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O uso de opioides no tratamento da dor oncológica em idosos

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

O uso de opioides em dor oncológica já é amplamente difundido e comprovado por diversos ensaios clínicos bem controlados. Entretanto, os idosos com dor oncológica são subtratados pela falta de conhecimento no manejo, a não valorização álgica nesses pacientes, bem como o receio das complicações advindas nesse grupo etário. Portanto, contribui a comunidade científica, dando substrato para a elaboração de possíveis diretrizes clínicas e de saúde. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o tratamento farmacológico com opioides proposto para dor oncológica em pacientes idosos.

CONTEÚDO:

A busca na literatura incluiu artigos sobre o uso de opioides para o tratamento da dor oncológica em idosos, publicados entre 2008 e 2018, disponíveis em português ou inglês. Foram conduzidas buscas nas bases eletrônicas de dados Medical Literature, Analysis, and Retrieval System Online (MEDLINE) and Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) utilizando os descritores “dor oncológica”,“opioides” e “idoso” em ambas as línguas, combinados com o operador booleano “AND”. Para a análise da qualidade metodológica, foi utilizado o Critical Appraisal Skills Programme adaptado. Do total de 411 estudos resultantes, foram incluídos 32. Cerca de 75% dos artigos selecionados foram publicados nos últimos cinco anos.

CONCLUSÃO:

Os resultados demonstraram que os opioides continuam sendo o pilar no tratamento da dor oncológica em idosos. Podem ser usados para o melhor gerenciamento da dor, mas com cautela por causa dos possíveis efeitos adversos. Além disso, o manejo da dor em idosos requer uma análise multifatorial incluindo as comorbidades, a polifarmácia e a funcionalidade do paciente. Portanto, é necessário tratar de modo individualizado o paciente idoso com o intuito de maximizar os resultados, diminuir os efeitos adversos e melhorar a qualidade de vida.

Descritores:
Dor oncológica; Idosos; Opioides

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

The use of opioids in cancer is already widespread and proven by several well-controlled clinical trials. However, the elderly with cancer pain are=un-dertreated due to the lack of knowledge in the management of these patients, the underestimation of pain, as well as the fear of complications arising in this age group. Therefore, the scientific community contributes to giving inputs to create possible clinical and health guidelines. The present study aimed to perform a systematic literature review of opioid treatments proposed for cancer-related pain in elderly patients.

CONTENTS:

The search on the literature included papers addressing cancer pain treatment with opioids among the elderly, published from 2008 to 2018, and available in Portuguese or English. Searches were conducted on Medical Literature, Analysis, and Retrieval System Online (MEDLINE) and Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) electronic databases using the keywords “cancer pain”, “opioids”, and “elderly” in both languages, combined with the Boolean operator “AND”. To analyze the quality of the method, the adapted Critical Appraisal Skills Programme was used. Of a total of 411 studies found, 32 were included. About 75% of the selected articles were published in the last five years.

CONCLUSION:

The results showed that opioids remain the pillar to treat cancer-related pain in the elderly. They can be used for better management of pain, but with caution due to the possible adverse effects. In addition, pain management in the elderly requires a multifactorial analysis, including comorbidities, polypharmacy, and patient functionality. Therefore, an individualized approach in the elderly patient is required in order to enhance results, reduce side effects, and improve quality of life.

Keywords:
Cancer pain; Elderly; Opioids

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um fenômeno mundial. Nos próximos 43 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos de idade será três vezes maior que o atual11 United Nations. World population prospects: the 2017 revision, key findings and advance tables. Working Paper No. ESA/P/WP/248. New York: UN Department of Economic and Social Affairs, Population Division; 2017. Disponível em: https://esa.un.org/unpd/wpp/Publications/Files/WPP2017_KeyFindings.pdf.
https://esa.un.org/unpd/wpp/Publications...
. A população de idosos no Brasil também vem crescendo de forma exponencial. Em 2030 serão 41,5 milhões de idosos, ou 18% da população22 Figueiredo AH (Org.) Brasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de Geografia; 2016. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97884.pdf.
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...
. Em razão disso, o envelhecimento populacional tem sido um dos grandes desafios da saúde pública, pois, à medida que a pessoa envelhece, maiores são suas chances de desenvolver ou contrair doenças crônicas, como câncer, visto que os fatores de risco se acumulam para certos tipos dessa doença33 Miranda GM, Mendes AC, Silva AL. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(3):507-19.. Atualmente, mais de 70% dos casos de câncer no mundo ocorrem em idosos44 Estapé T. Cancer in the elderly: challenges and barriers. Asia Pac J Oncol Nurs. 2018;5(1):40-2.. Observa-se, portanto, um aumento da prevalência de problemas crônicos de saúde e incapacidades associadas à população dessa faixa etária, envolvendo especificidades importantes, como as multimorbidades, polifarmácia e suas complicações33 Miranda GM, Mendes AC, Silva AL. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(3):507-19..

Em pacientes oncológicos idosos, a dor é o sintoma mais prevalente, visto que cerca de 80% deles relatam algum tipo de sensação dolorosa. O tratamento inadequado da dor pode ter consequências graves, tanto em nível individual quanto social55 Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:32-7.

6 Reyes-Gibby CC, Anderson KO, Todd KH. Risk for opioid misuse among emergency department cancer patients. Acad Emerg Med. 2016;23(2):151-8.

7 Yen TY, Chiou JF, Chiang WY, Su WH, Huang MY, Hu MH, et al. Proportional dose of rapid-onset opioid in breakthrough cancer pain management: An open-label, multicenter study. Medicine. 2018;97(30):e11593.
-88 Paice JA, Ferrell B. The management of cancer pain. CA Cancer J Clin. 2011;61(3):157-82..

O manejo da dor deve ser realizado de acordo com a escada analgésica de três degraus proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na década de 198099 World Health Organization. Cancer pain relief. WHO: Geneva; 1986., na qual é recomendada a utilização de opioides no tratamento de dores de intensidade moderada a inten-sa88 Paice JA, Ferrell B. The management of cancer pain. CA Cancer J Clin. 2011;61(3):157-82.,1010 Coluzzi F, Taylor R Jr, Pergolizzi JV Jr, Mattia C, Raffa RB. [Good clinical practice guide for opioids in pain management: the three Ts - titration (trial), tweaking (tailoring), transition (tapering)]. Rev Bras Anestesiol. 2016;66(3):310-7. Portuguese, English.. Em adição à evidência limitada quanto ao uso de opioides em pacientes idosos, ainda há barreiras como receios, mitos e estigmas referentes a esse tipo de prescrição55 Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:32-7.,1010 Coluzzi F, Taylor R Jr, Pergolizzi JV Jr, Mattia C, Raffa RB. [Good clinical practice guide for opioids in pain management: the three Ts - titration (trial), tweaking (tailoring), transition (tapering)]. Rev Bras Anestesiol. 2016;66(3):310-7. Portuguese, English.

11 Wilson KG, Chochinov HM, Allard P, Chary S, Gagnon PR, Macmillan K, et al. Prevalence and correlates of pain in the Canadian National Palliative Care Survey. Pain Res Manag. 2009;14(5):365-70.
-1212 Galicia-Castillo M. Opioids for persistent pain in older adults. Cleve Clin J Med. 2016;83(6):443-51..

Assim sendo, este estudo teve como objetivo principal realizar uma revisão sistemática da literatura abordando o uso de opioides no tratamento da dor oncológica em idosos. O estudo também visou explorar as repercussões do uso de opioides no tratamento da dor, bem como suas principais barreiras para o manejo adequado nessa população.

CONTEÚDO

O presente estudo foi conduzido sob a forma de revisão sistemática da literatura em acordo com as diretrizes estabelecidas por Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses (PRISMA). Para a consecução da revisão sistemática da literatura, inicialmente foi estabelecida a questão de pesquisa considerando a temática proposta, ou seja, o uso de opioides no tratamento da dor oncológica em idosos, sendo assim classificados os indivíduos acima de 60 anos de idade. A seguir, entre março e dezembro de 2018, foram feitas buscas nas bases eletrônicas de dados Medical Literature, Analysis, and Retrieval System Online (MEDLINE) e Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), com o intuito de reunir e avaliar os principais artigos sobre o uso de opioides para o tratamento da dor oncológica em idosos, publicados entre 2008 e 2018, disponíveis em português ou inglês, utilizando os descritores “dor oncológica”,“opioides” e “idoso” e os respectivos termos em inglês “cancer pain”, “opioids” e “elderly”, todos presentes nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH), combinados com o operador booleano “AND”. Os critérios utilizados para a inclusão dos artigos foram: a) artigos concernentes à temática proposta, isto é, o uso de opioides no tratamento da dor oncológica em idosos; b) artigos publicados entre 2008 e 2018; c) artigos em português ou inglês; d) artigos disponíveis na íntegra; e) artigos sobre estudos randomizados, revisões sistemáticas e estudos observacionais; f) artigos que preenchessem os critérios propostos pelo checklist para pesquisas qualitativas do Critical Appraisal Skills Programme (CASP).

Foram estabelecidos como critérios de exclusão: a) artigos abordando o tratamento não farmacológico da dor; b) artigos descrevendo estudos em animais; c) dissertações, teses e relatos de caso; d) artigos repetidos entre as bases eletrônicas de dados.

Os artigos foram categorizados, permitindo a reunião de informações tais como: identificação do artigo original e de seus autores, periódico, ano da publicação, base de dados, características metodológicas, nível de evidência, intervenções mensuradas e resultados encontrados. A análise crítica dos dados obtidos nos estudos foi realizada após a organização dos artigos selecionados. Foi aplicado o instrumento CASP com o intuito de garantir o rigor metodológico, a relevância e a credibilidade necessárias para uma revisão integrativa de estudos com abordagens distintas.

As buscas realizadas nas bases eletrônicas de dados MEDLINE e LILACS resultaram em 411 artigos publicados entre 2008 e 2018. A avaliação inicial deu-se pela leitura do título, excluindo-se 321 artigos que estavam fora do tema “opioides no tratamento da dor oncológica em idosos”. Em seguida, os 90 artigos restantes com poder de inclusão foram previamente selecionados para que se procedesse a avaliação de seus resumos de acordo com os critérios de elegibilidade. Os resumos foram lidos por três revisores independentes e as publicações que atenderam aos critérios de inclusão foram, então, avaliadas na íntegra. No total, 32 artigos foram selecionados para este estudo, 75% foram publicados nos últimos cinco anos (Figura 1, Tabela 1).

Figura 1
Coleta de dados
Tabela 1
Artigos selecionados

DISCUSSÃO

O processo de envelhecimento é um dos fatores que leva ao aumento da incidência de câncer, visto que há alterações fisiológicas inerentes a ele que conjuntamente determinam alterações moleculares. Tais modificações combinam-se a fatores mitogênicos que, associados à insuficiência e à desregulação do sistema imunológico característica dessa faixa etária, favorecem a proliferação celular e, consequentemente, o surgimento do câncer3838 Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Dor: o quinto sinal vital - Abordagem prática no idoso. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2018. Disponível em: <http://www.amape.com.br/wp-content/uploads/2018/06/SBGG_guia-dor-no-idoso_2018-digital.pdf>.
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As alterações fisiológicas causadas pelo envelhecimento também repercurtem de forma significativa na metabolização dos fármacos administrados, principalmente os opioides. Dessa maneira, os profissionais da área da saúde devem ficar atentos aos seguintes fatores: suscetibilidade dos pacientes aos efeitos adversos dos fármacos, cascata iatrogênica, reações adversas dos pacientes aos fármacos, hospitalização e institucionalização, bem como a polifarmácia comumen-te encontrada na realidade prática dos idosos.

Em decorrência das modificações, em geral advindas do envelhecimento, os órgãos e os sistemas têm menor reserva funcional. Por conseguinte, apresentam particularidades envolvendo a farmaco-cinética e a farmacodinâmica dos fármacos em relação às variáveis de absorção, distribuição, metabolismo e excreção (Tabela 2).

Tabela 2
Alterações farmacológicas decorrentes do envelhecimento

A dor é uma experiência desagradável associada a uma lesão tecidual ou potencial, com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e sociais. Por seu turno, a dor persistente é mais complicada em idosos do que em pacientes mais jovens. Até 40% dos pacientes ambulatoriais idosos relatam dor, e esse sintoma afeta de 70 a 80% dos pacientes com câncer avançado55 Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:32-7..

Para o tratamento da dor oncológica é necessário conhecer a sua classificação. Didaticamente, a dor pode ser dividida em dois tipos principais: 1) nociceptiva, que representa lesão tecidual; 2) neuro-pática, decorrente de lesão ou disfunção do sistema nervoso, como resultado da ativação anormal da via nociceptiva. Também podem ser incluídos nessa análise os efeitos locais de crescimento tumoral e invasão local, bem como os efeitos de terapias adjuvantes, como a quimioterapia e a radioterapia, além de outras complicações. Logo, nos pacientes com câncer, prevalece a dor mista55 Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:32-7.,3838 Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Dor: o quinto sinal vital - Abordagem prática no idoso. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2018. Disponível em: <http://www.amape.com.br/wp-content/uploads/2018/06/SBGG_guia-dor-no-idoso_2018-digital.pdf>.
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. As queixas ál-gicas podem tanto ser precursoras para o diagnóstico oncológico como consequência do tratamento adotado. Na maioria das vezes, as dores são identificadas pelo próprio paciente e não pelos profissionais da área da saúde.

Salienta-se que não apenas o acometimento oncológico, mas também o processo de envelhecimento levam a limitações nas funções fisiológicas do corpo. Desse modo, os idosos ficam mais predispostos à dependência de outros indivíduos para a realização de autocui-dado, à perda da autonomia e à deterioração da qualidade de vida. Nesse ambiente, por ser a avaliação de quadros dolorosos em idosos uma experiência de caráter multidimensional, ela engloba vários domínios, incluindo o sensorial, o cognitivo, o afetivo, o comporta-mental e o sociocultural. À vista disso, evidencia-se a importância do gerenciamento da dor utilizando protocolos e escalas validadas com o intuito de propiciar o tratamento mais adequado de acordo com as particularidades individuais dos pacientes55 Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:32-7.,3939 Kim HJ, Kim YS, Park SH. Opioid rotation versus combination for cancer patients with chronic uncontrolled pain: a randomized study. BMC Palliat Care. 2015;14(1):41..

Entretanto, ainda não existe um instrumento-padrão único e exclusivo para idosos que permita a avaliação global da dor e que seja livre de viéses e de erros de mensuração, já que há diferentes variáveis envolvidas, como interpretações da dor pelo paciente, expectativas quanto ao problema e seu tratamento. Notadamente, boa anamne-se, exame físico detalhado e análise dos fatores externos são fundamentais para a adoção de conduta adequada.

Do ponto de vista geral, a escada analgésica da OMS99 World Health Organization. Cancer pain relief. WHO: Geneva; 1986. é a mais utilizada. Em serviços especializados são empregadas as escalas unidimensionais, como a de faces e a escala numérica verbal, bem como as multidimensionais, tais como a de medida de dor geriátrica (Geriatric Pain Measure, GPM), o questionário McGill de Dor (McGill Pain Questionnaire, MPQ), a Lista de Controle da Avaliação da Dor para Idosos com Habilidade de Comunicação Limitada (Pain Assessment Checklist for Seniors with Limited Ability to Communicate, PACSLAC) e a Avaliação da Dor em Demência Avançada (Pain Assessment in Advanced Dementia, PAINAID)3838 Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Dor: o quinto sinal vital - Abordagem prática no idoso. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2018. Disponível em: <http://www.amape.com.br/wp-content/uploads/2018/06/SBGG_guia-dor-no-idoso_2018-digital.pdf>.
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A dor oncológica pode ser controlada com tratamentos simples em mais de 80% dos casos. Nos outros 20%, entretanto, faz-se necessário adotar uma abordagem multidisciplinar, com reavaliação cuidadosa da dor e do uso de fármacos adjuvantes e/ou de intervenções não farmacológicas para o seu controle55 Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:32-7.,3838 Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Dor: o quinto sinal vital - Abordagem prática no idoso. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2018. Disponível em: <http://www.amape.com.br/wp-content/uploads/2018/06/SBGG_guia-dor-no-idoso_2018-digital.pdf>.
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. No que concerne ao tratamento farmacológico, os opioides estão entre os fármacos mais poderosos e de ampla disponibilidade, constituindo o pilar do tratamento da dor oncológica de moderada a intensa77 Yen TY, Chiou JF, Chiang WY, Su WH, Huang MY, Hu MH, et al. Proportional dose of rapid-onset opioid in breakthrough cancer pain management: An open-label, multicenter study. Medicine. 2018;97(30):e11593.,1212 Galicia-Castillo M. Opioids for persistent pain in older adults. Cleve Clin J Med. 2016;83(6):443-51.,1919 Nunes BC, Garcia JB, Sakata RK. [Morphine as first medication for treatment of cancer pain]. Braz J Anestesiol. 2014;64(4):236-40. Portuguese. English..

Diretrizes clínicas recentes e recomendações sobre o manejo de pacientes com câncer avançado enfatizam a importância do alívio adequado da dor com o uso de analgésicos opioides para melhorar sua qualidade de vida. Torna-se imprescindível que os pacientes sejam continuamente orientados sobre os objetivos da terapia farmacológica e regularmente reavaliados durante o tratamento77 Yen TY, Chiou JF, Chiang WY, Su WH, Huang MY, Hu MH, et al. Proportional dose of rapid-onset opioid in breakthrough cancer pain management: An open-label, multicenter study. Medicine. 2018;97(30):e11593..

A American Geriatrics Society passou a considerar o uso de opioi-des como opção eficaz e, por vezes, indispensável para o tratamento das dores em pacientes idosos. Isso decorre, entre outros fatores, dos eventos adversos potencialmente graves associados ao uso dos anti--inflamatórios, como diclofenaco e ibuprofeno, e dos inibidores da COX-2 (COXIB), como celecoxib1212 Galicia-Castillo M. Opioids for persistent pain in older adults. Cleve Clin J Med. 2016;83(6):443-51..

Os opioides imitam a ação dos peptídeos opioides endógenos. Podem suprimir a ativação de canais de cálcio dependentes da tensão pré-sináptica e pós-sináptica ou ativar canais de potássio pós-sinapse. Essa supressão resulta em diminuição da excitabilidade e supressão da liberação do transmissor dependente da atividade dos neurônios ou pela ação da adenililciclase, diminuindo os impulsos para o cérebro e para a medula espinhal1212 Galicia-Castillo M. Opioids for persistent pain in older adults. Cleve Clin J Med. 2016;83(6):443-51.,1414 Hennemann-Krause L. Aspectos práticos da prescrição de analgésicos na dor do câncer. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:38-49..

Os quatro principais subtipos de receptores opioides são o receptor opioide mu (MOP), o receptor opioide delta (DOP), o receptor opioide kappa (KOP) e o fator peptídico da nociceptina (NOP). Os opioides utilizados clinicamente são, em sua maioria, seletivos para MOP, embora também possam interagir com os outros receptores se administrados em altas doses1414 Hennemann-Krause L. Aspectos práticos da prescrição de analgésicos na dor do câncer. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:38-49.. Certamente, pacientes idosos com câncer que sofrem de dor intensa podem se beneficiar do uso de opioides fortes, tais como fentanil, morfina, oxicodona, hidromor-fona, metadona, brupenorfina, entre outros (Tabela 3).

Tabela 3
Analgésicos opioides

Fentanil

O fentanil transdérmico é um opioide agonista potente, com meia vida longa, que apresenta lipofilicidade. É bastante indicado para pacientes impossibilitados de usar a via oral devido à odinofagia e/ou disfagia, com náuseas e vômitos persistentes, em situações que podem levar à broncoaspiração, à intolerância à morfina e a outros opioides, e por sua facilidade de uso. Recomenda-se seu uso em pacientes com dor constante, mas com pouca dor episódica. Após a colocação do adesivo, o início de analgesia eficaz leva de 12 a 24 h. O tempo de ação de cada adesivo é de 72 h, mantendo-se por 12 a 18 h após a sua remoção. A formulação transmucosa tem curta duração de ação, via de administração não invasiva e perfil de segurança tolerável14,17,25,26,34,35.

Morfina

A morfina é indicada na dor classificada de moderada a intensa, com bons resultados na dor de origem nociceptiva ou somática, porquanto 85% delas respondem a esse fármaco. Tem efeito analgésico potente, meia vida curta, com intervalo terapêutico de analgesia de 4 a 6 h, sem efeito teto e linear, ou seja, quanto maior a dose, maior a analgesia. É bem absorvida pelo trato gastrointestinal, com início de ação em 20 a 40 min. Sofre metabolização hepática e eliminação renal, e apenas pequena parte é eliminada pela vesícula biliar. Não se acumula nos tecidos de forma geral e a fração livre no plasma é dia-lisável. Entretanto, em pacientes com comprometimento da função renal, apresenta efeito mais intenso e duração de ação mais prolongada, porque há acúmulo de metabólitos ativos, especialmente da morfina-6-glucuronida66 Reyes-Gibby CC, Anderson KO, Todd KH. Risk for opioid misuse among emergency department cancer patients. Acad Emerg Med. 2016;23(2):151-8.,1414 Hennemann-Krause L. Aspectos práticos da prescrição de analgésicos na dor do câncer. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:38-49.,1919 Nunes BC, Garcia JB, Sakata RK. [Morphine as first medication for treatment of cancer pain]. Braz J Anestesiol. 2014;64(4):236-40. Portuguese. English.,2929 Haider A, Zhukovsky DS, Meng YC, Baidoo J, Tanco KC, Stewart HA, et al. Opioid prescription trends among patients with cancer referred to outpatient palliative care over a 6-year period. J Oncol Pract. 2017;13(12):e972-81.,3232 Nosek K, Leppert W, Nosek H, Wordliczek J, Onichimowski D. A comparison of oral controlled-release morphine and oxycodone with transdermal formulations of buprenorphine and fentanyl in the treatment of severe pain in cancer patients. Drug Des Devel Ther. 2017;11:2409-19.,3939 Kim HJ, Kim YS, Park SH. Opioid rotation versus combination for cancer patients with chronic uncontrolled pain: a randomized study. BMC Palliat Care. 2015;14(1):41..

Oxicodona

A oxicodona é um agonista de MOP no cérebro e na medula espinhal e tem alguma atividade em KOP Sofre metabolismo de primeira passagem2626 Reddy A, Tayjasanant S, Haider A, Heung Y, Wu J, Liu D, et al. The opioid rotation ratio of strong opioids to transdermal fentanyl in cancer patients. Cancer. 2016;122(1):149-56.. É o fármaco preferido para mudança quando a morfina falha em proporcionar alívio efetivo da dor, mas também pode ser recomendada como fármaco de primeira linha para o controle de dor oncológica intensa1414 Hennemann-Krause L. Aspectos práticos da prescrição de analgésicos na dor do câncer. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:38-49.,3131 Lee KH, Kim TW, Kang JH, Kim JS, Ahn JS, Kim SY, et al. Efficacy and safety of controlled-release oxycodone/naloxone versus controlled-release oxycodone in Korean patients with cancer-related pain: a randomized controlled trial. Clin J Cancer. 2017;36(1):74..

Hidromorfona

O cloridrato de hidromorfona é de administração em dose única. É um agonista forte de MOP mostrando fraca afinidade por KOP É o único opioide que apresenta liberação monofásica controlada e promove analgesia dose-dependente contínua durante as 24 h de intervalo entre duas doses. É moderadamente hidrossolúvel, apresenta metabolização hepática e excreção urinária. Seu principal metabólito é a hidromorfona-3-glucoronídeo (H3G), cujas concentrações são aproximadamente 27 vezes mais altas do que aquelas do fármaco original, indicando que o H3G tem volume de distribuição menor e/ou depuração mais baixa77 Yen TY, Chiou JF, Chiang WY, Su WH, Huang MY, Hu MH, et al. Proportional dose of rapid-onset opioid in breakthrough cancer pain management: An open-label, multicenter study. Medicine. 2018;97(30):e11593.,1414 Hennemann-Krause L. Aspectos práticos da prescrição de analgésicos na dor do câncer. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:38-49..

Metadona

A metadona é um opioide sintético, agonista de MOP, KOP, DOP e do receptor de N-metil D-Aspartato (NMDA). Parece bloquear a recaptação de serotonina e noradrenalina. É um fármaco lipofílico, cujo efeito analgésico geralmente dura de 6 a 8 h, podendo chegar a até 24 h. Sua potência analgésica pode ser até cinco a 10 vezes maior do que a da morfina. Sua absorção oral é rápida e quase completa e sua metabolização ocorre principalmente no fígado. A metadona e os seus metabólitos podem ser eliminados pelas fezes e urina. A excreção renal da metadona diminui com o tempo de uso, podendo, então, ser usada em pacientes com doença renal crônica. Provoca menos náusea, constipação e sedação do que a morfina. Contudo, a interação entre a metadona e outros fármacos é mais frequente do que ocorre com a morfina1414 Hennemann-Krause L. Aspectos práticos da prescrição de analgésicos na dor do câncer. Rev Hosp Universit Pedro Ernesto. 2012;11:38-49.,4040 Ribeiro S, Schmidt AP, Schmidt SR. [Opioids for treatment non-malignant chronic pain: the role of methadone]. Rev Bras Anestesiol. 2002;52(5):644-51. Portuguese, English..

Brupenorfina

A brupenorfina é um derivado da tebaína, 25 a 40 vezes mais potente do que a morfina. É sugerido que seu mecanismo de ação ocorra por efeitos agonistas parciais em MOP e KOP, bem como ação antagonista em DOP. É encontrada nas apresentações endovenosa, sublingual e transdermal, sendo esta última a única disponível no Brasil. Os adesivos podem ser encontrados nas apresentações de 5, 10 e 20 pg/h, de liberação em sete dias. Não possui acumulação sistêmica e sua eliminação ocorre principalmente pela via intestinal, sendo, portanto, considerada segura em pacientes com insuficiência renal66 Reyes-Gibby CC, Anderson KO, Todd KH. Risk for opioid misuse among emergency department cancer patients. Acad Emerg Med. 2016;23(2):151-8..

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das considerações acerca dos principais opioides fortes descritos, ressalta-se que a intensidade da dor não é adequadamente avaliada em aproximadamente 50% dos pacientes com câncer. Além disso, os efeitos adversos dos opioides, como náuseas, vômitos e constipação, podem ser fatores limitantes ao uso desses fármacos, levando à sua descontinuação precoce e consequente eficácia analgésica inadequada. Portanto, para atingir um bom manejo da dor em pacientes oncológicos, é necessário minimizar simultaneamente tanto a dor quanto os efeitos adversos dos opioides empregados para seu controle1212 Galicia-Castillo M. Opioids for persistent pain in older adults. Cleve Clin J Med. 2016;83(6):443-51.,3636 Peng Z, Zhang Y, Guo J, Guo X, Feng Z. Patient-controlled intravenous analgesia for advanced cancer patients with pain: A retrospective series study. Pain Res Manag. 2018;2018.7323581.,3939 Kim HJ, Kim YS, Park SH. Opioid rotation versus combination for cancer patients with chronic uncontrolled pain: a randomized study. BMC Palliat Care. 2015;14(1):41.,4040 Ribeiro S, Schmidt AP, Schmidt SR. [Opioids for treatment non-malignant chronic pain: the role of methadone]. Rev Bras Anestesiol. 2002;52(5):644-51. Portuguese, English..

É primordial que os profissionais da área da saúde avaliem as barreiras que impedem ou dificultam a utilização de opioides em idosos no tratamento da dor oncológica. Em variadas situações, esses pacientes são subtratados por falta de conhecimento acerca do manejo da dor oncológica, por suas queixas álgicas não serem adequadamente levadas em consideração, por receio das complicações advindas da utilização de opioides e por dificuldades burocráticas e culturais para a implementação desse tipo de terapia farmacológica.

Alguns pontos são importantes para elucidar as dificuldades na prescrição de opioides no tratamento da dor oncológica, tais como: avaliação inadequada da dor, já que apenas um pequeno número de médicos relatou aplicar diretrizes de gerenciamento de dor em sua prática; 23 a 31% dos médicos tendem a adiar a adoção de opioides fortes até que os pacientes atinjam a fase terminal de sua doença, ou até que sua dor se torne intratável, em razão da dificuldade no manejo dos efeitos adversos; 25 a 40% dos médicos se preocupam com o vício em opioides, sendo ainda maior o temor em relação a pacientes com antecedentes familiares de dependência. Além disso, embora os oncologistas tenham demonstrado conhecimento básico maior acerca da utilização de opioides no tratamento da dor oncológica do que os médicos de outras especialidades, ainda há importante déficit de informações dentro da própria especialidade1515 Madadi P, Hildebrandt D, Lauwers AE, Koren G. Characteristics of opioid-users whose death was related to opioid-toxicity: a population-based study in Ontario, Canada. PLoS One. 2013;8(4):e60600.,2424 Lin CP, Hsu CH, Fu WM, Chen HM, Lee YH, Lai MS, et al. Key opioid prescription concerns in cancer patients: a nationwide study. Acta Anaesthesiol Taiwan. 2016;54(2):51-6.,2727 Barbera L, Sutradhar R, Chu A, Seow H, Howell D, Earle CC, et al. Opioid prescribing among cancer and non-cancer patients: Time trend analysis in the elderly using administrative data. J Pain Symptom Manage. 2017;54(4):484-92.e1.,3737 Yamada M, Matsumura C, Jimaru Y, Ueno R, Takahashi K, Yano Y. Effect of continuous pharmacist interventions on pain control and side effect management in outpatients with cancer receiving opioid treatments. Biol Pharm Bull. 2018;41(6):858-63.,3939 Kim HJ, Kim YS, Park SH. Opioid rotation versus combination for cancer patients with chronic uncontrolled pain: a randomized study. BMC Palliat Care. 2015;14(1):41.,4141 Nguyen LMT, Rhondali W, De La Cruz M, Hui D, Palmer L, Kang DH, et al. Frequency and predictors of patient deviation from prescribed opioids and barriers to opioid pain management in patients with advanced cancer. J Pain Symptom Manage. 2013;45(3):506-16..

Já a partir da perspectiva do paciente, outras barreiras potenciais para o uso de opioides podem incluir: falta de comunicação com os médicos, resultando em insuficiente notificação de sintomas; equívocos quanto ao fármaco para a dor, por medo de efeitos adversos, dependência, tolerância e imunidade reduzida; e crenças fatalistas, ou seja, se a dor está aumentando, cria-se a ideia de progressão inevitável e incontrolável da doença. Pacientes com preocupações e equívocos sobre fármacos apresentam pior adesão ao tratamento. Além disso, a intensidade da dor está associada a maior nível de sofrimento psicológico, incluindo depressão, ansiedade, hostilidade e distúrbios do humor. Logo, há necessidade de acompanhamento psiquiátrico e psicológico para complementar e aumentar a eficiência do tratamento farmacológico1010 Coluzzi F, Taylor R Jr, Pergolizzi JV Jr, Mattia C, Raffa RB. [Good clinical practice guide for opioids in pain management: the three Ts - titration (trial), tweaking (tailoring), transition (tapering)]. Rev Bras Anestesiol. 2016;66(3):310-7. Portuguese, English.,1313 Passik SD. Issues in long-term opioid therapy: unmet needs, risks, and solutions. Mayo Clin Proc. 2009;84(7):593-601.,2222 Reticena KO, Beuter M, Sales CA. Vivências de idosos com a dor oncológica: abordagem compreensiva existencial. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(3):419-25.,2323 Cella IF, Trindade LCT, Sanvido LV, Skare TL. Prevalence of opiophobia in cancer pain treatment. Rev Dor. 2016;17(4):245-7..

Ademais, foram relatadas dificuldades burocráticas impostas na prescrição por parte das agências governamentais, bem como no que se refere ao acesso a esse fármacos e ao seu preço. As restrições regula-tórias na prescrição de opioides diferem amplamente entre os países. Assim, em países desenvolvidos, os médicos têm acesso a uma ampla gama de opioides, enquanto aqueles de países em desenvolvimento têm opções limitadas de tratamento2020 Rocha LS, Beuter M, Neves ET, Leite MT, Brondani MC, Perlini NM. Self-care of elderly cancer patients undergoing outpatient treatment. Texto Contexto Enferm. 2014;23(1):29-37.

21 Kim YC, Ahn JS, Calimag MM, Chao TC, Ho KY, Tho LM, et al. Current practices in cancer pain management in Asia: a survey of patients and physicians across 10 countries. Cancer Med. 2015;4(8):1196-204.
-2222 Reticena KO, Beuter M, Sales CA. Vivências de idosos com a dor oncológica: abordagem compreensiva existencial. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(3):419-25..

Com o intuito de solucionar ou amenizar tais problemas aventados acima, há variadas estratégias, incluindo: utilização de escalas de dor validadas para seleção e monitoramento da dor do paciente; avaliação das multicomorbidades; avaliação multidimensional; escolha de opioides de acordo com as particularidades e a fisiopatologia da dor; antecipação e tratamento de efeitos adversos; encaminhamento para demais especialidades quando necessário; educação de pacientes, familiares e, principalmente, cuidadores; fornecimento de apoio psicossocial; informação aos pacientes de que a maior parte da dor oncológica pode ser atenuada; estabelecer expectativas realistas e objetivas em relação à dor. Em adição a isso, é necessário promover palestras didáticas para divulgar estratégias a serem adotadas para o melhor gerenciamento da dor por parte dos profissionais da área da saúde e aumentar a disponibilidade de opioides.

CONCLUSÃO

Os resultados demonstraram que os opioides continuam sendo o pilar no tratamento da dor oncológica em idosos. Podem ser usados para o melhor gerenciamento da dor, mas com cautela por causa dos possíveis efeitos adversos. Além disso, o manejo da dor em idosos requer uma análise multifatorial incluindo as comorbidades, a po-limedicação e a funcionalidade do paciente. Portanto, é necessário tratar de modo individualizado o paciente idoso com o intuito de maximizar os resultados, diminuir os efeitos adversos e melhorar a qualidade de vida.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Mar 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2020

Histórico

  • Recebido
    23 Jun 2019
  • Aceito
    10 Dez 2019
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