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DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AMBIENTE INSTITUCIONAL: EXPANSÃO REGIONAL DAS REDES DE FRANQUIAS NO BRASIL

RESUMO

Objetivo:

O artigo tem como objetivo analisar a atratividade dos mercados do interior do Brasil para as redes de franquias, considerando as características do ambiente institucional referente às dimensões socio­econômica, geográfica e de recursos humanos.

Originalidade/valor:

A interiorização é um tema pouco explorado nas estratégias de crescimento das redes de franquias. Por meio da perspectiva teórica institucional, o artigo contribui para esse debate ao esclarecer e ordenar os fatores de tomada de decisão para a expansão regional das redes de franquias. Da mesma forma, contribui para o desenvolvimento regional ao instigar a gestão municipal para o direcionamento de ações voltadas para desenvolvimento socioeconômico e de recursos humanos.

Design/metodologia/abordagem:

Trata-se de um estudo quantitativo, com dados secundários - da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do site Google Maps - tanto para a análise da localização das unidades franqueadas como dos municípios. Para a amostra foram selecionados 458 municípios com população acima de 50 mil habitantes. Utilizou-se a técnica estatística de análise fatorial e de análise de regressão múltipla.

Resultados:

Os resultados mostram que os fatores socioeconômico e de recursos humanos dos municípios são primordiais para a atratividade das redes de franquias no interior do país. Por sua vez, a distância geográfica do município do interior em relação à capital do estado não apresentou aderência ao modelo explicativo para a atração das redes de franquias.

PALAVRAS-CHAVE:
Redes de franquias; Ambiente institucional; Desenvolvimento regional; Interiorização; Empreendedorismo

ABSTRACT

Purpose:

This paper aims to analyze the attractiveness of the markets in the inland of Brazil to franchise chains based on the characteristics of institutional environment, referring to the socioeconomic, geographical, and human resources dimensions.

Originality/value:

Interiorization is a theme that has been hardly explored in franchise chains’ growth strategies. This paper contributes to this debate through the institutional theoretical perspective, contributing to the clarification and ordering of the decision-making factors for the regional expansion of franchises. For regional development, it calls for municipal management to direct actions aimed at socioeconomic development and human resources.

Design/methodology/approach:

The quantitative method using secondary data - from Brazilian Association of Franchising (Associação Brasileira de Franchising [ABF]), Brazilian Association of Shopping Centers (Associação Brasileira de Shopping Centers [Abrasce]), Brazilian Institute of Geography and Statistics (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]) and Google Maps - was employed in this study for the analysis of franchise location and for municipalities. The sample comprised 458 municipalities with a populaion of above 50 thousand inhabitants. The statistical techniques used were factor analysis and multiple regression analysis.

Findings:

The results show that the socioeconomic and human resources factors of the municipalities are essential for the attractiveness of franchises chains to the inland of the country. In turn, the geographical distance of the inland municipality in relation to the state capital did not present adherence to the model as an explanation for the attraction of franchises.

KEYWORDS:
Franchise chains; Institutional environment; Regional development; Interiorization; Entrepreneurship

1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui 4.619 municípios localizados no interior, que podem ser descritos como cidades que não são capitais de estados e que não fazem parte de regiões metropolitanas. Isso corresponde a 49% da população brasileira (94,3 milhões de habitantes) e representa uma renda familiar de R$ 827 bilhões anuais (Data Popular, 2014Data Popular (2014). Dossiê interior do Brasil: Dimensionamento, características e oportunidades. São Paulo: Instituto Data Popular.). Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) (2017)Associação Brasileira de Franchising (2017). Inteligência de mercado. Recu­perado de https: www.abf.com.br/numeros-do-franchising
https: www.abf.com.br/numeros-do-franchi...
, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.321 possuem unidades de redes de franquias, de forma que mais de 40% das cidades contam com a presença de redes de franquias. Entre as redes associadas à ABF, 25% estão em cidades do interior do país, e os 75% restantes, nas capitais e regiões metropolitanas. Esses indicadores demográficos e financeiros retratam o potencial de consumo dos mercados regionais que pode ser explorado pelas redes de franquias.

Na perspectiva dos empreendimentos varejistas, a seleção do ponto de venda é determinante para o seu êxito, e, para isso, analisam-se primordialmente locais onde exista relevante concentração populacional (Barringer & Greening, 1998Barringer, B. R., & Greening, D. W. (1998). Growth through geographic expansion: A comparative case study. Journal of Business Venturing, 9026(97), 467-492.). Tal análise é vista como determinante quando se trata da expansão das redes de franquias. A expansão das redes de franquias no Brasil, desde a década de 1980 até os anos 2000, concentrou-se em cidades de maior porte, principalmente capitais e cidades de polos regionais. Apesar de a estratégia de expansão para localidades com elevada população ter sido prioritária, é possível identificar alguns limitadores para as redes de franquias, como estagnação do mercado consumidor, elevada concorrência, canibalização entre unidades da mesma rede e alto custo imobiliário (Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.). Por sua vez, cidades de menor porte populacional têm apresentado aumento do poder aquisitivo e menor nível de concorrência, o que gera oportunidade para novos empreendimentos e modelos reduzidos de redes de franquias (Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Cunha et al., 2015Cunha, O., Abida, R., Woods, D., Sonneveld, S., & Carrera, H. (2015). Capturing retail growth in Brazil’s rising interior. BCG, 1(1), 1-15.; Bitti, Aquino, & Amato, 2010Bitti, E. J. S., Aquino, A. C. B., & Amato, J., Neto (2010). Vectors of influence on the contractual mix: Geographical dispersion vs. automation in Brazilian franchised chains. International Annual EurOMA Conference, Porto, 17. Managing Operations in Services Economies.; Portal do Franchising, 2015Portal do Franchising (2015). Interiorização das franquias avança e ABF e Sebrae investem em capacitação de empreendedores. Recuperado de http://www.portaldofranchising.com.br/noticias/interiorizacao-das-franquias-avanca-e-abf-e-sebrae-investem-em-capacitacao-de-empreendedores/
http://www.portaldofranchising.com.br/no...
).

Essa situação deu origem ao fenômeno de interiorização, caracterizado pela expansão das redes de franquias pelo interior do país. Os estudos que retratam esse tema são limitados, porém convergem para o entendimento de que a expansão é realizada como uma estratégia de crescimento de mercado e tem como limitador a capacidade dos mercados regionais de receberem um novo empreendimento (Jackson, 2008Jackson, S. E. (2008). Reaching for value making growth make sense for retail and franchise businesses. Journal of Business Strategy, 29(3), 48-50.; Minadeo & Camargos, 2009Minadeo, R., & Camargos, M. A. de (2009). Fusões e aquisições no varejo alimentar: Uma análise das estratégias de entrada e de crescimento do Carrefour e Wal-Mart no mercado brasileiro. Revista de Ciências da Administração, 11(24), 102-135.; Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Silva et al., 2016). No entanto, não existe uma clareza sobre como ocorre o processo de escolha desses mercados. Para suprir essa lacuna na literatura, esta pesquisa tem como objetivo abordar o fenômeno da interiorização de redes de franquias. Essa abordagem será feita com base na teoria institucional, pois estudos sugerem que as instituições podem ser importantes precursoras das atividades empreendedoras. Uma perspectiva institucional pode auxiliar a estruturar a exploração de como fatores societários influenciam a atividade empresarial e moldam o comportamento empreendedor ao longo de todo o processo empresarial (Valdez & Richardson, 2013Valdez, M. E., & Richardson, J. (2013). Institutional Determinants of Macro-Level Entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, (973), 1149-1175.). Os aspectos institucionais formais impactam as regulamentações e a aplicação das leis. Os aspectos informais impactam a forma como a sociedade possibilita que os negócios prosperem localmente (Silva et al., 2016; Félix & Farah, 2013Félix, R. D. C., & Farah, M. F., Júnior, (2013). Entrepreneurship and development in the cities of Paraná. Revista Brasileira de Planejamento e Desenvolvimento, 2(2), 104-117.; Khoury & Prasad, 2015Khoury, T. A., & Prasad, A. (2015) Entrepreneurship amid concurrent institutional constraints in less developed countries. Business & Society, 55(7), 927-933.; Melo, Borini, & Ogasavara, 2019Melo, P. L. R., Borini, F. M., & Ogasavara, M. H. (2019). Latin America franchise chains internationalization: The impact of institutional environment. Thunderbird International Business Review, 61(2), 217-228. doi:10.1002/tie. 21975
https://doi.org/10.1002/tie. 21975...
).

Dessa maneira, defende-se nesta pesquisa que as redes de franquias têm preferência por mercados regionais em que se tenha estrutura institucional propícia aos negócios, representada por elementos socioeconômicos, humanos e geográficos do ambiente institucional. Assim, este artigo tem como objetivo analisar a atratividade dos mercados do interior do Brasil para as redes de franquias, considerando as características do ambiente institucional referente às dimensões socioeconômica, geográfica e de recursos humanos. Para atingir esse objetivo, foi realizada uma pesquisa quantitativa descritiva, por meio de dados secundários, com uma amostra de 458 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes. Para as análises, empregaram-se técnicas quantitativas multivariadas de análise fatorial, seguida de uma análise de regressão linear múltipla.

A contribuição acadêmica esperada é a identificação das características do ambiente institucional propulsoras da expansão das redes de franquias em seu mercado doméstico, correspondente aos mercados regionais do Brasil. Essa identificação apresenta contribuições aos estudos sobre ambiente institucional para o empreendedorismo (Bruton, Ahlstrom, & Li, 2010Bruton, G. D., Ahlstrom, D., & Li, H. L. (2010). Institutional theory and entrepreneurship: Where are we now and where do we need to move in the future? Entrepreneurship: Theory and Practice, 34(3), 421-440. ; Khoury & Prasad, 2015Khoury, T. A., & Prasad, A. (2015) Entrepreneurship amid concurrent institutional constraints in less developed countries. Business & Society, 55(7), 927-933.), expansão de redes de franquias (Jackson, 2008Jackson, S. E. (2008). Reaching for value making growth make sense for retail and franchise businesses. Journal of Business Strategy, 29(3), 48-50.; Minadeo & Camargos 2009Minadeo, R., & Camargos, M. A. de (2009). Fusões e aquisições no varejo alimentar: Uma análise das estratégias de entrada e de crescimento do Carrefour e Wal-Mart no mercado brasileiro. Revista de Ciências da Administração, 11(24), 102-135.; Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Silva et al., 2016) e expansão geográfica para mercados regionais (Barringer & Greening, 1998Barringer, B. R., & Greening, D. W. (1998). Growth through geographic expansion: A comparative case study. Journal of Business Venturing, 9026(97), 467-492.; Amin, 1999Amin, A. (1999). An institutionalist perspective on regional economic development. International Journal of Urban and Regional Research, 23(2), 365-378.; Chung, Chen, & Hsieh, 2007Chung, H., Chen, C., & Hsieh, T. (2007). First geographic expansion of startup firms: Initial size and entry timing effects. Journal of Business Research, 60, 388-395.; Cordeiro et al., 2017Cordeiro, R. A., Barbone, D., Cruz, R. C., Francisco, E. de R. (2017). Uso de sistema de informação geográfica na gestão do marketing mix: O caso de uma rede de calçados femininos. Future Journal, 9(1), 95-114.).

O presente artigo está estruturado da seguinte forma: revisão teórica, em que serão apresentadas as teorias utilizadas referentes a redes de franquias e ambiente institucional; desenvolvimento das hipóteses, método, análise de resultados e considerações finais, em que serão apresentadas as contribuições acadêmicas e gerenciais.

2. REVISÃO TEÓRICA

2.1 Teoria institucional e empreendedorismo

As instituições podem ser definidas como o conjunto de regras e normas que modelam a forma como os indivíduos interagem em sociedade, e tais regras possuem diversas características, englobando tanto regras formais quanto informais (North, 1991North, D. C. (1991). Institutions. Journal of Economic Perspectives, 5(1), 97-112.). Assim, a legislação, os contratos, as organizações (Estado, empresas, organizações da sociedade civil), as sanções, os direitos de propriedade e as normas culturais de comportamento seriam alguns dos componentes que formam os ambientes institucionais. Como o ambiente institucional pode direcionar o desenvolvimento da economia, as instituições ajudam a explicar as raízes do desenvolvimento econômico desigual entre países ou regiões (Lopes, 2013Lopes, H. C. (2013) Instituições e crescimento econômico: Os modelos teóricos de Thorstein Veblen e Douglass North. Revista de Economia Política, 33(133), 619-637. ). O ambiente institucional também molda as questões políticas, econômicas e sociais ao criar restrições informais (valores, normas, sanções, tabus, costumes, tradições e códigos de conduta) e regras formais (constituições, leis, regras econômicas, direitos de propriedade e contratos) (North, 1991North, D. C. (1991). Institutions. Journal of Economic Perspectives, 5(1), 97-112.). Nesse sentido, o institucionalismo pode oferecer uma estrutura de incentivo à economia e, à medida que a estrutura institucional evolui, moldar a direção da mudança econômica para o crescimento, a estagnação ou o declínio.

Ao informarem as “regras do jogo” dentro da sociedade, as instituições formais definem os parâmetros de mercado, recursos e proteção dos direitos de propriedade. Por sua vez, as instituições informais definem convenções relacionais, hábitos e costumes que permitem o comportamento dentro dos processos empresariais (Biggart & Beamish, 2003Biggart, N. W., & Beamish, T. D. (2003). The economic sociology of conventions: Habit, custom, practice, and routine. Annual Review of Sociology, 29, 443-464. ; Bathelt & Gluckler, 2014Bathelt, H., & Gluckler, J. (2014). Institutional change in economic geography. Progress in Human Geography, 38, 340-363.). Instituições formais são encontradas nas regras políticas, nas decisões legais, no regime regulatório e nas questões econômicas, e determinam a natureza dos direitos de propriedades, o acesso a financiamento, o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos e as relações de trabalho (Hessels & Terjesen, 2010Hessels, J., & Terjesen, S. (2010). Resource dependency and institutional theory perspectives on direct and indirect export choices. Small Business Economics, 34(2), 203-220.; Schwens, Eiche, & Kabst, 2011Schwens, C., Eiche, J., & Kabst, R. (2011). The moderating impact of informal institutional distance and formal institutional risk on SME entry mode choice. Journal of Management Studies, 48(2), 330-351.). Em muitos países em desenvolvimento, para compensar a falta de instituições formais e manter uma razoável estabilidade, há a coexistência de instituições informais e formais (Khoury & Prasad, 2015Khoury, T. A., & Prasad, A. (2015) Entrepreneurship amid concurrent institutional constraints in less developed countries. Business & Society, 55(7), 927-933.). Essa noção de relações informais, que compensam um sistema de governança formal ineficaz, também representa a forma como os empresários sobrevivem em um contexto dinâmico, como no caso de economias em transição e, principalmente, de países emergentes (Steer & Sen, 2010Steer, L., & Sen, K. (2010). Formal and informal institutions in a transition economy: The case of Vietnam. World Development, 38, 1603-1615.).

As restrições às institucionais informais ocorrem nas interações relacionais dentro de grupos de indivíduos e entre eles, como as limitações existentes na interação entre culturas nas quais o gênero, a etnia, a história familiar ou a religião regem os sistemas de intercâmbio social. Tais sistemas institucionais informais podem ser, de acordo com suas próprias regras, as restrições existentes sobre as instituições (Khoury & Prasad, 2015Khoury, T. A., & Prasad, A. (2015) Entrepreneurship amid concurrent institutional constraints in less developed countries. Business & Society, 55(7), 927-933.). Essas condições representam o ponto inicial para o empreendedor que deve conciliar as características, as falhas e os obstáculos dentro do ambiente institucional para aproveitar oportunidades (Peredo & McLean, 2013Peredo, A. M., & McLean, M. (2013). Indigenous development and the cultural captivity of entrepreneurship. Business & Society, 52, 592-620. ; Khoury, Cuervo-Cazurra, & Dau, 2014Khoury, T. A., Cuervo-Cazurra, A., & Dau, L. A. (2014). Institutional insiders and outsiders: The response of domestic and foreign investors to the quality of intellectual property rights protection. Global Strategy Journal, 4, 200-220. ).

A investigação sobre o empreendedorismo dentro do escopo do ambiente institucional tem focalizado a forma como fatores ambientais externos, em combinação com fatores de personalidade e gênero, influenciam nas atividades de negócios (Bruton et al., 2010Bruton, G. D., Ahlstrom, D., & Li, H. L. (2010). Institutional theory and entrepreneurship: Where are we now and where do we need to move in the future? Entrepreneurship: Theory and Practice, 34(3), 421-440. ; Welter & Smallbone, 2010Welter, F., & Smallbone, S. (2010). The embeddedness of women’s entre­preneurship in a transition context. In C. Brush, A. Bruin, E. Gatewood, & C. Henry (Eds.), Women entrepreneurs and the global environment for growth: A research perspective (pp. 96-117). Cheltenham: Edward Elgar.). Os fatores mais analisados são o socioeconômico, o geográfico e o de recursos humanos.

A análise do fator socioeconômico inclui a questão demográfica e econômica. A análise das questões demográficas envolve a averiguação do tamanho da população, abarcando um aspecto essencial para o dimensionamento de determinado mercado. Em relação à questão econômica, ela contribui para identificar o poder de consumo da população, constituindo um relevante indicador de potencial de mercado (Baumol, Litan, & Schramm, 2007Baumol, W., Litan, R., & Schramm, C. J. (2007). Good Capitalism, bad capitalism, and the economics of growth and prosperity. Michigan: Yale University.).

O fator geográfico faz parte do conjunto de variáveis intrínsecas de uma região e pode impactar custos com transporte, valores de aluguel e qualificação de mão de obra. Essa dimensão descreve como uma análise econômica pode ser impactada pela estrutura espacial, produzindo concorrências imperfeitas entre as regiões (Castiglione et al., 2012Castiglione, C., Gorbunova, Y., Infante, D., & Smirnova, J. (2012). FDI determinants in an idiosyncratic country. A reappraisal over the Russian regions during transition years. Communist and Post-Communist Studies, 45(1-2), 1-10.).

Por fim, a análise dos aspectos de recursos humanos envolve os valores, as aspirações e a qualificação dos profissionais, sejam estes funcionários ou proprietários. Trata-se da parte humana exclusivamente, pois os fatores e elementos orientam ações determinantes de indivíduos ou grupos e geram progresso pessoal e profissional (Faller & Almeida, 2014Faller, L. P., & Almeida, M. I. R. de. (2014). Planejamento por cenários: Preparando pequenas empresas do varejo de móveis planejados para um futuro competitivo. Revista de Administração, 1(49), 171-187.).

2.2 Desenvolvimento regional

O processo de desenvolvimento regional compreende não só o crescimento econômico, como também fatores sociais, culturais, ambientais e políticos. Esse processo inclui alterações da composição da sociedade e dos indicadores socioeconômicos, como pobreza, desemprego e desigualdade (Xavier, Inácio, Wittmann, & Kern, 2013Xavier, T. R., Inácio, R. O., Wittmann, M. L., & Kern, J. (2013). O estudo do desenvolvimento regional: Uma análise da produção científica internacional e dos “hot-topics”. Gestão & Regionalidade, 29(87), 19-31.). O principal objetivo do desenvolvimento regional é fazer com que regiões periféricas e remotas se tornem sustentáveis e autossuficientes (Muller, 2016Muller, S. (2016). A progress review of entrepreneurship and regional development: What are the remaining gaps? European Planning Studies, 24(6), 1133-1158.). Existe um consenso sobre a existência de uma relação entre empreendedorismo e desenvolvimento regional, visto que o empreendedor é responsável por introduzir novas tecnologias e recursos, estimular o emprego e trazer o crescimento econômico (Muller, 2016Muller, S. (2016). A progress review of entrepreneurship and regional development: What are the remaining gaps? European Planning Studies, 24(6), 1133-1158.).

Nas últimas décadas, a perspectiva de desenvolvimento regional aumentou sua presença na esfera acadêmica, uma vez que representa uma forma de proporcionar a competitividade de uma região no contexto de mercados globalizados. Os artigos abordam especificamente a atuação de pequenas empresas em regiões periféricas, analisando três esferas: 1. econômica: relação entre as empresas; 2. social: características da estrutura social; 3. ter­ritorial: organização territorial local (Xavier et al., 2013Xavier, T. R., Inácio, R. O., Wittmann, M. L., & Kern, J. (2013). O estudo do desenvolvimento regional: Uma análise da produção científica internacional e dos “hot-topics”. Gestão & Regionalidade, 29(87), 19-31.).

Ademais, um tópico relevante e debatido na academia é a determinação das condições regionais associadas a locais com grande atividade empreendedora. Essa linha de pesquisa analisa como a estrutura regional e o contexto institucional podem influenciar a atividade empreendedora (Muller, 2016Muller, S. (2016). A progress review of entrepreneurship and regional development: What are the remaining gaps? European Planning Studies, 24(6), 1133-1158.). Estudos identificaram que a taxa de desemprego tem impacto na atratividade da atividade empreendedora, mas não são conclusivos sobre o efeito ser positivo ou negativo. Outro indicador apontado é a estrutura de emprego, pois áreas com alta proporção de força de trabalho educada e especializada têm taxas mais altas de abertura de empresas. Regiões dominadas por pequenas empresas também têm taxas mais altas de novas empresas do que aquelas dominadas por grandes empresas. Além disso, há o impacto das políticas locais que incentivam o empreendedorismo, o acesso a capital financeiro e a presença de redes locais (Muller, 2016Muller, S. (2016). A progress review of entrepreneurship and regional development: What are the remaining gaps? European Planning Studies, 24(6), 1133-1158.; Dan & Goia, 2018Dan, M. C., & Goia, D. I. (2018). Entrepreneurship and regional development. A bibliometric analysis. Proceedings of the International Conference on Business Excellence, Bucharest, Romania.).

Em relação às redes de franquias, deve-se ressaltar que são empresas-chave para a economia e têm sido uma força motriz para atividades empresariais e para o crescimento de pequenas empresas. Pequenos negócios são mais vulneráveis aos riscos e às incertezas financeiros quando não fazem parte de uma rede, pois, normalmente, carecem de habilidades básicas de gerenciamento. Assim, as redes de franquias representam uma porta de entrada para o empreendedorismo, facilitando o sucesso dos negócios por causa da cooperação entre franqueador e franqueado (Lee et al., 2015Lee, I., Lee, C., Yoo, S., & Choi, M. (2015). A decision-making model of social shopping in franchising: Assessing collaboration strategies. International Journal of Information Technology & Decision Making, 14(2), 95-420.).

2.3 Redes de franquias e desenvolvimento regional

As redes de franquias podem ser definidas como um sistema em rede que possibilita ao detentor de uma empresa (franqueador) crescer e expandir seus negócios por meio da venda de unidades para um terceiro (franqueado). Além da aquisição da unidade, o franqueado também estará adquirindo o know-how, a marca, os produtos e serviços desenvolvidos pelo franqueador (Melo et al., 2015Melo, P. L. de R., Borini, F. M., Oliveira, M. de M., Jr., & Parente, R. C. (2015). Internationalization of Brazilian franchise chains: A Comparative Study. Revista de Administração de Empresas, 55(3), 258-272.). O franqueador, em contrapartida, receberá do franqueado aportes monetários, como o investimento inicial e royalties, que possibilitarão a manutenção da rede, além de servir como pagamento dos recursos tangíveis e intangíveis (Melo et al., 2015Melo, P. L. de R., Borini, F. M., Oliveira, M. de M., Jr., & Parente, R. C. (2015). Internationalization of Brazilian franchise chains: A Comparative Study. Revista de Administração de Empresas, 55(3), 258-272.). Esse modelo de negócios possibilita a divisão de custos e a rápida penetração no mercado, tornando-se uma relevante opção de expansão para pequenas empresas que apresentam escassez ou limitação de recursos, sejam eles financeiros, de funcionários, gerenciais ou informacional (Melo et al., 2015Melo, P. L. de R., Borini, F. M., Oliveira, M. de M., Jr., & Parente, R. C. (2015). Internationalization of Brazilian franchise chains: A Comparative Study. Revista de Administração de Empresas, 55(3), 258-272.).

As redes de franquias brasileiras apresentam maior concentração em cidades com população acima de 500 mil habitantes, ou seja, em grandes centros urbanos. Em cidades menores, o modelo predominante é o de pequenos comerciantes locais, que são pouco competitivos em comparação com as redes de franquias. A demanda por novas marcas nessas cidades e a canibalização nos grandes centros têm feito com que as redes de franquias orientem sua expansão no sentido do interior do país (Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.).

O movimento estratégico das redes de franquias em busca de novos mercados nos municípios do interior para a sustentação das taxas de crescimento sinaliza que as altas taxas de capilaridade alcançadas nas capitais e nos grandes centros urbanos limitam o crescimento e provocam canibalização (Silva et al., 2016). Isso ocorre porque, em razão do grande número de pontos de vendas, existe a concorrência espacial entre pontos geograficamente próximos, representada pela presença de uma nova unidade que capta vendas de outros pontos já estabelecidos. Assim, a estratégia de expansão, dependendo da escolha do local, é afetada pela canibalização, que pode influenciar na escolha de um novo ponto (Silva et al., 2016). Desse modo, uma saída estratégica para as redes de franquias é a expansão para o interior, em cidades que possuem público consumidor potencial e contam com recursos de infraestrutura, logística de distribuição e atratividade regional (Minadeo & Camargos, 2009Minadeo, R., & Camargos, M. A. de (2009). Fusões e aquisições no varejo alimentar: Uma análise das estratégias de entrada e de crescimento do Carrefour e Wal-Mart no mercado brasileiro. Revista de Ciências da Administração, 11(24), 102-135.).

3. DESENVOLVIMENTO DAS HIPÓTESES

Três hipóteses de pesquisas foram desenvolvidas com a finalidade de relacionar a atratividade do ambiente institucional com a expansão geográfica das redes de franquias para os mercados do interior do país. Essas hipóteses compreendem as seguintes dimensões: socioeconômica, geográfica e de recursos humanos. Essas dimensões foram escolhidas por representarem fatores do ambiente institucional que propiciam uma maior atratividade aos negócios dos municípios (Silva, Monte-Mór, & Barbieri, 2012Silva, H., Monte-Mór, R. L., & Barbieri, A. F. (2012). Demografia do consumo urbano: Um estudo sobre a geração de resíduos sólidos domiciliares no município de Belo Horizonte. Revista Brasileira de Estudos de População, 29(2), 421-449.). A Figura 3.1 resume o framework de pesquisa.

Figura 3.1
FRAMEWORK DE PESQUISA

3.1 Dimensão socioeconômica

As características de uma sociedade são afetadas por sua dinâmica socioeconômica, em função de como a população se altera nos seguintes aspectos: tamanho absoluto, estrutura etária, distribuição espacial, distribuição de renda, estrutura domiciliar, nível educacional e empregabilidade (Silva et al., 2012Silva, H., Monte-Mór, R. L., & Barbieri, A. F. (2012). Demografia do consumo urbano: Um estudo sobre a geração de resíduos sólidos domiciliares no município de Belo Horizonte. Revista Brasileira de Estudos de População, 29(2), 421-449.). Essa dimensão influencia o ambiente de negócios na medida em que seu conhecimento possibilita uma melhor gestão financeira e de marketing, resultando em melhores decisões sobre o modelo de negócio, o produto ofertado, a precificação, a localização do ponto de venda e a comunicação (Cordeiro et al., 2017Cordeiro, R. A., Barbone, D., Cruz, R. C., Francisco, E. de R. (2017). Uso de sistema de informação geográfica na gestão do marketing mix: O caso de uma rede de calçados femininos. Future Journal, 9(1), 95-114.).

Entre os aspectos indicados, destacam-se dois que influenciam diretamente o desenvolvimento e a criação de um ambiente institucional favorável para os negócios locais: a escolaridade e a renda. Esses dois aspectos influenciam especialmente as atitudes dos consumidores em relação a produtos e marcas, e podem ser utilizados para segmentar mercados. Além disso, com relação especificamente à renda, pode-se destacar que, para o desenvolvimento socioeconômico, é fundamental que a população esteja empregada, pois com isso haverá a consequente redução da pobreza e a melhora das condições sociais e do potencial de consumo.

No Brasil, a desigualdade de renda é um fator preponderante que dificulta o combate à pobreza, e o efeito do crescimento econômico sobre a redução da pobreza é menor no Brasil do que nos demais países com renda per capita semelhante (Cabral & Araujo, 2015Cabral, J., & Araujo, A. (2015). Estudo sobre a decomposição dos determinantes da variação da pobreza nos estados brasileiros no período 2001 a 2012. Revista de Economia e Sociologia Rural, 53(4), 627-644. ). Além disso, em se tratando de pequenos municípios brasileiros, deve-se considerar que, quando se reduz o êxodo em direção aos grandes centros, é necessário que os pequenos municípios encontrem meios para se desenvolver economicamente. Especificamente sobre redes de franquias, estruturas organizadas de ponto de venda, como os shopping centers, são atrativos em seu desenvolvimento regional. Esses empreendimentos surgem como novos espaços de consumo que criam novas formas para atrair os consumidores. Assim, as redes de franquias passam a ter um maior crescimento com a proliferação dos centros comerciais e shoppings, adequando-se ao estilo de vida das cidades (Carlos, 2001Carlos, A. F. A. (2001). Espaço-tempo na metrópole. São Paulo: Contexto.; Silva & Gonçalves, 2013Silva, J. B., & Gonçalves, T. E. (2013). Urbanização e produção da cidade: Shopping centers na dinâmica de novas centralidades em Fortaleza-CE. Geosul, 27(53), 63-88.; Lee et al., 2015Lee, I., Lee, C., Yoo, S., & Choi, M. (2015). A decision-making model of social shopping in franchising: Assessing collaboration strategies. International Journal of Information Technology & Decision Making, 14(2), 95-420.).

No que se refere às características de perfil populacional, interessam às redes de franquias municípios que possuem maior população. Essas localidades apresentam maior desigualdade de renda, e existe uma grande parcela da população considerada de baixa renda. No entanto, quando somada, essa população apresenta um grande potencial de negócio (Prahalad, 2006Prahalad, C. K. (2006). The fortune at the bottom of the pyramid: Eradicating poverty through profits. New Jersey: Pearson Education., 2012; Cruz, 2014Cruz, B. P. A. (2014). Classe C e o fenômeno social TV no Brasil. Revista Administração em Diálogo, 17(3), 106-128.; Dias & Hemais, 2015Dias, J. P. S., & Hemais, M. W. (2015). Consumidores de baixa renda e compras on-line: Receios em consumir pela internet. Revista de Gestão, 22(1), 115-132.). A partir do exposto, foi construída a seguinte hipótese:

  • H1: Quanto melhores forem os índices da dimensão socioeconômica dos municípios, mais atrativo o município se tornará para o mercado de redes de franquias.

3.2 Dimensão dos recursos humanos

Os recursos humanos representam a força de trabalho de uma população, considerando somente a parcela que pode efetivamente gerar desenvolvimento econômico. Sem recursos humanos adequados, não é possível o desenvolvimento sustentado. O potencial de recursos humanos de uma região não é mensurado pelo número de pessoas, mas pelo seu nível de qualificação, sendo esta a capacidade de transformar recursos em produtividade. Para que isso ocorra, supõe-se também a existência de um ambiente institucional que favoreça o entendimento e a aplicação dos conhecimentos adquiridos (Kamakura & Mazzon, 2016Kamakura, W., & Mazzon, J. A. (2016). Critérios de estratificação e comparação de classificadores socioeconômicos no Brasil. Revista de Administração de Empresas, 56(1), 55-70.).

A variável mais citada na literatura que pode impactar o nível de qualificação dos recursos humanos é a educação, uma vez que investimentos em educação melhoram o desempenho do capital humano e a produtividade dos trabalhadores (Eberhardt & Lima, 2012Eberhardt, P. H. de C., & Lima, J. F. de. (2012). Evolução e estágio do desenvolvimento econômico regional: O caso das regiões do Paraná. Desenvolvimento Regional em Debate, 2(1), 189-203.; Fonseca, Beltrão, & Prado, 2013Fonseca, F., Beltrão, R. E., & Prado, O. (2013). Avaliando a capacidade de governo: Reflexões sobre a experiência do Prêmio “Municípios que Fazem Render Mais” (2010 e 2011). Revista de Administração Pública, 47(1), 249-272.; Paschoalino, Caldarelli, & Camara, 2016Paschoalino, P. A. T., Caldarelli, C. E., & Camara, M. R. G. da. (2016). Capital humano e desenvolvimento no estado do Paraná entre 2000 e 2001: Uma análise espacial. Desenvolvimento Regional em Debate, 6(3), 193-215.). A teoria do capital humano, desenvolvida por Theodore Schultz em 1960, enfatiza a importância do capital humano no aumento dos níveis de produtividade. Isso se deve ao fato de que os indivíduos com maiores habilidades e conhecimento se tornam mais produtivos, gerando maior nível de produção e possibilitando a inovação tecnológica. O capital humano engloba as habilidades e os conhecimentos que, em conjunto com características pessoais e esforços despendidos, aumentam as possibilidades produtivas e de bem-estar pessoal, social e econômico (Fontenele, Moura, & Leocadio, 2011Fontenele, R. E. S., Moura, H. J., & Leocadio, A. L. (2011). Capital humano, empreendedorismo e desenvolvimento: Evidências empíricas nos municípios do Ceará. Revista de Administração Mackenzie, 12(5), 182-208. ). Essa transformação do conhecimento em capital humano, ou seja, conhecimento profissional, ético, de empreendedorismo e de relações sociais, é uma parte importante da qualificação profissional (Botomé & Zanelli, 2011Botomé, S. P., & Zanelli, J. C. (2011). Is knowledge production in learning and technology the role of post-graduate programs when it comes to training scientists in the country? Revista de Administração Contemporânea, 16(6), 1161-1167.).

Muitas vezes é difícil encontrar recursos qualificados nas cidades de pequeno e médio portes, pois faltam incentivos para atrair empresas geradoras de emprego e renda, de forma que as pessoas qualificadas se deslocam para outras regiões em busca de melhores oportunidades de trabalho. Essas cidades devem buscar alternativas para o desenvolvimento sustentável, pois, além de evitar a estagnação econômica e o esvaziamento populacional, é fundamental para atrair novos empreendimentos, que podem ver na escassez de recursos qualificados um impeditivo (Félix & Farah, 2013Félix, R. D. C., & Farah, M. F., Júnior, (2013). Entrepreneurship and development in the cities of Paraná. Revista Brasileira de Planejamento e Desenvolvimento, 2(2), 104-117.).

Um fator primordial para as redes de franquias é a mão de obra qualificada, pois a produtividade dos trabalhadores é maior. Além disso, com o aumento da produtividade dos trabalhadores, estes adquirirão maior poder aquisitivo. Quando há maior renda na região, novos produtos e serviços poderão ser ofertados, o que resultará na geração de novos empreendimentos e em mais trabalhadores empregados, de modo a criar um círculo virtuo­so nos municípios e melhorar o desenvolvimento econômico e social e o potencial de consumo da região (Haddad, 2009Haddad, P. (2009). Capitais intangíveis e desenvolvimento regional. Revista de Economia, 35(3), 119-146.; Eberhardt & Lima, 2012Eberhardt, P. H. de C., & Lima, J. F. de. (2012). Evolução e estágio do desenvolvimento econômico regional: O caso das regiões do Paraná. Desenvolvimento Regional em Debate, 2(1), 189-203.; Fonseca et al., 2013Fonseca, F., Beltrão, R. E., & Prado, O. (2013). Avaliando a capacidade de governo: Reflexões sobre a experiência do Prêmio “Municípios que Fazem Render Mais” (2010 e 2011). Revista de Administração Pública, 47(1), 249-272.). A partir do exposto, foi formulada a seguinte hipótese:

  • H2: Quanto melhores forem os índices da dimensão de recursos humanos, mais atrativo o município se tornará para o mercado de redes de franquias.

3.3 Dimensão geográfica

A distância geográfica é considerada uma variável relevante, pois implica redução das relações comerciais com o aumento da distância. A distância está relacionada aos custos de transporte, aos custos de comunicação e à redução do controle sobre as operações de investimento. Por conta dessas restrições, para muitos pesquisadores, a distância é considerada um entrave, pois aumenta os custos e riscos de realizar negócios em um novo mercado. Dessa forma, a distância não é apenas a separação geográfica, mas também um limitador cultural, administrativo, político e econômico, alterando a atratividade do mercado regional (Rodrigues, Bezerra, & Cavalcante, 2015Rodrigues, P. C. T., Bezerra, E. L. de A., & Cavalcante, N. F. (2015). O paradoxo das distâncias psíquica, cultural e geográfica. Faces Journal, 14(1), 49-79.).

Uma empresa pode atuar em uma ou mais áreas geográficas, considerando as variações e peculiaridades locais, a estrutura regional, as características populacionais e o comportamento do mercado (Cordeiro et al., 2017Cordeiro, R. A., Barbone, D., Cruz, R. C., Francisco, E. de R. (2017). Uso de sistema de informação geográfica na gestão do marketing mix: O caso de uma rede de calçados femininos. Future Journal, 9(1), 95-114.). Especificamente sobre redes de franquias, o risco de comportamentos oportunistas e quebra de padrões por parte dos franqueados faz com que a expansão das redes leve em consideração a aplicação de mecanismos de controle e monitoramento. A localização distante das capitais e dos grandes centros pode ajudar no desenvolvimento de negócios por causa do afastamento da concorrência, mas tende a aumentar o custo logístico e os gastos com monitoramento e comunicação (Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Rodrigues et al., 2015Rodrigues, P. C. T., Bezerra, E. L. de A., & Cavalcante, N. F. (2015). O paradoxo das distâncias psíquica, cultural e geográfica. Faces Journal, 14(1), 49-79.). Dessa forma, com relação às operações e à logística, considerando a distância entre os municípios e as capitais dos estados e os benefícios proporcionados por suas estruturas, propõe-se a seguinte hipótese:

  • H3: Quanto mais próximo da capital do estado está o município, mais atrativo ele se torna para o mercado de rede de franquias.

4. MÉTODO

Nesta pesquisa, utilizou-se o método quantitativo, de caráter descritivo (Creswell, 2010Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto (3a ed.). Porto Alegre: Penso.), pois a pretensão foi descrever e explorar as características do fenômeno estudado que, nesse caso, diz respeito ao processo de expansão das redes de franquias para o interior do país.

4.1 Coleta dos dados

A pesquisa teve como propósito analisar a atratividade dos mercados do interior do Brasil para as redes de franquias considerando as características do ambiente institucional, referente às dimensões socioeconômica, geográfica e de recursos humanos. Para isso, foram utilizados dados secundários, tanto em relação à localização das redes de franquias como dos municípios brasileiros. Selecionaram-se apenas municípios com mais de 50 mil habitantes, pois, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2014)Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014). Censo demográfico 2010. Recuperado de https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?&t=downloads
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-nov...
, municípios com menor quantidade de habitantes apresentam restrições no desenvolvimento do varejo. Além disso, 91,6% das unidades de franquias estão em municípios com mais de 50 mil habitantes (ABF, 2017Associação Brasileira de Franchising (2017). Inteligência de mercado. Recu­perado de https: www.abf.com.br/numeros-do-franchising
https: www.abf.com.br/numeros-do-franchi...
), o que ilustra a relevância do recorte amostral realizado. Também se excluíram o Distrito Federal, as capitais dos estados e as regiões metropolitanas consideradas pelo IBGE (2014)Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014). Censo demográfico 2010. Recuperado de https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?&t=downloads
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-nov...
, visto que o intuito desta pesquisa reside em compreender a atratividade das redes de franquias em mercados do interior. Dessa forma, foram selecionados 458 municípios para a amostra.

Os dados sobre a localização das unidades de franquias foram coletados por meio do Relatório de desempenho do franchising do ano de 2015 (ABF, 2016Associação Brasileira de Franchising. (2016). Relatório de desempenho do fran­chising do ano de 2015. Recuperado de https://www.abf.com.br/numeros-do-franchising/
https://www.abf.com.br/numeros-do-franch...
). Desse relatório, podem-se extrair as informações referentes à quantidade de unidades de franquias em cada município brasileiro. Os dados institucionais dos municípios brasileiros (dimensão socioeconômica e de recursos humanos) são provenientes do Atlas do desenvolvimento humano (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento [Pnud], 2013Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2013). Atlas do desenvolvimento humano. Recuperado de http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_...
). A Figura 4.1.1 apresenta a relação dos 15 principais municípios constantes neste estudo.

Figura 4.1.1
PRINCIPAIS CIDADES DO INTERIOR

A variável dependente utilizada foi a quantidade de unidades de franquias no município. As variáveis independentes são as dimensões socio­econômica, de recursos humanos e geográfica. A análise da dimensão socioeconômica compreendeu: 1. o pessoal ocupado; 2. a proporção de pobres; e 3. a quantidade de shoppings nos municípios. A dimensão recursos humanos é composta pelos percentuais de 1. ocupados com superior completo; 2. ocupados no setor de serviços; 3. ocupados no setor do comércio; e 4. trabalhadores autônomos. Por fim, os dados referentes à dimensão geográfica correspondem à distância dos munícios da capital do estado. A Figura 4.1.2 apresenta em detalhes as variáveis.

Figura 4.1.2
DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS

A Figura 4.1.3 apresenta as variáveis conforme a codificação que será usada deste ponto em diante.

Figura 4.1.3
CODIFICAÇÕES DAS VARIÁVEIS

Tanto as variáveis apresentadas quanto os resultados foram tratados com técnicas estatísticas multivariadas de análise fatorial e regressão.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Inicialmente, foi necessário verificar se era possível uma redução das variáveis de forma a compreender as dimensões socioeconômica, geográfica e de recursos humanos. Para tanto, realizou-se uma análise fatorial por meio do método de componentes principais, com o objetivo de analisar quais variáveis apresentam maior poder explicativo para o modelo proposto, sintetizando os dados e validando as relações (Corrar, Paulo, & Dias, 2012Corrar, L. J., Paulo, E., & Dias J. M., Filho (Coords.) (2012). Análise mul­tivariada para cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia (4a ed.). São Paulo: Atlas. ; Flach, Castro, & Mattos, 2017Flach, L., Castro, J. K., & Mattos, L. K. D. (2017). Avaliação de desempenho financeiro de empresas brasileiras de energia a partir da análise fatorial e árvore de decisão. Revista Eletrônica de Estratégia e Negócios, 10(1), 201-225.). O teste de esfericidade de Bartlett mostrou a adequabilidade da análise fatorial para os dados em questão, uma vez que o valor p foi menor que o nível de significância de 5%. Ademais, todas as comunalidades foram superiores a 0,500 (Johnson & Wichern, 1992Johnson, R. A., & Wichern, D. W. (1992). Applied Multivariate Statistical Analysis. Englewood Cliffs: Prentice Hall.). Foi selecionado o método de rotação ortogonal Varimax, que é a mais usada para produção de fatores não correlacionados e em situações que envolvem comportamentos humanos (Johnson & Wichern, 1992Johnson, R. A., & Wichern, D. W. (1992). Applied Multivariate Statistical Analysis. Englewood Cliffs: Prentice Hall.; Henson & Roberts, 2006Henson, R., & Roberts, J. (2006). Use of exploratory analysis in published research: Common errors and some comments on improved practice. Educational and Psychological Measurement, 66, 393-416. doi:10.1177/0013 164405282485
https://doi.org/10.1177/0013 16440528248...
). Os resultados obtidos podem ser observados na Figura 5.1, que mostra os fatores rotacionados e as cargas fatoriais distribuídas para cada um deles, assim como a variância explicada de cada fator e a total (77,75%).

Figura 5.1
MATRIZ DE COMPONENTES/FATORES ROTACIONADOS

Obtiveram-se três fatores: 1. socioeconômico, 2. recursos humanos e 3. geográfico. O fator 1 (socioeconômico) explica aproximadamente 35% da variância total, sendo formado pela proporção de pobres, pelo total de pessoal ocupado e pelo número de shopping centers no município. O fator 2 (recursos humanos) explica aproximadamente 28,5% da variância total, sendo formado pelo percentual de pessoas empregadas em serviços, comércio, percentual de pessoas com ensino superior empregadas e percentual de trabalhadores por conta própria. Por fim, o fator 3 (geográfico) explica aproximadamente 14% da variância total, expressando o quão distante o município está em relação à capital do seu estado da Federação.

Obtidas as três dimensões, realizou-se a análise de regressão múltipla para verificar as associações propostas nas hipóteses. O modelo de regressão pode ser observado na Figura 5.2, apresentando um poder de explicação de aproximadamente 91%. Os resultados indicam que as dimensões socioeconômica e de recursos humanos são significativas para o modelo de regressão (p < 0,01) e estão associadas positivamente ao modelo. Dessa forma, quanto maiores forem os índices associados às dimensões socioeconômica e de recursos humanos, maior será o número de franquias no município. Na análise dos coeficientes padronizados, a dimensão socioeconômica apresentou beta de 0,919, ou seja, um previsor mais forte ou mais importante para o número de franquias do que a dimensão de recursos humanos, que apresentou beta de 0,259. A dimensão geográfica não apresentou uma associação significativa.

Figura 5.2
MODELO DE REGRESSÃO

Nesta pesquisa, foram desenvolvidas três hipóteses. A hipótese H1, que trata dos índices atrelados à dimensão socioeconômica dos municípios, confirmou-se, visto que o fator que representa essa dimensão está significativa e positivamente relacionada à variável dependente. Essa hipótese pode ser explicada pelo fato de que quanto maior for o índice de ocupação profissional da população, maior tenderá a ser a renda per capita do município, gerando maior consumo e tornando o munícipio mais atrativo para o mercado de redes de franquias. A geração de renda proporciona um ciclo virtuoso ao município, aumentando a arrecadação de impostos e melhorando a vida da população e das empresas ali instaladas.

A hipótese H2 também se confirmou, uma vez que o fator que representa a dimensão de recursos humanos está significativa e positivamente relacionada à variável dependente. Essa dimensão remonta à presença e qualidade de mão de obra em setores atrelados à atividade das redes de franquias. Possuir mão de obra qualificada e especializada pode ser um grande diferencial para atração de novos modelos de negócios para os municípios, principalmente aqueles que estão afastados geograficamente das sedes das empresas, pois assim os gastos com treinamento e custos de agência tendem a ser menores, facilitando a administração dos negócios. Quando não há mão de obra qualificada, espera-se o aumento da produtividade dos trabalhadores, o que tende a promover a renda individual e o padrão de consumo. Por conta do maior consumo, cria-se um ciclo virtuoso, de modo que as empresas tendem a intensificar a sua produção e empregar uma parcela maior de trabalhadores, além de aumentarem o número de novos empreendimentos. Isso gera uma maior receita tributária para a região, que poderá ampliar seus gastos em melhorias sociais.

Por sua vez, a hipótese H3, que trata da dimensão geográfica, não se confirmou, visto que o resultado do fator que representa essa dimensão não foi significativo. Esse resultado vai de encontro aos estudos anteriores (Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Rodrigues et al., 2015Rodrigues, P. C. T., Bezerra, E. L. de A., & Cavalcante, N. F. (2015). O paradoxo das distâncias psíquica, cultural e geográfica. Faces Journal, 14(1), 49-79.). A partir desse resultado, entende-se que, apesar de a proximidade com as capitais ser um facilitador logístico para as unidades do interior, ela não é condicionante para a decisão da rede de franquia na seleção de mercados para expansão. Isso pode ocorrer por causa de outras localidades de referência para abastecimento, como os centros regionais ou, em se tratando de regiões fronteiriças entre estados, as capitais de outros estados. Além disso, com o avanço da tecnologia surgiram diversas formas de comunicação e monitoramento, mesmo com a distância física, o que pode ter diminuído ainda mais o efeito dessa dimensão.

Dessa forma, as hipóteses que se confirmaram foram H1 e H2, que conseguiram explicar o modelo em 91,1%. A H3 não apresentou aderência ao modelo. A Figura 5.3 apresenta a síntese dos resultados.

Figura 5.3
SÍNTESE DO RESULTADO

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa procurou compreender quais características do ambiente institucional contribuem para uma maior presença de redes de franquias em mercados do interior do Brasil. Para isso, com dados de 458 municípios brasileiros, foram analisadas oito variáveis, reduzidas para três dimensões, a saber: socioeconômica, recursos humanos e geográfica. Os resultados desta pesquisa apontam que as características positivas relacionadas às dimensões socioeconômica e de recursos humanos têm impacto na atrati­vidade dos municípios para expansão de redes de franquias. Esse resultado vai ao encontro do que foi apontado por alguns autores sobre a importância da criação de novos espaços de consumo, como centros comerciais e shoppings (Carlos, 2001Carlos, A. F. A. (2001). Espaço-tempo na metrópole. São Paulo: Contexto.; Silva & Gonçalves, 2013Silva, J. B., & Gonçalves, T. E. (2013). Urbanização e produção da cidade: Shopping centers na dinâmica de novas centralidades em Fortaleza-CE. Geosul, 27(53), 63-88.; Lee et al., 2015Lee, I., Lee, C., Yoo, S., & Choi, M. (2015). A decision-making model of social shopping in franchising: Assessing collaboration strategies. International Journal of Information Technology & Decision Making, 14(2), 95-420.), e sobre a importância da educação e qualificação da mão de obra (Eberhardt & Lima, 2012Eberhardt, P. H. de C., & Lima, J. F. de. (2012). Evolução e estágio do desenvolvimento econômico regional: O caso das regiões do Paraná. Desenvolvimento Regional em Debate, 2(1), 189-203.; Fonseca et al., 2013Fonseca, F., Beltrão, R. E., & Prado, O. (2013). Avaliando a capacidade de governo: Reflexões sobre a experiência do Prêmio “Municípios que Fazem Render Mais” (2010 e 2011). Revista de Administração Pública, 47(1), 249-272.; Paschoalino et al., 2016Paschoalino, P. A. T., Caldarelli, C. E., & Camara, M. R. G. da. (2016). Capital humano e desenvolvimento no estado do Paraná entre 2000 e 2001: Uma análise espacial. Desenvolvimento Regional em Debate, 6(3), 193-215.) na atratividade de um mercado para o empreendedorismo. No entanto, os resultados também apontaram que as características da dimensão geográfica não são relevantes na atratividade dos munícipios para expansão de redes de franquias, o que é divergente do apontado por outros autores (Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Rodrigues et al., 2015Rodrigues, P. C. T., Bezerra, E. L. de A., & Cavalcante, N. F. (2015). O paradoxo das distâncias psíquica, cultural e geográfica. Faces Journal, 14(1), 49-79.).

As contribuições acadêmicas deste estudo referem-se à identificação das características do ambiente institucional propulsoras da expansão das redes de franquias em cidades do interior do Brasil. Esses resultados mostram a atratividade dos mercados do interior com base nas instituições formais compreendidas pela dimensão socioeconômica, relevante para identificação de público consumidor e estabelecimento comercial das franquias (Baumol et al., 2007Baumol, W., Litan, R., & Schramm, C. J. (2007). Good Capitalism, bad capitalism, and the economics of growth and prosperity. Michigan: Yale University.), e pela dimensão de recursos humanos, determinante para o fornecimento de colaboradores às unidades franqueadas (Faller & Almeida, 2014Faller, L. P., & Almeida, M. I. R. de. (2014). Planejamento por cenários: Preparando pequenas empresas do varejo de móveis planejados para um futuro competitivo. Revista de Administração, 1(49), 171-187.).

Assim, contribui-se para os estudos sobre ambiente institucional para o empreendedorismo (Bruton et al., 2010Bruton, G. D., Ahlstrom, D., & Li, H. L. (2010). Institutional theory and entrepreneurship: Where are we now and where do we need to move in the future? Entrepreneurship: Theory and Practice, 34(3), 421-440. ; Khoury & Prasad, 2015Khoury, T. A., & Prasad, A. (2015) Entrepreneurship amid concurrent institutional constraints in less developed countries. Business & Society, 55(7), 927-933.), expansão de redes de franquias (Jackson, 2008Jackson, S. E. (2008). Reaching for value making growth make sense for retail and franchise businesses. Journal of Business Strategy, 29(3), 48-50.; Minadeo & Camargos 2009Minadeo, R., & Camargos, M. A. de (2009). Fusões e aquisições no varejo alimentar: Uma análise das estratégias de entrada e de crescimento do Carrefour e Wal-Mart no mercado brasileiro. Revista de Ciências da Administração, 11(24), 102-135.; Moita & Guerra, 2012Moita, R. M. S., & Guerra, A. (2012). Entradas e bandeiras: Estratégia de interiorização das cadeias de fast-food. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 85-99.; Silva et al., 2016) e expansão geográfica para mercados regionais (Barringer & Greening, 1998Barringer, B. R., & Greening, D. W. (1998). Growth through geographic expansion: A comparative case study. Journal of Business Venturing, 9026(97), 467-492.; Amin, 1999Amin, A. (1999). An institutionalist perspective on regional economic development. International Journal of Urban and Regional Research, 23(2), 365-378.; Chung et al., 2007Chung, H., Chen, C., & Hsieh, T. (2007). First geographic expansion of startup firms: Initial size and entry timing effects. Journal of Business Research, 60, 388-395.; Cordeiro et al., 2017Cordeiro, R. A., Barbone, D., Cruz, R. C., Francisco, E. de R. (2017). Uso de sistema de informação geográfica na gestão do marketing mix: O caso de uma rede de calçados femininos. Future Journal, 9(1), 95-114.).

No que se refere a contribuições gerenciais, esta pesquisa poderá colaborar para gestores de expansão de redes de franquias na prospecção de mercados do interior. Os resultados deixam claro que, na tomada de decisão para a expansão, a questão da distância geográfica em relação à capital do estado não é um fator determinante para a análise. Contudo, a análise deve levar em conta primeiro a situação socioeconômica. Municípios com maior população e número de ocupados, assim como com maior número de shopping centers, tendem a ser mais atrativos para o estabelecimento de unidades franqueadas. Em um segundo momento, a decisão deve se pautar pelos recursos humanos, ou seja, municípios com mão de obra com melhor formação são mais atrativos para redes de franquias. Todavia, ressalta-se que, com base nos resultados, a ordem hierárquica do processo decisório dos franqueadores deve privilegiar os fatores socioeconômicos antes dos recursos humanos.

O resultado do presente artigo também apresenta contribuições gerenciais para os gestores públicos dos municípios, em especial para as secretárias de desenvolvimento econômico, social e da educação. Promover a empregabilidade municipal e a melhor educação dos cidadãos não somente garante o cumprimento discricionário esperado do ente público, como também é um importante mecanismo de atração de novos negócios, para a criação de um ciclo virtuoso de desenvolvimento regional. Desse modo, um gerenciamento público pautado pelo desenvolvimento socioeconômico e de recursos humanos garante a atração de novos negócios e o incremento do impacto social da gestão pública. A limitação deste estudo está no perfil das cidades estudadas, uma vez que se desconsideraram cidades que são capitais de estado e que pertencem a regiões metropolitanas, e municípios com menos de 50 mil habitantes. Além disso, este estudo limitou-se a considerar como polo de referência a distância do município do interior para as capitais.

As sugestões de estudos futuros consistem em analisar: 1. o impacto da dimensão geográfica em relação aos polos regionais mais próximos dos municípios ou regiões de maior influência; 2. a aderência de formatos de redes de franquias que requerem menores investimentos, como microfranquias, em cidades com menos de 50 mil habitantes; 3. a estratificação e formação de clusters de cidades de acordo com o porte populacional; e 4. a verificação desses modelos em empresas que não adotam o modelo de redes de franquias.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2019
  • Aceito
    28 Abr 2020
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