A avaliação do processo educacional tornou-se assunto obrigatório nas instituições de Ensino Superior. Não é um fato local, mas uma tendência global. A comunidade acadêmica foi desafiada a demonstrar e a assegurar a qualidade dos curso de graduação. A sociedade, que paga, exige bons profissionais e de modo crescente quer saber onde está gastando seus recursos financeiros.
Os dois temas que vêm a seguir podem servir como ponto de partido para o aprofundamento das discussões sobre avaliação escolas médicas. A Avaliação da Educação como um Serviço Público:
A aferição da qualidade educacional ofertada pelas instituições foi iniciada em 1996 com a implementaçã o do Exame Nacional dos Cursos (provão). Em paralelo, uma comissão formada por pares, realizava uma visita de avaliação das condições de infra-estrutura,.do corpo docente e do projeto do curso. Não houve uma integração entre estes dois métodos de avaliação. Pior, sem antes aferir a validade e a confiabilidade destes processos, a imprensa leiga adotou um sistema de classificação (ranking) de cursos.
De qualquer modo, precisávamos iniciar o processo e criar uma cultura de avaliação nas instituições de Ensino Superior. Atualmente o Sistema Nacional de Avalianção da Educação Supecior (Sinaes), representa uma evolução do modelo anterior. Em primeiro lugar porque utiliza mais de um instrumento de avaliação; propõe uma aferição do progresso do estudante; permite delinear um perfil institucional e do curso a partir de avaliações internas e externas; e propõe que o resultado final represente de modo qualitativo o conjunto dos processos. Infelizmente, foram divulgados os resultados do primeiro Exame Nacional do Desempenho do Estudante (Enade), independente dos outros instrumentos de avaliação institucional propostos pelo Sinaes. Ao considerar o processo de avaliação institucional como um serviço de utilidade pública, como orientar o entendimento da sociedade a respeito destes resultados e como criar uma cultura de avaliação na comunidade acadêmica que permita a validade e a confiabilidad e de seus instrumentos.
Estes são alguns desafios:
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Promover a apropriação institucional e o entendimento a respeito dos instrumentos de avaliação pelos diversos atores envolvidos: estudanetes, professores e a comunidade;
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promover a auto-avaliação das escolas médicas utilizando parâmetros científicos;
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esclarecer a comunidade dos reais objetivos do processo avaliativo; a qualidade é produto do comprometimento de todos; sociedade, mantenedores e corpo social institucional;
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entender que a avaliação faz parte do processo ensino-apnmdizagem , e não deve ser deste desvinculada .
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criar nas escolas médicas núcleos de pesquisa educacional com responsabilidade pelos processos de planejamento curricular integrado a avaliação;
A AVALIAÇÃO COMO PARTE DO PROCESSO ENSINO-APRENDI ZAGEM
As Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de medicina (Resólução CNE/CES n. 4, de 7 de novembro de 2001) definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de médicos. O perfil desejado para o graduando encontra-se definido de modo abrangente. O documento é esclarecedor: define as competências e habilidades gerais e especificas desejadas ao final do processo de graduação.
No processo educacional sugerido pelas diretrizes deve-se ir além da aquisição de conhecimento por meio de conteúdos programáticos. Exige-se para o estudante o desenvolvimento de competências clínicas, de atitudes e comportamentos profissionais, e de habilidades para o a prendizado permanente. Isto tem modificado os projetos de curso e os seus currículos. Entretanto, como avaliar neste novo cenário?
Como avaliar no estudante:
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desenvolvimento do pensamento crítico;
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As habilidades de resolução de problemas e raciocínio clínico;
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A capacidade de auto-aprendizado;
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As habilidades para o relacionamento interpessoal e social;
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As habilidades para o trabalho em grupo;
Como identificar, na auto-avaliação, se os currículos facilitam a aquisição destas competências?
Como norma geral, a avaliação deve assegurar um cruzamento entre os métodos de avaliação e os princípios contidos no currículo proposto. Os testes escritos, exames práticos, entrevistas, e outros métodos devem ser utilizados em um programa da avaliação abrangente e não isoladamente . Evidências originadas em pesquisa educacional sugerem que:
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a confiabilidade em um exame isolado não é condicional na objetividade e na padronização deste;
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nenhum método de avaliação é inerentemente de baixa confiabilidade e qualquer método pode ser suficientemente confiável, desde que a amostragem seja apropriada através das condições de aferição;
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a validade do teste está cada vez mais relacionada com a autenticidade da avaliação e a prática cotidiana.
Finalmente, o grande desafio para os próximos anos estará atrelado a algumas tendências específicas no campo da avaliação. Todas relacionadas ao ensino de competências de modo integrado à avaliação do desempenho. As avaliações não serão obras individuais do professor da disciplina. A informação a ser trabalhada neste novo modelo será qualitativa, descritiva e narrativa. Na verdade, como criar uma abordagem programática, inserida no planejamento curricular e que ultrapassa a autonomia do professor.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
15 Jun 2020 -
Data do Fascículo
Sep-Dec 2005