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Condições de Otimalidade para Problemas Multiobjetivos Irregulares

RESUMO

Neste artigo, consideramos problemas de Otimização multiobjetivo com restrições de igualdade dadas na forma F(x)=0, sendo F:URnRm e U um aberto não vazio. Consideramos o caso em que a restrição do problema é irregular, ou seja, quando a condição de qualificação de independência linear (LICQ) não é satisfeita na solução do problema de otimização. Obtemos condições necessárias e suficientes de otimalidade no sentido da eficiência fraca e da eficiência própria para problemas multiobjetivos irregulares. Para isto, foi utilizada a Teoria da p-regularidade.

Palavras-chave:
ccondições de otimalidade; irregularidade; p-regularidade

RESUMO.

In this article, we consider problems of Multiobjective optimization with equality constraints given in the form F(x)=0, where F:URnRm. We will consider the case where the problem constraints are irregular, that is, when the condition of qualification of linear independence (LICQ) is not satisfied in the solution of the optimization problem. We obtain necessary and sufficient conditions of optimality in the sense of the weak efficiency and of the proper efficiency for irregular multiobjective problems.

Key words
conditions of optimality; irregularity; p-regularity

1 INTRODUÇÃO

Em muitas situações nos deparamos com problemas de tomadas de decisões que surgem em diversas áreas como Engenharia, Economia, Administração, Biomedicina, Teoria dos Jogos, dentre outros. Tais problemas podem possuir mais de um objetivo fixados como metas pelo decisor. Tais problemas são chamados multiobjetivos. Em geral não é possível minimizar todos os objetivos simultaneamente. Deste modo, existem várias noções de otimalidade para esses problemas, destacando-se as soluções eficientes (ou de Pareto), as propriamente eficientes (ou Geoffrion-eficientes) e as fracamente eficientes (Pareto fracas). Os primeiros resultados no campo da Otimizaçao multiobjetivo são devidos a V. Pareto [14][14] V. Pareto. "Cours d'economie politique", volume 1. Librairie Droz, Genebra (1964). que em seu célebre trabalho "Cours d’Economie Politique" introduz o conceito de solução eficiente – o qual está relacionado à Teoria do Bem Estar Social [13][13] H. Moulin & F. Fogelman-Soulie. "La convexite dans les mathematiques de la decision". Hermann, Paris (1979)..

Em Otimização multiobjetivo as condições necessárias e suficientes de otimalidade são um tópico importante e grande parte dos resultados conhecidos para problemas de Otimização escalares (ou mono-objetivos) se estendem ao caso multiobjetivo. É bastante conhecido o fato que as condições de Karush-Kuhn-Tucker são necessárias para a otimalidade sob hipóteses adicionais – as quais são conhecidas como Condições de Qualificação. A condição de qualificação mais geral é a Condição de Qualificação de Guignard (GCQ) [6][6] F.J. Gould & J.W. Tolle. A necessary and sufficient qualification for constrained optimization. SIAM Journal on Applied Mathematics, 20(2) (1971), 164–172.. Como é bem conhecido, GCQ em muitos casos é difícil de ser verificada e com o objetivo de se garantir esta condição, várias outras condições de qualificação foram propostas. Uma das mais conhecidas e utilizadas dentre as condições de qualificação é a Condição de Qualificação de Independência Linear (LICQ). Entretanto, muitos problemas de otimização com restrições de igualdade não satisfazem LICQ na solução. Neste trabalho, os problemas dessa natureza serão denominados irregulares, seguindo a terminologia utilizada por Brezhneva e Tretyakov em [5][5] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. The p-th order optimality conditions for degenerate inequality constrained optimization problems. Pure Appl. Math, 1(2) (2010), 198–223.. Observamos ainda que o tratamento das condições de otimalidade para problemas irregulares tem sido um tópico de pesquisa bastante atual [1][1] A. Arutyunov. "Optimality Conditions: Abnormal and Degenerate Problems", volume 1 of Mathematics and Its Applications. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht (2000)., [2][2] A.V. Arutyunov, E.R. Avakov & A.F. Izmailov. Necessary optimality conditions for constrained optimization problems under relaxed constraint qualifications. Mathematical Programming, 114(1) (2008), 37–68., [3][3] E.R. Avakov, A.V. Arutyunov & A.F. Izmailov. Necessary conditions for an extremum in a mathematical programming problem. Proceedings of the Steklov institute of mathematics, 256(1) (2007), 2–25., [4][4] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. Optimality conditions for degenerate extremum problems with equality constraints. SIAM Journal on Control and Optimization, 42(2) (2003), 729–745., [7][7] B. Hernández-Jiménez, M. Rojas-Medar, R. Osuna-Gómez & A. Beato-Moreno. Generalized convexity in non-regular programming problems with inequality-type constraints. Journal of Mathematical Analysis and Applications, 352(2) (2009), 604–613.. A relevância de tais problemas e algumas importantes referências que contêm exemplos significativos e aplicações podem ser encontrados em [2][2] A.V. Arutyunov, E.R. Avakov & A.F. Izmailov. Necessary optimality conditions for constrained optimization problems under relaxed constraint qualifications. Mathematical Programming, 114(1) (2008), 37–68. e suas referências.

No artigo [4][4] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. Optimality conditions for degenerate extremum problems with equality constraints. SIAM Journal on Control and Optimization, 42(2) (2003), 729–745., Brezhneva e Tretyakov consideram problemas irregulares mono-objetivo com restrições de igualdade e para tais problemas obtém condições necessárias e suficientes para a otimalidade. Em [5][5] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. The p-th order optimality conditions for degenerate inequality constrained optimization problems. Pure Appl. Math, 1(2) (2010), 198–223. os autores obtêm condições necessárias e suficientes de otimalidade para uma certa classe de problemas mono-objetivo com restrições de desigualdade e irregulares – por eles denominadas absolutamente degenerados. Em ambos artigos, a abordagem utilizada se baseia na Teoria da p-regularidade.

Neste artigo, faremos uma abordagem baseada na Teoria da p-regularidade [5][5] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. The p-th order optimality conditions for degenerate inequality constrained optimization problems. Pure Appl. Math, 1(2) (2010), 198–223.. Consideraremos que F:𝕌nm, sendo 𝕌 um aberto não vazio, é a aplicação que define as restrições de igualdade do problema e a ideia principal desta abordagem é substituir o operador linear F(1)(x0), que não é sobrejetor, por um operador linear sobrejetor Φp(x0), relacionado à expansão de Taylor de ordem p de F em torno de x0. Por fim, obtemos novas condições de otimalidade em termos da função Lagrangeana generalizada ou função Lagrangeana p-fator. Existem poucos trabalhos referentes às condições de otimalidade para o caso multiobjetivo irregular, o único artigo que conhecemos até o momento e que trata de problemas irregulares multiobjetivo é o artigo de Hernandez-Jemenez et al [8][8] B. Hernández-Jiménez, M.A. Rojas-Medar, R. Osuna-Gómez & A. Rufián-Lizana. Characterization of weakly efficient solutions for non-regular multiobjective programming problems with inequality-type constraints. Journal of Convex Analysis, 18 (2011), 749–768.. Este trabalho difere do nosso por tratar apenas o problema com restrições de desigualdade e, além disso, a noção de 2-regularidade utilizada pelos autores é diferente da que utilizamos neste trabalho.

A organização deste trabalho é a seguinte: Na Seção 2, fixamos a notação utilizada ao longo do texto e recordamos os conceitos de solução para problemas multiobjetivo. Também recordamos o Teorema de Ponto Fixo para multifunções e, a partir desse, demonstramos um lema necessário para obtenção de nossos resultados; na Seção 3 recordamos alguns resultados básicos da Teoria da p-regularidade e, por fim, na Seção 4 obtemos os resultados centrais deste trabalho.

2 PRELIMINARES

Neste artigo consideramos o seguinte problema multiobjetivo:

Minimizar f(x)=(f1(x),...,f(x))Sujeito a x𝕄,(2.1)
sendo 𝕄={x𝕌;F(x)=0}, f:𝕌 e F:𝕌m, 𝕌n um aberto não vazio, f e F suficientemente diferenciáveis. Admitiremos que o conjunto factível 𝕄 é não vazio. Denotamos por
𝕂={1,...,} e 𝕁={1,...,m}.

Em geral, não é possível minimizar todas as funções objetivo do problema (2.1) e, dessa forma, o conceito de otimalidade pode ser estabelecido de outras maneiras. A seguir, apresentamos os conceitos de solução para o problema (2.1) e que serão utilizados neste trabalho.

Definição 2.1.

  1. Dizemos que x0𝕄 é uma solução local fracamente eficiente do problema (2.1) se existe uma vizinhança 𝕍 de x0 e não existe x𝕄𝕍, xx0 tal que fk(x)fk(x0) para cada k𝕂.

  2. Dizemos que x0𝕄 é uma solução local eficiente do problema (2.1) se existe uma vizinhança 𝕍 de x0 e não existe x𝕄𝕍, xx0 tal que fk(x)fk(x0) para k𝕂, com a desigualdade estrita para pelo menos um k.

  3. Dizemos que x0𝕄 é solução local propriamente eficiente do problema (2.1) quando ela é uma solução local eficiente e se existe C>0 tal que, para cada k𝕂

    f k ( x 0 ) f k ( x ) f k 0 ( x ) f k 0 ( x 0 ) C

    para algum k0 tal que fk0(x0)fk0(x) quando x𝕄𝕍 e fk(x)fk(x0).

Por escalarização entendemos a conversão do problema multiobjetivo em um problema escalar de programação não linear cuja solução coincide com a solução do problema multiobjetivo. Uma das técnicas mais conhecidas de escalarização é o Método da Ponderação. Seja 𝕎={w;wk0, k𝕂}. Para cada w𝕎, w0, consideramos o seguinte problema escalar

Minimizar k=1wkfk(x)Sujeito a x𝕄.(2.2)
As relações existentes entre as soluções do problema multiobjetivo e as soluções do problema ponderado são dadas no seguinte lema:

Lema 2.1 ( [10]). Consideramos o problema definido como em (2.2).

  1. Se existe w𝕎{0} e x0 é uma solução do problema (2.2), então x0 é solução fracamente eficiente do problema (2.1).

  2. Se existe w𝕎 tal que wk>0, k𝕂 e x0 é uma solução do problema (2.2), então x0 é solução propriamente eficiente do problema (2.1).

Utilizaremos aqui as seguintes notações:

x=[x1xn], xy=i=1nxiyi e x+nxi0,i=1,...,n.

A k-ésima derivada de f no ponto x0 é uma aplicação k-linear f(k)(x0):n×...×nk cópiasm. Além disto, podemos associar à aplicação f(k)(x0) uma k-forma

f(k)(x0)[]k:nm
definida como
f(k)(x0)[x]k=f(k)(x0)(x,...,xk vezes).
O conjunto Kerkf(k)(x0)={hn;f(k)(x0)[h]k=0} é o k-Kernel de f(k)(x0).

Evidentemente, para cada vetor hn fixado, podemos associar o operador linear

f(k)(x0)[h]k1:nm,
definido, para todo xn, como
f(k)(x0)[h]k1x=f(k)(x0)(h,...,hk1,x).
Similarmente para as funções fi(k)(x0)[h]k1:n, i=1,...,m, temos funcionais lineares definidos, para todo xn, como a seguir
fi(k)(x0)[h]k1x=fi(k)(x0)(h,...,h,x).

A seguir enunciamos o conceito de direção tangente.

Definição 2.2. Dizemos que um vetor h é uma direção tangente a 𝕄 no ponto x0, se existe α0>0 tal que para todo α(0,α0) existe um vetor

x ( α ) = x 0 + α h + r ( α ) 𝕄 ,
sendo o vetor r(α)n tal que r(α)=o(α).

O clássico Teorema do Valor Médio será de muita valia em nossas análises. Enuciamos este importante resultado.

Teorema 2.1 (Teorema do Valor M´edio [9]). Sejam 𝕏 e 𝕐 espaços de Banach e 𝕌𝕏 um aberto não vazio. Seja f:𝕌𝕐 uma função diferenciável no segmento {x0+th;t[0,1]}𝕌. Então

f ( x 0 + h ) f ( x 0 ) T ( h ) sup t [ 0 , 1 ] f ( 1 ) ( x 0 + t h ) T . h ,
sendo T:𝕏𝕐 um operador linear contínuo.

Agora apresentamos o conceito de multifunções e alguns resultados a ele relacionados. Para maiores detalhes consulte [9][9] A.D. Ioffe & V. Tihomirov. "Theory of extremal problems", volume 6 of Studies in Mathematics and its Applications. North - Holland, Amsterdam (1979)..

Definição 2.3. Sejam 𝔸 um conjunto não vazio e 2𝔹 a família de subconjuntos do conjunto 𝔹. Uma função Φ:𝔸2𝔹 é denominada de multifunção.

Sejam (𝕏,d) um espaço métrico e 𝕏1,𝕏2𝕏. Consideramos o número

d(𝕏1,𝕏2)=supx𝕏1d(x,𝕏2),
sendo d(x,𝕏2)=infy𝕏2d(x,y). O máximo entre os números d(𝕏1,𝕏2) e d(𝕏2,𝕏1) define a distância de Hausdorff () entre os conjuntos 𝕏1 e 𝕏2, isto é,
(𝕏1,𝕏2)=max{d(𝕏1,𝕏2),d(𝕏2,𝕏1)}.

O próximo resultado enunciado é uma versão do Teorema do Ponto Fixo para multifuncões. Para isso, o conceito de contração para multifunções é dado a seguir.

Definição 2.4. Sejam (𝕏,d) um espaço métrico e Φ:𝕐𝕏2𝕏 uma multifunção. Dizemos que Φ é uma contração se existe um número θ(0,1) tal que

( Φ ( x 1 ) , Φ ( x 2 ) ) θ d ( x 1 , x 2 ) ,
para todo x1, x2𝕐.

Teorema 2.2 (Princípio da Contração para Multifunções [9]). Sejam (𝕏,d) um espaço métrico e Φ:𝔹ε(x0)2𝕏 uma multifunção, sendo Φ(x) e fechado para todo x𝔹ε(x0)={x𝕏;d(x,x0)ε}. Suponhamos que exista um número θ(0,1) tal que

  1. (Φ(x1),Φ(x2))θd(x1,x2), para todo x1,x2𝔹ε(x0);

  2. d ( x 0 , Φ ( x 0 ) ) ( 1 θ ) ε .

Então para qualquer η satisfazendo a desigualdade

d ( x 0 , Φ ( x 0 ) ) η ( 1 θ ) ε ,
existe um x𝔹η1θ(x0) tal que
x Φ ( x ) .
Além disto, dentre os pontos x que satisfazem essas condições existe um tal que
d ( x , x 0 ) 2 1 θ d ( x 0 , Φ ( x 0 ) ) . (2.3)

O próximo resultado fornece uma maneira de determinarmos a distância entre dois conjuntos, segundo a métrica de Hausdorff.

Lema 2.2 ( [9]). Sejam 𝕏1,𝕏2𝕏 variedades lineares translações de um subespaço vetorial. Então,

( 𝕏 1 , 𝕏 2 ) = inf { x 1 x 2 ; x i 𝕏 i , i = 1 , 2 } .

Em algumas situações a variedade linear do Lema 2.2 é uma translação do kernel de um operador linear. Este fato pode ser verificado no próximo lema.

Lema 2.3 ( [11]). Sejam T:𝕏𝕐 um operador linear e bIm(T). Então a variedade linear 𝕃={xn;Tx=b} é uma translação do subespaço vetorial Ker(T)={xn;Tx=0}, ou seja,

𝕃 = x ̃ + K e r ( T ) ,
para algum x̃𝕃.

Para um operador linear contínuo T:𝕏𝕐 consideramos a multifunção

Φ:𝕏2𝕏,
definida como
Φ(x)=x{T}1g(x),
sendo g uma funcão de 𝕏 em 𝕐 tal que Im(g)Im(T) e {T}1:𝕐2𝕏 é definida como
{T}1y={x𝕏;T(x)=y}.(2.4)

Lema 2.4. Suponhamos x̂𝕏 fixado tal que g(x̂)Im(T). Então

Φ ( x ̂ ) = { x 𝕏 ; T ( x ̂ x ) = g ( x ̂ ) } = x ̃ + K e r ( T ) ,
sendo x̃ tal que T(x̂x̃)=g(x̂).

Demonstraç˜ao. Seja xΦ(x̂). Logo, x=x̂y, sendo y𝕏 tal que T(y)=g(x̂). Desta forma, T(x̂x)=g(x̂), isto é, x{x𝕏;T(x̂x)=g(x̂)}. Por outro lado, se xn é tal que T(x̂x)=g(x̂), então x=x̂(x̂x)Φ(x̂). Portanto,

Φ(x̂)={x𝕏;T(x̂x)=g(x̂)}.
A segunda igualdade segue diretamente do Lema 2.3.

Lema 2.5 ([9]). Seja T:𝕏𝕐 um operador linear contínuo e {T}1 é definida como em (2.4). Consideramos

{ T } 1 = sup y 𝕐 { y 1 inf { x ; x 𝕏 , T ( x ) = y } } .
Se Im(T)=𝕐, então {T}1.

3 ELEMENTOS DA TEORIA DA P-REGULARIDADE

Seja F:𝕌nm, sendo 𝕌 um aberto não vazio. Como é bem conhecido da literatura, o Teorema de Lyusternik [9][9] A.D. Ioffe & V. Tihomirov. "Theory of extremal problems", volume 6 of Studies in Mathematics and its Applications. North - Holland, Amsterdam (1979). é uma ferramenta útil para construção do cone das direções tangentes ao conjunto

𝕄={x𝕌;F(x)=0}
em x0 quando o operador linear F(1)(x0) é sobrejetor. Nesses casos, o cone das direções tangentes pode ser obtido via derivada de primeira ordem, mais especificamente, este cone coincide com o núcleo do operador linear F(1)(x0). Nessas situações e quando x0 é uma solução local fracamente eficiente do problema (2.1), o Teorema de Karush-Kuhn-Tucker [10][10] J. Jahn. "Vector optimization". Springer, Berlim (2009). garante a existência de vetores θ+{0} e λm tais que
j=1θjfj(1)(x0)+j=1mλjFj(1)(x0)=0,
já que LICQ é verificada em x0. Por outro lado, quando a sobrejetividade do operador F(1)(x0) é violada, ou equivalentemente, LICQ não é satisfeita em x0, é garantida apenas a inclusão do cone das direções tangentes no núcleo do operador linear F(1)(x0).

No que se segue, recordamos o conceito de aplicação irregular.

Definição 3.1 ([5]). Dizemos que a aplicação F:𝕌nm é regular em x0 se

I m F ( 1 ) ( x 0 ) = m . (3.1)
A aplicação F é irregular se (3.1) não é satisfeita.

Consideramos agora o caso em que a condição de regularidade (3.1) não é válida e para tratarmos esse caso faremos uso de um operador linear específico [5][5] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. The p-th order optimality conditions for degenerate inequality constrained optimization problems. Pure Appl. Math, 1(2) (2010), 198–223., cuja construção é descrita a seguir. Suponhamos que para um número natural p, seja possível uma decomposição em soma direta do espaço vetorial m, isto é,

m=𝕐1𝕐p,(3.2)
sendo 𝕐1=ImF(1)(x0) e os demais subespaços são definidos da seguinte maneira:

Sejam 2 o subespaço complementar para 𝕐1 com respeito à m, isto é,

m=𝕐12
e P2:m=𝕐122 a projeção definida como
P2(y)=z2,
sendo y=y1+z2, y1𝕐1 e z22. Definimos 𝕐2=span(ImP2F(2)(x0)[]2) e indutivamente, temos
𝕐i=span(ImPiF(i)(x0)[]i),i=2,...,p1,(3.3)
sendo i, i=2,...,p, o subespaço complementar para 𝕐1𝕐i1 com respeito a m e
Pi:m=𝕐1𝕐i1...ii(3.4)
é a projeção definida como
Pi(y)=zi,i=2,...,p,
sendo y=y1+...+yi1+zi, yi𝕐i e zii. Finalmente, definimos 𝕐p=p e p é escolhido como o número natural mínimo para o qual (3.2) é válido.

Consideramos as seguintes aplicações

ϕi:n𝕐i,i=1,...,p,
definidas como
ϕi(y)=PiF(y),
sendo y=y1+...+yi+...+yp, yi𝕐i e
Pi:m=𝕐1𝕐p𝕐i
a projeção Pi(y)=yi.

Definição 3.2 ([5]). Seja hn fixado. O operador linear Φp(x0):nm, definido como

Φ p ( x 0 ) = i = 1 p ϕ i ( i ) ( x 0 ) [ h ] i 1 ,
é denominado operador p-fator.

Observamos que para cada i=1,...,p e hn fixados, o fator ϕi(i)(x0)[h]i1 é um operador linear de n em 𝕐i. Além disso, temos

ϕi(i)(x0)[h]i1=PiF(i)(x0)[h]i1.
Particularmente, para i=1, temos ϕ1(1)(x0)=F(1)(x0).

Definição 3.3 ([5]). Seja F:𝕌nm, sendo 𝕌 um aberto e F𝒞p+1(𝕌). Dizemos que a aplicação F é p-regular em x0 com respeito a hn se

I m Φ p ( x 0 ) = m .
Além disso, dizemos que a aplicação F é p-regular em x0 se F é p-regular com respeito a qualquer h0 no conjunto
F ( x 0 ) = { h n ; ϕ i ( i ) ( x 0 ) [ h ] i = 0 , i = 1 , . . . , p } .

Observamos que a p-regularidade definida acima generaliza o conceito de regularidade da Definição 3.1.

4 CONDIÇÕES DE OTIMALIDADE

Nesta seção nosso objetivo é estabelecermos condições necessárias e suficientes de otimalidade para a classe de problemas irregulares definidos como em (2.1). Para esse fim, necessitaremos do seguinte resultado auxiliar:

Lema 4.1. Sejam F𝒞p+1(𝕌). Suponhamos que exista hF(x0){0} de modo que F é p-regular em x0𝕄 com respeito a h. Seja wn{0} tal que F(1)(x0)w=0. Então, existem α0>0 suficientemente pequeno e uma aplicação y:(0,α0)n tal que y(α)=o(α3/2) e

F ( x 0 + α h + α 3 / 2 w + y ( α ) ) = 0 . (4.1)

Demonstração. Sejam ε=α3/2, α>0, w=1 e F(1)(x0)w=0. Podemos encontrar hF(x0){0}, com norma suficientemente pequena e h1 de modo que i=2pCϕi(i)(x0)[h]i11, sendo C={Φp(x0)}1 em consequência do Lema 2.5. Definimos a multifunção Λ:𝔹ε(0)2n por

Λ(y)=y{Φp(x0)}1F(x0+α3/2w+αh+y),
sendo Φp(x0):nm o operador p-fator da Definição 3.2.

A seguir mostraremos que a multifunção Λ atende às hipóteses do Princípio da Contração para Multifunções (Teorema 2.2) e, portanto, admite um ponto fixo – logo se verifica a equação (4.1). De fato, seja x𝔹ε(0), logo da sobrejetividade do operador Φp(x0), existe x̂n tal que

Φp(x0)x̂=F(x0+α3/2w+αh+x),
isto é,
x̂{Φp(x0)}1F(x0+α3/2w+αh+x).
Logo, xx̂Λ(x) e, portanto, Λ(x).

Agora verificaremos que Λ(x) é fechado para todo x𝔹ε(0). Com efeito, consideramos uma sequência (zn)Λ(x) tal que znz. Logo, para cada n fixado, temos

zn=xqn,
sendo
qn{Φp(x0)}1F(x0+α3/2w+αh+x),
ou equivalentemente,
Φp(x0)(xzn)=F(x0+α3/2w+αh+x).(4.2)
Fazendo n na igualdade (4.2), temos
Φp(x0)(xz)=F(x0+α3/2w+αh+x),
isto é,
xz{Φp(x0)}1F(x0+α3/2w+αh+x)
e assim, z=x(xz)Λ(x). Logo, Λ(x) é fechado.

Sejam y1,y2𝔹ε(0). Aplicando o Lema 2.2 combinado com os Lemas 2.3 e 2.4, temos

(Λ(y1),Λ(y2))=inf{z1z2;ziΛ(yi),i=1,2},
sendo zi=yixi e xi tal que Φp(x0)xi=F(x0+α3/2w+αh+yi).

Agora fazendo wi=F(x0+α3/2w+αh+yi), i=1,2, temos

(Λ(y1),Λ(y2))=inf{z1z2;Φp(x0)(yizi)=wi,i=1,2}=inf{z1z2;Φp(x0)(z1z2)=Φp(x0)(y1y2)+w2w1}{Φp(x0)}1w1w2Φp(x0)(y1y2)(4.3)
Csupt[0,1]Φ̂(t,α,y1,y2,h)y1y2,(4.4)
sendo
Φ̂(t,α,y1,y2,h)=F(1)(x0+α3/2w+αh+y2+t(y2y1))Φp(x0).
Além disso, as desigualdades (4.3) e (4.4) foram obtidas do Lema 2.5 e do Teorema 2.1, respectivamente.

Por expansão de Taylor de F(1), temos

F(1)(x0+αh+α3/2w+y2+t(y2y1))=
=F(1)(x0)+F(2)(x0)[αh+α3/2w+y2+t(y2y1)]+o(α).
Desta forma, para todo t[0,1], obtemos
Φ̂(t,α,y1,y2,h)=
=F(2)(x0)[αh+α3/2w+y2+t(y2y1)]i=2pϕi(i)(x0)[h]i1+o(α)F(2)(x0)[αh+α3/2w+y2+t(y2y1)]+i=2pϕi(i)(x0)[h]i1+o(α)F(2)(x0)[αh+α3/2w+y2+t(y2y1)]+i=2pϕi(i)(x0)[h]i1+o(α)(α+3α3/2)F(2)(x0)+i=2pϕi(i)(x0)[h]i1+o(α).
Logo,
Φ̂(t,α,y1,y2,h)(α+3α3/2)F(2)(x0)+i=2pϕi(i)(x0)[h]i1+o(α).(4.5)
Por outro lado,
limα0o(α)(α+3α3/2)F(2)(x0)α=F(2)(x0)0.
Logo, para α>0 suficientemente pequeno, temos
o(α)(α+3α3/2)F(2)(x0)
e por (4.5), obtemos
Φ̂(t,α,y1,y2,h)2(α+3α3/2)F(2)(x0)+i=2pϕi(i)(x0)[h]i1.(4.6)
Em virtude das desigualdades (4.4) e (4.6), temos
(Λ(y1),Λ(y2))Csupt[0,1]Φ̂(t,α,y1,y2,h)y1y2θ(α)y1y2,
sendo
θ(α)=C(2(α+3α3/2)F(2)(x0)+i=2pϕi(i)(x0)[h]i1).
Como
limα0θ(α)=i=2pCϕi(i)(x0)[h]i11,
logo podemos encontrar α>0 suficientemente pequeno tal que Φ é uma contração.

Denotamos por d(0,Λ(0)) a distância entre 0 e Λ(0). Assim, temos

d(0,Λ(0))=inf{x;xΛ(0)}=inf{x;Φp(x0)x=F(x0+αh+α3/2w)}{Φp(x0)}1F(x0)+αF(1)(x0)h+α3/2F(1)(x0)w+o(α3/2)=o(α3/2),(4.7)
sendo que a igualdade (4.7) é decorrente dos fatos que {Φp(x0)}1, x0𝕄, hF(x0) e F(1)(x0)w=0. Por fim, temos
limα0d(0,Λ(0))(1θ(α))α3/2α3/2=1+i=2pCϕi(i)(x0)[h]i10.
Logo, podemos encontrar α>0 suficientemente pequeno tal que
d(0,Λ(0))(1θ(α))α3/2.

Dessa forma, de acordo com o Teorema 2.2, existem α0>0 suficientemente pequeno e uma aplicação y(α):(0,α0)n tal que

y(α)Λ(y(α)),
isto é,
F(x0+α3/2w+αh+y(α))=0.
Além disso,
y(α)21θ(α)d(0,Λ(0))=o(α3/2).
A função Lagrangeana usual admite a seguinte generalização:

Definição 4.1.A função Lagrangeana p-fator

:n×n×+×pn
do problema (2.1) com respeito a hn associada ao operador p-fator da Definição 3.2 é
(x,h,θ,λ)=k=1θkfk(x)+i=1pϕi(i1)(x)[h]i1λi,
sendo θ=θ(h), λ=(λ1,...,λp) e λi=λi(h),i=1,...,p. A Lagrangeana p-fator reduz-se a Lagrangeana usual quando p=1.

No próximo resultado mostraremos a insolubilidade de um certo sistema, fato fundamental para provarmos as condições necessárias de otimalidade, no sentido da eficência fraca, para o problema (2.1).

Teorema 4.1. Sejam x0 uma solução local fracamente eficiente do problema (2.1), f𝒞2(𝕌) e F𝒞p+1(𝕌). Suponhamos que exista hF(x0){0} tal que F é p- regular em x0 com respeito à h e fk(1)(x0)h0, k𝕂. Então o sistema

{ f k ( 1 ) ( x 0 ) d 0 , k 𝕂 ϕ i ( i ) ( x 0 ) [ h ] i 1 d = 0 , i = 1 , . . . , p (4.8)
não tem solução dn.

Demonstração. Suponhamos que dn é uma solução do sistema (4.8). Da hipótese de p-regularidade de F em x0 com respeito a hF(x0){0} e, em virtude do Lema 4.1, é possível encontrarmos α0>0 suficientemente pequeno e uma curva x:(0,α0)n tal que x(α)=o(α3/2),

x(α)=x0+αh+α3/2d+y(α) e F(x(α))=0.

Por expansão de Taylor de fk, para cada k𝕂 fixado e das desigualdades fk(1)(x0)h0 e fk(1)(x0)d0, k𝕂, podemos encontrar α>0 suficientemente pequeno tal que

fk(x(α))=fk(x0+αh+α3/2d+y(α))fk(x0).
Isto contradiz a eficiência fraca local do problema (2.1) e, portanto, o sistema (4.8) não tem solução.

Enfim, provaremos condições necessárias de otimalidade para o problema (2.1).

Teorema 4.2. Sejam x0 uma solução local fracamente eficiente do problema (2.1), f𝒞2(𝕌) e F𝒞p+1(𝕌). Suponhamos que exista hF(x0){0} tal que F é p- regular em x0 com respeito a h e fk(1)(x0)h0, k𝕂. Então, existem θ=θ(h)+{0} e λi=λi(h)𝕐i,i=1,...,p, tais que

x ( 1 ) ( x 0 , h , θ , λ ) = k = 1 θ k f k ( 1 ) ( x 0 ) + i = 1 p ( ϕ i ( i ) ( x 0 ) [ h ] i 1 ) * λ i = 0 ,
sendo x(1) a derivada de primeira ordem de Lagrangeana p-fator com respeito à variável x e (ϕi(i)(x0)[h]i1)*, i=1,...,p, denota o operador linear adjunto.

Demonstração. De acordo com o Teorema 4.1, o sistema (4.8) não tem solução dn. Então, pelo Teorema de Alternativa de Motzkin [12][12] O. Mangasarian. "Nonlinear programming", volume 10 of Classics in Applied Mathematics. SIAM, Philadelphia (1994)., existem θ+{0} e λi𝕐i tais que

x(1)(x0,h,θ,λ)=k=1θkfk(1)(x0)+i=1p(ϕi(i)(x0)[h]i1)*λi=0,
o que completa a prova.

Exemplo 1. Segue um exemplo para ilustrarmos o teorema anterior.

Minimizar f ( x ) = [ x 4 x 1 x 2 + x 3 ] $ Sujeito a x M = { x R 4 ; x 4 x 1 x 2 2 x 3 2 = 0 , x 4 x 1 + x 2 x 3 = 0 } . (4.9)

Neste caso f1(x)=x4x1, f2(x)=x2+x3, F1(x)=x4x1x22x32 e F2(x)=x4x1+x2x3. É fácil verificarmos que x0=[0000] é uma solução fracamemte eficiente do problema (4.9). Além disto, notamos que

F ( 1 ) ( x 0 ) = [ 1 0 0 1 0 0 0 0 ] e F ( 2 ) ( x 0 ) h = [ 0 2 h 2 2 h 3 0 h 4 h 3 h 2 h 1 ] .

Observamos que ImF(1)(x0)=span{[10]}2, isto é, F é irregular em x0. Por outro lado, fazendo 𝕐1=span{[10]} e 𝕐2=span{[01]}, logo 2=𝕐1𝕐2. Desta forma, da projeção ortogonal P:2𝕐2, temos

P F ( 2 ) ( x 0 ) h = [ 0 0 0 0 h 4 h 3 h 2 h 1 ] e P F ( 2 ) ( x 0 ) [ h ] 2 = [ 0 2 h 1 h 4 + 2 h 2 h 3 ] .

Assim, o operador 2-fator Φ2(x0):42 é definido como

Φ 2 ( x 0 ) = [ 1 0 0 1 h 4 h 3 h 2 h 1 ] .

Além disso,

F(x0)={h4;h1=h4,h1h4=h2h3}.
Observamos que para todo hF(x0){0}, temos ImΦ2(x0)=2, ou seja, F é 2-regular em x0. Particularmente, para h=[1111]F(x0), obtemos

f 1 ( 1 ) ( x 0 ) h = 0 , f 2 ( 1 ) ( x 0 ) h = 2 e P F ( 2 ) ( x 0 ) h = [ 0 0 0 0 1 1 1 1 ] .

Sejam λ=[λ10]𝕐1 e β=[0β2]𝕐2. Logo, a igualdade

0 = θ 1 f 1 ( 1 ) ( x 0 ) + θ 2 f 2 ( 1 ) ( x 0 ) + ( F ( 1 ) ( x 0 ) ) λ + ( P F ( 2 ) ( x 0 ) h ) β = θ 1 [ 1 0 0 1 ] + θ 2 [ 0 1 1 0 ] + λ 1 [ 1 0 0 1 ] + β 2 [ 1 1 1 1 ]

se cumpre para θ1=λ1, com λ10, θ2=0 e β2=0.

Para finalizarmos esta seção, provaremos condições suficientes, no sentido da eficiência fraca e da eficiência própria, para os problemas irregulares definidos como em (2.1). Para isso, enunciamos o seguinte lema:

Lema 4.2 ( [4]). Seja F𝒞p+1(𝕍), sendo 𝕍 uma vizinhança de x0 e suponhamos que F é p-regular em x0. Então, para todo x𝕍, temos

x = x 0 + α h + y ( α ) ,
sendo y(α)C.α2, |α|=xx0+o(xx0), hF(x0), h=1 e C>0.

Teorema 4.3. Sejam f𝒞2(𝕌) e F𝒞p+1(𝕌). Suponhamos que F é p- regular em x0 e existam θ=θ(h)+{0} e λi=λi(h)𝕐i,i=1,...,p tais que

x ( 1 ) ( x 0 , h , θ , λ ) = k = 1 θ k f k ( 1 ) ( x 0 ) + i = 1 p [ ϕ i ( i ) ( x 0 ) [ h ] i 1 ] * λ i = 0 . (4.10)
Se existem multiplicadores λ̂i=2i(i+1)λi(h)𝕐i,i=1,...,p, tais que
x x ( 2 ) ( x 0 , h , θ , λ ̂ ) [ h ] 2 > 0 ,
para todo hF(x0), então x0 é uma solução local fracamente eficiente do problema (2.1). (Aqui, xx(2) denota a derivada de segunda ordem da Lagrangeana p-fator com respeito à variável x).

Demonstração. Sejam θ+{0} assumido na hipótese e g(x)=k=1θkfk(x). Mostraremos que x0 é um minimizador local do problema

Minimizar g(x)Sujeito a F(x)=0.(4.11)
De fato, sejam 𝕍 uma vizinhança de x0 e x𝕍 tal que F(x)=0. Em virtude do Lema 4.2, podemos escrever a variável x da seguinte forma
x=x0+αh+y(α),
sendo y(α)C.α2, |α|=xx0+o(xx0), hF(x0), h=1 e C>0.

Sejam λi=λi(h)𝕐i,i=1,...,p satisfazendo (4.10) e α0. Desta forma, temos

g(x)g(x0)=g(x)g(x0)+λ1ϕ1(x)+λ2ϕ2(x)α+...+λpϕp(x)αp1=g(1)(x0)[αh+y(α)]+g(2)(x0)[αh+y(α)]22+o(α2)+λ1F(x0+αh+y(α))+λ2P2F(x0+αh+y(α))α++...+λpPpF(x0+αh+y(α))αp1=g(1)(x0)[αh+y(α)]+g(2)(x0)[αh+y(α)]22+o(α2)+λ1(F(1)(x0)[αh+y(α)]+F(2)(x0)[αh+y(α)]22)+λ2P2(F(1)(x0)[αh+y(α)]α+...+F(3)(x0)[αh+y(α)]36α)+λpPp(F(1)(x0)[αh+y(α)]αp1+...+F(p+1)(x0)[αh+y(α)]p+1(p+1)!αp1),
sendo Pi, i=1,...,p as projeções definidas como em (3.4). Além disto, como PiF(j)(x0)=0, para i>j, segue que
g(x)g(x0)=g(1)(x0)[αh+y(α)]+g(2)(x0)[αh+y(α)]22+o(α2)+λ1(F(1)(x0)[αh+y(α)]+F(2)(x0)[αh+y(α)]22)+λ2P2(F(2)(x0)[αh+y(α)]22α+F(3)(x0)[αh+y(α)]36α)+λpPp(F(p)(x0)[αh+y(α)]pp!αp1+F(p+1)(x0)[αh+y(α)]p+1(p+1)!αp1).
Agora, consideramos
A1=g(1)(x0)[αh+y(α)]+λ1F(1)(x0)[αh+y(α)]+λ2P2F(2)(x0)[αh+y(α)]22α+...+λpPpF(p)(x0)[αh+y(α)]pp!αp1+o(α2)
e
A2=g(2)(x0)[αh+y(α)]22+λ1F(2)(x0)[αh+y(α)]22+λ2P2F(3)(x0)[αh+y(α)]36α+...+λpPpF(p+1)(x0)[αh+y(α)]p+1(p+1)!αp1.
Pela definição de x(1)(x0,h,θ,λ) e y(α), obtemos
A1=(k=1θkfk(1)(x0)+(F(1)(x0))*λ1+(P2F(2)(x0)[h]2)*λ2)(αh+y(α))+...+(PpF(p)(x0)[h]p1p!)*λp(αh+y(α))+o(α2)=x(1)(x0,h,θ,λ)(αh+y(α))+o(α2)=o(α2).
Também, temos
A2=k=1θkfk(2)(x0)[αh+y(α)]22+λ1F(2)(x0)[αh+y(α)]22+λ2P2F(3)(x0)[αh+y(α)]36α+...+λpPpF(p+1)(x0)[αh+y(α)]p+1(p+1)!αp1=xx(2)(x0,h,θ,λ̂)[αh]2+o(α2).
Finalmente, da hipótese xx(2)(x0,h,θ,λ̂)[h]2>0, para todo hF(x0) e para α>0 suficientemente pequeno, temos
g(x)g(x0)=A1+A2xx(2)(x0,h,θ,λ̂)[αh]2+o(α2)>0
para todo x𝕍. Logo, x0 é um minimizador local estrito do problema (4.11). Assim, em virtude do item (i) do Lema 2.1, x0 é uma solução local fracamente eficiente do problema (2.1).

Para ilustramos o teorema anterior, mostraremos que o x0 do Exemplo 1 é de fato uma solução local fracamente eficiente do problema (4.9). Primeiramente, observamos que para todo hF(x0){0} a igualdade

θ1f1(1)(x0)+θ2f2(1)(x0)+(F(1)(x0))*λ+(PF(2)(x0)h)*β=0,
é verificada para λ=[λ10]𝕐1, β=[0β2]𝕐2, θ1=λ1>0 e θ2=β2=0. Agora é fácil verificarmos que
xx(2)(x0,h,θ,λ̂)[h]=λ1F1(2)(x0)[h]=2λ1(h22+h32)>0
para todo hF(x0){0}. Pelo Teorema 4.3, x0 é uma solução local fracamente eficiente do problema (4.9).

Corolário 4.3.1. Além das hipóteses do Teorema 4.3, suponha que exista θ=θ(h)+{0}, com θk>0 satisfazendo (4.10). Então x0 é uma solução local propriamente eficiente do problema (2.1).

Demonstração. A demonstração segue as mesmas linhas da demonstração anterior, todavia, da hipótese que θk>0, k𝕂 mais o item (ii) do Lema 2.1, concluímos que x0 é uma solução local propriamente eficiente do problema (2.1).

5 CONCLUSÕES

Até o momento, existe pouca literatura referente às condições de otimalidade para problemas multiobjetivos irregulares. Nosso artigo preenche esta lacuna e generaliza os resultados de [4][4] O.A. Brezhneva & A.A. Tretyakov. Optimality conditions for degenerate extremum problems with equality constraints. SIAM Journal on Control and Optimization, 42(2) (2003), 729–745. para problemas escalares ao caso multiobjetivo. Baseando-nos na Teoria da p-regularidade obtivemos condições necessárias e suficientes para problemas irregulares multiobjetivos com restrições de igualdade. Apresentamos os resultados em dimensão finita por clareza de exposição. Num trabalho futuro estenderemos as ideias a espaços de Banach e adicionaremos restrições de desigualdade ver [15][15] L.B. Santos, A.S. Melo & M.A. Rojas-Medar. Optimality conditions for degenerate multiobjective problem with equality and inequality constraint. Preprint, (2019)..

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Dez 2019
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2019

Histórico

  • Recebido
    7 Dez 2018
  • Aceito
    15 Maio 2019
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