Acessibilidade / Reportar erro

Preditores de Síndrome Metabólica em Idosos: Uma Revisão

Resumo

O artigo teve como objetivo analisar criticamente estudos que avaliaram a habilidade dos indicadores antropométricos e clínicos enquanto capazes de predizer a SM em idosos. Foi realizado uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline/PubMed, LILACS e SciELO, além das referências de artigos selecionados e contato com autores. Foram analisados 21 artigos envolvendo indicadores antropométricos e clínicos em idosos, através de diferentes critérios da SM. Catorze estudos reportam aos indicadores antropométricos, sendo a circunferência da cintura (CC) e a razão cintura-estatura (RCEst) descritos como os melhores preditores de SM, com área sob a curva ROC (AUC) superior a 0,70 (p < 0,05). A circunferência do pescoço também foi descrita como indicador alternativo, porém com menor poder discriminatório. Para os indicadores clínicos, o lipid product accumulation (LAP) foi o parâmetro com melhor desempenho em identificar a SM em idosos, com AUC superior 0,85 e eficiência superior a 70%. Os indicadores CC, RCEst e LAP foram os mais sensiveis na predicação da SM. Desta forma, o emprego desses parâmetros podem facilitar a identificação precoce da SM através de métodos diagnósticos de fácil aplicação, boa precisão e baixo custo. Além disso, é importante a determinação de pontos de corte específicos para idosos, uma ver que a obesidade por si só, parece não ser forte preditor de SM em idosos.

Palavras-chave:
Idoso; Pesos e Medidas Corporais; Fatores de Risco; Antropometria; Obesidade; Síndrome Metabólica; Indicadores

Abstract

The article aimed to critically analyse studies which evaluated the capacity of anthropometric and clinical indicators to predict MetS in the elderly. Bibliographical research was performed using the electronic databasese Medline/PubMed, LILACS e SciELO , references from selected articles and contact with several authors. Twenty one articles involving anthropometric and clinical indicators in the elderly were analysed, using different MS criteria. Fourteen studies report anthropometric indicators, being the waist circumference (WC) and waist-to-height ratio (WHtR), described as the best MS predictors, with the area under the ROC curve (AUC) over 0.70 (p < 0.05). The neck circumference was also described as an alternative indicator but with less discriminatory power. Lipid accumulation product (LAP) was the parameter with the best performance to identify MS, with an AUC over 0.85 and efficiency greater than 70%. The WC, WHtR and LAP indicators were the most sensitive for predicting MS. The use of these parameters may facilitate the early identification of MS, with good accuracy and low cost. In addition, it is important to determine specific cutoff points for the elderly, since obesity alone does not appear to be a strong predictor of MS in the elderly.

Keywords
Aged; Body weights and Measures; Risk Factors; Anthropometry; Obesity; Metabolic Syndrome; Indicators

Introdução

A síndrome metabólica (SM) é definida como um conjunto de fatores de risco que inclui resistência à insulina, dislipidemia, obesidade abdominal e hipertensão, e aumenta o risco de doenças cardiovasculares e diabetes.11 Akbulut G, Köksal E, Bilici S, Acar Tek N, Yildiran H, Karadag MG, et al. Metabolic syndrome (MS) in the elderly: A cross sectional survey. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(3):e263-6.,22 Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato K A, et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International. Circulation. 2009;120(16):1640-5. Os critérios mais atuais utilizados para definir SM foram preparados pela Federação Internacional do Diabetes (International Diabetes Federation, IDF).22 Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato K A, et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International. Circulation. 2009;120(16):1640-5. Em seu relatório, foi definido que a obesidade abdominal deixa de ser um componente obrigatório, e pontos de corte específicos devem ser usados para classificar circunferência da cintura (CC) por grupo étnico, além de critérios para alterações no metabolismo de glicose e lipídios, e pressão arterial elevada.22 Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato K A, et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International. Circulation. 2009;120(16):1640-5.

O uso de indicadores clínicos e antropométricos pode auxiliar na identificação da SM.33 Kahn H. The "lipid accumulation product" performs better than the body mass index for recognizing cardiovascular risk: a population-based comparison. BMC Cardiovasc Disord. 2005;5(26):10.

4 Amato MC, Giordano C, Galia M, Criscimanna A, Vitabile S, Midiri M, et al. Visceral Adiposity Index: a reliable indicator of visceral fat function associated with cardiometabolic risk. Diabetes Care. 2010;33(4):920-2.
-55 Gharipour M, Sadeghi M, Dianatkhah M, Bidmeshgi S, Ahmadi A, Tahri M, et al. The Cut-Off Values of Anthropometric Indices for Identifying Subjects at Risk for Metabolic Syndrome in Iranian Elderly Men. J Obes. 2014;2014:1-6. Indicadores clínicos são aqueles que associam parâmetros bioquímicos a medidas analíticas, particularmente o produto da acumulação lipídica (PAL) e o índice de adiposidade visceral (IAV).33 Kahn H. The "lipid accumulation product" performs better than the body mass index for recognizing cardiovascular risk: a population-based comparison. BMC Cardiovasc Disord. 2005;5(26):10.,44 Amato MC, Giordano C, Galia M, Criscimanna A, Vitabile S, Midiri M, et al. Visceral Adiposity Index: a reliable indicator of visceral fat function associated with cardiometabolic risk. Diabetes Care. 2010;33(4):920-2. Indicadores antropométricos incluem índice de massa corporal (IMC), CC, relação cintura-quadril (RCQ), relação cintura-estatura (RCE), diâmetro abdominal sagital (DAS) e circunferência do pescoço (CP).55 Gharipour M, Sadeghi M, Dianatkhah M, Bidmeshgi S, Ahmadi A, Tahri M, et al. The Cut-Off Values of Anthropometric Indices for Identifying Subjects at Risk for Metabolic Syndrome in Iranian Elderly Men. J Obes. 2014;2014:1-6.,66 Zhou J, Ge H, Zhu M, Wang L, Chen L, Tan Y, et al. Neck circumference as an independent predictive contributor to cardio-metabolic syndrome. Cardiovasc Diabetol. 2013;12:76.

O uso de indicadores como preditores de SM pode facilitar a identificação dessa condição na prática clínica, por sua simplicidade, rapidez e funcionalidade. No entanto, não existe um consenso sobre qual melhor indicador capaz de identificar SM em idosos, dada às características funcionais e diferentes pontos de corte, muitos deles específicos para jovens adultos, e com diferentes critérios para definir SM.11 Akbulut G, Köksal E, Bilici S, Acar Tek N, Yildiran H, Karadag MG, et al. Metabolic syndrome (MS) in the elderly: A cross sectional survey. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(3):e263-6.,22 Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato K A, et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International. Circulation. 2009;120(16):1640-5. Contudo, a identificação precoce da SM é importante nessa população, ao auxiliar as equipes de saúde na decisão de estratégias direcionadas à redução do risco cardiovascular global.11 Akbulut G, Köksal E, Bilici S, Acar Tek N, Yildiran H, Karadag MG, et al. Metabolic syndrome (MS) in the elderly: A cross sectional survey. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(3):e263-6.

Esta revisão teve como objetivo analisar criticamente estudos que avaliaram a capacidade de indicadores clínicos e antropométricos em predizer SM em idosos.

Métodos

Estratégia de busca

A busca por artigos foi realizada nas bases de dados MEDLINE/PUBMED, LILACS e SciELO, usando as seguintes combinações: ("metabolic syndrome" ou "syndrome X" ou "plurimetabolic syndrome") e ("elderly" ou "older adults" ou "aged") e ("predict" ou "identify" ou "ability"). Essas expressões foram pesquisadas combinadas entre si ou isoladas. Artigos listados nas referências também foram identificados e revisados. Vários autores foram contatados para obtenção de informações relevantes não informadas nos artigos.

Critérios para inclusão dos artigos

Somente artigos escritos em inglês, espanhol ou português foram incluídos nesta revisão. Foram selecionados artigos publicados entre janeiro de 2010 e janeiro de 2016, e estudos clássicos sobre o tópico, publicados antes desse período, também foram incluídos. Foram incluídos estudos de base populacional em idosos e estudos em idosos institucionalizados que avaliaram indicadores antropométricos e clínicos (PAL, IAV ou razões lipídicas) como preditores de SM.

Extração dos dados

Após triagem dos títulos e resumos de acordo com os critérios de elegibilidade, os artigos considerados relevantes foram selecionados para serem lidos na íntegra (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma da seleção dos artigos para a revisão.

Os seguintes dados foram extraídos de maneira independente: 1) características dos artigos (autores, revista e ano de publicação); 2) local onde o estudo foi realizado (cidade e país); 3) características da população estudada (número de participantes, sexo e faixa etária); 4) indicadores estudados (indicadores antropométricos: IMC, CC, RCQ, RCE, DAS, CP, e indicadores clínicos: PAL, IAV e as razões lipídicas: HDLc/TC, HDL/LDL e TG/LDL); 5) critérios de classificação da SM seguidos: IDF, Programa Nacional de Educação do Colesterol-Painel de Tratamento do Adulto III (NCEP-ATP III), ou o critério harmonizado;22 Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato K A, et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International. Circulation. 2009;120(16):1640-5. 6) principais resultados: AUC (área sob a curva ROC); IC 95%, pontos de corte, sensibilidade (SEN) e especificidade (ESP).

Resultados

Duzentos e oitenta e nove estudos foram identificados nas bases de dados pesquisadas. Após a leitura dos títulos e resumos, 244 estudos foram excluídos. Assim, 45 artigos foram considerados elegíveis para análise, e 26 desses foram excluídos: 7 por avaliarem jovens adultos em vez de idosos, 5 por avaliarem o risco cardiovascular global, 4 por avaliarem componentes isolados da SM (dislipidemia, hipertensão, diabetes ou obesidade), 2 por avaliarem preditores de resistência à insulina, 5 por avaliarem componentes do hemograma como preditores de SM; 1 por avaliar pacientes admitidos no hospital, e 2 artigos escritos em chinês. Ainda, após a revisão das referências bibliográficas dos artigos de interesse, dois outros foram incluídos. Ao final, 21 artigos foram analisados nesta revisão (Figura 1).

Dos artigos analisados, 13 abordaram indicadores antropométricos (Tabelas 1 e 2), 7 avaliaram indicadores clínicos (PAL, IAV e razões lipídicas) (Tabelas 3 e 4) e um artigo77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121. comparou indicadores antropométricos e razões lipídicas na predição de SM em idosos (por isso, encontra-se citado nas tabelas de indicadores antropométricos e clínicos).

Tabela 1
Estudos que avaliaram indicadores antropométricos como preditores de síndrome metabólica em idosos
Tabela 2
Pontos de cortes e áreas sob a curva ROC, sensibilidade e especificidade dos indicadores antropométricos para determinar a síndrome metabólica em idosos
Tabela 3
Estudos que avaliaram os indicadores clínicos como preditores da síndrome metabólica em idosos
Tabela 4
Pontos de corte e áreas sob a curva ROC, sensibilidade e especificidade dos indicadores clínicos para determinar síndrome metabólica em idosos

Os critérios do IDF e da NCEP-ATP III foram os mais utilizados para a definição de SM. O mais recente critério harmonizado foi usado em somente 5 artigos.77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121.

8 Yan Q, Sun D, Li X, Zheng Q, Li L, Gu C, et al. Neck circumference is a valuable tool for identifying metabolic syndrome and obesity in Chinese elder subjects: a community-based study. Diabetes Metab Res Rev. 2014;30(1):69-76.

9 Guasch-Ferré M, Bulló M, Martínez-González MÁ, Corella D, Estruch R, Covas M-I, et al. Waist-to-height ratio and cardiovascular risk factors in elderly individuals at high cardiovascular Rrsk. PLoS One .2012; 7(8):e43275.
-1010 Arthur FKN, Adu-Frimpong M, Osei-Yeboah J, Mensah FO, Owusu L. Prediction of metabolic syndrome among postmenopausal Ghanaian women using obesity and atherogenic markers. Lipids Health Dis. 2012;11:101. Segundo os critérios harmonizados, a obesidade em si não é um pré-requisito para o diagnóstico de SM, o qual deve ser estabelecido com base na presença de 3 dos 5 fatores de risco (entre os quais a obesidade está incluída).

Indicadores antropométricos

Quatorze estudos relataram indicadores antropométricos como preditores de SM (Tabelas 1 e 2). Entre os indicadores antropométricos, os mais citados foram IMC, CC e RCQ. Estudos mais recentes analisaram RCE, DAS e CP.

A maioria dos artigos55 Gharipour M, Sadeghi M, Dianatkhah M, Bidmeshgi S, Ahmadi A, Tahri M, et al. The Cut-Off Values of Anthropometric Indices for Identifying Subjects at Risk for Metabolic Syndrome in Iranian Elderly Men. J Obes. 2014;2014:1-6.,77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121.,1111 Chu F-L, Hsu C-H, Jeng C. Low predictability of anthropometric indicators of obesity in metabolic syndrome (MS) risks among elderly women. Arch Gerontol Geriatr. 2012;55(3):718-23.

12 Gharipour M, Sarrafzadegan N, Sadeghi M, Andalib E, Talaie M, Shafie D, et al. Predictors of metabolic syndrome in the iranian population: waist circumference, body mass index, or waist to hip ratio? Cholesterol. 2013;2013:198384.
-1313 Zeng Q, He Y, Dong S, Zhao X, Chen Z, Song Z, et al. Optimal cut-off values of BMI, waist circumference and waist:height ratio for defining obesity in Chinese adults. Br J Nutr. 2014;112(10):1735-44. que avaliaram indicadores antropométricos destacam a CC e a RCE como os melhores preditores de SM em idosos, em comparação ao IMC e RCQ.

Os estudos de Liang et al.77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121. e Guasch-Ferré et al.,99 Guasch-Ferré M, Bulló M, Martínez-González MÁ, Corella D, Estruch R, Covas M-I, et al. Waist-to-height ratio and cardiovascular risk factors in elderly individuals at high cardiovascular Rrsk. PLoS One .2012; 7(8):e43275. relataram uma AUC maior que 0,70 para CC e RCE para detectar SM, considerando o critério harmonizado para SM. Para mulheres, Liang et al.,77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121. identificaram os pontos de corte de 79,5 cm para CC (SEN: 72,7%; ESP: 76,7%) e 0,53 para RCE (SEN: 67,6%; ESP: 72,9%), com eficiência superior a 70%. Zeng et al.,1313 Zeng Q, He Y, Dong S, Zhao X, Chen Z, Song Z, et al. Optimal cut-off values of BMI, waist circumference and waist:height ratio for defining obesity in Chinese adults. Br J Nutr. 2014;112(10):1735-44. avaliando a presença de pelo menos dois componentes da SM e estratificando os resultados por sexo e idade, observaram valores similares de AUCs e pontos de corte para mulheres nas faixas etárias 60-69 e 70-79 anos (Tabela 2).

Entre os indicadores com desempenho insatisfatório, Paula et al.,1414 Paula HA A, Ribeiro RCL, Rosado LE, Abranches MV, Franceschini S C. Classic anthropometric and body composition indicators can predict risk of metabolic syndrome in the elderly. Ann Nutr Metab. 2012;60(4):264-71. estabeleceram que o IMC e a soma de quatro dobras cutâneas foram os parâmetros antropométricos de adiposidade com a menor eficiência para identificar SM.

Outro indicador citado foi DAS, capaz de estimar o excesso de gordura visceral e, por isso, um melhor preditor de risco cardiometabólico em comparação aos indicadores clássicos.1515 Carneiro Roriz AK, Santana Passos LC, Cunha de Oliveira C, Eickemberg M, de Almeida Moreira P, Ramos Sampaio L. Discriminatory power of indicators predictors of visceral adiposity evaluated by computed tomography in adults and elderly individuals. Nutr Hosp 2014;29(6):1401-7. Somente dois estudos1616 Risérus U, de Faire U, Berglund L, Hellénius M-L. Sagittal abdominal diameter as a screening tool in clinical research: cut-offs for cardiometabolic risk. J Obes. 2010;Pii:757939.,1717 Sharda M, Nagar D, Soni A. Sagittal abdominal diameter as a predictor of metabolic syndrome in the elderly. J Indian Acad Geriatr. 2014 Mar;10:5-9. avaliaram DAS em idosos. Sharda et al.,1717 Sharda M, Nagar D, Soni A. Sagittal abdominal diameter as a predictor of metabolic syndrome in the elderly. J Indian Acad Geriatr. 2014 Mar;10:5-9. com o objetivo de identificar os melhores pontos de corte do DAS na predição de SM, sugeriram os pontos de corte de 22 cm para homens e de 20 cm para mulheres, com sensibilidade e especificidade superior a 80% para ambos os sexos. Pontos de corte similares foram encontrados por Risérus et al.,1616 Risérus U, de Faire U, Berglund L, Hellénius M-L. Sagittal abdominal diameter as a screening tool in clinical research: cut-offs for cardiometabolic risk. J Obes. 2010;Pii:757939. usando um risco cardiometabólico em pacientes idosos.

Em relação à CP, os estudos analisaram seu desempenho em identificar SM e seus componentes isolados. Aoi et al.,1818 Aoi S, Miyake T, Harada T, Ishizaki F, Ikeda H, Nitta Y, et al. Neck circumference has possibility as a predictor for metabolic syndrome in postmenopausal women. Hiroshima J Med Sci. 2014;63(4):27-32. mostraram que o aumento na CP está associado com um aumento nos fatores de risco metabólico, tais como resistência à insulina (leptina, HbA1c e HOMA-IR) e perfil lipídico (TG e HDL).

Nos estudos88 Yan Q, Sun D, Li X, Zheng Q, Li L, Gu C, et al. Neck circumference is a valuable tool for identifying metabolic syndrome and obesity in Chinese elder subjects: a community-based study. Diabetes Metab Res Rev. 2014;30(1):69-76.,1919 Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15.,2020 Hoebel S, Malan L, de Ridder JH. Determining cut-off values for neck circumference as a measure of the metabolic syndrome amongst a South African cohort: the SABPA study. Endocrine. 2012;42(2):335-42. que avaliaram a capacidade preditiva da CP, o ponto de corte sugerido pelos autores foram similares, variando entre 35 e 41 cm para homens e 33 e 35 cm para mulheres (Tabela 2). Hoebel et al.,2020 Hoebel S, Malan L, de Ridder JH. Determining cut-off values for neck circumference as a measure of the metabolic syndrome amongst a South African cohort: the SABPA study. Endocrine. 2012;42(2):335-42. observaram que homens brancos apresentaram um ponto de corte maior (41 cm) que homens da raça negra (35 m). Os pontos de corte para mulheres foram similares entre mulheres brancas e negras, apesar do fato de que o ponto de corte não predisseram SM nas mulheres negras, diferente do observado em homens. Limpawattana et al.,1919 Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15. e Yan et al.,88 Yan Q, Sun D, Li X, Zheng Q, Li L, Gu C, et al. Neck circumference is a valuable tool for identifying metabolic syndrome and obesity in Chinese elder subjects: a community-based study. Diabetes Metab Res Rev. 2014;30(1):69-76. apresentaram pontos de corte semelhantes da CP na predição de SM em indivíduos com idade superior a 50 e 65 anos, respectivamente. No entanto, Limpawattana et al.,1919 Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15. mostraram uma eficiência superior a 72% do ponto de corte sugerido para homens (SEN: 70,89%; ESP: 81,15%) e mulheres (SEN: 86,54%; ESP: 59,39%).

Um parâmetro que não foi investigado de modo suficiente pelos estudos foi o Índice de Massa Gorda (IMG), que considera a altura do indivíduo na estimativa da gordura corporal. Esse índice parece avaliar, independentemente, a gordura corporal a partir de mudanças na massa livre de gordura. No estudo realizado por Liu et al.,2121 Liu P, Ma F, Lou H, Liu Y. The utility of fat mass index vs. body mass index and percentage of body fat in the screening of metabolic syndrome. BMC Public Health. 2013;13:629. o IMG foi o parâmetro com a maior AUC, e IMG elevado mostrou valores de razão de chances (odds ratio) significativamente mais altos para SM em comparação a IMG baixo em ambos os sexos. Esses autores sugeriram que um IMG de 7,00 kg/m2 para homens e 7,90 kg/m2 para mulheres, avaliado por bioimpedância elétrica, pode predizer SM.

Indicadores clínicos

As Tabelas 3 e 4 apresentam as características e resultados, respectivamente, dos oito estudos que avaliaram os indicadores clínicos PAL e IAV e razões lipídicas como preditores de SM segundo critérios do NCEP, IDF e o critério harmonizado.

PAL é um indicador proposto para estimar a concentração de lipídios em adultos, descrito pela primeira vez por Kahn.33 Kahn H. The "lipid accumulation product" performs better than the body mass index for recognizing cardiovascular risk: a population-based comparison. BMC Cardiovasc Disord. 2005;5(26):10. Trata-se de um índice de risco cardiovascular emergente baseado no produto da CC multiplicada pela concentração de triglicerídeos em jejum. O PAL é um marcador de doença cardiovascular confiável em adultos e supera outros preditores do risco, tal como o IMC.33 Kahn H. The "lipid accumulation product" performs better than the body mass index for recognizing cardiovascular risk: a population-based comparison. BMC Cardiovasc Disord. 2005;5(26):10. A maioria dos estudos analisados avaliaram uma população mista, estratificada por sexo e/ou faixa etária. O ponto de corte de PAL sugerido pelos autores2222 Tellechea ML, Aranguren F, Martinez-Larrad MT, Serrano-Rios M, Taverna MJ, Frechtel GD. Ability of lipid accumulation product to identify metabolic syndrome in healthy men from Buenos Aires. Diabetes Care. 2009;32(7):e85.

23 Taverna MJ, Martinez-Larrad MT, Frechtel GD, Serrano-Rios M. Lipid accumulation product: a powerful marker of metabolic syndrome in a healthy population. Eur J Endocrinol. 2011;164(4):559-67.

24 Chiang J-K, Koo M. Lipid accumulation product: a simple and accurate index for predicting metabolic syndrome in Taiwanese people aged 50 and over. BMC Cardiovasc Disord. 2012;12:78.

25 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5.
-2626 Motamed N, Razmjou S, Hemmasi G, Maadi M, Zamani F. Lipid accumulation product and metabolic syndrome: a population-based study in northern Iran, Amol. J Endocrinol Invest. 2016;39(4):375-82. variou de 31,6 a 51,8, com uma diferença entre os sexos (Tabela 4). Entre os homens, a AUC para predizer SM variou de 0,84 a 0,937 e, entre as mulheres, a área sob a curva ROC mais baixa foi 0,78 e a mais alta 0,904 (Tabela 4).

Taverna et al.,2323 Taverna MJ, Martinez-Larrad MT, Frechtel GD, Serrano-Rios M. Lipid accumulation product: a powerful marker of metabolic syndrome in a healthy population. Eur J Endocrinol. 2011;164(4):559-67. apresentaram uma AUC mais baixa para homens e mulheres na faixa etária de 61 a 70 anos, considerando os critérios do IDF (área sob a curva, AUC: 0,84; IC 95%: 0,74-0,93 para homens e 0,78; IC95%: 0,76-0,99 para mulheres) quando comparada àquela relatada em outros estudos.

Ejike CECC2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5. investigou o PAL como um preditor de SM em idosos (idade entre 65 e 84 anos); os autores relataram uma AUC de 0,937 (p = 0,013) e sugeriram um ponto de corte para PAL de 43,9 (SEM: 100%; ESP: 81%). Tellechea et al.,2222 Tellechea ML, Aranguren F, Martinez-Larrad MT, Serrano-Rios M, Taverna MJ, Frechtel GD. Ability of lipid accumulation product to identify metabolic syndrome in healthy men from Buenos Aires. Diabetes Care. 2009;32(7):e85. Chiang & Koo2424 Chiang J-K, Koo M. Lipid accumulation product: a simple and accurate index for predicting metabolic syndrome in Taiwanese people aged 50 and over. BMC Cardiovasc Disord. 2012;12:78. e Motamed et al.,2626 Motamed N, Razmjou S, Hemmasi G, Maadi M, Zamani F. Lipid accumulation product and metabolic syndrome: a population-based study in northern Iran, Amol. J Endocrinol Invest. 2016;39(4):375-82. também observaram a alta capacidade preditiva do PAL na identificação de SM (AUC > 0,90). Entre esses estudos, o ponto de corte mais baixo do PAL para identificar SM foi relatado por Chiang & Koo2424 Chiang J-K, Koo M. Lipid accumulation product: a simple and accurate index for predicting metabolic syndrome in Taiwanese people aged 50 and over. BMC Cardiovasc Disord. 2012;12:78. (31,6 para ambos os sexos).

O IAV é um modelo matemático empírico, específico por sexo, baseado em uma combinação de medidas antropométricas (CC e IMC) com parâmetros bioquímicos (TG e HDLc), que pode ser um indicador de distribuição e função lipídica.44 Amato MC, Giordano C, Galia M, Criscimanna A, Vitabile S, Midiri M, et al. Visceral Adiposity Index: a reliable indicator of visceral fat function associated with cardiometabolic risk. Diabetes Care. 2010;33(4):920-2. O estudo Alkam Metabolic Syndrome44 Amato MC, Giordano C, Galia M, Criscimanna A, Vitabile S, Midiri M, et al. Visceral Adiposity Index: a reliable indicator of visceral fat function associated with cardiometabolic risk. Diabetes Care. 2010;33(4):920-2. introduziu o IAV como um novo marcador de disfunção do tecido adiposo independentemente associado com eventos cardiovasculares, o que não foi observado com CC e IMC. Somente dois estudos investigaram esse indicador na SM.2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5.,2727 Amato MC, Giordano C, Pitrone M, Galluzzo A. Cut-off points of the visceral adiposity index (VAI) identifying a visceral adipose dysfunction associated with cardiometabolic risk in a Caucasian Sicilian population. Lipids Health Dis. 2011;10:183. Para Amato et al.,2727 Amato MC, Giordano C, Pitrone M, Galluzzo A. Cut-off points of the visceral adiposity index (VAI) identifying a visceral adipose dysfunction associated with cardiometabolic risk in a Caucasian Sicilian population. Lipids Health Dis. 2011;10:183. um valor de IAV maior que 2,00 (SEM: 68,5% e ESP: 76,0%) para indivíduos com idade superior a 66 anos foi capaz de predizer SM. No entanto, no estudo de Ejike CECC,2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5. IAV mostrou uma AUC de 0,640, mas sem significância estatística (p = 0,426), sugerindo um ponto de corte maior que 4,4, com melhores sensibilidade e especificidade para identificar SM em idosos (SEN: 67% e ESP: 84%).

Dois artigos77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121.,1010 Arthur FKN, Adu-Frimpong M, Osei-Yeboah J, Mensah FO, Owusu L. Prediction of metabolic syndrome among postmenopausal Ghanaian women using obesity and atherogenic markers. Lipids Health Dis. 2012;11:101. descreveram resultados das razões lipídicas, com diferentes pontos de cortes entre os estudos. Arthur et al.,1010 Arthur FKN, Adu-Frimpong M, Osei-Yeboah J, Mensah FO, Owusu L. Prediction of metabolic syndrome among postmenopausal Ghanaian women using obesity and atherogenic markers. Lipids Health Dis. 2012;11:101. observaram que TG/HDL e HDL/CT apresentaram AUC de 0,80 (IC95%: 0,70-0,90) para ambas as razões, sugerindo um ponto de corte de 0,61 (SEN: 87,2% e ESP: 80%) para TG/HDL e 0,34 (SEN: 96,6% e ESP: 83,3%) para HDL/CT, e eficiência superior a 83%.

Discussão

Os indicadores antropométricos que apresentaram melhor desempenho na identificação de SM foram CC e RCE (entre os indicadores clássicos), e CP (entre os indicadores recentes). Quanto aos parâmetros clínicos, PAL foi o melhor indicador, seguido da razão HDL/CT.

Um ponto importante a ser discutido são os critérios utilizados para definir SM (IDF, NCEP ATPIII e o critério harmonizado), os quais podem justificar a diversidade dos resultados apresentados nesta revisão. Além disso, o uso de diferentes critérios e técnicas de medidas, particularmente em relação à CC, não garante a comparabilidade entre os estudos.

A CC e a RCE foram os melhores parâmetros avaliados,55 Gharipour M, Sadeghi M, Dianatkhah M, Bidmeshgi S, Ahmadi A, Tahri M, et al. The Cut-Off Values of Anthropometric Indices for Identifying Subjects at Risk for Metabolic Syndrome in Iranian Elderly Men. J Obes. 2014;2014:1-6.,77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121.,99 Guasch-Ferré M, Bulló M, Martínez-González MÁ, Corella D, Estruch R, Covas M-I, et al. Waist-to-height ratio and cardiovascular risk factors in elderly individuals at high cardiovascular Rrsk. PLoS One .2012; 7(8):e43275.,1313 Zeng Q, He Y, Dong S, Zhao X, Chen Z, Song Z, et al. Optimal cut-off values of BMI, waist circumference and waist:height ratio for defining obesity in Chinese adults. Br J Nutr. 2014;112(10):1735-44. com a CC apresentando a maior sensibilidade entre os indexes de obesidade. Além disso, observou-se que os pontos de corte da CC sugeridos foram mais baixos que aqueles propostos pelos critérios de definição de SM, indicando que o uso de pontos de cortes não específicos para grupos étnicos e etários pode subestimar a presença de SM, dependendo do critério de classificação utilizado. Contudo, Chu et al.,1111 Chu F-L, Hsu C-H, Jeng C. Low predictability of anthropometric indicators of obesity in metabolic syndrome (MS) risks among elderly women. Arch Gerontol Geriatr. 2012;55(3):718-23. observaram que a CC e a RCE apresentaram resultados semelhantes ao IMC e à RCQ, com uma AUC menor que 0,70 para detectar um mínimo de três critérios de SM em mulheres. Tal divergência pode ser atribuída à idade dos idosos (média de 71,9 anos), com alta prevalência de outras comorbidades além de obesidade, que contribuem para o desenvolvimento da SM. Portanto, a obesidade parece não ser um critério decisivo para a detecção de SM nessa faixa etária.

Outro indicador discutido na literatura é o DAS. Apesar de muitos poucos estudos terem avaliados esse indicador como um preditor de SM, os pontos de corte sugeridos por Risérus et al.,1616 Risérus U, de Faire U, Berglund L, Hellénius M-L. Sagittal abdominal diameter as a screening tool in clinical research: cut-offs for cardiometabolic risk. J Obes. 2010;Pii:757939. e Sharda et al.,1717 Sharda M, Nagar D, Soni A. Sagittal abdominal diameter as a predictor of metabolic syndrome in the elderly. J Indian Acad Geriatr. 2014 Mar;10:5-9. estão de acordo com aqueles apresentados em outros estudos que avaliaram esse parâmetro como preditor de gordura visceral.1515 Carneiro Roriz AK, Santana Passos LC, Cunha de Oliveira C, Eickemberg M, de Almeida Moreira P, Ramos Sampaio L. Discriminatory power of indicators predictors of visceral adiposity evaluated by computed tomography in adults and elderly individuals. Nutr Hosp 2014;29(6):1401-7.,2828 Roriz AKC, de Oliveira CC, Moreira PA, Eickemberg M, Medeiros JMB, Sampaio LR. Methods of predicting visceral fat in Brazilian adults and older adults: a comparison between anthropometry and computerized tomography. Arch Latinoam Nutr. 2011;61(1):5-12. Apesar de estar relacionado a depósitos de gordura abdominal visceral, o DAS não tem sido amplamente utilizado na prática clínica, já que requer um instrumento de medida específico (caliper abdominal - Holtain, Ltd, Dyfed, Wales, Reino Unido).

A CP também foi avaliada, com pontos de corte similares sugeridos pelos autores,88 Yan Q, Sun D, Li X, Zheng Q, Li L, Gu C, et al. Neck circumference is a valuable tool for identifying metabolic syndrome and obesity in Chinese elder subjects: a community-based study. Diabetes Metab Res Rev. 2014;30(1):69-76.,1919 Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15.,2020 Hoebel S, Malan L, de Ridder JH. Determining cut-off values for neck circumference as a measure of the metabolic syndrome amongst a South African cohort: the SABPA study. Endocrine. 2012;42(2):335-42. o que pode ser explicado pelo fato de essa medida ser pouco afetada por mudanças na composição corporal relacionadas com a idade. A associação entre CP e SM pode estar relacionada com o fato de gordura subcutânea na área do pescoço ser responsável por maior liberação de ácidos graxos livres.1919 Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15. Esse excesso de ácidos graxos livres está associado com resistência à insulina, hipertrigliceridemia, lesão vascular e hipertensão, e pode predizer a SM.

Diferenças entre sexos e grupos étnicos foram relatadas no estudo de Hoebel et al.,2020 Hoebel S, Malan L, de Ridder JH. Determining cut-off values for neck circumference as a measure of the metabolic syndrome amongst a South African cohort: the SABPA study. Endocrine. 2012;42(2):335-42. Os autores observaram que um ponto de corte para a CP de 35 cm não foi capaz de predizer SM em mulheres negras, diferentemente do observado em homens, sugerindo o conceito de "obesidade saudável". No entanto, uma limitação desse estudo foi o fato de os autores considerarem indivíduos com idade entre 46 e 65 como o grupo de idosos e, por esse motivo, esses resultados não podem ser extrapolados a indivíduos com idade maior que 65 anos. De modo geral, os estudos88 Yan Q, Sun D, Li X, Zheng Q, Li L, Gu C, et al. Neck circumference is a valuable tool for identifying metabolic syndrome and obesity in Chinese elder subjects: a community-based study. Diabetes Metab Res Rev. 2014;30(1):69-76.,1818 Aoi S, Miyake T, Harada T, Ishizaki F, Ikeda H, Nitta Y, et al. Neck circumference has possibility as a predictor for metabolic syndrome in postmenopausal women. Hiroshima J Med Sci. 2014;63(4):27-32.

19 Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15.
-2020 Hoebel S, Malan L, de Ridder JH. Determining cut-off values for neck circumference as a measure of the metabolic syndrome amongst a South African cohort: the SABPA study. Endocrine. 2012;42(2):335-42. sugeriram o uso da CP por ser um parâmetro antropométrico simples e prático, capaz de identificar a SM. Outra vantagem da CP é o fato de o índice não ser afetado durante movimentos respiratórios ou no período pós-prandial.

O IMG foi discutido apenas no estudo de Liu et al.,2121 Liu P, Ma F, Lou H, Liu Y. The utility of fat mass index vs. body mass index and percentage of body fat in the screening of metabolic syndrome. BMC Public Health. 2013;13:629. Apesar de os autores sugerirem um ponto de corte, vale destacar que não houve estratificação por faixa etária na análise dos dados. Além disso, o estudo foi conduzido na China, em uma amostra menor, de uma população com biótipo brevilíneo, o que limita a extrapolação dos resultados a outras populações.

Os estudos analisados nesta revisão mostraram que os pontos de corte para os indicadores de obesidade precisam ser específicos para idosos, com valores mais altos quando comparados a outros grupos, uma vez que a obesidade parece não ser um forte preditor de SM nos idosos.

Em relação aos indicadores clínicos, o PAL foi o parâmetro mais discutido nos estudos. Kahn33 Kahn H. The "lipid accumulation product" performs better than the body mass index for recognizing cardiovascular risk: a population-based comparison. BMC Cardiovasc Disord. 2005;5(26):10. destaca que a CC e níveis de TG tendem a aumentar com a idade, acumulando ao longo do tempo. A partir dessa perspectiva e considerando que o acúmulo de lipídios intensifica consequências cardiometabólicas, o uso do PAL parece ser uma abordagem vantajosa na avaliação de SM e risco cardiovascular.

Houve uma grande variedade nos pontos de cortes para PAL sugeridos nos estudos, o que pode ser justificado pela diversidade étnica, amplas faixas de idade e diferentes critérios utilizados para definir a SM. Ainda, dois estudos2222 Tellechea ML, Aranguren F, Martinez-Larrad MT, Serrano-Rios M, Taverna MJ, Frechtel GD. Ability of lipid accumulation product to identify metabolic syndrome in healthy men from Buenos Aires. Diabetes Care. 2009;32(7):e85.,2626 Motamed N, Razmjou S, Hemmasi G, Maadi M, Zamani F. Lipid accumulation product and metabolic syndrome: a population-based study in northern Iran, Amol. J Endocrinol Invest. 2016;39(4):375-82. não definiram adequadamente a faixa de idade dos idosos. Enquanto Motamed et al.,2626 Motamed N, Razmjou S, Hemmasi G, Maadi M, Zamani F. Lipid accumulation product and metabolic syndrome: a population-based study in northern Iran, Amol. J Endocrinol Invest. 2016;39(4):375-82. não estratificaram os resultados entre adultos e idosos, Tellechea et al.,2222 Tellechea ML, Aranguren F, Martinez-Larrad MT, Serrano-Rios M, Taverna MJ, Frechtel GD. Ability of lipid accumulation product to identify metabolic syndrome in healthy men from Buenos Aires. Diabetes Care. 2009;32(7):e85. consideraram como idosos, indivíduos com idade entre 45 e 65 anos. Esses fatos limitam o entendimento do desempenho desse indicador em idosos especificamente.

Apesar de Taverna et al.,2323 Taverna MJ, Martinez-Larrad MT, Frechtel GD, Serrano-Rios M. Lipid accumulation product: a powerful marker of metabolic syndrome in a healthy population. Eur J Endocrinol. 2011;164(4):559-67. relatarem os menores valores da AUC para o PAL em idosos com idade entre 61 e 70 anos em comparação a outros estudos, esses autores mostraram um melhor desempenho do PAL como um preditor de SM em idosos. Além disso, apesar de resultados satisfatórios terem sido descritos no estudo de Ejike CECC,2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5. uma pequena amostra (40 homens) foi estudada, o que constituiu uma importante limitação do estudo.

O ponto de corte mais baixo do PAL para prever a SM sugerido por Chiang & Koo2424 Chiang J-K, Koo M. Lipid accumulation product: a simple and accurate index for predicting metabolic syndrome in Taiwanese people aged 50 and over. BMC Cardiovasc Disord. 2012;12:78. poderia estar relacionado aos critérios usados para definir a SM e as características físicas da população avaliada. A capacidade do PAL em identificar a SM, comparada a de outros parâmetros, está associada ao fato de esse indicador refletir mudanças anatômicas e fisiológicas associadas à gordura visceral e seu acúmulo.2222 Tellechea ML, Aranguren F, Martinez-Larrad MT, Serrano-Rios M, Taverna MJ, Frechtel GD. Ability of lipid accumulation product to identify metabolic syndrome in healthy men from Buenos Aires. Diabetes Care. 2009;32(7):e85.,2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5. Tal fato indica que o PAL é capaz de identificar o acúmulo de lipídios em excesso, independentemente de como o esteja armazenado.2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5.

Outro indicador clínico relacionado à disfunção do tecido adiposo é o IAV, o qual é calculado a partir de CC, IMC, TG e LDL. Somente dois estudos2525 Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5.,2727 Amato MC, Giordano C, Pitrone M, Galluzzo A. Cut-off points of the visceral adiposity index (VAI) identifying a visceral adipose dysfunction associated with cardiometabolic risk in a Caucasian Sicilian population. Lipids Health Dis. 2011;10:183. analisaram seu desempenho e propuseram um ponto de corte para o IAV na identificação de SM. Contudo, os pontos de corte sugeridos divergem ente os autores. Vale ressaltar que três das variáveis em que o IAV se baseia (WC, TG e HDL) também são componentes da SM, o que torna a utilização desse índice nos pacientes com características claras de SM sem fundamento.2929 Amato MC, Giordano C. Clinical indications and proper use of the Visceral Adiposity Index. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2013;23(8):e31-2.

Os estudos77 Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121.,1010 Arthur FKN, Adu-Frimpong M, Osei-Yeboah J, Mensah FO, Owusu L. Prediction of metabolic syndrome among postmenopausal Ghanaian women using obesity and atherogenic markers. Lipids Health Dis. 2012;11:101. que utilizaram as razões lipídicas mostraram que o uso desse indicador isoladamente não é capaz de identificar a SM, particularmente em idosos, e sim identificar fatores de risco cardiovasculares isolados.

Os resultados demonstraram claramente que os indicadores mais sensíveis na predição de SM foram CC, RCE e PAL. Portanto, o uso desses parâmetros pode facilitar a identificação precoce da SM por meio de métodos diagnósticos precisos, de baixo custo, e de fácil aplicação. O uso desses indicadores por profissionais de saúde é importante para otimizar a prevenção e o tratamento da SM, bem como para minimizar suas complicações.

Em resumo, os estudos incluídos na revisão propõem diferentes indicadores na predição de SM. Contudo, os resultados são divergentes quanto aos pontos de corte sugeridos, por estarem associados a diferentes populações, com idade e características étnicas distintas. Mais estudos são necessários para identificar o método mais prático, válido, e adequado para a predição de SM. Ainda, são necessários novos estudos que comparem diferentes indicadores, considerando aspectos específicos como sexo, faixas etárias bem definidas e grupos étnicos.

Diferentes critérios de classificação da SM foram usados, o que torna a comparação entre os estudos difícil e a padronização dos critérios essencial. Além disso, não há consenso sobre o melhor indicador para predizer SM em idosos, e estudos nessa população ainda não escassos. Esses dados afetam o entendimento do desempenho dos indicadores em predizer SM nessa população.

A maioria desses estudos apresentam diferenças metodológicas e delineamento dos estudos, bem como limitações inerentes aos estudos observacionais, o que torna difícil a comparação entre resultados e o controle de vieses das populações.

Conclusão

A análise dos estudos incluídos nessa revisão permite-nos concluir que a CC, a RCE, e o PAL apresentaram o melhor poder preditivo para SM em idosos dada à forte relação com depósitos de gordura visceral abdominal. No entanto, a discrepância nos valores entre os estudos indica que a prevalência de outras comorbidades, além da obesidade, pode estar contribuindo para o desenvolvimento da SM nessa população. Portanto, os resultados sugerem que a distribuição de gordura abdominal, e não o sobrepeso em si, é um critério fundamental para esse grupo etário. Destaca-se a necessidade de se identificar um método simples que facilite a abordagem e a detecção de alto risco para a SM em idosos, permitindo a prevenção precoce de eventos cardiovasculares.

  • Fontes de Financiamento
    O presente estudo foi financiado por FAPESB - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (parecer nº 0007/2013
  • Vinculação Acadêmica
    Este artigo é parte de tese de Doutorado de Carolina Cunha de Oliveira pelo Programa de Pós Graduação em Medicina e Saúde da Universidade Federal da Bahia

References

  • 1
    Akbulut G, Köksal E, Bilici S, Acar Tek N, Yildiran H, Karadag MG, et al. Metabolic syndrome (MS) in the elderly: A cross sectional survey. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(3):e263-6.
  • 2
    Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato K A, et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International. Circulation. 2009;120(16):1640-5.
  • 3
    Kahn H. The "lipid accumulation product" performs better than the body mass index for recognizing cardiovascular risk: a population-based comparison. BMC Cardiovasc Disord. 2005;5(26):10.
  • 4
    Amato MC, Giordano C, Galia M, Criscimanna A, Vitabile S, Midiri M, et al. Visceral Adiposity Index: a reliable indicator of visceral fat function associated with cardiometabolic risk. Diabetes Care. 2010;33(4):920-2.
  • 5
    Gharipour M, Sadeghi M, Dianatkhah M, Bidmeshgi S, Ahmadi A, Tahri M, et al. The Cut-Off Values of Anthropometric Indices for Identifying Subjects at Risk for Metabolic Syndrome in Iranian Elderly Men. J Obes. 2014;2014:1-6.
  • 6
    Zhou J, Ge H, Zhu M, Wang L, Chen L, Tan Y, et al. Neck circumference as an independent predictive contributor to cardio-metabolic syndrome. Cardiovasc Diabetol. 2013;12:76.
  • 7
    Liang H, Chen X, Chen Q, Wang Y, Wu X, Li Y, et al. The metabolic syndrome among postmenopausal women in rural canton: prevalence, associated factors, and the optimal obesity and atherogenic indices. PLoS One. 2013;8(9):e74121.
  • 8
    Yan Q, Sun D, Li X, Zheng Q, Li L, Gu C, et al. Neck circumference is a valuable tool for identifying metabolic syndrome and obesity in Chinese elder subjects: a community-based study. Diabetes Metab Res Rev. 2014;30(1):69-76.
  • 9
    Guasch-Ferré M, Bulló M, Martínez-González MÁ, Corella D, Estruch R, Covas M-I, et al. Waist-to-height ratio and cardiovascular risk factors in elderly individuals at high cardiovascular Rrsk. PLoS One .2012; 7(8):e43275.
  • 10
    Arthur FKN, Adu-Frimpong M, Osei-Yeboah J, Mensah FO, Owusu L. Prediction of metabolic syndrome among postmenopausal Ghanaian women using obesity and atherogenic markers. Lipids Health Dis. 2012;11:101.
  • 11
    Chu F-L, Hsu C-H, Jeng C. Low predictability of anthropometric indicators of obesity in metabolic syndrome (MS) risks among elderly women. Arch Gerontol Geriatr. 2012;55(3):718-23.
  • 12
    Gharipour M, Sarrafzadegan N, Sadeghi M, Andalib E, Talaie M, Shafie D, et al. Predictors of metabolic syndrome in the iranian population: waist circumference, body mass index, or waist to hip ratio? Cholesterol. 2013;2013:198384.
  • 13
    Zeng Q, He Y, Dong S, Zhao X, Chen Z, Song Z, et al. Optimal cut-off values of BMI, waist circumference and waist:height ratio for defining obesity in Chinese adults. Br J Nutr. 2014;112(10):1735-44.
  • 14
    Paula HA A, Ribeiro RCL, Rosado LE, Abranches MV, Franceschini S C. Classic anthropometric and body composition indicators can predict risk of metabolic syndrome in the elderly. Ann Nutr Metab. 2012;60(4):264-71.
  • 15
    Carneiro Roriz AK, Santana Passos LC, Cunha de Oliveira C, Eickemberg M, de Almeida Moreira P, Ramos Sampaio L. Discriminatory power of indicators predictors of visceral adiposity evaluated by computed tomography in adults and elderly individuals. Nutr Hosp 2014;29(6):1401-7.
  • 16
    Risérus U, de Faire U, Berglund L, Hellénius M-L. Sagittal abdominal diameter as a screening tool in clinical research: cut-offs for cardiometabolic risk. J Obes. 2010;Pii:757939.
  • 17
    Sharda M, Nagar D, Soni A. Sagittal abdominal diameter as a predictor of metabolic syndrome in the elderly. J Indian Acad Geriatr. 2014 Mar;10:5-9.
  • 18
    Aoi S, Miyake T, Harada T, Ishizaki F, Ikeda H, Nitta Y, et al. Neck circumference has possibility as a predictor for metabolic syndrome in postmenopausal women. Hiroshima J Med Sci. 2014;63(4):27-32.
  • 19
    Limpawattana P, Manjavong M, Sopapong R. Can neck circumference predict metabolic syndrome? An experience from a university community. Endocr Pract. 2016;22(1):8-15.
  • 20
    Hoebel S, Malan L, de Ridder JH. Determining cut-off values for neck circumference as a measure of the metabolic syndrome amongst a South African cohort: the SABPA study. Endocrine. 2012;42(2):335-42.
  • 21
    Liu P, Ma F, Lou H, Liu Y. The utility of fat mass index vs. body mass index and percentage of body fat in the screening of metabolic syndrome. BMC Public Health. 2013;13:629.
  • 22
    Tellechea ML, Aranguren F, Martinez-Larrad MT, Serrano-Rios M, Taverna MJ, Frechtel GD. Ability of lipid accumulation product to identify metabolic syndrome in healthy men from Buenos Aires. Diabetes Care. 2009;32(7):e85.
  • 23
    Taverna MJ, Martinez-Larrad MT, Frechtel GD, Serrano-Rios M. Lipid accumulation product: a powerful marker of metabolic syndrome in a healthy population. Eur J Endocrinol. 2011;164(4):559-67.
  • 24
    Chiang J-K, Koo M. Lipid accumulation product: a simple and accurate index for predicting metabolic syndrome in Taiwanese people aged 50 and over. BMC Cardiovasc Disord. 2012;12:78.
  • 25
    Ejike CECC. Lipid accumulation product and waist-to-height ratio are predictors of the metabolic syndrome in a nigerian male geriatric population. J Rural Trop Public Health. 2011;10:101-5.
  • 26
    Motamed N, Razmjou S, Hemmasi G, Maadi M, Zamani F. Lipid accumulation product and metabolic syndrome: a population-based study in northern Iran, Amol. J Endocrinol Invest. 2016;39(4):375-82.
  • 27
    Amato MC, Giordano C, Pitrone M, Galluzzo A. Cut-off points of the visceral adiposity index (VAI) identifying a visceral adipose dysfunction associated with cardiometabolic risk in a Caucasian Sicilian population. Lipids Health Dis. 2011;10:183.
  • 28
    Roriz AKC, de Oliveira CC, Moreira PA, Eickemberg M, Medeiros JMB, Sampaio LR. Methods of predicting visceral fat in Brazilian adults and older adults: a comparison between anthropometry and computerized tomography. Arch Latinoam Nutr. 2011;61(1):5-12.
  • 29
    Amato MC, Giordano C. Clinical indications and proper use of the Visceral Adiposity Index. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2013;23(8):e31-2.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2017

Histórico

  • Recebido
    03 Jul 2016
  • Revisado
    17 Out 2016
  • Aceito
    28 Fev 2017
Sociedade Brasileira de Cardiologia Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revistaijcs@cardiol.br