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Editorial

EDITORIAL

Atualmente percebem-se mudanças em todas as áreas do conhecimento. Mudanças estas, consideradas dinâmicas e contributivas para os avanços das profissões. Como não poderia deixar de ser, estes avanços atingem inclusive a Enfermagem, interferindo na sua configuração como profissão do cuidado ao ser humano.

No entanto, este dinamismo acarreta aos enfermeiros dificuldades de acompanhar o processo de mudança. Os avanços tecnológicos e organizacionais contribuem para o desenvolvimento das atividades inerentes à profissão, mas ao mesmo tempo, exigem dos profissionais esforços quase sobre-humanos para apreender sobre como atuar frente a uma série de atividades cada vez mais complexas, delicadas e técnicas.

O que se esperava era que os avanços tecnológicos auxiliassem o trabalho, contribuindo para que o enfermeiro pudesse ter melhores condições para ser e estar junto ao ser humano que é por ele cuidado. Entretanto, nota-se cada vez mais o afastamento entre enfermeiro e ser humano cuidado, tanto por meio de relatos nos ambientes acadêmicos, quanto no cotidiano da prática. O tempo e a paciência, cada vez ficam mais escassos, seja para cuidar de si mesmo ou do outro, desencadeando uma indiferença generalizada da sociedade para com o ser humano, fato que interfere e se reflete também na área da saúde.

Considerando o acima exposto e no sentido de contribuir com o dia-a-dia da Enfermagem, a proposta deste número da Revista Texto & Contexto Enfermagem de refletir acerca dos Métodos, modelos e modos de cuidar em Enfermagem, cria um espaço para compartilhar conhecimentos e experiências sobre a temática, possibilitando a troca, e com isto despertando os profissionais para a busca da instrumentalização para o exercício do cuidado humanizado, cientificamente subsidiado.

O ser humano não aceita mais, passivamente, o cuidado desumanizado e compartimentalizado, nem ser visto em "pedaços", mas sim como um ser singular, integral, indivisível, insubstituível, pleno na sua concepção de interagir; interagir com o outro, com o ambiente, enfim, com o mundo; este mundo onde ele expressa crenças e valores, os quais permeiam suas ações.

A utilização de métodos, modelos e modos diferenciados de cuidar oportuniza ao enfermeiro desempenhar o cuidado profissional de tal maneira que este vá ao encontro das necessidades e carências do ser humano sob seus cuidados.

Todos, consciente ou inconscientemente, agimos de acordo com um método, seguimos um modelo, temos um modo de desempenhar nossas atividades, seja na Enfermagem ou em outra área do conhecimento. Se prestarmos atenção à nossa rotina, observaremos que na maioria das vezes agimos de maneira semelhante todos os dias, repetindo ações desde as mais simples até as mais complexas. E temos um motivo para isso: realizamos as atividades pautados em conhecimentos empíricos, aprendidos no dia-a-dia com rotinas pré-estabelecidas, e/ou embasados cientificamente, e as repetimos cada vez que agimos. Muitas vezes fazemos isto sem refletir a respeito, sem procurar modos mais eficientes, sem buscar a atualização do conhecimento, sem nos lembrarmos da velocidade e do dinamismo com que o conhecimento avança na atualidade.

Esse método, ou modelo, ou modo de que lançamos mão visa organizar e direcionar nosso desempenho, embora num primeiro momento possa parecer complexo. Após estarmos familiarizados com esse processo, ele passa a facilitar nosso trabalho, assegurando maior qualidade ao cuidado prestado.

Assim, a sistematização do cuidado cientificamente embasada leva-nos ao fazer reflexivo, a estar sempre buscando a melhoria do cuidado prestado. Desperta a reflexão sobre várias questões, dentre as quais: que Enfermagem é essa que estou desenvolvendo? Quem é o ser humano que estou cuidando? O que é o processo saúde-doença a que o ser humano está exposto? A que nos referimos quando falamos em meio ambiente?

Tanto para criar métodos, modelos e modos de cuidar em Enfermagem, quanto para aplicá-los no dia-a-dia faz-se necessário que nos voltemos para a essência da Enfermagem, a qual, na visão nightingaleana, é...uma arte; poder-se-ia dizer a mais bela das artes.

Drª. Telma Elisa Carraro

Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC

Coordenadora do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando PEN/UFSC

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Ago 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 2005
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