Neste texto, realizamos uma discussão de fundo epistemológico, procurando compreender como a mídia dá a ler determinados acontecimentos históricos da política brasileira por meio de textos imagéticos. Como corpora, elegemos fotografias de atores políticos que circularam no jornal Folha de S. Paulo, durante o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 2010. Nossa discussão está fortemente assentada nos trabalhos de Dominique Maingueneau acerca de citação, destacabilidade e aforização. Nesses trabalhos, o teórico propõe uma densa discussão sobre a circulação dos textos verbais em nossa sociedade, isto é, sua reflexão busca saber como certos textos circulam - inteiros, em fragmentos, adaptados - e por que, de um texto integral, frequentemente circulam apenas partes - finais, começos, pequenas frases. Dessa discussão empreendida, tentamos tirar algumas consequências teóricas a partir da análise de textos que mobilizam em sua constituição não apenas recursos verbais, mas, principalmente, recursos de natureza imagética. Nossa questão de fundo é pensar, por um lado, como se dá o processo de citação, destacabilidade e aforização do texto imagético na mídia impressa e digital e, por outro, em que medida esse trabalho de recorte do imagético interfere na interpretação do acontecimento histórico, fornecendo ao leitor uma espécie de percurso deôntico de interpretação.
Discurso; Texto imagético; Citação; Destacabilidade; Aforização