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A violência da (in)compreensão: notas sobre Foucault, psicanálise e a interpretação da loucura1 1 Agradeço a dois pareceristas anônimos de Tempo Social por seus comentários e sugestões ao artigo tal como inicialmente enviado à revista, assim como ao editor Alexandre Massella pela ajuda na reformulação do texto final. Também agradeço a Cibele Barbosa, Diogo Corrêa, Cecy Melo, Daniel Farias, Danilo Farias, Lucas Trindade, Maria Luiza Rebêlo, Mariana Cavalcanti e Mariana Pimentel.

The violence of (non-)understanding: notes on Foucault, psychoanalysis and the interpretation of madness

Resumo

A partir de um diálogo com Michel Foucault, o artigo aborda os aspectos analíticos e morais do problema da “compreensibilidade” da loucura. Os aspectos analíticos envolvem saber se a loucura é compreensível ou, pelo menos, quão compreensível ela pode ser tornada a um ponto de vista exterior. Os aspectos morais dizem respeito às atitudes normativas que é legítimo assumir em face de vivências, falas e práticas “loucas”, sobretudo quando estas se mostram opacas, ao menos a um primeiro olhar, diante de esquemas “normais” de interpretação. Entrecruzando a discussão está uma crítica - de alcance mais geral, porém também aplicável a Foucault - à tendência de certa filosofia, ciência social e psicanálise a negligenciar modalidades “apolíneas” de loucura em prol de suas formas “dionisíacas”, sejam as últimas patologizadas como “regressões” ou celebradas como subversões de dispositivos psíquicos de poder.

Palavras-chave:
Loucura; Esquizofrenia; Hermenêutica; Michel Foucault; Apolo e Dioniso

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