Open-access Escala de Motivação Acadêmica: evidências de validade e confiabilidade com estudantes de graduação em enfermagem*

Resumos

Objetivo:  avaliar as evidências de validade e a confiabilidade da Escala de Motivação Acadêmica (EMA) com base na estrutura interna.

Método:  pesquisa metodológica realizada com 205 estudantes de graduação em Enfermagem. A dimensionalidade/estrutura interna da EMA foi avaliada por meio de análises fatoriais, no contexto de Modelagens de Equações Estruturais Exploratórias (ESEM) e a confiabilidade dos fatores foi aferida pelos coeficientes alfa de Cronbach (α) e Confiabilidade Composta (CC).

Resultados:  foram obtidos índices de ajuste aceitáveis (CFI = 0,92; RMSEA = 0,07; SRMR = 0,06) para um modelo tridimensional: Motivação Intrínseca (10 itens; α = 0,84; CC = 0,86); Motivação Extrínseca (08 itens; α = 0,84; CC = 0,90); e Desmotivação (04 itens; α = 0,84; CC = 0,88). Encontrou-se padrão correlacional significativo para o continuum de motivação.

Conclusão:  a análise da dimensionalidade da EMA alcançou um modelo de três fatores: Motivação Intrínseca, Motivação Extrínseca e Desmotivação, sendo considerada uma alternativa parcimoniosa à versão original de sete fatores. Este estudo contribuiu para a avaliação da validade do instrumento de medida e seu refinamento teórico, apontando a necessidade de que investigações futuras avaliem sua propriedade de invariância.

Descritores:
Motivação; Bacharelado em Enfermagem; Estudos de Validação; Reprodutibilidade dos Testes; Análise Fatorial; Psicometria


Resumos

Objective:  to assess the evidence of validity and reliability of the academic motivation scale (AMS) based on the internal structure.

Method:  this is a methodological study with 205 undergraduate nursing students. Dimensionality/internal structure of the AMS was assessed using factor analysis in the context of exploratory structural equation modeling (ESEM) and reliability of the factors was assessed by Cronbach’s alpha (α) coefficient and composite reliability (CR) coefficient.

Results:  acceptable fit indexes were obtained (CFI = 0.92; RMSEA = 0.07; SRMR = 0.06) for a three-dimensional model: intrinsic motivation (10 items; α = 0.84; CR = 0.86); extrinsic motivation (8 items; α = 0.84; CR = 0.90); and demotivation (4 items; α = 0.84; CR = 0.88). A significant correlational pattern was found for the motivation continuum.

Conclusion:  the dimensionality analysis for the AMS presented a model with three factors: intrinsic motivation, extrinsic motivation and demotivation, and was considered a reduced alternative to the original version of seven factors. This study helped assess the validity of the measurement instrument and its theory refinement; further studies should be conducted to assess its invariance property.

Descriptors:
Motivation; Education, Nursing, Baccalaureate; Validation Studies; Reproducibility of Results; Factor Analysis, Statistical; Psychometrics


Resumos

Objetivo:  evaluar las evidencias de validez y confiabilidad de la Escala de Motivación Académica (EMA) en base a la estructura interna.

Método:  estudio metodológico realizado con 205 estudiantes del curso de Enfermería. La dimensionalidad/estructura interna de la EMA fue evaluada por análisis factorial contextualizado en los Modelos de Ecuaciones Estructurales Exploratorias (ESEM). La confiabilidad de los factores fue comprobada por los coeficientes Alfa de Cronbach (α) y Confiabilidad Compuesta (CC).

Resultados:  fueron obtenidos índices de ajuste aceptables (CFI = 0,92; RMSEA = 0,07; SRMR = 0,06) para un modelo tridimensional: motivación intrínseca (10 ítems; α = 0,84; CC = 0,88), motivación extrínseca (08 ítems; α = 0,84; CC = 0,90) y desmotivación (04 ítems; α = 0,84. CC = 0,88). Se encontró estándar correlacional significativo para el continuum de motivación.

Conclusión:  el análisis de dimensionalidad de EMA alcanzó un modelo de tres factores: motivación intrínseca, motivación extrínseca y desmotivación, considerándoselo una alternativa simplificada de la versión original de siete factores. El estudio contribuyó evaluando la validez del instrumento de medición en su refinamiento teórico, destacando la necesidad de que su invariancia sea evaluada en investigaciones futuras.

Descriptores:
Motivación; Bachillerato en Enfermería; Estudios de Validación; Reproducibilidad de los Resultados; Análisis Factorial; Psicometría


Introdução

Com base na Teoria da Autodeterminação, em inglês, Self-determination theory (SDT), a motivação pode ser analisada como construto teórico complexo e multidimensional. Os tipos de motivação podem exprimir diferentes razões pelas quais as pessoas agem de determinada maneira, a partir de distintos tipos de regulação e do lócus causal do comportamento. A motivação é considerada autônoma quando a ação ocorre por interesse genuíno pela atividade, ao passo que os tipos de motivação mais controlados ocorrem quando há pressão interna ou externa para o engajamento em uma atividade. A SDT contempla ainda a desmotivação, ou seja, ausência de qualquer tipo de motivação(1-5).

Fundamentados na SDT, pesquisadores canadenses desenvolveram a Escala de Motivação Acadêmica (EMA) em francês(6), a qual foi traduzida, validada e renomeada em inglês como Academic Motivation Scale (AMS)(7). A escala foi proposta para avaliar os tipos de motivação de estudantes e a autopercepção dos motivos para seu engajamento em uma atividade(6-8). No contexto acadêmico, espera-se que os estudantes apresentem os tipos mais autônomos de motivação, visto que as pesquisas têm demonstrado relações positivas entre esses tipos autônomos e o desempenho dos estudantes(3-5).

Em comparação com o construto teórico da SDT, a escala incluiu sete fatores com taxonomia específica para o contexto educacional: Motivação Intrínseca: para conhecer, para desempenhar coisas e para experiências estimulantes; Motivação Extrínseca: por regulação externa, por regulação introjetada e por regulação identificada. O sétimo fator refere-se à Desmotivação. A Motivação Extrínseca por regulação integrada foi suprimida na EMA por, na análise fatorial, não se distinguir do fator Motivação por regulação identificada(7-8).

A EMA foi traduzida para diversos idiomas(9-13) e aplicada em vários contextos educacionais(14) e em momentos diferentes, seja na sua versão original, com a totalidade dos itens, ou em versões que incluíram novos itens, o que resultou em um instrumento modificado(15-16). Desde então, diversos estudos avaliaram suas propriedades psicométricas(6-7,9-10,12-21), confirmando, por meio de Análise Fatorial Confirmatória (AFC)(6-7,9-10,12-15,17-19), o modelo teórico com sete fatores ou refutando-o ao apresentar modelos alternativos(11,16,20-21) com diferentes números de fatores. Alguns desses estudos não demonstraram correlação entre as subescalas (continuum de motivação)(7-8,18-20,22), ou seja, não foi encontrado padrão de correlação simples, positiva e forte entre os tipos de motivação adjacentes(1-2).

Nesse sentido, a primeira avaliação da dimensionalidade da EMA apresentou inconsistências na Análise Fatorial Exploratória (AFE) e não reproduziu o modelo teórico com sete subescalas, com autovalores maiores que um em ao menos um dos fatores(6). Na escala aplicada no Canadá, a AFC admitiu que a estrutura de sete fatores do modelo teórico reproduziu inadequadamente a matriz de covariância observada, contudo, os índices de ajustes aumentaram quando 26 correlações residuais foram incluídas a partir dos índices de modificação(7).

Em momento posterior, a EMA apresentou validade concorrente com outros instrumentos de medida de motivação, adequada correlação entre as subescalas quanto à hipótese do continuum de motivação postulado na SDT, exceto no fator Motivação Intrínseca para atividades estimulantes, demonstrando fraca correlação(8).

No Brasil, a escala foi traduzida para o português(23) e aplicada a estudantes de medicina; entretanto, não houve uma análise robusta de sua dimensionalidade e confiabilidade como instrumento de medida da motivação. Embora aceita nos estudos nacionais(15,17,21), destaca-se que, desde sua concepção, novas diretrizes para avaliação de propriedades psicométricas, tradução e adaptação de instrumentos foram incorporadas à literatura(24-25). Considera-se, portanto, imprescindível adotar processos de avaliação de suas propriedades para que a escala seja considerada válida e confiável para medir a motivação acadêmica.

Enfatiza-se que as etapas de validação e de avaliação de instrumentos psicométricos devem ser realizadas por meio de processo contínuo, a fim de fornecer dados válidos, atuais e confiáveis acerca dos instrumentos de medida(24). Diante do panorama apresentado, o objetivo da pesquisa foi aferir as evidências de validade da Escala de Motivação Acadêmica, baseadas na estrutura interna(26), e os índices de confiabilidade das dimensões de medida propostas.

Método

Trata-se de um estudo metodológico, realizado com estudantes de graduação em Enfermagem de uma universidade pública do estado de São Paulo, conduzido no segundo semestre de 2014. A amostra foi definida por conveniência, constituída por aqueles que se disponibilizaram a participar da investigação.

Considerando-se a escassez de avaliações acerca da estrutura fatorial da EMA no contexto brasileiro, optou-se pela aplicação da versão traduzida para o português(23) a partir do inglês(7), com a manutenção de todos os itens da versão original. O uso de tal instrumento é autorizado pelos autores para fins educativos(7).

A versão original da EMA propõe analisar a motivação no contexto acadêmico, abarcando 28 proposições divididas em sete subescalas com quatro itens cada, pontuados em escala tipo Likert com variação entre 1 (nenhuma correspondência) e 7 (total correspondência), com ponto médio em 4 (moderada correspondência)(7,23). O estudante assinala a alternativa de concordância à afirmação, o que permite calcular a pontuação de cada tipo de motivação a partir dos itens atrelados ao construto teórico proposto, conforme a Tabela 1.

Tabela 1
Tipo de motivação e itens relacionados aos construtos originais da Escala de Motivação Acadêmica (EMA). São Paulo, SP, Brasil, 2014

Além da pontuação referente a cada um dos sete tipos de motivação, é possível definir três diferentes fatores de ordem superior da escala(6-8,17,21): Motivação Intrínseca, Extrínseca e Desmotivação, a partir do cálculo de sua média aritmética.

Os dados foram coletados em horários formais de atividade acadêmica, a partir do contato e da autorização de coordenadoras e docentes do curso que indicaram o momento oportuno para a apresentação da proposta de participação aos estudantes. Os que aceitaram participar permaneceram na sala, para responder ao instrumento e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os quais foram devolvidos à pesquisadora. Não houve identificação dos estudantes nas folhas do instrumento, a fim de garantir o caráter confidencial dos dados.

Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Office Excel e foram realizadas Análises Fatoriais por meio de Modelagens por Equações Estruturais Exploratórias (ESEM)(27), cuja fonte de informação foi a matriz de correlação policórica. Adotou-se o método de estimação dos Mínimos Quadrados Ponderados Robustos (WLSMV) e rotação dos eixos fatoriais do tipo oblíquo GEOMIN. Essas análises foram conduzidas no software Mplus 7(28), e o número de fatores a ser extraído foi indicado por análises paralelas(29). O critério de manutenção do item no instrumento foi definido a priori: saturação da carga fatorial ≥ 0,40 e correlação item-total ≥ 0,40.

As soluções fatoriais estimadas foram avaliadas a partir da razoabilidade teórica, interpretação dos fatores perante os pressupostos teóricos(7) e do grau de ajuste do modelo fatorial aos dados empíricos. Consideraram-se como critérios: o Índice de Ajuste Comparativo (CFI), valores acima de 0,90 indicariam bom ajuste; a Raiz do Erro Quadrático Médio Aproximado (RMSEA) e a Raiz do Erro Quadrático Médio Padronizado (SRMR), valores abaixo de 0,08, indicariam ajustes nestes dois índices residuais, sendo desejáveis valores abaixo de 0,06(30-31). A confiabilidade dos fatores foi aferida pelos coeficientes alfa de Cronbach e Confiabilidade Composta, esperando-se encontrar valores iguais ou superiores a 0,70 como indicadores satisfatórios em estudos de natureza exploratória(32-33).

A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Certificado de Apresentação de Apreciação Ética - CAAE 45542415.7.0000.5392) e dos responsáveis da instituição e foi conduzida com base nos preceitos éticos exigidos para investigações com seres humanos.

Resultados

Foram incluídos no estudo 205 instrumentos que foram preenchidos por 68,5% dos estudantes matriculados no curso de graduação em Enfermagem. Desses, 32,7% matriculados no 1º ano da graduação (N = 67), 26,8% no 2º ano (N = 55), 22,9% no 3º ano (N = 47) e 17,6% no 4º ano (N = 36). A média de idade dos estudantes foi de 21,7 (DP = 3,81), mediana de 21 (intervalo 18-45 anos), e 62,4% (N = 128) tinham entre 18 e 22 anos. A maioria era do sexo feminino 88,29% (N = 181).

Inicialmente, os resultados das análises paralelas indicaram a pertinência de extração de até três fatores e não apoiaram a extração de sete fatores proposta no modelo teórico original, conforme ilustrado na Figura 1. A partir do terceiro fator, quaisquer valores em uma matriz de dados aleatórios seriam capazes de produzir autovalores superiores aos empíricos.

Figura 1
Gráfico de sedimentação da análise paralela para a Escala de Motivação Acadêmica. São Paulo, SP, Brasil, 2014

Considerando-se essa indicação, foram realizadas análises fatoriais com extração de um, dois e de três fatores. Os resultados de ajuste desses modelos foram os seguintes: modelo unidimensional (CFI = 0,68; RMSEA = 0,14; SRMR = 0,16); modelo de dois fatores (CFI = 0,82; RMSEA = 0,11; SRMR = 0,11) e modelo de três fatores (CFI = 0,92; RMSEA = 0,07; SRMR = 0,06). Apenas a solução de três fatores demonstrou ajuste aceitável de acordo com os critérios indicados para o modelo estrutural (RMSEA < 0,08; SRMR < 0,06; e CFI > 0,90). Ademais, a solução fatorial de três fatores foi a que mais se aproximou das expectativas teóricas de agrupamento dos itens, conforme o modelo original da escala, que prevê três fatores de ordem superior (Motivação Intrínseca, Motivação Extrínseca e Desmotivação).

Portanto, em relação à estrutura interna, a EMA pôde ser representada no presente estudo por três fatores, cujos parâmetros psicométricos estimados para os itens/fatores estão sumarizados na Tabela 2.

Tabela 2
Matriz fatorial da escala de motivação extraída a partir de Modelagens por Equações Estruturais Exploratórias (ESEM). São Paulo, SP, Brasil, 2014

Ao se analisarem os itens agrupados por fatores da EMA, com base na proposta original apresentada previamente na Tabela 1, considerou-se que cada fator correspondia a um tipo diferente de motivação: o Fator 1 correspondia à Motivação Extrínseca, e os itens agrupados foram: 22, 08, 15, 01, 03, 10, 07, 24, 14 e 28. O Fator 2 correspondia à Motivação Intrínseca, cujos itens agrupados foram: 11, 09, 16, 18, 25, 20, 04, 02, 06 e 13 e o Fator 3 correspondia à Desmotivação, com o agrupamento dos itens: 26, 05, 19 e 12.

Dos 28 itens da escala original, ficaram retidos 22 itens na análise fatorial. Três itens (17, 21 e 27) não apresentaram cargas fatoriais iguais ou superiores a 0,40 em nenhum dos três fatores. Outros três itens (03, 10 e 23) foram excluídos em razão da dificuldade teórica e empírica de se estabelecer a dominância do fator na explicação dos itens - o item 23, por exemplo, apresentou saturação de 0,43 nos Fatores 2 e 3. Desse modo, ao se comparar com a expectativa teórica de agrupamento em fatores de ordem superior dos itens, esboçada na Tabela 1, foram excluídos três itens que pertenciam à subescala Motivação Extrínseca por regulação identificada (17, 03 e 10), um item que pertencia à Motivação Intrínseca para desempenhar coisas (27) e outro pertencente à Motivação Intrínseca para conhecer (21).

Nesta pesquisa, os achados relacionados à confiabilidade dos fatores (alfa de Cronbach e Confiabilidade Composta) dos agrupamentos dos fatores/tipos de motivação foram respectivamente: 0,84 e 0,90 para Motivação Intrínseca; 0,84 e 0,86 para Motivação Extrínseca; 0,71 e 0,88 para Desmotivação.

Os três fatores/tipos de motivação da EMA relacionaram-se estruturalmente entre si de forma significativa, com padrões distintos. Entre a Motivação Intrínseca e a Motivação Extrínseca, tal relação foi positiva e de magnitude moderada (compartilharam cerca de 20% de variância) e, entre Desmotivação e Motivação Intrínseca e Extrínseca, foi negativa de magnitude fraca (compartilharam de 1 a 2% de variância, respectivamente), conforme demonstrado na Tabela 3. A partir da linha do fator Motivação Extrínseca, observam-se, na diagonal, os indicadores de validade discriminante (√VME) para os fatores latentes modelados.

Tabela 3
Correlação GEOMIN e evidência de validade discriminante entre fatores modelados (N = 205). São Paulo, SP, Brasil, 2014

Discussão

Embora a EMA tenha sido largamente aplicada no idioma em inglês desde a sua proposta original e ainda seja considerada um dos principais instrumentos de medida de motivação acadêmica em diferentes países, o contexto brasileiro carecia de informações sobre a sua dimensionalidade.

Há indicativo na literatura especializada de que os instrumentos psicométricos devem passar por sucessivas avaliações acerca da dimensionalidade(34), isto é, de sua estrutura interna, para estabelecer confiança nos dados coletados. Indica-se, inclusive, que sejam aplicados em contextos e momentos diferentes. A avaliação da evidência de validade, baseada na estrutura interna, mostrou-se necessária para verificar se os atributos de medida correspondiam aos atributos teóricos e, portanto, questionou-se primeiro o que o teste media para posteriormente utilizá-lo e aceitá-lo como instrumento válido para medir a motivação acadêmica dos estudantes de graduação em Enfermagem.

Assim, o resultado das análises paralelas não apoiou a extração de sete fatores, conforme a proposta teórica dos autores da escala(6-7), visto que a matriz de dados empírica do presente estudo foi passível de ser reduzida em, no máximo, três fatores, a partir dos critérios estabelecidos pela literatura adotada(29,35).

As análises fatoriais, nesta pesquisa, reproduziram parcialmente o modelo teórico. A maioria das relações item/fator previstas na estrutura de ordem superior(6-8) foi observada, e as cargas fatoriais estimadas ao nível de p ≤ 0,05 foram consideradas “boas” (acima de 0,55) e “excelentes” (acima de 0,71), segundo a taxonomia proposta(36).

A AFE conduzida a partir da ESEM(27) teve por objetivo encontrar a matriz fatorial da escala com base na relação espontânea existente entre variáveis observáveis (itens) e variáveis latentes (fatores) e apresentou evidências robustas da existência de modelo tridimensional com três tipos de Motivação: um fator para Motivação Intrínseca, um para Motivação Extrínseca e outro para Desmotivação. O modelo de três fatores foi indicado na tentativa de não superestimar os fatores e reter um número maior do que o adequado, produzindo resultados não parcimoniosos bem como para não subestimar os fatores e reter um número inferior com perda de informações preciosas(35).

Ao questionar como os 28 itens interagiriam, a configuração em três tipos/fatores mostrou-se pertinente para medir o construto da Motivação na amostra selecionada, demonstrando inclusive congruência com o postulado teórico da SDT(1,2). Dessa forma, o estudo permitiu atestar uma alternativa parcimoniosa à sua versão original, com configuração válida e confiável em três fatores de ordem superior: Motivação Extrínseca, Motivação Intrínseca e Desmotivação.

A estrutura fatorial em sete e em seis fatores foi replicada no Brasil; contudo, a investigação, além de utilizar uma versão modificada da EMA na extração fatorial, empregou a Análise dos Componentes Principais (ACP)(18), o que pode ter ocasionado carregamentos inflados dos itens(37).

Desde a primeira versão da EMA, novos testes estatísticos foram desenvolvidos para identificar a validade nos construtos teóricos dos instrumentos de medida. Além de replicar a escala em diferentes contextos e momentos, é necessário adotar testes estatísticos adequados a partir de AFE e AFC, com técnicas de modelagem psicométricas e softwares atualizados. Em geral, os estudos que apresentam como objetivo a avaliação das propriedades psicométricas de instrumentos utilizam indiscriminadamente programas e ferramentas de coeficientes de confiabilidade e ACP. Embora estes sejam comuns nos programas estatísticos usuais, não constituem necessariamente as técnicas de tratamento mais apropriadas(34).

Em comparação com outra pesquisa brasileira que avaliou a estrutura fatorial da EMA por meio de AFE(17), houve extração de cinco fatores e explicação de 61,8% da variância, reproduzindo o modelo estrutural da EMA nas subescalas da Motivação Extrínseca e Desmotivação, contudo, as três subescalas da Motivação Intrínseca agruparam-se em um único fator, semelhante ao ocorrido neste estudo. O modelo teórico de sete fatores foi alcançado apenas com AFC com índices de ajuste absoluto RMSEA = ٠,٠٧; SRMR = ٠,٠6; e índices de ajuste incremental TLI (Tucker-Lewis Index) = 0,92; CFI = 0,93 mais adequados do que o modelo de cinco fatores (RMSEA = 0,09; SRMR = 0,07; TLI = 0,90; CFI = 0,89). Entretanto, o software utilizado na referida pesquisa(17) empregou a matriz de Pearson, indicada para captar as relações entre variáveis métricas. No caso da EMA, por se tratar de escala ordinal, suas relações são melhor apreendidas pelo coeficiente de correlação policórico. A correlação de Pearson tende a subestimar a correlação entre itens com respostas ordinais/categóricas e a superestimar o número de fatores em análises fatoriais exploratórias(27-28).

Em suma, a adoção de critérios robustos na extração de fatores pôde elucidar a diferença nos resultados encontrados em relação ao número de fatores extraídos, tanto no contexto brasileiro(15,17,21) como na aplicação da escala em inglês(7,19,38)e nos diferentes idiomas para os quais foi traduzida, dentre eles, norueguês(9), espanhol(10), chinês(12) e turco(13). Destaca-se que a maioria das pesquisas citadas utilizou a AFC em suas análises(7-10,12-15,17-19).

Entretanto, assim como ocorrido nos resultados desta pesquisa, outros estudos também propuseram nova reconfiguração da EMA a partir da AFE, com extração de quatro fatores: Desmotivação, Motivação Extrínseca por Regulação Externa, Motivação Extrínseca por Regulação Identificada e Motivação Intrínseca, ratificando os resultados pela AFC, com validade e confiabilidade adequada e perdas significativas no modelo de um, dois e três fatores(39). Outras pesquisas também apontaram inconsistências no número de fatores, com extração de cinco fatores - na qual os três tipos de motivação intrínseca agruparam-se num único fator(20,40) - e extração de três fatores(41). Em pesquisa com estudantes libaneses de Medicina, utilizou-se a ACP, e os resultados demonstraram que os itens convergiram numa solução de três fatores, com explicação de 81,51% da variância total(11).

Na avaliação das propriedades psicométricas do instrumento adaptado, com estudantes chilenos de Odontologia(10) e com estudantes do curso vocacional em saúde e de Assistência Social na Noruega(9), por meio de AFC, confirmou-se o modelo de sete fatores. Na Argentina, nas duas versões aplicadas do instrumento, tanto com estudantes do ensino médio quanto universitários, os resultados também reproduziram o modelo de sete fatores(14). Na versão revisada em espanhol(16), que incluiu a subescala regulação integrada na EMA a partir da versão original(6), aplicada com estudantes de Pedagogia, por meio de AFC, os resultados mostraram índices aceitáveis de ajustes para a nova estrutura, com oito fatores(16). Os autores propuseram a inclusão do fator previamente suprimido na EMA(7,8), Motivação Extrínseca por regulação integrada, com a justificativa de obter um instrumento que permitiria medir a totalidade dos regulamentos motivacionais propostos pela SDT(1-2) no contexto educacional espanhol.

Em relação à avaliação da confiabilidade dos fatores da Escala utilizada neste estudo, pesquisas anteriores utilizaram o índice alfa de Cronbach, admitindo como satisfatórios os seguintes valores: 0,48 a 0,98(11), 0,62 a 0,82(7), 0,65 a 0,83(10), 0,68 a 0,83(21), 0,70 a 0,86(16,18), 0,74 a 0,92(17), 0,77 a 0,90(19), 0,79 a 0,86(38). A confiabilidade dos fatores por meio do alfa de Cronbach e Confiabilidade Composta foi considerada satisfatória no presente estudo, de acordo com parâmetros referidos pela literatura(32-33).

Em relação ao padrão de agrupamento dos itens, previsto pelo modelo teórico em três fatores de ordem superior, verificou-se que este foi reproduzido empiricamente de forma satisfatória. No que tange à relação estrutural entre os fatores/tipos de motivação, observou-se que estes se relacionaram de forma significativa com padrões distintos. A relação entre a Motivação Intrínseca e a Motivação Extrínseca foi positiva e de magnitude moderada (20% de variância), indicando que na medida em que um tipo de motivação aumenta, o outro tende a aumentar. Já a relação entre Desmotivação e Motivação Intrínseca e Extrínseca foi negativa de magnitude fraca (de 1 a 2% de variância, respectivamente) e indicou que na medida em que a Desmotivação diminui, os fatores/tipos de Motivação Intrínseca e Extrínseca tendem a aumentar(42).

Acerca da existência do continuum de autodeterminação e a Motivação(1,6-8) que se apresenta por meio da correlação positiva e significativa entre Motivação Intrínseca e Extrínseca e correlação negativa entre Motivação Intrínseca e Desmotivação, os resultados obtidos corroboraram os achados de outras pesquisas(15,17,22) e confirmaram o modelo teórico(1,2). Entretanto, na versão da escala em inglês, a maioria das pesquisas não confirmou essa hipótese(6-8,18-19,39), sugerindo que esse padrão do construto não existia ou apresentava-se limitado(19,39).

Avaliou-se também até que ponto cada variável latente modelada (isto é, os fatores da EMA) mostrou-se diferente e poderia ser discriminada das demais. Uma forma de obter essas evidências é avaliar se a raiz quadrada de VME (√VME) é maior que a estimativa de variância compartilhada entre os construtos, ou seja, maior que a correlação entre os fatores latentes. Segundo os resultados apresentados na Tabela 3, há evidências de que os três fatores se discriminaram adequadamente no presente estudo, segundo literatura adotada(43-44).

Em relação ao conteúdo dos itens, embora não fosse o objetivo da pesquisa, houve concordância entre autores que sinalizaram que tal conteúdo deve ser revisado com critérios recomendados pela literatura especializada, a fim de torná-lo mais preciso(17), e que a escala necessita de revisões e atualizações como instrumento de medida(15,18-19,22). Apesar de ainda ser um dos principais instrumentos de medida de motivação acadêmica utilizados na atualidade(45,46), foi demonstrado, nos achados deste estudo, que a escala precisa de aprimoramento, visto que os atributos de medida não corresponderam, em sua completude, aos atributos teóricos.

Dessa forma, especificamente na versão em português para o contexto brasileiro, a EMA deve ser explorada com maior rigor no processo de tradução, adaptação transcultural, equivalência e frequência dos termos, incorporando inclusive a tradução reversa, não descrita anteriormente(23). A simples tradução dos itens não garante a manutenção do construto original. Recomenda-se que, em investigações futuras, seja realizada sequencialmente a etapa de adaptação transcultural e de análise mais robusta da estrutura fatorial(25).

Para os demais países nos quais foram utilizadas versões traduzidas ou nos contextos onde houve a aplicação da versão da EMA em inglês, sugere-se a adoção de outros recursos de análise, ou seja, para além da AFC, indica-se a utilização do ESEM, uma vez que ele oferece a possibilidade de integrar recursos de modelagem de equações estruturais e AFE em uma única análise(27).

Esta pesquisa, ao utilizar o ESEM, apresentou desfechos distintos de estudos anteriores que avaliaram as propriedades psicométricas da EMA com determinação de um modelo de três fatores, conforme referência no assunto(27). Cabe salientar que, embora os três fatores tenham obedecido aos agrupamentos teóricos de ordem superior da EMA (Motivação Extrínseca, Motivação Intrínseca e Desmotivação), não foi possível comprovar o refinamento em subfatores, em outras palavras, não houve diferenciação das subescalas de Motivação Extrínseca em três tipos (Motivação extrínseca por regulação identificada, por regulação introjetada e regulação externa) bem como não houve diferenciação da Motivação Intrínseca em três tipos (Motivação intrínseca para conhecer, para desempenhar coisas, para vivenciar experiências estimulantes). Em termos práticos e aplicados, para a amostra estudada, o construto motivação acadêmica manifestou-se apenas no agrupamento teórico superior.

As limitações relacionadas a esta investigação referem-se à aplicação da EMA num único momento do curso de uma única área, a graduação em Enfermagem, o que limita as generalizações para outros cursos e estudantes. Salienta-se que a validade dos instrumentos de medida, e neste caso, da EMA, precisa ser testada em outras amostras, preferencialmente com métodos de análise e softwares mais adequados aos dados categóricos ordenados, como é o caso da escala em análise, seja no contexto brasileiro, ou em outros países, com estudantes de cursos diversos e de outros níveis educacionais para ampliar as evidências de validade do instrumento de medida da motivação.

Conclusão

A dimensionalidade da EMA alcançou um modelo de três fatores/tipos de motivação, fatores de ordem superior coincidentes com o proposto na Teoria da Autodeterminação, e foi considerada uma alternativa parcimoniosa ao postulado na versão original que se propõe a medir sete fatores. Os resultados apontaram que a EMA apresenta evidências de confiabilidade e validade satisfatórias para três tipos de motivação: Motivação Intrínseca, Motivação Extrínseca e Desmotivação, com evidência robusta de ajuste e discriminação adequada.

Os achados apoiaram a existência do continuum de autonomia, com correlações positivas e significativas entre Motivação Intrínseca e Motivação Extrínseca, e correlação negativa entre Motivação Intrínseca e Desmotivação.

Embora tenham-se alcançado novas evidências acerca da qualidade psicométrica da EMA, com a limitação de medir três tipos diferentes de motivação em estudantes de Enfermagem, reafirma-se a necessidade de investigações com amostras mais amplas e diversificadas para que as propriedades de invariância da escala sejam adequadamente investigadas.

  • *
    Artigo extraído da tese de doutorado “Motivação e autonomia dos estudantes de graduação em enfermagem à luz da teoria da autodeterminação”, apresentada à Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem, São Paulo, SP, Brasil.

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Editado por

  • Editor Associado: Ricardo Alexandre Arcêncio

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    31 Out 2019
  • Aceito
    21 Ago 2020
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