity group 5. Paris, 2010.] apresentam valores mais próximos do valor médio, enquanto que para a zona nodal superior, as tensões são melhores representadas tanto pelos limites de Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] quanto pelos limites do CEB-fib [19[19] COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON (2010). CEB-FIB Model code prepared by special activity group 5. Paris, 2010.] e do ACI 318-14 [17[17] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE 920140. Building code requirements for structural concrete (ACI 318-14). Detroit, USA.].

O mesmo raciocínio pode ser expandido para os demais casos, exceto para os blocos ensaidos por Adebar et al. [4[4] ADEBAR, P.; KUCHMA, D. COLLINS, M. P. Strut-and-tie models for design of pile caps: an experimental study. ACI Journal, v.87, 1990; p.81-91.]. O fato de dispor as estacas com distâncias diferentes em x e em y, gerou variações consideráveis nas tensões calculadas.

A consideração do estado multiaxial de tensões se mostrou coerente em todos os casos, sendo o valor calculado próximo ao valor estabelecido por Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.].

Em alguns casos particulares como Chan e Poh [7[7] CHAN, T. K. POH, C. K. Behavior of precast reinforced concrete pile caps. Construction and building materials, v.14, n.2, 2000; p.73-78.] e Mesquita [12[12] MESQUITA, A. C. A influência da ligação pilar-bloco nos mecanismos de rupture de blocos de fundação sobre duas estacas, Goiânia, 2015, Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Goiás, 165 p.], as tensões para a zona nodal inferior calculadas pelo modelo de Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] ficaram muito abaixo dos valores limites, inclusive dos valores limites estipulados por Fusco [15].

Para os modelos ensaidos por Delalibera e Giongo [9[9] DELALIBERA, R. G.; GIONGO, J. S. Deformação nas diagonais comprimidas em blocos sobre duas estacas. Revista IBRACON de estruturas e materiais. V1, n.2 (junho 2008), p. 121-157.], cujo nome terminam com Asw,c, as tensões atuantes foram ligeiramente maiores pois esses modelos foram detalhados com uma armadura dimensionada para absorver as tensões de tração que provocam o fendilhamento na biela de compressão. Também houve uma variabilidade nas tensões quando era considerada uma excentricidade na força última aplicada, como pode ser observado nos modelos com final e0, e2,5, e5 e e12,5.

Os valores de tensões calculados pelos três métodos propostos foram discrepantes entre si. O fato de Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] considerar a tensão na zona nodal superior calculada em uma área Ac,Amp fez com que os valores fossem muito menores em relação aos demais valores calculados. Tal fato se reflete nos limites. O modelo de cálculo de tensões proposto por Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] é compatível apenas com os limites por ele estabelecidos, entretanto, é necessário ressalvar que não é claro como o autor encontrou os limites propostos.

As tensões calculadas pelo método de Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] são as que apresentam melhores resultados, pois os valores não demonstram grande variabilidade, o que não ocorreu com os valores calculados pelo modelo de Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.]. As tensões calculadas por Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.] estão, em muitos casos, fora dos limites apresentados.

4. Conclusões

Analisando as formulações apresentadas para o cálculo das tensões e dos valores limites, fica evidente a discrepância entre cada método. Dessa maneira, um mesmo bloco pode ser considerado “verificado” ou não dependendo do modelo empregado para analisar as tensões.

Os valores limites médios para a zona nodal inferior estão mais próximos dos que os valores médios para a zona nodal superior, evidenciando que a maior incongruência em relação aos limites está na zona nodal superior.

A consideração do estado multiaxial do concreto leva a valores limites intermediários aos valores apresentados por Blévot e Frémy [2[2] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics. Paris, v.20, n. 230, 1967, p. 223-295.] e por Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] que são valores maiores dos que os indicados pela ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.], sendo o valor do estado triplo de tensão um valor mais representativo quando comparado com a tensão última da zona nodal superior.

O modelo apresentado por Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] faz considerações a respeito da zona nodal superior que não ficam muito claras, pois não há demonstração precisa para o valor limite de 2/9 de f c. A consideração de uma área ampliada Ac,Amp, distante x da face superior do bloco, faz com que as tensões fiquem muito aquém quando comparadas com os demais métodos. As tensões calculadas pelo método de Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.] são compatíveis apenas com os valores limites apresentados por ele e, dessa forma, não se pode aplicar os limites descritos pela ABNT NBR 6118:2014 [3[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014). ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT 2014.] quando se calculam as tensões utilizando o modelo de Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.].

O limite apresentado pela norma espanhola EHE-1998 [16[16] COMISÍON PERMANETE DEL HERMIGÓN (1998). Ministério de Fomento. Centro de Publicaciones. Instricción de Hormigón Estructural (EHE), Madrid, 1998.], para a zona nodal superior, é muito elevado em relação aos demais limites, bem como muito superior ao valor das tensões calculadas, de tal modo que,deve-se ter cautela ao considerá-la pois, os blocos analisados apresentaram ruína com tensões na zona nodal superior muito menores do que o valor limite apresentado pela norma espanhola.

Avaliando os gráficos para tensões (excluindo os valores de Fusco [15[15] FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto, 2 ed, São Paulo-SP, Editora Pini LTDA, 2013, 395 p.]), é evidente que, para zona nodal inferior, os valores do CEB-fib [18[18] COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON (1990). CEB-FIB Model Code. Paris, 1990.] apresentam melhores resultados, enquanto para a zona nodal superior os melhores resultados limites são os indicados por Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] e pelo estado triplo de tensões proposto pelos autores deste trabalho. Isso evidencia que, juntamente com a análise da Figura [4[4] ADEBAR, P.; KUCHMA, D. COLLINS, M. P. Strut-and-tie models for design of pile caps: an experimental study. ACI Journal, v.87, 1990; p.81-91.], a representação da zona nodal superior sugerida por Schlaich e Schäfer [14[14] SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K. Design and detailing of structural concrete using strut-and-tie models, The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991, p. 113-125.] é melhor caracterizada pelo estado triplo de tensões. Assim, sugere-se que, para a zona nodal superior, seja considerado o efeito do estado multiaxial de tensões.

Diferentes áreas das seções transversais de pilares, presença de armadura para resistir às tensões de tração provocada por fendilhamento, seção transversal da estaca e taxa de armadura do pilar, influenciam nos valores das tensões atuantes e não são contemplados por nenhum modelo de cálculo apresentado até o momento, sendo possível fonte de pesquisas futuras.

5. Agradecimentos

À Faculdade de Engenharia Civil vinculada à Universidade Federal de Uberlândia e à empresa Gerdau S.A., pelo apoio à pesquisa.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2018

Histórico

  • Recebido
    17 Maio 2017
  • Aceito
    25 Ago 2017
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