A prática como produção de saber na educação semipresencial

Abrahão, Ana Lúcia

doi:10.1590/0103-11042019S607

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Sumário

ENSAIO • Saúde debate 43 (spe6) • 2019 • https://doi.org/10.1590/0103-11042019S607 copiar

A prática como produção de saber na educação semipresencial

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RESUMO

Este ensaio tem como objetivo refletir sobre a produção da formação em saúde, no contexto de cursos à distância, voltado para a gestão em saúde, em que se propõe a lógica semipresencial. A partir dos eixos Conhecimento e Educação Permanente em Saúde, constrói argumentos para um diálogo sobre o aprender e ensinar a distância. Aponta para uma virtualidade que se atualiza em um território de natureza micropolítica e tecnopolítica, uma vez que envolve mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde, nas organizações e nas pessoas.

PALAVRAS-CHAVE
Formação profissional; Educação Permanente em Saúde; Ensino na saúde

Tipo de conhecimento	Principais caraterísticas
Conhecimento reativo/prescritivo	Conhecimento produzido como uma reação ao problema apresentado que neste processo, toma a matriz protocolar dos saberes previamente formulados, como sendo a única forma de construção do saber do qual a prática toma por base. Revela um automatismo no agir - ação/reação, com pouca margem para a reflexão. Reage de acordo com o estabelecido, uma resposta que se encontra vinculada ao instituído daquela ação desenvolvida. Um conhecimento válido e importante em situações de urgência clínica, por exemplo.
Conhecimento do uso de si	Nesta dimensão o conhecimento que se envolve com o trabalho, vincula-se a dramática do uso de si, do dilema entre o quanto do próprio sujeito da ação entra e se põe a disposição do processo de produção. Há sempre uso de si na construção de conhecimento pelo fato de que estamos vivo. Reinventar maneiras de viver, de sobreviver, de viver em comum é algo que pulsa e nos move. Viver não pode ser pura execução. Não podemos imaginar nenhuma atividade - de trabalho ou outra- que não seja também uso de si, ou seja, a mobilização desta substância enigmática³3 Schwartz Y, Echternacht EH. O trabalho e a abordagem ergológica: "usos dramáticos de si" no contexto de uma central de tele-atendimento ao cliente. Informática na Edu. Teoria & prática. 2007; 10(2):9-24.⁽¹⁷⁾. Muito semelhante ao tipo de conhecimento seguinte, pois se relaciona com o ato, de modo que ao produzir conhecimento este se faz com a inclusão de uma parte de si no processo.
Conhecimento implicado	O conhecimento produzido a partir da implicação se assemelha com a construção de si. Se diferenciando pela dimensão implicada presente na produção. O conhecimento implicado, não se sintetiza a partir de uma questão de vontade, de decisão consciente do trabalhador; o conhecimento implicado no trabalho abarca uma análise do sistema de lugares, o apontamento do lugar que o trabalhador ocupa daquele que ele almeja ocupar e do que lhe é encarregado ocupar - enquanto profissional do campo da saúde - com os desafios que isto acarreta. A produção de um conhecimento implicado estabelece a negação da neutralidade do usuário/profissional procura romper as barreiras entre sujeito que conhece e objeto a ser conhecido. Um conhecimento implicado se relaciona com as pertenças e sociais, políticas, libidinais de poder dos envolvidos nesta produção.
Conhecimento reflexivo	O saber produzido a partir do processo reflexivo dos envolvidos na produção do conhecimento, é estabelecido, sobre aquilo que acontece e toca no ato do trabalho, naquilo que passa e toca o profissional. Neste movimento a dinâmica reflexiva do reconhecimento do que é produzido, conduz a diferença do conhecimento produzido no ato. O conhecimento reflexivo se faz no ambiente de alteridade de reconhecimento do outro nesta construção. Este tipo de conhecimento é construído e se estabelece no acontecimento, como algo partilhado, um saber que produz a reflexão sobre aquilo que acontece no encontro.

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