PRIMEIRO RELATO DE SPALANGIA DROSOPHILAE ASHMEAD, 1887 (HYMENOPTERA: PTEROMALIDAE) EM PUPAS DE FANNIA PUSIO (WIEDEMANN, 1830) (DIPTERA: FANNIIDAE) NO BRASIL

FIRST REPORT OF SPALANGIA DROSOPHILAE ASHMEAD, 1887 (HYMENOPTERA: PTEROMALIDAE) IN PUPAE OF FANNIA PUSIO (WIEDEMANN, 1830) (DIPTERA: FANNIIDAE) IN BRAZIL

RESUMO

O objetivo do presente estudo é relatar a primeira ocorrência do parasitóide Spalangia drosophilae Ashmead, 1887 (Hymenoptera: Pteromalidae) em pupas Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae). Para coleta dos insetos foi utilizado como isca fígado bovino. Obtiveram-se 265 pupas de F. pusio, das quais 4 emergiram parasitóides pertencentes à espécie S. drosophilae. A porcentagem de parasitismo foi de 1,5%.

PALAVRAS-CHAVE
Área urbana; parasitóide; mosca; isca; armadilha

ABSTRACT

This article reports the first occurrence of the parasitoid Spalangia drosophilae Ashmead, 1887 (Hymenoptera: Pteromalidae) on pupae of Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae). Bovine liver was used as bait to collect the insects. In the study, 265 pupae of F. pusio were obtained, 4 of which yielded the parasitoid S. drosophilae. The percentage of parasitism was 1.5%.

KEY WORDS
Urban area; parasitoid; flies; bait; trap

Os dípteros muscóides são de grande importância médica e sanitária por serem causadores de miíases secundárias e transmissoras de microorganismos patogênicos como vírus, bactérias, cisto de protozoários e ovos de helmintos ao homem e animais domésticos (GREENBERG, 1971).

Os adultos de Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae) são encontrados freqüentemente associados a ambientes modificados pelo homem, com suas larvas criando-se em matéria orgânica em decomposição (PONT, 1977; MARCHIORI & PRADO, 1995; MARCHIORI & PRADO, 1996, MARCHIORI et al., 2000a; MARCHIORI et al., 2000b). O objetivo deste trabalho é relatar a primeira ocorrência do parasitóide Spalangia drosophilae Ashmead, 1887 (Hymenoptera: Pteromalidae) em pupas de Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae) no Brasil.

Como o controle de moscas por inseticidas acaba selecionando populações resistentes, sendo um paliativo, MENDES & LINHARES (1993) acreditam necessária a pesquisa de novas metodologias visando ao controle de moscas. Como possibilidade de controle desses dípteros podem ser utilizados determinados grupos de parasitóides, agentes responsáveis pela redução de populações de algumas moscas (MARCHIORI et al., 2001).

O estudo foi realizado no Matadouro municipal localizado no Município de Tupacigura, MG, (18º35'32"S – 48º42'1'8"W), quinzenalmente, no período de setembro de 2004 a abril de 2005. As moscas foram coletadas com o uso de armadilhas construídas com recipiente metálico (óleo de cozinha) de textura externa preta fosca, medindo cerca de 19 cm de altura por 9 cm de diâmetro, com duas aberturas tipo venezianas, confeccionadas no terço inferior para permitir a entrada dos insetos. Na parte superior da armadilha foi acoplado um funil de papel, aberto nas extremidades, com a base voltada para baixo e envolvido em um saco plástico, utilizado para a coleta das moscas e parasitóides atraídos. Utilizou-se como isca fígado bovino depositado no interior dos recipientes metálico, sobre uma camada de terra. Empregaram-se 6 armadilhas, as quais foram penduradas em árvores a 1 m do solo e distantes 2 m uma das outras em área de cerrado. Os indivíduos adultos coletados foram levados para o laboratório, sacrificados com éter etílico e conservados em álcool 70% para posterior identificação.

Tendo em vista uma eventual oviposição dos insetos atraídos, o conteúdo das armadilhas foi colocado em recipientes plásticos, contendo uma camada de areia para servir de substrato à pupação das larvas. Após 15 dias da colocação das armadilhas no campo, a areia foi peneirada e dela se recolheram as pupas, que em seguida foram individualizadas em cápsulas de gelatina (número 00) para obtenção de moscas e/ou parasitóides. A porcentagem de parasitismo foi calculada por meio do número de pupas parasitadas/número total de pupas obtidas x 100.

Obtiveram-se 265 pupas de F. pusio, das quais emergiram 4 espécimes de S. drosophilae. A porcentagem de parasitismo obtida foi de 1,5% devido, provavelmente, às variações na qualidade e disponibilidade de recursos alimentares, na capacidade de busca ou pelas densidades dos hospedeiros.

A espécie S. drosophilae é citada como parasitóide de pupas de dípteros pequenos das famílias Chloropidae, Drosophilidae, Muscidae, Sarcophagidae e Sepsidae (MARCHIORI, 2000; MARCHIORI et al. 2001; MARCHIORI, 2002; MARCHIORI et al., 2002).

Este trabalho relata a primeira ocorrência de S. drosophilae parasitando F. pusio no Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• GREENBERG, B. Flies and diseases. Ecology, classification and biotic associations Princeton: Princeton University, 1971. 856p.
• MARCHIORI, C.H. & PRADO, A.P. Longevidade e fecundidade de Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae) em laboratório. Revista Brasileira de Biologia, v.55, p.571-575, 1995.
• MARCHIORI, C.H. & PRADO, A.P. Efeito da temperatura no desenvolvimento dos estágios imaturos de Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae) em laboratório Revista Brasileira de Biologia, v.56, p. 93-98, 1996.
• MARCHIORI, C.H. Parasitóides de estágios imaturos de dípteros sinantrópicos coletados em vários ambientes em Itumbiara-GO. Acta Scientiarum, v.22, p.655-661, 2000.
• MARCHIORI, C.H.; CASTRO, M.E.V.; PAIVA, T.C.G.; SILVA, C.G.; TEIXEIRA, F.F. Dípteros muscóides de importância médica e veterinária e seus parasitóides em Goiás. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.52, p.350-353, 2000a.
• MARCHIORI, C.H.; SILVA, C.G; CALDAS, E.R.; VIEIRA, C.I.S.; ALMEIDA, K.G.S.; TEIXEIRA, F.F.; LINHARES, A.X. Dípteros muscóides associados com carcaça de suíno e seus parasitóides em área de pastagem e de mata em Goiás. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.52 p.459-460, 2000b.
• MARCHIORI, C.H.; OLIVEIRA, A.T.; LINHARES, A.X. Artrópodes associados a massas fecais bovinas no Sul do Estado de Goiás. Neotropical Entomology, v.30, p.19-24, 2001.
• MARCHIORI, C.H. Microhimenópteros parasitóides de moscas em esterco bovino em Cachoeira Dourada, Goiás, Brasil. Entomología y Vectores, v.9, p.365-374, 2002.
• MARCHIORI, C.H.; CALDAS, E.R.; DIAS, K.G.S. Parasitóides de Diptera em fezes bovinas em vários tempos de exposição em Itumbiara, Goiás, Brasil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zoote, v.69, p.37-42, 2002.
• MENDES, J. & LINHARES, A.X. Atratividade por iscas, sazonalidade e desenvolvimento ovariano em várias espécies de Muscidae (Diptera). Revista Brasileira de Biologia, v.37, p.289-297, 1993.
• PONT, A.C. A revision of Australian Fanniidae (Diptera: Calyptrate). Australian Journal of Zoology, v.1, n.51, p.160, 1977.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  15 Abr 2022
• Data do Fascículo
  Apr-Jun 2005

Histórico

• Recebido
  24 Maio 2005
• Aceito
  15 Jun 2005