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Monitorização da infecção pelo T. cruzi através do rastreamento sorológico em bancos de sangue

Dados de soroprevalência para doença de Chagas em primo-doadores de sangue obtidos num estudo seccional foram comparados com estimativas prévias obtidas há 15 anos na mesma população no intuito de estudar tendência temporal da infecção pelo T. cruzi. Durante o período de outubro de 1988 à abril de 1989, 1358 primo-doadores de sangue em seis dos oito bancos de sangue de Goiânia-Goiás foram rastreados sorologicamente para detecção de anticorpos anti-T. cruzi pelas técnicas de Hemaglutinação indireta (IHA) e Fixação de Complemento (FC). Os doadores foram entrevistados colhendo-se informações sobre idade, sexo, naturalidade, história de migração e nível sócio-e-conômico para a estimativa de soroprevalências específicas. Foi obtida uma prevalência global de 3,5% (limites de confiança 95%, 2,5-4,5), detectando-se um aumento de prevalência com a idade até os 45 anos e posterior decréscimo. Indivíduos procedentes de zona rural apresentaram taxas de soroprevalências superiores aquelas obtidas entre os doadores de área urbana (1,8%-16,2% vs. 0%-3,6%). Foi observado um decréscimo de quatro vezes na taxa de prevalência global quando se comparou os resultados atuais com estimativas obtidas nos estudos anteriores. Duas hipóteses foram sugeridas para explicar a variação de prevalência: 1. um efeito "coorte" relacionado ao decréscimo da transmissão em áreas rurais e/ou 2. diferenças na composição urbano-rural da população de doadores nos diferentes períodos de estudo. Foi enfatizada a utilização do rastreamento sorológico realizado de rotina pelos bancos de sangue como fonte de informação epi-demiológica para monitorizar tendência da infecção pelo T. cruzi.


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