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O papel da paridade no tipo de parto em mulheres com idade materna avançada

Resumo

Objetivos:

descrever o perfil das mulheres brasileiras com IMA (> 35 anos) segundo a paridade, além de analisar o papel da paridade na relação entre IMA e tipo de parto.

Métodos:

trata-se de um estudo transversal, baseado no inquérito “Nascer no Brasil”. Os dados foram coletados em 2011/2012. Executou-se o teste qui-quadrado para verificar a associação entre paridade e características maternas, do pré-natal, parto, hábitos maternos, doenças pré-gestacionais, complicações maternas e antecedentes obstétricos.

Resultados:

das 2.510puérperas com IMA, 20,2% eram primíparas, 54,4% tinham um ou dois partos anteriores e 25,4%o três ou mais partos anteriores. As primíparas apresentaram maior escolaridade, classe econômica mais elevada e IMC adequado, eram brancas; e possuíam melhores hábitos maternos quando comparadas às multíparas. Entretanto, também foram mais submetidas à cesariana, ainda que sem intercorrências relatadas.

Conclusão:

não se pode falar em gestantes com IMA como um grupo homogêneo no Brasil. Existem desigualdades que podem ser reveladas via paridade, uma vez que as primíparas apresentam características maternas, hábitos e acesso ao pré-natal e parto mais vantajosas que as multíparas.

Palavras-chave:
Saúde materno infantil; Idade materna; Complicações na gravidez; Parto

Abstract

Objectives:

to describe the profile of Brazilian Advanced Maternal Age (AMA) women (> 35 years) according to parity, as well as to analyze the role of parity in the relationship between AMA and mode of delivery.

Methods:

this is a cross-sectional study, based on the “Nascer no Brasil” (Born in Brazil) survey. The data were collected in 2011/2012. The chi-square test was performed to verify the association between parity and maternal, prenatal and delivery characteristics, maternal habits, pre-pregnancy diseases, maternal complications and obstetric history.

Results:

of the 2,510 puerperal AMA women, 20.2% were nulliparous, 54.4% had one or two previous births and 25.4% had three or more previous births. The nulliparous women had higher schooling, higher economic class and adequate BMI, were white; and had better maternal habits when compared to multiparous. However, they were also more submitted to cesarean section, although without reported complications.

Conclusions:

one cannot speak of AMA pregnant women as a homogeneous group in Brazil. There are inequalities that can be revealed via parity, since nulliparous women have maternal characteristics, habits and access to prenatal care and childbirth that are more advantageous than multiparous women.

Key words:
Maternal and child health; Maternal age; Complications at pregnancy; Delivery

Introdução

Idade materna avançada (IMA) é geralmente definida como a gravidez de mulheres com 35 anos ou mais. Tem se observado uma tendência mundial em postergar a gestação11 Radon-Pokracka M, Adrianowicz B, Plonka M, Danil P, Nowak M, Huras H. Evaluation of Pregnancy Outcomes at Advanced Maternal Age. Open Access Maced J Med Sci. 2019; 7 (12): 1951-6.,22 Kalayci H, Ozdemir H, Alkas D, Cok T, Tarim E. Is primi-parity a risk factor for advanced maternal age pregnancies? J Matern Fetal Neonatal Med. 2017; 30 (11): 1283-7. principalmente nos países de alta renda.33 Schildberger B, Linzner D, Hehenberger L, Leitner H, Pfeifer C. Influence of Maternal Age on Selected Obstetric Parameters. Geburtshilfe Frauenheilkd. 2019; 79 (11): 1208-15. No Reino Unido, a média de idade materna ao nascimento aumentou consideravelmente de 26,4 anos, na década de 1970, para 30,6, em 2018.4 Na Espanha, 38,7% dos partos foram de mulheres com 35 anos ou mais em 2016.55 Claramonte Nieto M, Meler Barrabes E, Garcia Martínez S, Gutiérrez Prat M, Serra Zantop B. Impact of aging on obstetric outcomes: defining advanced maternal age in Barcelona. BMC Pregnancy Childbirth. 2019; 19 (1): 342. Também países de média e baixa renda têm ampliado a frequência de mulheres com IMA. No Brasil, o percentual de partos em mulheres com IMA duplicou entre 1994 e 2018, passando de 7,6% para 15,5%.66 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Sistema de Informação de Nascidos Vivos. Datasus. [acesso em 2020 dez 28]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def.
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi....

A tendência de adiar a maternidade, tem ocorrido em função do aumento da expectativa de vida, busca da mulher por mais oportunidades educacional e profissional, além da ampla oferta de métodos contraceptivos seguros e maior acesso à reprodução assistida,11 Radon-Pokracka M, Adrianowicz B, Plonka M, Danil P, Nowak M, Huras H. Evaluation of Pregnancy Outcomes at Advanced Maternal Age. Open Access Maced J Med Sci. 2019; 7 (12): 1951-6.-22 Kalayci H, Ozdemir H, Alkas D, Cok T, Tarim E. Is primi-parity a risk factor for advanced maternal age pregnancies? J Matern Fetal Neonatal Med. 2017; 30 (11): 1283-7.

3 Schildberger B, Linzner D, Hehenberger L, Leitner H, Pfeifer C. Influence of Maternal Age on Selected Obstetric Parameters. Geburtshilfe Frauenheilkd. 2019; 79 (11): 1208-15.

4 European Commission. Eurostat: Fertility statistics (Data from March 2020) 2020 [cited 2020 March]. Available from: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Fertility_statistics.
http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statist...

5 Claramonte Nieto M, Meler Barrabes E, Garcia Martínez S, Gutiérrez Prat M, Serra Zantop B. Impact of aging on obstetric outcomes: defining advanced maternal age in Barcelona. BMC Pregnancy Childbirth. 2019; 19 (1): 342.

6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Sistema de Informação de Nascidos Vivos. Datasus. [acesso em 2020 dez 28]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def.
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi....
-77 Arya S, Mulla ZD, Plavsic SK. Outcomes of Women Delivering at Very Advanced Maternal Age. J Womens Health. 2018; 27 (11): 1378-84. mesmo cientes de chances mais elevadas de intercorrências em uma gravidez tardia.88 Sheinis M, Carpe N, Gold S, Selk A. Ignorance is bliss: women's knowledge regarding age-related pregnancy risks. J Obstet Gynaecol. 2018; 38 (3): 344-51.

Estudos têm apontado que as mulheres com IMA apresentam maior chance de doenças pré-gesta-cionais (hipertensão crônica e diabetes),99 Goetzinger K, Shanks A, Odibo A, Macones G, Cahill A. Advanced Maternal Age and the Risk of Major Congenital Anomalies. Am J Perinatol. 2016; 34 (03): 217-22. complicações maternas (hipertensão gestacional, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, placenta prévia e descolamento prematuro de placenta),1010 Kanmaz AG, inan AH, Beyan E, Õgür S, Budak A. Effect of advanced maternal age on pregnancy outcomes: a singlecentre data from a tertiary healthcare hospital. J Obstet Gynaecol. 2019;39 (8): 1104-1111.

11 Lean SC, Derricott H, Jones RL, Heazell AEP. Advanced maternal age and adverse pregnancy outcomes: A systematic review and meta-analysis. Bhutta ZA, editor. PLOS ONE. 2017; 12 (10): e0186287.
-1212 Martinelli KG Garcia ÉM, Santos Neto ET dos, Gama SGN da. Advanced maternal age and its association with placenta praevia and placental abruption: a meta-analysis. Cad Saúde Pública. 2018; 34 (2): e00206116. complicações perinatais (baixo peso ao nascer, prematuridade e natimortalidade)1111 Lean SC, Derricott H, Jones RL, Heazell AEP. Advanced maternal age and adverse pregnancy outcomes: A systematic review and meta-analysis. Bhutta ZA, editor. PLOS ONE. 2017; 12 (10): e0186287. e parto via cesariana.1313 Xie M, Lao TT, Du M, Sun Q, Qu Z, Ma J, Song X, Wang M, Xu D, Ma R. Risk for Cesarean section in women of advanced maternal age under the changed reproductive policy in China: A cohort study in a tertiary hospital in southwestern China. J Obstet Gynaecol Res. 2019; 45 (9): 1866-75.

No entanto, a maioria dos estudos não tem considerado a paridade das mulheres com IMA como fator de confusão, visto que apresentam características e desfechos maternos distintos.22 Kalayci H, Ozdemir H, Alkas D, Cok T, Tarim E. Is primi-parity a risk factor for advanced maternal age pregnancies? J Matern Fetal Neonatal Med. 2017; 30 (11): 1283-7..1010 Kanmaz AG, inan AH, Beyan E, Õgür S, Budak A. Effect of advanced maternal age on pregnancy outcomes: a singlecentre data from a tertiary healthcare hospital. J Obstet Gynaecol. 2019;39 (8): 1104-1111. Além disso, nos países de média/baixa renda as mulheres com IMA diferem significativamente quanto às características sociodemográficas e disponibilidade dos serviços obstétricos,1414 Laopaiboon M, Lumbiganon P, Intarut N, Mori R, Ganchimeg T, Vogel JP, Souza JP, Gülmezoglu AM, on behalf of the WHO Multicountry Survey on Maternal Newborn Health Research Network. Advanced maternal age and pregnancy outcomes: a multicountry assessment. BJOG Int J Obstet Gynaecol.2014; 121 (Suppl. 1): 49-56. que se reflete na paridade. Nesse contexto, este estudo tem o objetivo de descrever o perfil das mulheres brasileiras com IMA (> 35 anos) segundo a paridade, além de analisar o papel da paridade na relação entre IMA e tipo de parto.

Métodos

Os dados do presente estudo foram obtidos da pesquisa nacional de base hospitalar, “Nascer no Brasil”, realizada entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. A amostra foi selecionada em três estágios. Primeiro selecionou-se os hospitais com 500 ou mais partos/ano, que foram estratificados segundo macrorregiões do país (norte, sul, nordeste, sudeste e centro-oeste), localização (capital ou interior) e tipo de serviço (público, privado ou misto). No segundo estágio, definiu-se o número de dias necessários para entrevistar 90 puérperas em cada um dos 266 hospitais selecionados no primeiro estágio (mínimo de 7 dias), utilizando o método de amostragem inversa. No terceiro estágio, as puérperas foram amostradas com igual probabilidade entre as elegíveis, de acordo com a ordem de ocorrência do parto. As entrevistas foram realizadas diariamente, incluindo finais de semana e feriados, por profissionais de saúdes previamente treinados pela equipe de coordenação central da pesquisa.

Ao fim, foram realizadas 23.894 entrevistas face a face com as puérperas, cujos partos ocorreram naquela maternidade, coleta de dados do prontuário materno e do recém-nascido, do cartão de pré-natal da gestante e dos laudo s de exames de ultrassono-grafia, além de duas ondas de entrevista telefônica com a mulher após o parto (seis e doze meses) e entrevistas com os gestores da unidade hospitalar. Foram elegíveis as mulheres com bebês nascidos vivos, independentemente da idade gestacional e do peso, ou natimortos com peso de nascimento > 500 g e/ou idade gestacional > 22 semanas. Foram excluídas do estudo as mulheres que possuíam distúrbios mentais graves, eram estrangeiras ou indígenas que não entendiam o português e surdas.

Para esta análise foram inseridas apenas as puérperas com idade > 35 anos (IMA) e utilizou-se as informações contidas na entrevista hospitalar com a puérpera, dado s do cartão de pré-natal e do prontuário materno. Este último, foi coletado após a alta da mulher ou no 42° dia de internação hospitalar.

Foram consideradas características maternas: escolaridade materna (< 7, 8 a 10, >11 anos), classificação econômica segundo a Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado (classes econômica A/B - alta, C - média, D/E - baixa), raça/cor (branca, preta, parda, amarela e indígena), Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional -Kg/m22 Kalayci H, Ozdemir H, Alkas D, Cok T, Tarim E. Is primi-parity a risk factor for advanced maternal age pregnancies? J Matern Fetal Neonatal Med. 2017; 30 (11): 1283-7. (<18,5 - abaixo do peso; 18,5-24 - normal; 25,0-29,9 - sobrepeso; 30,0 ou mais - obesidade), região de moradia (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste), situação conjugal (sem companheiro e com companheiro) e trabalho remunerado (sim e não). E como hábitos maternos: uso de fumo durante a gestação (sim e não), consumo > 3 cigarros/dia ou > 15 cigarros sem ser todos os dias (sim e não) e suspeição de uso inadequado de álcool durante gestação (sim, quando a mulher obteve dois pontos ou mais em um total de sete utilizando o instrumento TWEAK).15

As variáveis relacionadas ao pré-natal e parto foram: local de pré-natal (apenas público e alguma no privado), profissional que atendeu no pré-natal (médico, enfermeiro, outros e não fez pré-natal), tipo de financiamento do parto (público e privado), peregrinação para o parto - não conseguiu ser atendida na primeira maternidade procurada para o parto (sim/ não), tipo de parto (vaginal/ fórceps, cesariana com trabalho de parto e cesariana sem trabalho de parto) e adequação global mínima do pré-natal (adequado, inadequado).

Foi adotada a adequação global mínima do prénatal recomendada pelo Ministério da Saúde, e adaptada por Domingues et al.16O pré-natal foi considerado minimamente adequado quando o início da assistência ocorreu até a 12a semana de gestação; quando o número de consultas foi adequado para a idade gestacional no parto; pelo menos um dos seguintes exames de rotina: sorologia para sífilis, glicemia de jejum, urina, sorologia para HIV e ul-trassonografia; e relato materno sobre a orientação quanto a maternidade de referência.

Como doenças pré-gestacionais foram incluídas: diabetes e doença cardíaca. As complicações maternas abordadas foram: doença hipertensiva (hipertensão crônica, pré-eclâmpsia, eclampsia ou síndrome HELLP), diabetes e infecção urinária, todas classificadas em presente ou ausente. Também se levou em consideração a presença ou ausência de gestação múltipla. E os antecedentes obstétricos abordados foram: número de cesáreas anteriores (nenhuma, uma e duas ou mais), aborto anterior, histórico de prematuridade e histórico de baixo peso, esses últimos classificados em presente ou ausente.

Para definição de intercorrência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana considerou-se qualquer registro, no cartão de prénatal ou no prontuário hospitalar, de alguma das seguintes situações: doenças clínicas pré-existentes, síndromes hipertensivas, diabetes (gestacional ou não), infecção pelo HIV, apresentação não cefálica do recém-nato, crescimento intrauterino restrito, oligodramnia, polidramnia, isoimunização, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, sofrimento fetal, trabalho de parto prematuro, pós-maturidade, macrossomia, má-formação congênita grave, iteratividade (duas ou mais cesáreas anteriores), falha de indução do parto e complicações na evolução do trabalho de parto (desproporção cefalopélvica, discinesia, distócia, ruptura uterina, período expulsivo prolongado e atonia uterina).1717 Domingues RMSM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, Torres JA, d'Orsi E, Pereira APE, Schilithz AOC, Leal MC. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cad Saúde Pública. 2014; 30 (suppl. 1): 101-16.

Todas as análises foram realizadas segundo paridade: primíparas (mulheres sem parto anterior), um ou dois partos anteriores e três ou mais partos anteriores. Inicialmente, para verificar a diferença de proporções entre paridade e características maternas, do pré-natal, parto, hábitos maternos, doenças pré-gestacionais, complicações maternas e antecedentes obstétricos, utilizou-se o teste qui-quadrado (Rao-Scott), considerando um intervalo de confiança de 95%. Posteriormente, executou-se um fluxograma, visando identificar a associação entre alguma inter-corrência na gestação, que poderia ser indicação de cesariana, e a via de parto final para nascimento do concepto.

O desenho complexo da amostragem foi levado em consideração durante toda análise estatística. Além disso, cada estrato de seleção recebeu um procedimento de calibração por razão de pesos amostrais básicos para assegurar que a distribuição das puérperas fosse semelhante à observada nos nascimentos da população amostrada em 2011, derivando percentuais ponderados.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, sob n° 92/2010 e 2.041.963/2017 (CAAE: 63785517.2.0000.5240). Obteve-se o consentimento digital de cada puérpera após a leitura do termo de consentimento livre e esclarecido antes da entrevista.

Resultados

Participaram desta análise 2.510 puérperas com idade > 35 anos, sendo 507 (20,2%) primíparas, 1.365 (54,4%) com um ou dois parto s anteriores e 638 (25,4%) com três ou mais partos anteriores. É possível observar que as primíparas possuem características e hábitos maternos bem distintos das mulheres com histórico de três ou mais partos anteriores, enquanto o grupo de um ou dois partos possui características intermediárias aos grupos extremos. As primíparas têm maior escolaridade, pertencem mais à classe econômica com maior poder aquisitivo, são brancas em sua maioria, possuem maior percentual de IMC adequado, proporcionalmente se encontram mais na região Sudeste comparadas às demais, e quase 80% delas possui trabalho remunerado. Além disso, tiveram os menores percentuais para suspeição do uso inadequado de álcool e fumo durante a gestação (Tabela 1).

Tabela 1
Paridade segundo características maternas, do pré-natal, do parto e hábitos maternos. Brasil, 2011-2012.

Quanto às características do pré-natal e parto, como reflexo das melhores condições socio-econômicas, as primíparas frequentaram mais os serviços privados de pré-natal com pelo menos uma consulta no sistema privado, foram atendidas em sua grande maioria por médicos, tiveram mais adequação do pré-natal (apesar desta característica ter sido ruim de forma geral), peregrinaram menos para o parto, tiveram mais assistência privada para o parto e foram mais submetidas à cesariana sem trabalho de parto (Tabela 1 ).

Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos para doenças pré-gestacionais e complicações maternas durante a gestação. Para antecedentes obstétricos, as mulheres com três ou mais partos anteriores apresentaram mais histórico de aborto, prematuridade e baixo peso ao nascer, comparadas àquelas com um ou dois partos anteriores; enquanto para cesariana anterior os percentuais foram menores (Tabela 2).

Tabela 2
Paridade segundo doenças pré-gestacionais, complicações maternas e história obstétrica anterior. Brasil, 2011-2012.

Cerca de 65% (n=329) das primíparas apresen-taram alguma intercorrência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana. Dessas, 91,2% tiveram cesariana, com ou sem trabalho de parto. Já entre as mulheres sem essas intercorrências, também foi elevada a taxa de cesariana (n=178), cerca de 80% (p=0,02) (Figura 1).

Figura 1
Trajetória pelo tipo de parto em primíparas, segundo intercorrência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana.

Dentre as puérperas com um ou dois partos anteriores, 58,6% (n=780) apresentaram alguma inter-corrência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana. Dessas, cerca de 80,0% tiveram cesariana, com ou sem trabalho de parto. Já entre as mulheres sem intercorrência, a cesariana foi via de parto de 56,4% (n=550), com diferença significativa (p<0,001) (Figura 2).

Figura 2
Trajetória pelo tipo de parto em mulheres com 1 ou 2 partos anteriores, segundo intercorrência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana. Brasil, 2011-2012.

Para as puérperas com três ou mais partos anteriores, 59,7% (n=378) apresentaram alguma intercor-rência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana. Destas, cerca de 57,9% tiveram cesariana. Nas mulheres sem indicação de cesariana (n=255), somente 10,2% receberam esse tipo de intervenção (p<0,001) (Figura 3).

Figura 3
Trajetória pelo tipo de parto em mulheres com 3 ou mais partos anteriores, segundo intercorrência na gestação que poderia estar associada à indicação de cesariana. Brasil, 2011-2012.

Discussão

Utilizando dados representativos de uma pesquisa nacional, foi possível mostrar que no Brasil as primíparas com IMA possuíam melhores condições socioeconómicas, hábitos maternos e atendimento pré-natal e no parto quando comparadas às multíparas. Entretanto, também foram mais submetidas a cesarianas, ainda que sem intercorrências relatadas. Não houve distinção quanto às doenças pré-gesta-cionais e complicações maternas durante a gestação, sem diferença estatística segundo a paridade das mulheres com IMA.

As mulheres com IMA formam um grupo heterogêneo nos países de renda média. As que postergam o primeiro parto para os 35 anos ou mais apresentam características sociais e demográficas mais vantajosas, semelhante às gestantes dos países de alta renda, enquanto as grandes multíparas caracterizam-se pelos indicadores menos favoráveis. Estudos semelhantes, conduzidos em países de média renda e no Brasil, também apresentaram cerca de 20% da amostra composta por primíparas11 Radon-Pokracka M, Adrianowicz B, Plonka M, Danil P, Nowak M, Huras H. Evaluation of Pregnancy Outcomes at Advanced Maternal Age. Open Access Maced J Med Sci. 2019; 7 (12): 1951-6.,22 Kalayci H, Ozdemir H, Alkas D, Cok T, Tarim E. Is primi-parity a risk factor for advanced maternal age pregnancies? J Matern Fetal Neonatal Med. 2017; 30 (11): 1283-7.,1818 Alves NCC, Feitosa KMA, Mendes MES, Caminha MFC. Complicações na gestação em mulheres com idade maior ou igual a 35 anos. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e2017-0042. e tiveram os maiores percentuais de trabalho remu-nerado.22 Kalayci H, Ozdemir H, Alkas D, Cok T, Tarim E. Is primi-parity a risk factor for advanced maternal age pregnancies? J Matern Fetal Neonatal Med. 2017; 30 (11): 1283-7.

Além disso, as primíparas dos países de média renda se assemelham às mulheres com IMA dos países de alta renda, quando comparadas as mais jovens, por possuírem maior escolaridade,1919 Rydahl E, Declercq E, Juhl M, Maimburg RD. Cesarean section on a rise-I Does advanced maternal age explain the increase? A population register-based study. Gurgel RQ, editor. PLOS ONE. 2019; 14 (1): e0210655.,2020 Wu Y, Chen Y, Shen M, Guo Y, Wen SW, Lanes A, White RR, Adanlawo A, Walker M, Hua X. Adverse maternal and neonatal outcomes among singleton pregnancies in women of very advanced maternal age: a retrospective cohort study. BMC Pregnancy Childbirth. 2019; 19 (1): 3. classe econômica mais elevada,2121 Oakley L, Penn N, Pipi M, Oteng-Ntim E, Doyle P. Risk of Adverse Obstetric and Neonatal Outcomes by Maternal Age: Quantifying Individual and Population Level Risk Using Routine UK Maternity Data. Thorne C, editor. PLOS ONE. 2016; 11 (10): e0164462. raça/cor branca2121 Oakley L, Penn N, Pipi M, Oteng-Ntim E, Doyle P. Risk of Adverse Obstetric and Neonatal Outcomes by Maternal Age: Quantifying Individual and Population Level Risk Using Routine UK Maternity Data. Thorne C, editor. PLOS ONE. 2016; 11 (10): e0164462. e IMC pré-gestacional adequado.1919 Rydahl E, Declercq E, Juhl M, Maimburg RD. Cesarean section on a rise-I Does advanced maternal age explain the increase? A population register-based study. Gurgel RQ, editor. PLOS ONE. 2019; 14 (1): e0210655.,2222 Chan BC-P, Lao TT-H. Effect of parity and advanced maternal age on obstetric outcome. Int J Gynecol Obstet. 2008; 102 (3): 237-41. Por outro lado, as grandes multíparas com IMA representam a falta de oportunidade e planej amento familiar, típico de países de baixa renda,2222 Chan BC-P, Lao TT-H. Effect of parity and advanced maternal age on obstetric outcome. Int J Gynecol Obstet. 2008; 102 (3): 237-41. pois iniciam cedo a experiência da maternidade e continuam gerando filhos em idade avançada.

O acesso mais amplo à educação e ao trabalho remunerado das primíparas, provavelmente, contribuem com melhores hábitos de vida, justificando o menor percentual de uso de tabaco e álcool durante a gestação. Também a maior frequência de IMC adequado, que sugere mais adesão a consumo alimentar balanceado, contribuindo para o alcance de resultados obstétricos mais favoráveis.2323 Oleszczuk JJ, Keith LG Oleszczuk AK. The Paradox of Old Maternal Age in Multiple Pregnancies. Obstet Gynecol Clin North Am. 2005; 32 (1): 69-80. Um estudo sueco evidenciou que cerca de 15% dos distúrbios hipertensivos, diabetes pré-existente e diabetes gestacional puderam ser potencialmente evitados, pelo fato de as gestantes não serem obesas.2424 Aubry EM, Oelhafen S, Fankhauser N, Raio L, Cignacco EL. Adverse perinatal outcomes for obese women areinflu-enced by the presence of comorbid diabetes and hypertensive disorders. Sci Rep. 2019; 9 (1): 9793.

Em países de alta renda, onde primíparas e multíparas possuem condições socioeconômicas e atendimento pré-natal e parto similares, normalmente complicações maternas, como: doença hipertensiva e diabetes gestacional estão mais presentes nas primíparas.2222 Chan BC-P, Lao TT-H. Effect of parity and advanced maternal age on obstetric outcome. Int J Gynecol Obstet. 2008; 102 (3): 237-41.,2525 Kitano N, Nomura K, Kido M, Murakami K, Ohkubo T, Ueno M, Sugimoto M. Combined effects of maternal age and parity on successful initiation of exclusive breastfeeding. Prev Med Rep. 2016; 3: 121-6. Entretanto, neste estudo, que objetivou apenas descrever o perfil das mulheres com IMA, sem controlar fatores confundidores para complicações maternas, a paridade não exerceu influência sobre as doenças pré-gestacionais e complicações maternas durante a gestação, possivelmente porque melhores condições socio-econômicas e hábitos maternos das primíparas minimizaram o efeito da paridade. Independentemente, é importante monitorar atentamente as pacientes com tais alterações, já que o percentual de doença hipertensiva e diabetes se mostrou elevado e tende a aumentar conforme aumenta a idade materna.77 Arya S, Mulla ZD, Plavsic SK. Outcomes of Women Delivering at Very Advanced Maternal Age. J Womens Health. 2018; 27 (11): 1378-84. Ademais, tais alterações são responsáveis por desfechos perinatais negativos como admissão na unidade de tratamento intensivo, hipoglicemia neonatal, prematuridade e dificuldade respiratória do recém-nascido.2424 Aubry EM, Oelhafen S, Fankhauser N, Raio L, Cignacco EL. Adverse perinatal outcomes for obese women areinflu-enced by the presence of comorbid diabetes and hypertensive disorders. Sci Rep. 2019; 9 (1): 9793.

Aliado às boas condições socioeconómicas e hábitos maternos, as primíparas ainda tiveram maior acesso ao pré-natal e parto no serviço privado. O mesmo foi observado na Índia urbana, país de média-baixa renda, onde as mulheres preferem esse serviço por acharem que os cuidados são mais qualificados, e principalmente que os cuidados obstétricos de emergência estão mais facilmente disponíveis.2626 Das S, Alcock G, Azad K, Kuddus A, Manandhar DS, Shrestha BP, Nair N, Rath S, More NS, Saville N, Houweling TAJ, Osrin D. Institutional delivery in public and private sectors in South Asia: a comparative analysis of prospective data from four demographic surveillance sites. BMC Pregnancy Childbirth. 2016; 16 (1): 273.

Por outro lado, as multíparas com IMA, associada ao histórico de três ou mais partos anteriores, tiveram mais assistência pré-natal inadequada e peregrinaram mais para o parto. Esses resultados apontam falhas do sistema de saúde na coordenação e integralidade no momento do parto, que segundo Leal et al.,2727 Leal M do C, Esteves-Pereira AP, Viellas EF, Domingues RMSM, Gama SGN da. Prenatal care in the Brazilian public health services. Rev Saúde Pública. 2020; 54: 8. associa-se à desfechos negativos no recém-nascido (prematuridade, baixo peso ao nascer, Apgar no 5° minuto e near miss neonatal), especialmente no grupo de gestantes com intercorrências, que muitas vezes não são encaminhadas para hospitais com unidade de tratamento intensivo, revelando a desarticulação do sistema para disponibilizar atenção de alta complexidade a quem realmente necessita.

Tanto nos países de alta renda quanto nos de média e baixa renda, para as mulheres com IMA, o risco de cesariana diminui conforme aumenta a paridade, mostrando que partos anteriores tem um efeito benéfico na taxa de cesariana. Entretanto, muitos estudos não levam em consideração o efeito do tipo de cesárea (anteparto, intraparto ou na indução do parto),33 Schildberger B, Linzner D, Hehenberger L, Leitner H, Pfeifer C. Influence of Maternal Age on Selected Obstetric Parameters. Geburtshilfe Frauenheilkd. 2019; 79 (11): 1208-15.,1010 Kanmaz AG, inan AH, Beyan E, Õgür S, Budak A. Effect of advanced maternal age on pregnancy outcomes: a singlecentre data from a tertiary healthcare hospital. J Obstet Gynaecol. 2019;39 (8): 1104-1111.,1313 Xie M, Lao TT, Du M, Sun Q, Qu Z, Ma J, Song X, Wang M, Xu D, Ma R. Risk for Cesarean section in women of advanced maternal age under the changed reproductive policy in China: A cohort study in a tertiary hospital in southwestern China. J Obstet Gynaecol Res. 2019; 45 (9): 1866-75. que pode ser influenciado pelo desenvolvimento biológico da gestação, pois a própria idade materna avançada implica no declínio das funções fisiológicas do trato genital, musculatura uterina e sistema hormonal, ou por fatores culturais e sociais, que baixam o limiar da necessidade de cesariana para mulheres com IMA.1818 Alves NCC, Feitosa KMA, Mendes MES, Caminha MFC. Complicações na gestação em mulheres com idade maior ou igual a 35 anos. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e2017-0042..1919 Rydahl E, Declercq E, Juhl M, Maimburg RD. Cesarean section on a rise-I Does advanced maternal age explain the increase? A population register-based study. Gurgel RQ, editor. PLOS ONE. 2019; 14 (1): e0210655.

Neste estudo, cerca de 80% das primíparas e 10% da multíparas com IMA, sem qualquer intercorrência que justificasse a indicação de cesariana, receberam esse procedimento cirúrgico. E, quase a totalidade delas o receberam, sem trabalho de parto, indicando uma cesariana planejada. Estudo realizado nos países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia) entre os anos de 2000 a 2011, encontrou que apenas 2,9% das mulheres receberam cesariana sem trabalho de parto e cerca de 30% das primíparas com IMA de gestação única, apresentação cefálica e bebê à termo, que necessitaram de indução tiveram a cesariana como resultado, enquanto apenas 10% das multíparas com IMA tiveram o mesmo desfecho.2828 Bergholt T, Skjeldestad FE, Pyykonen A, Rasmussen SC, Tapper A, Bjarnadóttir RI, Smárason A, Másdottir BB, Klungsoyr K, Albrechtsen S, Kãllén K, Gissler M, Lokkegaard ECL. Maternal age and risk of cesarean section in women with induced labor at term - A Nordic register-based study. Acta Obstet Gynecol Scand. 2020; 99 (2): 283-9.

A maior frequência de cesarianas em primíparas com IMA pode ser justificada pela equivocada teoria de que apenas a idade seria um fator de risco para ter o parto vaginal, pela preferência materna por cesariana, pela percepção de risco entre as mulheres com IMA diminuir o limiar do obstetra para intervenção, pela gravidez ser considerada “preciosa” quando a mulher está em seu limiar da vida reprodutiva, além da preocupação do profissional com “problemas médico-legais”, principalmente entre aquelas ainda sem filhos.1919 Rydahl E, Declercq E, Juhl M, Maimburg RD. Cesarean section on a rise-I Does advanced maternal age explain the increase? A population register-based study. Gurgel RQ, editor. PLOS ONE. 2019; 14 (1): e0210655.

No Brasil, a diferença excedente pode ser justificada por fatores sociodemográficos e características do sistema de saúde,2929 Silva TPR, Pinheiro BLS, Kitagawa KY, Couto RC, Pedrosa TMG, Simão DAS, Matozinhos FP. Influence of maternal age and hospital characteristics on the mode of delivery. Rev Bras Enferm. 2020; 73 (Suppl. 4): e20180955.,3030 Freitas PF, Fernandes TMB. Associação entre fatores institucionais, perfil da assistência ao parto e as taxas de cesariana em Santa Catarina. Rev Bras Epidemiol. 2016; 19 (3): 525-38. já que nos países nórdicos a desigualdade social é menor e o sistema de saúde universal cobre quase 100% da população. Estudo realizado nas regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil, em hospitais públicos e privados, corrobora com esse achado, pois encontrou um percentual de gestantes sem comorbidades que realizaram cesariana superior no grupo atendido pelo sistema privado quando comparado ao sistema público.2929 Silva TPR, Pinheiro BLS, Kitagawa KY, Couto RC, Pedrosa TMG, Simão DAS, Matozinhos FP. Influence of maternal age and hospital characteristics on the mode of delivery. Rev Bras Enferm. 2020; 73 (Suppl. 4): e20180955.

Iniciativas nacionais e internacionais têm sido realizadas tentando tornar o processo de nascimento mais fisiológico. Estratégias institucionais e de organização das redes de atenção à saúde foram traçadas com o objetivo de incentivar o parto normal e reduzir as cesarianas sem indicação. Além disso definiu-se critérios para a realização de cesarianas eletivas em mulheres de risco habitual que desejam esse tipo de parto (a partir da 39a semana gesta-cional). Entretanto, os avanços ainda são tímidos.2929 Silva TPR, Pinheiro BLS, Kitagawa KY, Couto RC, Pedrosa TMG, Simão DAS, Matozinhos FP. Influence of maternal age and hospital characteristics on the mode of delivery. Rev Bras Enferm. 2020; 73 (Suppl. 4): e20180955.

Apesar do conjunto abrangente de dados, o estudo tem limitações. O desenho não permite interpretação causal das associações estudadas, além do pouco controle de fatores confundidores para as complicações maternas, já que o objetivo do estudo foi apenas descrever o perfil. Não apresenta dados sobre reprodução assistida, que podem correlacionarse com a idade materna. A indicação de cesariana é subjetiva e as classificações existentes podem não revelar com precisão a indicação da mesma. Por outro lado, apresenta como pontos fortes possuir uma amostra representativa do Brasil, envolver mulheres do sistema público e privado e analisar a cesariana segundo risco obstétrico e trabalho de parto.

Estes resultados expõem a heterogeneidade das gestantes com IMA no Brasil. A paridade da mulher pode revelar desigualdades sociais e de acesso, uma vez que primíparas apresentaram características maternas, hábitos e assistência pré-natal e ao parto mais vantajosas que as mulheres com três ou mais partos anteriores. Por outro lado, as primíparas são mais submetidas a cesarianas desnecessárias. O sistema de saúde brasileiro precisa se organizar de modo a atender esse grupo que vem se tornando cada vez mais expressivo, oferecendo às primíparas a possibilidade de indução do parto e orientando sobre o maior risco de intervenções desnecessárias, assim como atender a demanda por diferentes métodos de planejamento familiar, além de garantir os recursos necessários para as grandes multíparas, a fim de que as iniquidades sejam minimizadas durante o atendimento pré-natal e parto.

Agradecimentos

Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo pelo financiamento da bolsa de Pós-doutorado através do edital Profix FAPES/CAPES n° 10/2018.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2021

Histórico

  • Recebido
    05 Maio 2020
  • Revisado
    19 Ago 2020
  • Aceito
    30 Dez 2020
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