RESUMO
A pandemia de covid-19 exigiu reorganização das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para garantir maior capacidade diagnóstica laboratorial em tempo oportuno, o que requereu profissionais de saúde capacitados, disponibilidade de insumos/materiais e estratégias adequadas de manejo das amostras no Laboratório Central (Lacen). Em 2020-2021, a estrutura das UBS do Distrito Federal (DF) foi avaliada por meio de estudo transversal analítico, censitário. A coleta de dados, remota, ocorreu por entrevista telefônica estruturada e questionário de autopreenchimento. Fez-se análise estatística no software R, comparando UBS-Sentinela com UBS-Tradicional. A capacitação no teste rápido e/ou na coleta da amostra por swab entre enfermeiros foi quase universal (> 99%), e entre técnicos de enfermagem, foi alta (70%); por outro lado somente 9% dos médicos receberam alguma capacitação. Registrou-se fluxo definido para encaminhar amostras para o Lacen em 89% das UBS, visando diagnosticar o Sars-CoV-2; os prazos de retorno dos resultados laboratoriais foram cumpridos em 70% dos casos. Insumos, materiais e equipamentos estavam disponíveis em quantidades suficientes, sobretudo nas UBS-Sentinela. Nestas, 63% das equipes conheciam o manual de coleta MA-LACEN-0007, comparado com 35% das equipes na UBS-Tradicional (p < 0,001). Apesar dos desafios, o DF apresentou capacidade de resposta satisfatória quanto ao diagnóstico laboratorial de covid-19.
PALAVRAS-CHAVES Capacidade de resposta ante emergências; Atenção Primária à Saúde; Vigilância em saúde pública; Covid-19
ABSTRACT
The COVID-19 pandemic required the reorganization of PHC Units (UBS) to ensure greater laboratory diagnostic capacity timely, which demanded trained health professionals, availability of inputs/materials, and adequate sample management strategies at the Central Laboratory (LACEN). In 2020-2021, an analytical cross-sectional census study evaluated the UBS structure in the Federal District (DF). Data were collected remotely through structured telephone interviews and a self-completed questionnaire. Statistical analysis was carried out in Software R, comparing UBS-Sentinel with UBS-Traditional units. Nurse training in rapid testing or swab sample collection was almost universal (> 99%) and high among nursing technicians (70%). On the other hand, only 9% of doctors received any training. A defined flow was registered to forward samples to LACEN in 89% of UBS to diagnose SARS-CoV-2. The deadlines for returning laboratory results were met in 70% of cases. Inputs, materials, and equipment were available in sufficient amounts, especially at UBS-Sentinel units. In these UBS, 63% of the teams knew the MA-LACEN-0007 collection manual, compared to 35% at UBS-Traditional units (p < 0.001). Despite the challenges, the DF showed a satisfactory response capacity regarding the COVID-19 laboratory diagnosis.
KEYWORDS Surge capacity; Primary Health Care; Public health surveillance; COVID-19
Introdução
Em 31 de dezembro de 2019, vários casos de pneumonia de etiologia desconhecida, na cidade de Wuhan, foram relatados pela República Popular da China à Organização Mundial da Saúde (OMS), posteriormente atribuída ao vírus Sars-CoV-2. O primeiro caso conhecido na América do Sul ocorreu em 26 de fevereiro de 20201,2; no Brasil, o Distrito Federal (DF) registrou o primeiro caso em 5 de março de 20203 – e no mesmo mês e ano, no dia 11, a OMS declarou o surto de covid-19 como uma emergência sanitária internacional1,2. Entre os sinais e sintomas mais comuns dessa doença, estão: infecção respiratória, febre, tosse e dispneia, dores musculares, diarreia, dor torácica e cefaleia4,5,6.
Em 5 de maio de 2023, a OMS declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional para a covid-19 devido à diminuição na incidência da morbimortalidade e aos altos níveis de imunização da população ao Sars-CoV-2. No entanto, a covid-19 permanece caracterizada como pandemia por se tratar de doença infecciosa que ainda provoca óbitos no mundo todo7. No Brasil, até o dia 30 de outubro de 2023, houve 37.905.713 casos e 706.531 óbitos (letalidade 1,9%)3.
A Atenção Primária à Saúde (APS), ao servir de porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), tem um papel crucial no acolhimento, na prevenção, no diagnóstico e no manejo de pacientes na comunidade por sua capacidade de diminuir a sobrecarga da atenção especializada, sobretudo de hospitais, desempenhando ações de organização do fluxo dos usuários e de coordenação do cuidado8.
A APS tem sido discutida mundialmente como uma das principais estratégias no controle da pandemia de covid-19 incluindo testagem e notificação9. No início da pandemia, o teste diagnóstico era aconselhável para indivíduos com sintomas ou aqueles expostos a pessoas com suspeita ou confirmação da doença. O teste também era recomendado para fins de viagem, recreação, reuniões sociais e profissionais10,11. Os resultados oportunos desses testes ajudaram a fornecer recomendações aos pacientes, a proteger os trabalhadores da saúde e a limitar a transmissão da covid-1912.
Destarte, a APS contribuiu significativamente para o alcance da equidade e da universalidade, assim como atuou de forma integrada nas ações de vigilância em saúde nos territórios durante a crise sanitária13,14,15,16,17. Apesar disso, os profissionais de saúde da APS lidaram com a insuficiência de treinamento, com a escassez de insumos e tiveram que se reorganizar para os novos fluxos assistenciais18,19,20. Ademais, foram documentadas condições de trabalho precárias em países asiáticos e europeus, que resultaram em redução na qualidade do atendimento, configurando ameaça à segurança de pacientes e profissionais de saúde19,21,22.
No caso da pandemia de covid-19, seguindo as orientações estabelecidas pela OMS e pelo Ministério da Saúde23,24, as Unidades Básicas de Saúde Sentinela (UBS-Sentinela) atuaram no desenvolvimento de ações relacionadas com a investigação de surtos de forma sistemática, continuada, rotineira e oportuna, como forma de resposta à pandemia. Compreende-se como unidade sentinela aquela que colabora para o cumprimento das ações de vigilância em saúde. Trata-se de uma forma eficiente e custo-efetiva de coleta e gerenciamento de dados para manejo de doenças, especialmente infeciosas24.
No DF, além das ações realizadas pelas UBS-Sentinela, o Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (QualisAPS), instituído pela Portaria nº 39, de 23 de janeiro de 201925, tem acompanhado de perto a reestruturação das UBS para uma melhor qualificação da assistência aos usuários, e, em 2020, realizou avaliação da resposta da APS à pandemia de covid-1926.
A covid-19, após decretado o fim da emergência sanitária internacional, assumiu outro aspecto, a de doença infeciosa de manejo contínuo, assim como outras de notificação compulsória no Brasil que requerem vigilância constante7. A despeito da relevância de conhecer o cenário epidemiológico vivenciado e as adequações feitas na APS para o enfrentamento e diagnóstico da doença, há escassez de estudos no Brasil que evidenciem esse aprendizado, que pode ser mantido e aprimorado não somente para a manutenção de seu controle, mas também como preparação para outras epidemias que poderão surgir, subsidiando ações estratégicas de programação, monitoramento e avaliação voltadas a doenças infecciosas no primeiro nível de assistência à saúde.
Ao considerar a necessidade de conhecer o preparo da APS para responder às demandas da pandemia no cenário epidemiológico que se apresentava à época da emergência sanitária internacional, este estudo analisa a capacidade das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do DF para o diagnóstico laboratorial da covid-19, incluindo capacitação dos profissionais, estratégias de manejo das amostras e disponibilidade de testes diagnósticos, nos anos de 2020 a 2021.
Material e métodos
Trata-se de estudo transversal analítico, censitário, desenvolvido no contexto do Programa QualisAPS. Os dados de interesse foram coletados, remotamente, a partir de agosto de 2020. Entre as 165 UBS existentes no DF, duas atrasaram a coleta de dados (1,2%), mas finalizaram nos dias 4 e 7 janeiro de 2021. Desse modo, mais de 99% da coleta de dados ocorreram no primeiro ano da pandemia (2020). Assim, foi possível concluir a pesquisa com 159 UBS (perda amostral de 3,6%).
Os gestores de todas as UBS foram contactados previamente para os devidos esclarecimentos sobre a pesquisa e sobre a exigência da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a ser assinado eletronicamente antes do início da entrevista.
A metodologia envolveu entrevistas e preenchimento de formulário. As entrevistas foram estruturadas e conduzidas com gestores ou supervisores de 159 UBS do DF por meio de ligação telefônica, após a qual cada entrevistado realizou o autopreenchimento do formulário eletrônico, cujo link foi disponibilizado por mensagem de e-mail.
Para a produção de informações e coleta de dados, utilizou-se instrumento desenvolvido como parte das atividades do Programa QualisAPS para análise da estrutura e da capacidade de resposta das UBS à covid-19. Tal instrumento está composto por 11 Eixos: Eixo 1 (identificação do respondente); Eixo 2 (identificação da UBS); Eixo 3 (funcionamento da UBS durante a pandemia de covid-19); Eixo 4 (capacitação da força de trabalho); Eixo 5 (organização e processo de trabalho); Eixo 6 (estrutura); Eixo 7 (equipamentos, móveis e insumos); Eixo 8 (Equipamento de Proteção Individual – EPI); Eixo 9 (acompanhamento do paciente e exames); Eixo 10 (informação, vigilância, integração e comunicação); e Eixo 11 (gestão). No total, 127 itens compuseram o instrumento. Outrossim, sua aplicação foi dividida em dois módulos: telefone (duração média de 45 minutos) e autopreenchimento (duração média de 60 minutos)26. Para o Eixo 4, optou-se por analisar as variáveis relacionadas com os profissionais enfermeiro, técnico de enfermagem, médico, cirurgião-dentista e técnico em saúde bucal, que foram aqueles que, durante a pandemia, tinham habilitação legal para a realização dos testes diagnósticos para covid-19, ora por ser ação inerente a seu exercício profissional (medicina e enfermagem), ora por ter havido autorização da entidade de classe para tal (odontologia)27,28.
O instrumento foi hospedado no Software Research Eletronic Data Capture (REDCap), plataforma para coleta de dados de acesso aberto, criada pela Vanderbilt University, Tennessee, Estados Unidos da América29.
No DF, existem 165 UBS, sendo 61 UBS-Sentinela para a vigilância de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave; as 104 restantes são UBS-Tradicionais. Para identificar os locais de maior concentração de UBS-Sentinela, verificou-se a distribuição geográfica, por Regiões de Saúde (RS), das 159 UBS participantes, especificando as UBS-Tradicionais e as UBS-Sentinelas, por meio do QGIS (versão 3.20.2, Odense), Sistema de Informação Geográfica livre e de código aberto.
As análises estatísticas foram realizadas no software R (versão 4.3.1) e incluíram frequência relativa, Qui-quadrado e Teste de Fisher. Todas as variáveis do estudo foram cruzadas com a variável UBS-Sentinela, para identificação das diferenças percentuais entre estas e as UBS-Tradicionais, adotando-se o nível de significância de 5%. Dessa forma, para um p-valor inferior a 0,05, considerou-se a rejeição da hipótese nula de acordo com cada teste aplicado.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, sob o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) nº 29640120.6.0000.0030, parecer nº 3.937.242, em conformidade com a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde30.
Resultados
As 57 UBS-Sentinela concentram-se em maior número nas RS Sudoeste e Oeste, ambas com 15. Neste estudo, descreveu-se a qualificação para o diagnóstico da covid-19 de 159 UBS que responderam ao instrumento para avaliação da estrutura. As UBS estão distribuídas nas sete RS do DF, a saber: Central (n = 9), Centro-Sul (n = 18), Leste (n = 24), Norte (n = 35), Oeste (n = 27), Sudoeste (n = 28) e Sul (n = 18). Destas, 35,8% (n = 57) são UBS-Sentinelas e 64,2% (n = 102) são UBS-Tradicionais (figura 1).
Distribuição espacial das Unidades Básicas de Saúde, por regiões de saúde, com diferenciação entre Unidades Básicas de Saúde Sentinelas e Unidades Básicas de Saúde Tradicionais, Distrito Federal, 2020 e 2021
No que diz respeito ao treinamento dos profissionais das UBS, a capacitação no teste rápido e/ou na coleta da amostra por swab entre enfermeiros foi quase universal (99,7%), e entre técnicos de enfermagem, foi alta (70,4%), não havendo associação significativa entre a proporção de profissionais capacitados e o tipo de UBS. Chama atenção a falta de capacitação de médicos para realização de ambos os testes, tanto nas UBS-Sentinelas quanto nas UBS-Tradicionais (91,2% e 90,2%, respectivamente, sem nenhum treinamento) (tabela 1). Notou-se que os técnicos em saúde bucal possuíam capacitação para a realização dos testes rápidos (teste de anticorpo) para diagnóstico oportuno da covid-19, sendo mais frequente na UBS-Sentinela (38,6%) que na UBS-Tradicional (26,5%) estatisticamente significativo (p < 0,016).
Capacitação dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde do Distrito Federal para realização e coleta para os diferentes testes para covid-19, 2020-2021
Sobre a forma como foi realizada a capacitação para realização dos testes para covid-19 das categorias profissionais estudadas, 93,1% dos profissionais das UBS-Tradicionais, comparados com 86% dos profissionais das UBS-Sentinelas, indicaram ter realizado essa capacitação por meio de leitura de notas técnicas, seguido pela análise de protocolos de manejo da covid-19 (92,2% UBS-Tradicional e 80,7% UBS-Sentinela) (tabela 2).
Modalidades de capacitação dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde do Distrito Federal para realização dos diferentes testes para covid-19, 2020-2021
Quando verificada a disponibilidade de materiais e insumos para processamento e/ou envio dos testes para diagnóstico de covid-19, observou-se não haver diferença significativa entre as UBS-Sentinela e as UBS-Tradicionais para a maioria dos itens pesquisados (exceto etiquetas). Já no caso da presença de geladeira, 80,7% das UBS-Sentinela afirmaram ter esse equipamento para o armazenamento das amostras para covid-19 contra 60,8% das UBS-Tradicionais. Isso evidencia uma associação entre possuir etiqueta e geladeira (p < 0,019 e p < 0,009 respectivamente) e ser uma UBS-Sentinela.
Mais de 50% das UBS, independentemente de serem Sentinela ou Tradicional, possuíam termômetro, caixa isotérmica e gelo artificial reutilizável rígido para conservação das amostras para covid-19 em temperatura ideal (tabela 3).
Disponibilidade de materiais e insumos diagnósticos para processamento das amostras dos testes para covid-19 da Atenção Primária à Saúde, Distrito Federal, 2020-2021
Quando questionado aos gestores sobre a disponibilidade dos testes diagnósticos para covid-19 em suas UBS no momento da pesquisa, verificou-se que mais da metade das UBS (Sentinelas ou Tradicionais) possuíam quantidade suficiente tanto do kit para teste swab quanto do teste rápido (tabela 3).
Para o manejo das amostras dos testes, ou seja, o fluxo entre a APS e o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), os resultados evidenciaram associação entre ser UBS-Sentinela e a equipe conhecer o manual de coleta MA-LACEN-0007, com destaque para mais da metade das UBS-Sentinela (63,2%) cujas equipes referiram conhecê-lo quando comparado com as UBS-Tradicionais (35,3%) (p < 0,000).
Os materiais coletados nas UBS foram, em sua maioria, enviados ao Lacen-DF, tanto nas UBS-Sentinela quanto nas UBS-Tradicionais (92,9% e 85,3% respectivamente). A expressiva maioria das UBS-Sentinela (94,7%) e das UBS-Tradicionais (85,3%) afirmou possuir fluxo laboratorial definido para o encaminhamento das amostras, assim como disponibilidade de veículo para transporte de amostras com rota definida (em torno de 80% a 90%). As proporções eram maiores nas UBS-Sentinela embora as diferenças não tenham sido significativas (tabela 4).
Coleta e manejo das amostras dos testes para covid-19 das Unidades Básicas de Saúde, Distrito Federal, 2020-2021
Apesar de não ter sido evidenciada associação entre as UBS-Sentinela ou Tradicional para o cumprimento dos prazos de retorno laboratorial, mais da metade de ambas as UBS (73,7% e 67,6% respectivamente) relataram que recebiam os resultados dos exames laboratoriais para covid-19 dentro dos prazos.
Discussão
Em 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não realizou o censo, mas estimativas populacionais para o DF nesse ano apontaram 3.052.546 habitantes31. Os resultados indicaram que a distribuição de UBS-Sentinelas nas RS foi proporcional ao número de habitantes, observando-se maior número de UBS-Sentinela concentrado nas duas RS mais populosas: Sudoeste com 829.672 habitantes; e Oeste com 507.851 habitantes. Além disso, essas foram as regiões com maiores números de casos e óbitos3. De modo inverso, a RS Sul, que possui 272.959 habitantes, surgiu com o menor número de UBS-Sentinelas.
As UBS-Tradicional, por sua premissa estabelecida na Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), tem como característica a assistência pautada nos princípios e diretrizes do SUS no que tange às atividades de promoção da saúde e de prevenção dos agravos. Estas, durante o período pandêmico, foram reestruturadas para a assistência imediata a fim de conter a doença com ofertas de serviços voltados quase exclusivamente para a covid-19 devido a sua alta incidência32. No entanto, em 2023, haja vista o fim da emergência sanitária internacional, nas UBS-Tradicionais, ainda são ofertadas ações direcionadas à covid-19, mas com um olhar voltado ao manejo dela enquanto doença de notificação compulsória, cuja vacina agora integra o calendário do Programa Nacional de Imunização (PNI), e não mais o Plano Operacional de Vacinação Contra o Novo Coronavírus.
Ademais, devido à redução na incidência e no comportamento da doença, houve a retomada de diversos programas, serviços e oficinas, tanto para grupos específicos quanto para os usuários gerais33. As UBS-Sentinela, por se destinarem a funcionar como observatório ativo da qualidade e da segurança de produtos e serviços independentemente da existência de pandemias, permanecem ativas. Dentre seus objetivos, podem-se citar o auxílio à melhoria contínua do gerenciamento de risco nos serviços de saúde e a contribuição para as atividades formativas de profissionais de saúde, tais como educação continuada e produção de conhecimento em seu escopo de ação34.
À época da pandemia da covid-19, ao registrar casos e monitorá-los, as UBS-Sentinelas subsidiaram a análise de tendência e o gerenciamento do risco de transmissão da doença. A OMS proveu os Estados-Membros, incluindo o Brasil, de orientações sobre preparação, prontidão e resposta, destacando a relevância de reforço aos sistemas nacionais existentes com vistas ao aumento da capacidade de vigilância35.
No ano de 2020, o governo do DF emitiu a Nota Técnica nº 5, definindo os níveis de resposta do serviço da APS para enfrentamen-to da covid-19, como o monitoramento dos atendimentos por RS com objetivo de oportunizar resolução do caso e mitigar a doença, aumentar a capacidade de resposta, garantindo o acesso, o diagnóstico, o tratamento adequado e o encaminhamento de casos complexos para os outros níveis de assistência, além do telemonitoramento dos casos confirmados ou suspeitos. A capacidade diagnóstica se refere à resposta do sistema de saúde em se mobilizar de forma rápida diante de uma demanda aumentada advinda de necessidades em larga escala ou de emergência de saúde pública36.
A implementação de reorganização do trabalho e de aplicação dos testes diagnósticos exigiu capacitação dos profissionais de saúde da linha da frente em tempo hábil para minimizar os riscos a si mesmos e aos usuários19,20. Os profissionais da saúde da APS se capacitaram em estratégias para conhecimento da síndrome gripal, medidas de controle de riscos de infecção, aperfeiçoamento sobre biossegurança, para investigação de casos suspeitos de infecção pelo Sars-CoV-2, educação em saúde na comunidade sobre medidas de proteção contra o vírus e procedimentos para assegurar a sua saúde durante a coleta e o manuseio das amostras causadoras de agravos à saúde37.
O treinamento em serviço por meio da reprodução de situações do ambiente real em um ambiente seguro é uma metodologia adequada para o preparo de profissionais no enfrentamento de doenças38. No entanto, considerando o contexto da pandemia de covid-19, que se apresentou com disseminação acelerada de casos e óbitos e com escassez de insumos e materiais, houve exigência de rápida adequação dos serviços de saúde. Isso fez com que a maioria das capacitações tenha ocorrido da forma on-line e autoinstrucional com a divulgação de notas técnicas e protocolos elaborados pela OMS e pela Secretaria de Estado de Saúde do DF. Esse desenvolvimento de normas, rotinas, protocolos e fluxos de atendimento dos serviços norteou a reorganização da oferta de cuidados nesse cenário39 e, provavelmente, teve implementação favorecida pelas equipes de Saúde da Família (eSF).
Apesar de as evidências apontarem a Estratégia Saúde da Família (ESF) enquanto ferramenta que favorece uma resposta organizada aos problemas de saúde na APS e à coordenação de cuidados e direcionamento a serviços especializados40, a APS do DF não contava com essa organização até 2017, quando foi implementado o ‘Converte APS’41.
Entre outras ações, quando da efetivação do Converte APS, para além da capacitação dos profissionais em medicina da família e comunidade com vistas ao novo modo generalista de ofertar cuidados à população, houve expansão do horário de funcionamento das UBS em que havia quatro ou mais eSF (pela possibilidade de composição de escalas), passando para o período das 7h às 19h, ininterruptamente, e aos sábados, das 7h às 12h, com possibilidade de funcionamento até as 22h. Considerando que a pandemia teve seu início em 2020, pode-se inferir que a mudança de fluxos e rotinas impostos pelo Sars-CoV-2 encontrou uma APS mais bem direcionada aos conceitos de adscrição de clientela e de acompanhamento longitudinal, fundamentais à vigilância sentinela e ao manejo da covid-1941.
Outro ponto importante é que quase a totalidade dos enfermeiros afirmaram estar capacitados para a realização dos testes rápidos (e de coleta com swab), contribuindo para o diagnóstico precoce de casos suspeitos de covid-19, o rastreamento de contatos, além da realização de ações educativas. Nesse contexto, a enfermagem foi protagonista na organização dos serviços, na busca por provimento de insumos e materiais necessários, e na realização de capacitações com os demais profissionais da equipe para a realização de testes, manejo de insumos e amostras e atualização sobre vacinas39. Profissionais médicos, assim como os demais trabalhadores da APS, tiveram seu processo de trabalho e cuidados ofertados modificados pela dinâmica da pandemia. Apesar de eles reconhecerem sua relevância no manejo de pacientes infectados, na prevenção à doença e na garantia da continuidade de tratamento para pacientes não infectados e de serem formados para atuar em situação de emergência, um estudo em São Paulo evidenciou que isso não foi suficiente para que se sentissem preparados para o enfrentamento da covid-1942.
O enfrentamento dessa doença necessitou de insumos, de desenvolvimento de testes diagnósticos para detecção do Sars-CoV-2 por indústrias43, da contribuição de instituições de ensino e pesquisa44, além da operacionalização laboratorial45. Os achados deste estudo evidenciam a importância dos insumos, do manejo e da definição dos fluxos das amostras para os laboratórios por parte da APS do DF, indo ao encontro de estudos de outros autores46, que reportaram o papel essencial da APS por sua capilarização no território brasileiro e pela sua capacidade de reorganização diante da crise sanitária, incrementando as ações de vigilância epidemiológica, com adequados acolhimento, rastreamento, diagnóstico e notificação dos casos de covid-19.
Neste estudo, constatou-se a existência de testes rápidos e testes swab em quantidades suficientes em mais de 60% das UBS do DF, corroborando as recomendações do Guia sobre Vigilância Integrada de Síndromes Respiratórias Agudas Doença pelo Coronavírus 2019, Influenza e outros vírus respiratórios47 e da Nota Técnica nº 3048, em que se descrevem as ações da APS como ponto de partida para investigação dos casos de covid-19, diagnóstico por meio dos testes mencionados e acompanhamento dos usuários do serviço testados com resultado positivo para o Sars-CoV-2.
Os métodos diagnósticos utilizados para detecção da covid-19 na APS foram os testes rápidos presentes em dois tipos no mercado: I) que identificam proteínas na fase ativa da infecção, conhecidos como teste de antígeno; e II) os que detectam anticorpos como resposta imunológica do organismo quando exposto ao vírus, ambos denominados de métodos sorológicos. Houve, também, os métodos moleculares com a técnica de Transcriptase Reversa da Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), considerada padrão-ouro pela OMS35 devido às altas sensibilidade e especificidade e por possibilitar a identificação do RNA do vírus por meio da amplificação do ácido nucleico pela reação em cadeia da polimerase na amostra coletada pelo teste swab oral/nasal49.
Assim, somando-se à disponibilidade dos testes, destaca-se a relevância da existência de materiais e insumos, como geladeira, caixa isotérmica e gelo artificial reciclado rígido para manejo das amostras na APS, que vão ao encontro do preconizado pela OMS23 para o armazenamento das amostras coletadas pelo teste swab orofaríngeo e nasofaríngeo em temperatura em torno de 2-8 ºC. Ainda, na revisão de literatura de Loeffelholz et al.43, que relataram a importância do manuseio da amostra para aumentar, foi constatada a chance de diagnóstico do marcador biológico analisado.
Este estudo apresenta limitações inerentes aos estudos transversais quanto à temporalidade da observação e à modalidade de coleta dos dados, que foi telefônica e por questionário de autopreenchimento, tendo-se obtidos dados referidos, haja vista a impossibilidade de fazê-la presencialmente devido ao cenário pandêmico.
Conclusões
Percebeu-se que a capacidade diagnóstica à covid-19 das UBS esteve atrelada a desafios relacionados com a testagem e o diagnóstico. Médicos foram os profissionais das UBS-Sentinela que referiram menor capacitação para realização dos testes quando comparados a enfermeiros e a técnicos em saúde bucal. Essa capacitação, para todos os profissionais estudados, ocorreu majoritariamente de forma autoinstrucional, com realização de cursos on-line e sob a forma de leitura de protocolos. Havia protocolos para manejo das amostras e fluxos para seu processamento; além disso, a comunicação com o Lacen-DF mostrou-se satisfatória uma vez que a maioria das amostras foi enviada oportunamente.
Os materiais e os insumos para coleta, armazenamento e processamento das amostras estavam disponíveis em quantidade suficiente, na maioria das vezes, nas UBS-Sentinela, a exemplo de etiquetas adesivas para identificação das amostras e geladeira.
Considerando que a APS é a ordenadora do cuidado nas Redes de Atenção à Saúde, contar com profissionais capacitados para a realização dos testes, para o manejo das amostras e para a articulação laboratorial; bem como ter insumos, materiais e equipamento disponíveis, fez com que o DF apresentasse capacidade adequada de diagnóstico para a covid-19.
Apesar de este estudo evidenciar resposta satisfatória no enfrentamento da pandemia de covid-19, faz-se necessário analisar as potencialidades e os desafios enfrentados pela APS do DF para que novas intervenções sejam implementadas em contexto de planejamento estratégico nos diferentes níveis de gestão local, com vistas ao preparo prévio a outras crises sanitárias que poderão surgir.
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Suporte financeiro: a Secretaria de Saúde do Distrito Federal financiou o Programa QualisAPS e o trabalho de campo; a publicação contou com o apoio da Chamada Pública MCTI/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020
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Editor responsável: Wallace Enrico Boaventura
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
23 Set 2024 -
Data do Fascículo
Jul-Sep 2024
Histórico
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Recebido
30 Set 2023 -
Aceito
14 Nov 2023