Proposta de análise integrada de emergências em saúde pública por arboviroses: o caso do Zika vírus no Brasil

Pepe, Vera Lucia Edais; Albuquerque, Mariana Vercesi de; Osorio-de-Castro, Claudia Garcia Serpa; Pereira, Claudia Cristina de Aguiar; Oliveira, Catia Verônica dos Santos; Reis, Lenice Gnocchi da Costa; Reis, Carla de Barros; Dias, Henrique Sant’Anna; Miranda, Elaine Silva

doi:10.1590/0103-11042020E205

RESUMO

A mudança no padrão de ocorrência da microcefalia associada à infecção pelo Zika Vírus em gestantes no Brasil resultou na decretação de emergência em saúde pública de importância nacional e internacional. Esforços coordenados e multisetoriais foram demandados, mas nem sempre houve respostas efetivas ou preparação das populações afetadas. A epidemia de Zika repercutiu nas políticas públicas, incluindo a de saúde, seja na investigação científica, seja na proposição de medidas de controle, diagnóstico, prevenção e tratamento. Objetivou-se apresentar proposta de análise integrada para abordagem de futuras emergências sanitárias com foco nas arboviroses. Partindo da experiência brasileira da epidemia e literatura relacionada, articularam-se quatro dimensões: vulnerabilidades e risco; condições e impactos socioeconômicos na população; desenvolvimento e emprego de tecnologias e pesquisas; e resposta e reprogramação do sistema de saúde. Pretende-se viabilizar loci específicos de investigação, para mensuração de possíveis desfechos e geração de novas evidências sobre os efeitos da epidemia nos sistemas de saúde. O conhecimento científico e suas lacunas são considerados os principais elementos integradores dessas dimensões analíticas, de forma a contribuir com resposta mais oportuna e efetiva em futuras emergências. Além do conhecimento adquirido, faz-se necessário agregar capacidade de enfrentar futuras emergências relacionadas com as epidemias de arboviroses.

PALAVRAS-CHAVE
Zika vírus; Infecções por arbovírus; Vulnerabilidade a desastres; Emergências em desastres; Sistemas de saúde

[1] Colaboradores

Pepe VLE (0000-0003-0606-1544)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). , Albuquerque MV (0000-0002-0763-6357)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). , Osorio-de-Castro CGS (0000-0003-4875-7216)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). , Pereira CCA (0000-0003-1389-9214)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). , Dias HS (0000-0003-3419-2496)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). e Miranda ES (0000-0002-6204-5023)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). contribuíram para a concepção do artigo, elaboração do rascunho, revisão crítica do conteúdo e aprovação da versão final do manuscrito. Oliveira CVS (0000-0002-0464-1476)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). , Reis LGC (0000-0001-5020-2469)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). e Reis CB (0000-0002-6118-2130)^* * Orcid (Open Researcher and Contributor ID). contribuíram para a concepção do artigo, elaboração do rascunho e aprovação da versão final do manuscrito.

Riscos, vulnerabilidades e impactos socioeconômicos	Qual o perfil epidemiológico e socioeconômico da população sob risco de uma dada emergência sanitária?
	Quais as possíveis repercussões e impactos socioeconômicos da epidemia para os grupos populacionais e os lugares atingidos pela epidemia?
	Que medidas são necessárias para diminuir os possíveis impactos, sobretudo em populações vulneráveis e locais em maior risco?
	Por quanto tempo e como se deve observar grupos vulneráveis e atingidos para verificar a real abrangência das consequências e impactos de uma emergência sanitária em curto, médio e longo prazos?
Tecnologias e pesquisas	Que experiências prévias, certezas e evidências podem orientar as respostas do sistema e serviços de saúde e quais as incertezas?
	Quais tecnologias e conhecimentos, inclusive os produzidos pelas comunidades, podem ser mais bem utilizados, readaptados e/ou difundidos, e quais aqueles que precisam ser produzidos/criados?
	Como garantir que as tecnologias e conhecimentos produzidos alcancem populações vulneráveis e locais atingidos, considerando escalas e desigualdades de acesso e difusão?
	Quais pesquisas científicas são necessárias para orientar e avaliar a resposta do sistema e serviços de saúde em curto, médio e longo prazos?
Resposta e reprogramação tempestiva dos sistemas de saúde	Quais informações, ações, recursos e protocolos são necessários e devem ser priorizados para orientar a resposta dos sistemas e serviços de saúde em curto, médio e longo prazos?
	Que tipo de capacitação ou alocação de profissionais é necessário para responder às demandas e ações durante a emergência sanitária?
	Quais medidas preventivas e de cuidados devem ser priorizadas e reorganizadas tendo em vista as demandas das populações vulneráveis e lugares atingidos e/ou em maior risco e de possível comprometimento do direito à saúde, acesso, cobertura, abrangência e capacidade de provisão?
	Quais as possíveis repercussões e impactos da epidemia para os sistemas e serviços de saúde em curto, médio e longo prazos?
	Como garantir comunicação ágil e confiável entre gestores, pesquisadores, pessoas atingidas e a população?