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Marguerite Duras/Claude Régy: L'Amante Anglaise, gênese de uma escrita, gestação de um teatro

Marguerite Duras/Claude Régy: L'Amante Anglaise, the genesis of a text, the gestation of a theatre

Marguerite Duras/Claude Régy: L'Amante Anglaise, genèse d'une écriture, gésine d'un théâtre

RESUMO

Este artigo tem como objetivo a gênese da primeira encenação de L'Amante Anglaise de Margarite Duras, por Claude Régy, uma feliz gênese, realizada a partir da influência recíproca entre a dramaturgia e a cena. Afronta-se, sem uma resposta exata, uma questão teórica importante para a crítica genética aplicada ao teatro: a obra estudada seria o texto dramático ou o espetáculo? Dependendo do acento na primeira ou na segunda resposta, o eixo organizador do dossiê genético pode ser o trabalho de escritura do autor e todas as encenações de L'Amante Anglaise, formando um conjunto teoricamente unificado; ou, os registros do diretor e o conjunto de suas criações. Este estudo explora uma terceira possibilidade, estipulando um necessário cruzamento entre as duas hipóteses.

Palavras-chave:
Gênese; Texto; Cena; Produção Teatral; Inacabamento

ABSTRACT

This article focuses on the genesis of the first staging of Margerite Duras's L'Amante Anglaise, by Claude Régy, a well succeeded genesis, carried out based on the interplay between dramaturgy and the stage. Without any satisfying answer, we are facing an important theoretical issue of genetic criticism applied to theatre: is the work a dramatic text or a spectacle? Depending on the stress on the first or on the second answer, the organizing axis of the genetic dossier can be the author's writing and all stagings of L'Amante Anglaise, forming a theoretically unified set; or the director's notes and all of his creations. This study explores a third possibility, stipulating the indispensable intersection between both hypotheses.

Keywords:
Genesis; Text; Scene; Theatrical Production; Unfinishedness

RÉSUMÉ

L'article prend pour objet la genèse de la première mise en scène de L'Amante Anglaise de Marguerite Duras due à Claude Régy, une genèse heureuse, du fait de l'influence réciproque entre l'écriture et la scène. Il affronte, sans la résoudre, une question théorique majeure de la critique génétique appliquée au théâtre: l'œuvre à étudier est-elle le texte dramatique, ou bien le spectacle? Selon que l'on privilégie la première réponse ou la seconde, l'axe organisateur du dossier génétique est le travail scriptural de l'auteur, toutes les mises en scène de L'Amante anglaise formant alors un ensemble théoriquement unifié, ou bien celui du metteur en scène, l'ensemble cohérent étant constitué par toutes les créations de ce dernier. L'étude explore une troisième voie en stipulant un nécessaire croisement des deux hypothèses.

Mots-clés:
Genèse; Texte; Scène; Production; Inachèvement

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Referências

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  • STERNE, Jonathan. The Audible Past. Cultural Origins of Sound Reproduction {2003}. 3. ed. Durham et Londres: Duke University Press, 2006.
  • 1
    Este texto foi originalmente publicado em Grésillon, Almuth; Mervant-Roux, Marie-Madeleine; Budor, Dominique (Org.). Genèses Théâtrales. Paris: CNRS éditions, 2010, p. 211-232. Ao final, Marie-Madeleine Mervant-Roux incluiu um anexo inédito sobre as gravações do espetáculo, que aparece após as conclusões para respeitar a cronologia do texto. O anexo data de 2013.
  • 2
    Gostaríamos de expressar nosso grande reconhecimento a Michael Lonsdale, que nos emprestou e nos autorizou a reproduzir alguns extratos de seu exemplar do romance. Nós lhe devemos também a precisão de que a expressão "borrão magnífico" é de Marguerite Duras.
  • 3
    Ver Claude Régy, v. 23, M.-M. Mervant-Roux (Org.), Paris, CNRS éditions, col. "Arts du spectacle/ Les voies de la création théâtrale", 2008, em particular os estudos de Chantal Guinebault-Szlamowicz, Sabine Quiriconi e Arnaud Rykner.
  • 4
    Edição cujo título é significativo: Le théâtre de l'Amante anglaise (Gallimard, "L'Imaginaire").
  • 5
    Agradecemos os responsáveis do IMEC e, particularmente, Albert Dichy por nos ter permitido consultar os documentos de gênese de L'Amante Anglaise e por ter facilitado e autorizado as reproduções.
  • 6
    N. T.: Catálogo on line do INA (Institut national de l'audiovisuel).
  • 7
    Nossos agradecimentos a Jean Mascolo, assim como a Michèle Kastner que nos permitiram consultar esses arquivos.
  • 8
    Para a referência das principais entrevistas publicadas ou gravadas, ver Claude Régy, 2008, bibliografia e filmografia.
  • 9
    M. Lonsdale, em entrevista com Almuth Grésillon e Marie-Madeleine Mervant-Roux, Paris, 31 de março de 2005 - C. Régy, em entrevista com A. Grésillon e M.-M. Mervant-Roux, Paris, 15 de março de 2005. Agradecemos aqui aos dois.
  • 10
    Sobre o caminhar frágil de Madeleine Renaud, ver C. Guinebault-Szlamowicz, 2008, p. 35.
  • 11
    Depois da publicação desse estudo, em 2010, as gravações sonoras, em fita magnética, de duas apresentações do espetáculo na sua criação (22 de fevereiro e 21 de dezembro de 1969) foram encontradas. Elas são analisadas no texto anexo que se encontra ao final deste artigo.
  • 12
    Loleh Bellon fascinava Duras. Sabe-se que existe uma relação entre L'Amante Anglaise e Lol V Stein, daí a hipótese segundo a qual a amante do romance seria uma espécie de reprise de Lol ou de Catherine de La Bête dans la jungle, que interpretava a jovem atriz.
  • 13
    Jean Schuster era, junto com Dionys Mascolo, responsável pela revista 14 juillet.
  • 14
    A espessura temporal do "borrão" é devida ao fato de que Lonsdale atuou na peça de 1968 a 1989.
  • 15
    O papel de Pierre Lannes será interpretado por Claude Dauphin ou Jean Servais (em alternância) e, a partir de 1982, por Pierre Dux.
  • 16
    N. T.: no original em francês são vinte palavras.
  • 17
    N. T.: no original em francês são oito palavras.
  • 18
    Numa versão ulterior - montada por Régy no Théâtre du Rond-Point em 1982 - Duras tentou reintroduzir provisoriamente a primeira parte sobre o personagem Robert Lamy, patrão do bar, interpretado por Jean-Marie Patte.
  • 19
    A palavra se refere aqui a uma atividade mental mais complexa do que um simples imaginário compensador. Ver M.-M. Mervant-Roux, "Exercices méditatifs", em Claude Régy, 2008, p. 346-363.
  • 20
    Bertrand Poirot-Delpech, num artigo elogioso, qualifica essa expressão de "jargão que está na moda" (Le Monde, 20 de dezembro de 1968).
  • 21
    Ver Elie Konigson, "Les objets de représentation au théâtre (XVe -XVIIe siècles), em Nouvelle Revue du Seizième siècle", 1996, n. 14/2, p. 189-199.
  • 22
    Duras o anota primeiro de maneira manuscrita abaixo da página 79 do "borrão", depois o passa a limpo numa folha separada que será inserida ao lado da página 78.
  • 23
    N. T.: em francês as palavras "l'amante" {lamɑ̃t} e "la menthe" [la mɑ̃t] são homófonas.
  • 24
    N. T.: em francês a palavra "anglaise" {ɑ̃glεz} e a expressão "en glaise" [ɑ̃ glεz] (na terra) são homófonas.
  • 25
    N. T.: em francês, as palavras "menthe", {mɑ̃t} "amante", {amɑ̃t} "plante" {plɑ̃t} rimam.
  • 26
    N. T.: em francês, as palavras "banc" {bɑ̃} e "ciment" {simɑ} rimam.
  • 27
    N. T.: em francês "ciment". A segunda sílaba "ment" é homógrafa à palavra "ment", (verbo mentir, 3° pessoa do singular).
  • 28
    N. T.: em francês, "qui ment?".
  • 29
    N. T.: Em francês "bouillie".
  • 30
    N. T.: Em francês "grouillis".
  • 31
    N. T.: em francês, as palavras "chambre" {ʃɑ̃bʀ, }"penche"{pɑ̃ʃ}, {"pente"}pɑ̃t{"rampe"}ʀɑ̃p são assonantes.
  • 32
    "{E}la {Claire / Madeleine Renaud} se afasta para tão longe que nós a perdemos, e então ela se encontra. {...} Trazida por asas indiscerníveis, ela viajou do outro lado" C. Régy, Espaces perdus, Plon, 1991, p. 14.
  • 33
    Régy (2008), em entrevista com A. Grésillon e M.-M Mervant-Roux.
  • 34
    Este texto foi incluído por M. M. Mervant-Roux como anexo ao artigo. Ele não foi publicado em francês.
  • 35
    N. T.: Théâtre National Popular, fundado em 1920 em Paris por Firmin Gémier, atualmente Théâtre National de Chaillot.
  • 36
    Sobre essas questões, ver meu estudo: "Peut-on entendre Sarah Bernhardt? Le piège des archives audio et le besoin de protocoles", In: Sociétés et représentations, número 35, Archives et patrimoines visuels et sonores, dirigido por Evelyne Cohen e Marie-France Chambat-Houillon, Paris, CREDHESS, n. 35, p. 165-182, 2013. Ver também o número triplo da revista Théâtre/Public apresentando os trabalhos do grupo ARIAS-CNRS/CRI de Montreal, org. Jean-Marc Larrue, M.-M. Mervant-Roux: Le son du théâtre, 1 (Le passé audible, n. 197), 2 (Dire l'acoustique, n. 199) e 3 (Voix, Words, words, words), n. 201, Gennevilliers, 2010-2011.
  • 37
    Jonathan Sterne, The Audible Past. Cultural Origins of Sound Reproduction [2003], 3e edição, Durham et Londres, Duke University Press, 2006, p. 19.
  • 38
    Daniel Deshays, Pour une écriture du son, Kincksieck, 2006, p. 45.
  • 39
    Alain Corbin, Les Cloches de la terre. Paysage et culture sensible dans les campagnes au XIXe siècle, Flammarion, "Champs" {Albin Michel, 1994} 2006, p. 14.
  • 40
    Ver por exemplo Claude Régy, "Déconstruction", em Claude Régy, "Les voies de la création théâtrale", v. 23, M.-M. Mervant-Roux (Org.), Paris, CNRS Éditions, col. "Arts du spectacle", 2008, p. 14-19.
  • 41
    Claude Régy, Espaces perdus, Plon, 1991, p. 56.
  • 42
    N. T.: Atriz francesa (1898-1992).
  • 43
    Ver os estudos respectivos em Claude Régy, 2008, p. 136-175 e p. 52-65.
  • 44
    Ver seu estudo, em Claude Régy, 2008, p. 116.
  • 45
    Henri Meschonnic, "Qu'entendez-vous par oralité ?", in: Langue française, n. 56, 1982, p. 6-23.
  • 46
    Claude Régy, Espaces perdus, 1991, p. 17.
  • 47
    Ver seu estudo em Claude Régy, 2008, p. 295.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2013

Histórico

  • Recebido
    24 Jan 2013
  • Aceito
    26 Fev 2013
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