RESUMO
Objetivo:
Caracterizar a presença de alegações nutricionais no painel frontal de embalagens de alimentos ultraprocessados direcionados a crianças e conhecer a percepção infantil no que diz respeito à presença de estratégias de marketing e alegações nutricionais nos rótulos dos mesmos.
Métodos:
Foi realizada a análise de imagens fotográficas (painel frontal, tabela nutricional e lista de ingredientes) de rótulos de 535 alimentos embalados com estratégias de marketing para o público infantil obtidas em levantamento censitário em supermercado brasileiro de grande porte. Também foi feita a identificação de produtos com características de ultraprocessados e a posterior quantificação e descrição das alegações nutricionais presentes. Foram conduzidos grupos focais com crianças de oito a 10 anos.
Resultados:
Um total de 472 (88.0%) dos 535 alimentos embalados direcionados a crianças foram classificados como ultraprocessados. Destes, 220 (46,6%) apresentaram uma ou mais alegações nutricionais em seu painel frontal (n=321), a maioria (n=236, 73,5%) relativa à presença ou quantidade aumentada de vitaminas e minerais. A alegação de isenção/redução mais encontrada foi relativa ao conteúdo de gordura trans (n=48). Nos grupos focais, foi possível perceber a influência da presença de alegações nutricionais sobre as crianças, as quais consideraram importante o destaque nas embalagens, mas manifestaram confusão quanto ao teor e ao foco das mesmas.
Conclusão:
O destaque de alegações nutricionais em embalagens de alimentos ultraprocessados direcionados a crianças foi comum nos produtos analisados e pareceu influenciar a percepção infantil sobre a qualidade do produto como um todo. Os resultados indicam a necessidade de revisão criteriosa da legislação referente à presença de alegações nutricionais em embalagens de alimentos ultraprocessados.
Palavras-chave:
Criança; Grupos focais; Marketing; Rotulagem nutricional