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Educação a distância: indo além

EDITORIAL

Editores da Revista Latino-Americana de Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil:

IProfessor Titular, e-mail: iamendes@eerp.usp.br

IIProfessor Titular, e-mail: marziale@eerp.usp.br

O movimento global em torno dos Objetivos do Milênio tem sido traduzido pela união dos governos e pela convergência de estratégias que sejam capazes de alcançar a sua consecução. Monitoramentos demonstram resultados animadores da adoção da política de educação para todos, fundada nos direitos humanos e na visão da importância da aprendizagem durante todas as etapas da vida. Na área da saúde, a OMS declarou como marco a década de recursos humanos da saúde, para sinalizar e envolver governos e empresas com uma clara política de valorização das pessoas engajadas em serviços desta natureza.

Neste contexto é que em cada país, setor, carreira e organização, as estratégias à luz de uma política global vão sendo reproduzidas e aperfeiçoadas.

Dentre as estratégias possíveis, a EaD tem sido cada vez mais eleita e adotada. A título de ilustração, verifica-se que o ano de 2007 ofereceu boas oportunidades para participação das instituições, profissionais, pesquisadores e estudantes em eventos realizados sobre temáticas relacionadas com educação a distância e telessaúde. Destaque para o Contic-Saúde 2007, realizado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto; o III Congresso Brasileiro de Telemedicina do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, o Congresso Internacional E-learning Brasil 2007 do Portal E-Learning Brasil e o 13º Congresso Internacional de Educação a Distância, promovido pela ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância.

Nesses encontros foram apresentados e discutidos vários aspectos relacionados ao e-learning, como a influência da liderança nas instituições que fazem EaD e a aplicação da tecnologia na educação com vistas ao aprimoramento da qualidade. O enfoque na formação integral do indivíduo também foi apresentado e alvo de importantes discussões.

Entre os principais temas explorados, ressaltam-se: uso do e-learning na melhoria contínua do desempenho individual e organizacional; a real contribuição de ambos na obtenção dos resultados esperados; e como conhecer o estado da arte quanto à utilização das tecnologias para suportar os processos de ensino/aprendizagem.

A necessidade de investimento em educação parece ser um consenso, mas ainda persistem dúvidas quanto ao dimensionamento e abrangencia deste investimento. A injeção de grandes montantes de recursos financeiros não implica necessariamente em êxito na implantação de projetos de EaD. Outros fatores como a preocupação com a qualidade, a capacitação das equipes e a criação de cultura institucional são fatores fundamentais para o sucesso de um programa ou projeto.

Neste contexto surgem também dúvidas em relação à adequabilidade da aplicação de modelos virtuais de educação estrangeiros em um país onde se vê ainda uma série de desigualdades e grande universo de excluídos digitais e da educação convencional. Por outro lado, não se deve apenas enfocar o atendimento massivo de estudantes, mas sim concentrar esforços no fator qualidade sustentável, ou seja, programas de EaD de qualidade com custos coerentes com as condições de investimento das instituições brasileiras.

Para o alcance das metas de qualidade, é importante que as instituições focadas na educação estejam também conectadas às grandes associações mundialmente consagradas, tais como o Conselho Internacional para Educação Aberta e a Distância (ICDE - International Council for Open and Distance Education)e o Sloan Consortium (Sloan-C), e que esse movimento possibilite a criação de novas redes para o compartilhamento de experiências e adoção de padrões.

O cenário mundial também revela o surgimento de periódicos científicos especializados em educação à distância no formato aberto; um dos exemplos é o The International Review of Research in Open and Distance Learning, editado pela Athabasca University - Canada's Open University. Além disso, há o fortalecimento de instituições de ensino com programas virtuais completos em níveis técnicos, de graduação e pós-graduação.

Na área de Enfermagem, merece destaque como exemplo de programas online A Universidade de Wisconsin - Madison nos Estados Unidos, que mantém há 10 anos o programa Collaborative Nursing Program (CNP) totalmente ministrado através da plataforma de EaD WebCt via internet.

Outros exemplos de universidades online são a American Inter Continental University, que oferece cursos de administração, educação, healthcare entre outros. A Colorado Technical University Online, já oferece cursos aos níveis de bacharelado e mestrado completamente online, mesmo para pessoas situadas fora do território americano ou canadense onde mantém suas sedes. Estas instituições fazem parte do "The World's Premier Online Directory of Education" criado em 1999 e sediado em Alberta no Canadá.

No Brasil há sinais claros de evolução da EaD com o fortalecimento de associações nacionais, como a Associação Brasileira de Educação a Distância, e com a criação da Secretaria de Educação a Distância vinculada ao Ministério da Educação. A Universidade Aberta, criada pelo governo federal, já iniciou suas atividades em 2006 com curso-piloto com 10.000 vagas disponíveis e já há previsão para ampliação dos cursos e de revisão da legislação para EaD no ano de 2008.

Enfim, ilustrações como estas demonstram uma das estratégias utilizadas por profissionais e instituições que abraçaram a política de valorização de pessoas e que incorporaram a visão de que toda mobilização é válida para o exercício do direito e do dever de todos à educação permanente.

  • Educação a distância: indo além

    Isabel Amélia Costa MendesI; Maria Helena Palucci MarzialeII
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Jan 2008
    • Data do Fascículo
      Dez 2007
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