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A semiótica do compartilhamento de conhecimento tácito: um estudo sob a perspectiva do interacionismo simbólico

Resumo

Este artigo propõe um modelo teórico integrado, combinando os constructos Polany e Peirce - conhecimento tácito e semiótica, respectivamente, sob a perspectiva interacionista simbólica, visando compreender como os signos se manifestam como mediadores no processo de compartilhamento tácito do conhecimento entre os membros de uma organização cooperativa. Baseia-se em: uma articulação teórica dos princípios do conhecimento tácito, que defende a inefabilidade desse tipo de conhecimento; teoria semiótica, em que os signos são uma representação de “algo para alguém” e implicam que tudo no mundo é um signo; e a visão interacionista simbólica. Essa integração teórica apresenta uma contribuição teórica significativa, pois propõe um processo de percepção semiótica para o compartilhamento tácito do conhecimento. A perspectiva atual sugere que o compartilhamento tácito do conhecimento ocorre por meio de uma interação simbólica, mediada pela semiótica. Esse modelo inovador depende tanto das condições internas quanto externas, embora envolvendo aspectos fora do controle organizacional.

Palavras-chave:
Conhecimento tácito; Signo; Semiótco peirceano; Interacionismo simbólico; Polanyi

Abstract

This article proposes an integrated theoretical model, combining Polanyi and Peirce constructs - tacit knowledge and semiotics, respectively - under the symbolic interactionist perspective. It aims to understand how signs are manifested as mediators in the tacit knowledge sharing process among members of a cooperative organization. It is based on: a theoretical articulation of the principles of tacit knowledge, which defends the ineffability of this kind of knowledge; semiotic theory, in which signs are a representation of “something for someone” and imply that everything in the world is a sign; and the symbolic interactionist view. This theoretical integration presents a significant theoretical contribution because it proposes a process of semiotic perception to tacit knowledge sharing. This perspective suggests that tacit knowledge sharing occurs through symbolic interaction, mediated by semiotics; this innovative model depends both on internal and external conditions, albeit involving aspects outside organizational control.

Keywords:
Tacit knowledge; Sign; Peircean semiotic; Symbolic interactionism; Polanyi

Resumen

Este artículo propone un modelo teórico integrado, que combina los constructos de Polanyi y Peirce: conocimiento tácito y semiótica, respectivamente, bajo la perspectiva del interaccionismo simbólico, con el objetivo de comprender cómo se manifiestan los signos como mediadores en el proceso de compartición de conocimiento tácito entre los miembros de una organización cooperativa. Se basa en: una articulación teórica de los principios del conocimiento tácito, que defiende la inefabilidad de ese tipo de conocimiento; teoría semiótica, en la que los signos son una representación de “algo para alguien” e implican que todo en el mundo es un signo; y la visión simbólica interaccionista. Esta integración teórica presenta una contribución teórica significativa porque propone un proceso de percepción semiótica para compartición del conocimiento tácito. La perspectiva actual sugiere que la compartición de conocimiento tácito se produce a través de una interacción simbólica, mediada por la semiótica. Este modelo innovador depende de las condiciones internas y externas, aunque involucre aspectos fuera del control de la organización.

Palabras clave:
Conocimiento tácito; Signo; Semiótica peirceana; Interaccionismo simbólico; Polanyi

INTRODUÇÃO

Intrinsecamente, o componente mais importante da inovação é o conhecimento. Inovar significa renovar continuamente a organização, recriando-a e seu mercado, em direção à evolução.

Este artigo aborda uma vertente de interação social na criação de realidade e trata o compartilhamento de conhecimento tácito como um processo cognitivo. Portanto, a criação de novos conteúdos de conhecimento tácito requer sinais, que são os meios de elaboração mais valiosos do processo. O processo de compartilhamento é uma forma tácita de criação de conhecimento, absorvida pela percepção humana pela qual apreendemos o mundo, e moldada por sons, formas e cores, que nos direcionam para uma compreensão dos pensamentos, sentimentos e conhecimentos do outro humano, que são nem sempre é possível expressar verbalmente.

Este artigo enfoca o trabalho de Peirce (1839-1941), um dos autores seminais da semiótica. Peirce é considerado por Santaella (2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.) como o fundador da moderna teoria dos signos. O trabalho de Peirce é baseado na fenomenologia. Para ele, um sinal representa algo para alguém, dentro do processo de semiose. O processo de semiose ocorre em uma relação triádica entre o intérprete, o mundo e o interpretante, em um contexto amplo e complexo, que, além de um profundo conteúdo filosófico, envolve uma taxonomia de signos e suas representações.

Os signos funcionam como mediadores entre o homem e o mundo, criados pelo ser humano através do processo interpretativo. Essa criação acontece através do conhecimento gerado, especialmente aquele tipo de conhecimento que a mente humana captura e desenvolve, mas não necessariamente consciente. Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) nomeou esse tipo de conhecimento “conhecimento tácito”, que ele considerava “inefável” (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 92). Embora o conhecimento tácito seja geralmente considerado individual, ele também pode ser observado em nível de grupo (CHOO, 1998CHOO, W. C. A organização do conhecimento. São Paulo: Senac, 1998.).

Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) postula que, por não poder ser articulado, o conhecimento tácito é mostrado aos outros pelas ações que fazemos. Esse conhecimento é mostrado em nossa ação, nos resultados que as organizações alcançam, nos produtos que uma organização vende e nos comportamentos produzidos pelas pessoas. Desta forma, o conhecimento tácito pode ser compartilhado entre os indivíduos. O compartilhamento ocorre pela percepção individual dos signos existentes, cujas significações também são compartilhadas pelo grupo que interage no mesmo ambiente, e age como uma linha condutora entre as mentes dos indivíduos e o mundo ao seu redor. Portanto, embora o conhecimento tácito não seja articulado, é possível compartilhá-lo através de representações de sinais, através das quais o significado é dado pelos indivíduos interagindo com o ambiente por meio da semiose.

Neste artigo, buscamos entender e mostrar como os signos são expressos como mediadores no processo de compartilhamento de conhecimento tácito entre os membros de uma organização. A análise é baseada nos princípios do conhecimento tácito criado por Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., 1969POLANYI, M. Knowing and being. Chicago: The University of Chicago Press, 1969.) e os princípios da semiótica concebida por Peirce (1931-1958) (2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.), infundidos com a visão integrativa de Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.) do interacionismo simbólico. Portanto, neste artigo, argumentamos que os signos são mediadores do compartilhamento de conhecimento tácito, o que é realizado por uma articulação teórica das idéias de Peirce (semiótica) e Polanyi (conhecimento tácito).

ABORDAGEM TEÓRICA

Interacionismo simbólico: uma perspectiva do conhecimento

Originado da vertente sociológica da psicologia social, o interacionismo simbólico é baseado em cinco idéias principais que consideram o ser humano: (1) um indivíduo social, (2) um ser pensante, (3) quem define o ambiente, (4) que interage com o ambiente e, portanto, (5) um ser ativo em relação a esse ambiente (CHARON, 2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.).

Nas palavras de Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009., p. 35), “[...] os seres humanos devem agora ser entendidos como sociais, interacionais e simbólicos por sua própria natureza. Quem vê apenas o físico, que mede apenas aquilo que é diretamente observável, perde toda a essência do ser humano”.

Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.) enfatiza a importância do meio ambiente para o interacionismo simbólico, uma vez que o ser humano não responde ao ambiente, mas também o define, com base em suas perspectivas criadas. Esse movimento cria uma realidade influenciada pela vida social, embora os interacionistas simbólicos acreditem em “[...] algumas realidades objetivas existentes por aí” (CHARON, 2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009., p. 43); assim, existimos em duas realidades simultâneas - fisicamente objetivas e sociais. Para Charon (2009)CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009., existe uma terceira realidade que criamos em nossas mentes como resultado de nossa interpretação do que é mostrado por outros seres. Essa realidade é única para cada ser humano, embora atribuamos significância aos objetos que nos rodeiam através da interação social.

Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.) enfatiza os símbolos como elemento central na construção da sociedade humana; elas envolvem conceitos de socialização, cultura compartilhada, comunicação, cooperação e conhecimento cumulativo. Em relação a Shibutani, Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009., p. 153) descreve sua visão de palavras sociais “[...] como sendo constituídas de indivíduos que se comunicam com símbolos, que compartilham uma perspectiva de interação”

A construção da realidade: conhecimento e conhecer

Se a realidade é criada pela mente humana, a compreensão da realidade está na experiência humana. Quem constrói a realidade molda o ambiente e é, simultaneamente, produto dele, numa abordagem construcionista social. O compartilhamento de conhecimento mediado por signos envolve não apenas a criação da realidade individual, mas também, e principalmente, a realidade grupal baseada na interpretação compartilhada. Os antecedentes desta ideia, apresentados nesta integração teórica, baseiam-se no pensamento de Peirce e Polanyi, cujos trabalhos têm sido interpretados pelas autoridades sobre o assunto. Os melhores exemplos desses estudiosos são Santaella (1986SANTAELLA, L. O que é semiótica. 2. ed.São Paulo: Brasiliense, 1986.) (Peirce) e Saiani (2004SAIANI, C. O valor do tacit knowledge: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004.) (Polanyi).

Semiótica: acesso ao compartilhamento

Para Santaella (1986SANTAELLA, L. O que é semiótica. 2. ed.São Paulo: Brasiliense, 1986., p. 7), “[...] a semiótica é a doutrina formal dos signos. A ciência dos signos é a ciência de toda e qualquer linguagem?”. A semiótica é composta de um conjunto de elementos: signos, sinais visuais (imagens), signos linguísticos, signos auditivos, estrutura textual e códigos de comunicação (LAWES, 2002LAWES, R. Demystifying semiotics: some key questions answered. International Journal of Market Research, v. 44, n. 3, p. 251, 2003.).

Embora existam vários tipos de semiótica que se diferenciam entre si por conceito e delimitação, Husserl (1859-1938) trouxe à luz signos e significações através da fenomenologia. Peirce (1839-1914) é considerado o fundador da moderna teoria dos signos. Seu extenso e complexo trabalho é baseado na fenomenologia (SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.; LLATAS, 2004LLATAS, M. V. Semiótica e ecologia da informação como vantagem competitiva nas agências de turismo. 2004. 186 p. Thesis (Doctor Degree in Communication and Semiotics) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.).

Na visão peirceana existem elementos formais e universais em um fenômeno que é trazido à mente através da percepção humana: primeiridade, que se relaciona a ocasião, possibilidade, qualidade, sentimento e liberdade; secundidade, que compreende dependência, determinação, dualidade, ação, reação, aqui, agora, conflito, surpresa e dúvida; e terceiridade, que se refere à generalidade, continuidade, crescimento e inteligência (SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.).

Em geral, Peirce via o sinal como qualquer aspecto de qualquer forma ou espécie - um som, uma obra, um objeto, uma pessoa, uma mancha de tinta, uma imagem, um pensamento, etc. - existindo em uma relação triádica ou nas palavras de Santaella: “[...] um sinal é algo que representa outra coisa: seu objeto. Ela só pode funcionar como um signo se transportar o poder de representar, substituindo uma coisa diferente de si mesmo” (SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000., p. 58). Um signo é algo determinado por um objeto, que determina uma ideia na mente humana. Essa determinação é o interpretante do sinal. Assim, “[...] estabelece-se a relação triádica entre o signo, seu objeto e o interpretante” (SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000., p. 12). Em resumo, “[...] um sinal é algo que, em certo aspecto ou modo, representa algo para alguém” (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000., p. 46).

Para a taxonomia peirciana, o signo possui três níveis relacionais, e cada nível relacional possui outros três níveis hierárquicos: o terceiro nível representa qualidade; o segundo nível representa algo existente; e o primeiro nível, uma lei (PEIRCE, [1903] 2000; SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.). Nesse sentido, qualisign, sinsign ou legisigna representam o primeiro nível de signos, relacionado à primeira tríade, a partir dos quais se originam as 10 classes de signos, como mostra o Quadro 1.

O processo de associação produzido por um signo deve-se ao interpretante, o terceiro elemento da relação peirceana; isto é, “[...] o efeito interpretativo que o signo produz em uma mente real ou simplesmente potencial” (LLATAS, 2004LLATAS, M. V. Semiótica e ecologia da informação como vantagem competitiva nas agências de turismo. 2004. 186 p. Thesis (Doctor Degree in Communication and Semiotics) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004., p. 88). Este autor também enfatiza a importância de diferenciar o interpretante do intérprete. A primeira é muito mais ampla e geral que a segunda, cujo papel é mais restrito na semiótica peirceana (LLATAS, 2004LLATAS, M. V. Semiótica e ecologia da informação como vantagem competitiva nas agências de turismo. 2004. 186 p. Thesis (Doctor Degree in Communication and Semiotics) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.).

Quadro 1
As 10 classes dos signos de Peirce

O interpretante possui três níveis: imediato, dinâmico e final. O primeiro nível, imediato, refere-se ao interpretante interno do signo; isto é, seu potencial interpretativo, ainda no nível abstrato. O segundo nível, a dinâmica, refere-se ao efeito que o signo produz no intérprete, que é único para cada ser humano. Esse efeito nos fenômenos tem, per se, três níveis: primeiridade (isto é, emocional); secundidade (isto é, energética); ou terceiridade (isto é, lógica) (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.; LLATAS, 2004LLATAS, M. V. Semiótica e ecologia da informação como vantagem competitiva nas agências de turismo. 2004. 186 p. Thesis (Doctor Degree in Communication and Semiotics) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.).

O efeito emocional é simplesmente um sentimento e o interpretante emocional está presente em qualquer interpretação sem que o intérprete perceba. O efeito energético refere-se a uma ação mental ou física, quando o intérprete utiliza uma quantidade de energia, seja pensando ou se movendo fisicamente para olhar o objeto que chama sua atenção. O efeito lógico usa uma regra interpretativa, sem a qual os símbolos são incapazes de significar algo, uma vez que está conectado a uma ideia na mente do intérprete, e sem a qual a conexão entre o sinal e seu objeto não pode existir. Isso explica por que o signo e seu objeto se completam no interpretante; isto é, a relação triádica (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.; SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.; LLATAS, 2004LLATAS, M. V. Semiótica e ecologia da informação como vantagem competitiva nas agências de turismo. 2004. 186 p. Thesis (Doctor Degree in Communication and Semiotics) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.).

A lei que suporta o símbolo deve ser internalizada na mente do intérprete, dando significado ao símbolo. Isso ocorre através do uso de convenções. Mudanças nos hábitos culturais causam o efeito que Peirce chamou de interpretante lógico final, que gera uma transformação, evolução ou inovação na interpretação (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.; SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.; LLATAS, 2004LLATAS, M. V. Semiótica e ecologia da informação como vantagem competitiva nas agências de turismo. 2004. 186 p. Thesis (Doctor Degree in Communication and Semiotics) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.).

A maneira pela qual um signo se representa, mesmo quando relacionado ao seu objeto, é uma projeção adicional do signo; implica o que deve ser transformado em seu propósito ou algo a ser alcançado. Este aspecto da informação tem que ser alcançado através da significação, não através do aspecto interpretativo (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.; SANTAELLA, 2000SANTAELLA, L. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.).

Conhecimento tácito: o lado inefável do conhecimento

Há dois pontos básicos difíceis relacionados ao conhecimento: como ele é criado e que tipo de conhecimento habita na mente humana. As teorias da economia moderna tendem a ser racionais em relação ao primeiro aspecto, explicando o que acreditamos ser o modo de criar conhecimento (NONAKA e TAKEUCHI, 1997NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.; TSHOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.). No entanto, é o que sabemos e não podemos expressar (fala) que compreende a maior parte de nós realmente sabemos.

Considerando as diversas classificações dadas ao conhecimento pelos estudiosos, o conhecimento pode ser: (1) de uma dimensão epistemológica: tácito, implícito, explícito (NONAKA e TAKEUCHI, 1997NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.; LAM, 1998LAM, A. The social embeddedness of knowledge: problems of knowledge sharing and organizational learning in international high-technology ventures. Copenhagen: Danish Research Unit for Industrial Dynamics, 1998. (DRUID Working Paper, n. 98-97).; TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.), ou simbólico, incorporado, ocupado, e culta (COLLINS, 1993COLLINS, H. M. The structure of knowledge. Social Research, v. 60, n. 1, p. 95-116, 1993.) e (2) de uma dimensão ontológica: individual, coletiva, consciente e inconsciente. Uma terceira dimensão pode ser identificada para conhecimento; isso considera o ato de conhecer como um processo e conhecimento, per se, como o produto final desse processo.

O ato de conhecer ocorre continuamente enquanto o ser humano interage com o objeto no esforço humano para lidar com o mundo (NONAKA e TAKEUCHI, 1997NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.). Entretanto, apenas parte do conhecimento pode ser transferido, codificado e mecanizado (COLLINS, 1993COLLINS, H. M. The structure of knowledge. Social Research, v. 60, n. 1, p. 95-116, 1993.). Para Collins, a parte não transferida permanece na mente humana sem o conhecimento deles.

Quanto à possibilidade de codificação, Frappaolo (2008FRAPPAOLO, C. Implicit knowledge. Knowledge Management Research & Practice, v. 6, p. 23-25, 2008.) argumenta que pode haver um mal-entendido na codificação do conhecimento tácito. O autor postula que, de fato, é conhecimento implícito que é codificado em organizações e transformado em conhecimento explícito, uma vez que o conhecimento tácito não é capaz de codificação. Esse pensamento é corroborado por Collins (1993COLLINS, H. M. The structure of knowledge. Social Research, v. 60, n. 1, p. 95-116, 1993.) e Castillo (2002). Alinhado a isso, Tsoukas (2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.) argumenta que, devido a um erro de interpretação, o conhecimento tácito tornou-se confusamente pensado como o oposto do conhecimento explícito, sugerindo que o conhecimento implícito pode ser explicado, já que já é consciente no ser humano.

Embora Lam (1998LAM, A. The social embeddedness of knowledge: problems of knowledge sharing and organizational learning in international high-technology ventures. Copenhagen: Danish Research Unit for Industrial Dynamics, 1998. (DRUID Working Paper, n. 98-97).) considere que o compartilhamento do conhecimento pode ser realizado através de símbolos apenas quando se relaciona ao conhecimento explícito, é interessante observar que o que o autor chama de “incorporado” parece estar mais relacionado ao que o conhecimento tácito produz nas organizações; ou seja, um reflexo de seu conteúdo, em vez de conhecimento explícito.

Sob essa luz, o produto final pode ser considerado como a representação e a interpretação do sinal do conhecimento tácito existente nos membros do grupo - simultaneamente com o fato de que alguns ou todos os membros do grupo manifestam seu conhecimento tácito de forma sinalizada, interpretam o conhecimento tácito, conhecimento manifestado pelos outros membros do grupo em um processo inconsciente. No entanto, como enfatiza Saiani (2004SAIANI, C. O valor do tacit knowledge: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004.), as postulações de Polanyi não contêm qualquer referência clara ao aspecto inconsciente como uma característica do conhecimento tácito. Esse aspecto será discutido mais adiante neste artigo.

Dreyfus (1979DREYFUS, H. What computers can’t do. New York: Harper Sc Row, 1979.) afirma que as pessoas mais experientes usam sua intuição em vez de regras para guiar suas ações. A palavra intuição, em um sentido explícito, significa perceber, perceber coisas independentemente de qualquer raciocínio ou análise (HOUAISS, VILLAR e FRANCO, 2003HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.). A percepção que extrapola esse raciocínio e análise reside em um tipo de conhecimento que não sabemos que temos e, se perguntado, não sabemos como explicá-lo. O conhecimento tácito, termo cunhado por Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.), refere-se à conclusão do autor sobre o fato de que “[...] podemos saber mais do que podemos dizer” (POLANYI, 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 4).

Para Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p .17), “[...] o ato de conhecer inclui uma avaliação; e esse coeficiente pessoal, que molda todo conhecimento factual, faz com que a disjunção entre subjetividade e objetividade seja atravessada”. O conhecimento tácito é uma coisa intuitiva, incapaz de ser codificada ou verbalizada. Percepção e conhecimento são elementos conectados.

Toda a dificuldade está em superar a dicotomia entre o conhecimento prático versus conhecimento teórico; isso resulta no que Polanyi chama de saber (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 7), que emerge da integração de ambos, porque todo tipo de conhecimento envolve ação humana.

Portanto, não existe um objeto (conhecimento objetivo) sem uma pessoa: “Todo conhecimento é conhecimento pessoal - participação por meio da habitação” (POLANYI e PROSCH, 1975POLANYI, M.; PROSCH, H. Meaning. Chicago: The University of Chicago Press, 1975., p. 44) - o conhecimento pertence ao conhecedor. Assim, a percepção é uma forma empobrecida de conhecimento tácito, uma ponte entre a criação do poder humano e os processos nos quais os indivíduos estão envolvidos (POLANYI, 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 7). No entanto, para Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), o conhecimento é criado pela interação humana com seu ambiente, denotando um processo de compartilhamento.

O conhecimento dentro dos seres humanos é o que dá significado às coisas, resultando em julgamento através das sensações e da cognição. O julgamento não pode ser prescrito por regras, mas é determinado pelos nossos sentidos. É um desempenho de alta capacidade, que envolve corpo e mente. Nossos sentidos (olhos, ouvidos, pele) estabelecem uma correspondência entre os símbolos e a experiência real de nossos sentidos (TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.).

O conhecimento tácito tem três estruturas: (1) funcional - uma relação de entre os elementos subsidiários e o objetivo focal em que entendemos o elemento pela consciência que temos deles buscando outro objetivo; (2) fenomenológica - a transformação da experiência subsidiária em novas experiências sensoriais; (3) semântico - o significado dos elementos subsidiários, ou seja, o objetivo focal apoiado por eles (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.).

Temos dois tipos de consciência, que Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) denomina termos emprestados da anatomia: proximais - relacionados ao nosso objetivo (consciência sobre um rosto) e distais - relacionados a um instrumento orientado para o nosso objeto (consciência sobre os traços de um objeto, face). Esses dois tipos de consciência são mutuamente exclusivos (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966; TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.).

Existe uma relação funcional entre o proximal e o focal no processo de cognição tácita, que pode ser observado pelo atendimento do objetivo de nosso processo de conhecimento. Para Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 10), “[...] só conhecemos o primeiro termo [proximal] confiando em nossa consciência dele para atender ao segundo [distal]. […] É o termo próximo, então, do qual temos conhecimento que podemos não ser capazes de dizer”.

Na estrutura funcional da cognição tácita, temos que aprender a acreditar em nossos elementos da consciência proximal a fim de atender ao nosso objetivo - nosso conhecimento sobre eles é tácito, indicando que sabemos muito mais do que nossa consciência nos revela (POLANYI, 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), mesmo quando verbalizamos nosso conhecimento, já que o significado pode estar escondido na palavra que escolhemos, mesmo quando não percebemos isso. Assim, denotamos algo, mas podemos conotar uma coisa diferente.

A estrutura fenomenológica do conhecimento tácito é formada por um triângulo, cujos vértices são: elemento subsidiário (proximal), objetivo focal (distal) e o conhecedor, que conecta os dois primeiros vértices. A integração entre a subsidiária e o foco não é automática - é o resultado do ato do saber (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966; TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.; SAIANI, 2004SAIANI, C. O valor do tacit knowledge: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004.).

Portanto, todo conhecimento é pessoal e todo conhecimento é uma ação. Tal integração é essencialmente tácita (desde inefável) e irreversível (já que não pode ser desaprendida). Uma conversão proximal / distal não é possível - toda vez que o foco muda, o conhecimento tácito também muda e o conhecimento prévio não funciona com o mesmo propósito (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.; TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.).

A estrutura semântica da cognição tácita responde pelos significados que os elementos subsidiários trazem quando procuramos atender ao nosso objetivo focal. No exemplo do reconhecimento de uma face, os significados dados à apreensão de seus traços (proximais - elementos subsidiários) permitem apreender a face e reconhecê-la. Como Polanyi explica, (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 12) “[...] é em relação ao seu significado que eles entram na aparência daquilo a que estamos atendendo”.

Baseado nessas três estruturas, Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.) estabelece um quarto: o aspecto ontológico do conhecimento tácito; isto é, “[...] compreensão da entidade compreensiva que esses dois termos constituem conjuntamente” (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 13), na qual o elemento focal (distal) representa as características particulares da entidade, que apreendemos, confiando em nossa consciência sobre essas características particulares enquanto atende ao significado dado a eles como um todo.

Do ponto de vista epistemológico, os elementos subsidiários podem ser tangíveis ou não - todos esses são apenas instrumentos que nós assimilamos e que residem. No entanto, o processo deve ser como um instrumento que não é focado, mas sim um meio para atingir nosso objetivo. Para internalizar esse instrumento, devemos aceitá-lo e comprometê-lo, inconscientemente (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.; TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.).

A internalização de um instrumento nos leva ao desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, melhorando nosso desempenho. Expandindo nossa inconsciência em alguns aspectos, enquanto expandimos nossa consciência nos outros, e fazê-lo de maneira contextual e recorrente, envolvendo assimilação, internalização e exploração (de algumas coisas) para focar (em outros), é um processo contínuo e interminável (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.; TSOUKAS, 2002TSOUKAS, H. Do We Really Understand Tacit Knowledge? In: KNOWLEDGE ECONOMY AND SOCIETY SEMINAR, 2002, London. Proceedings… London: UNITAR, 2002.).

O social, especializado, abstrato e teórico tem que ser transferido para as atividades do dia-a-dia, nas quais as pessoas organizam sua experiência, conhecimento e transações com palavras. O conhecimento tácito não pode ser capturado, traduzido, convertido. Só pode ser mostrado e manifestado em tudo que fazemos. O conhecimento tácito é “inefável”; não sabemos expressar o que sabemos tacitamente (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 87, 95).

O novo conhecimento surge não quando se torna explícito, mas quando a nossa performance se manifesta em novas formas, através da interação social e na atenção que damos aos seus elementos subsidiários: “O conhecimento de tais detalhes é inefável e a ponderação de um julgamento em termos de tais detalhes é um processo inefável de pensamento” (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 88).

Ao contrário do que se pode pensar, o conhecimento tácito não está na mente humana, mas no sistema em que eles atuam. O conhecimento depende da ação humana e é fruto dessa interação e do ambiente sistemático em que o ser humano atua, seja ele social ou organizacional (CONELL, KLEIN e POWELL, 2003CONELL, N. A. D.; KLEIN, J. H.; POWELL, P. L. It´s tacit knowledge but not as we know it: redirecting the search for knowledge. Journal of the Operational Research Society, v. 54, p. 140-153, 2003.).

Como Saiani (2004SAIANI, C. O valor do tacit knowledge: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004.) explica, podemos inferir que “[...] o ambiente físico origina indicações subsidiárias que, tacitamente integradas, contribuem para uma atitude [...]” (2004, p. 93). No entanto, não percebemos “[...] a integração tácita das indicações que habitamos” (2004, p. 101), uma vez que o que vemos é metaforicamente a ponta de um iceberg; isso explica o que Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., 1966) quer dizer, dizendo que poderíamos saber mais do que podemos dizer.

Embora nem sempre inconsciente para a mente, Scharmer (2000SCHARMER, C. O. Organizing Around Not-Yet-Embodied Knowledge. In: VON KROGH, G.; NONAKA, I.; NISHIGUCHI, T. (Eds.). Knowledge Creation: a source of value. Basingstoke: Macmillan Press, 2000. p. 13-60.) entende que o conhecimento tácito tem duas formas diferentes: o conhecimento corporizado - cotidiano, refletido em nossas ações; e autotranscendente - não internalizado pelo humano e que responde pelos desejos humanos. O autor argumenta que apenas o primeiro pode efetivamente contribuir para a vantagem competitiva de uma organização, o que sugere que pode haver uma distância entre os objetivos organizacionais e os indivíduos que trabalham na organização.

Todos os pontos de vista brevemente apresentados sugerem que entendimentos do que Polanyi significava por conhecimento tácito são diferenciados, talvez devido a estudos que estão ocorrendo em diversas áreas, como gestão do conhecimento, inteligência artificial, aspectos sociológicos e comunidades de prática (GOURLAY, 2002GOURLAY, S. Tacit knowledge, tacit knowing or behaving? In: EUROPEAN ORGANIZATIONAL KNOWLEDGE, LEARNING AND CAPABILITIES CONFERENCE, 3., 2002, Athens. Proceedings… Athens: OKLC, 2002.).

Além disso, parece que não há um consenso sobre as dimensões ontológica e epistemológica do conhecimento tácito. Assim, pensamos que é importante que este artigo posicione o conhecimento tácito como um resultado individual ou coletivo de conhecimento tácito, não necessariamente inconsciente para a mente humana e, por ser inefável, dependendo de outros elementos que possam contribuir para o seu compartilhamento, também tácito, e gerar novos conteúdos individuais, não totalmente comuns às mentes dos membros do grupo, que ocorrem através da percepção humana.

O conhecimento e os signos

A relação entre conhecimento tácito e signo não é nova. Gourlay (2002GOURLAY, S. Tacit knowledge, tacit knowing or behaving? In: EUROPEAN ORGANIZATIONAL KNOWLEDGE, LEARNING AND CAPABILITIES CONFERENCE, 3., 2002, Athens. Proceedings… Athens: OKLC, 2002., 2004) desenvolveu uma proposta, baseando seu argumento no espectro desenvolvido por Dewey e Bentley (1949DEWEY, J.; BENTLEY, A. F. Knowing and the known. Boston: The Beacon Press, 1949.), chamado de processo de signo que envolvia o fim corpóreo do simbólico (RATNER e ALTMAN, 1964RATNER, S.; ALTMAN, J. John Dewey and Arthur F. Bentley: a philosophical correspondence 1932-1951. New Brunswick: Rutgers University Press, 1964., p. 142). Dewey e Bentley (1949)DEWEY, J.; BENTLEY, A. F. Knowing and the known. Boston: The Beacon Press, 1949. identificaram três tipos de sinais: sinal (percepções), designação (nome, onde a linguagem é aplicada) e símbolo (matemática). Dentro da designação, eles identificaram pistas, caracterização e especificação, que se referem à sofisticação da linguagem.

Uma vez que é intrínseco ao comportamento humano, o processo de signos também é intrínseco ao comportamento dos membros da organização. Tanto o ambiente organizacional quanto o social compõem um sistema de onde as pessoas criam seus conhecimentos, usando elementos semióticos - especialmente os não-verbais - nos quais o conhecimento tácito é focalizado (GOURLAY, 2002GOURLAY, S. Tacit knowledge, tacit knowing or behaving? In: EUROPEAN ORGANIZATIONAL KNOWLEDGE, LEARNING AND CAPABILITIES CONFERENCE, 3., 2002, Athens. Proceedings… Athens: OKLC, 2002., 2004).

No entanto, a proposta de Gourlay (2002GOURLAY, S. Tacit knowledge, tacit knowing or behaving? In: EUROPEAN ORGANIZATIONAL KNOWLEDGE, LEARNING AND CAPABILITIES CONFERENCE, 3., 2002, Athens. Proceedings… Athens: OKLC, 2002.-2004) se refere ao conhecimento tácito como um processo, baseado em sua compreensão de Polanyi, não considerando o conhecimento tácito como um produto final. Por essa razão, sua proposta trata o processo de conhecimento tácito como o processo de semiose, por si só.

O argumento que procuramos apresentar neste artigo considera o conhecimento tácito como um processo de criação de conhecimento e inclui o compartilhamento e o conhecimento tácito como produtos finais desse processo. Baseamos nossa proposta em Polanyi e Prosch (1975POLANYI, M.; PROSCH, H. Meaning. Chicago: The University of Chicago Press, 1975., p. 37-38), que postulam que “[...] as subsidiárias [dos elementos] existem como tais, tendo em conta o foco ao qual estamos atendendo a elas”, quando se referem ao elemento semântico. Na estrutura do conhecimento tácito, que consideramos ser o objetivo final do que Polanyi (1969POLANYI, M. Knowing and being. Chicago: The University of Chicago Press, 1969., p. 182) chamou de caráter vetorial, referindo-se à consciência humana. Do nosso ponto de vista, o objeto desse movimento é em conhecimento tácito.

Além disso, neste trabalho consideramos a semiose como um processo de percepção per se, e também atribuímos a ela a função de uma ponte entre o poder da criação humana e os processos nos quais os indivíduos estão envolvidos, como postulado por Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.); isto é, um caminho em direção ao objeto, não ao objeto, cujo significado está localizado na mente humana, atribuído ao signo pela mente em sua representação. Esses pensamentos são detalhados mais adiante neste artigo quando explicamos a discussão entre Peirce e Polanyi.

Charles Peirce e Michael Polanyi: buscando a integração

Charles Sanders Peirce (1839-1914) influenciou vários estudiosos como Dewey, Royce e James, contribuindo de forma importante para a lógica simbólica, metodologia científica e semiótica. Segundo Santaella (1986SANTAELLA, L. O que é semiótica. 2. ed.São Paulo: Brasiliense, 1986.), Peirce é considerado o criador do pragmaticismo, que é definido como um meio pelo qual o significado de algo é dado pelo conjunto de disposições para agir que algo produz. Esse significado origina-se da experiência do homem relacionada ao mundo da ação humana.

Michael Polanyi (1891-1976) foi graduado em medicina e físico-química. Ele baseou seus estudos na Gestalt, que postula que a percepção humana falha em perceber um objeto porque infere o que já é conhecido dele, executando uma integração tácita na qual o objeto é percebido, atribuindo significância ao objeto que ele não possuía antes, por um mecanismo perceptivo, embora não tenha consciência disso porque é tácito; isto é, impossível de ser controlado ou sentido (SAIANI, 2003SAIANI, C. A epistemologia de Michael Polanyi. In: MACHADO, N. J.; CUNHA, N. O. (Orgs.) Linguagem, conhecimento e ação: ensaios de epistemologia e didática. São Paulo: Escrituras Editora, 2003. (Coleção Ensaios Transversais, v. 23).).

Peirce e Polanyi pertenciam a diferentes linhas de pensamento quanto às possibilidades do conhecimento. Polanyi lutou contra a visão pragmática, supostamente defendida por Peirce. No entanto, Peirce, um lógico e filósofo, parece defender o pragmatismo metodológico sem abandonar a metafísica; ou seja, ele procurou estendê-lo e destacá-lo. Sua filosofia de inspiração científica ampliou o escopo intelectual. Isso pode ser observado na interpretação feita por Kinouchi (2007KINOUCHI, R.R. Notas introdutórias ao pragmatismo clássico. Scientlae Studia, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 215-226, 2007., p. 217), para quem “[...] o pragmatismo de Peirce [pragmatismo] é de natureza intelectualista; se há alguma referência à prática, ela está relacionada a uma prática racional - ou seja, relacionada à otimização da economia de raciocínio trazida pelas lógicas”.

Assim, parece que ambas as visões de Peirce e Polanyi são complementares, porque Polanyi vê no conhecimento tácito algo que pode ser usado de maneira inconsciente e individual, embora ocorra na relação do indivíduo com o mundo externo, enquanto Peirce postulou que o significado dos signos um aspecto distinto de indivíduo para indivíduo, devido ao grau de consciência de cada um, embora o conceito de signo seja social.

Embora não seja possível dizer quanto Peirce e Polanyi influenciaram uns aos outros, as dimensões do pensamento que eles defendem permitem inferir que eles têm mais em comum do que em contraste. Ambos eram cientistas profissionais antes de se tornarem filósofos, ambos defendiam a ampliação do pensamento, ambos viam o conhecimento como algo originado na percepção. Quando se considera várias vertentes relacionadas à percepção, a teoria peirciana é, do nosso ponto de vista, a conexão perfeita entre os pensamentos de Polanyi sobre o conhecimento tácito e o modo como ele é compartilhado.

Para entender essa conexão de forma linear, é necessário primeiro considerar o processo de compartilhamento como um processo de cognição, que ocorre através da interação do homem com seu meio social, utilizando signos como mediadores.

Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.), ao discutir Gibson (1974), argumenta que “[...] há uma diferença, há um descompasso, ou melhor, algo é perdido, e algo é adicionado. Acrescenta que, em particular, e que ocorre na passagem dos órgãos dos sentidos para o cérebro, ainda não é ainda observável, nem mensurável. Além disso, quando ele encontra exatamente o problema da percepção” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 22).

Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.) enfatiza a importância do objeto dentro da teoria semiótica peirciana, porque é a “causa” da ação do sinal, que explica que é importante não confundi-lo com alguma coisa. No entanto, o autor acredita que um sinal pode denotar qualquer objeto, que pode ser simplesmente uma coisa; entretanto, esse não é o caso na maioria dos casos, uma vez que poucos sinais denotam um único objeto, pois se referem a “quase sempre objetos complexos” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 41). Resumindo o pensamento peirceano e o trabalho de Santaella (1998), nos perguntamos sobre a complexidade da questão do sinal de representação.

Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.) explica que a relação tríade - signo-objeto-interpretante - em sua forma mais genuína é encontrada em símbolos; ou seja, terceiridade, porque implicam uma representação de uma convenção. A bandeira de um país é um símbolo porque contém uma convenção social para essa comunidade - os valores de seus cidadãos sobre seu país, entre outros. Dentro da semiótica peirceana, a taxonomia é um legisigno; ou seja, uma lei.

Em um relacionamento dual - objeto-sinal - o signo é um índice; isto é, segundidade. De fato, algo existente no singular é um sinsign; no exemplo fornecido por Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.), uma nuvem negra é um sinal de chuva.

Nesta classificação, a primeiridade é a menos importante; ou seja, o próprio sinal é apenas uma qualidade reduzida do objeto que ele representa - por exemplo, um ícone do objeto, um sinal de qualidade (por exemplo, a figura de uma impressora em um programa de computador representa o próprio objeto ou a própria impressora).

Por que enfatizar repetidamente essas ideias? Porque nessas ideias a questão se concentra no tipo de efeito que eleva um sinal para a mente, no processo de semiose, que, a nosso ver, é o próprio processo de percepção, pois, como explicado por Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.), o indivíduo percebe o fenômeno (objeto) pelo signo, cuja existência é totalmente dependente do objeto; isto é, “[...] a lógica é a primazia do signo, mas a primazia do objeto é real” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 44).

A diferença entre objeto e sinal é relativa. A natureza do objeto implica um tipo de sinal. Um índice (a nuvem negra, por exemplo) contém uma parte do objeto, e é por isso que o sinal pode exibi-lo. Para um ícone (uma imagem de uma impressora em um programa de computador), no entanto, a diferença não importa, porque a representação é um fruto da similaridade entre ambos (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.).

Qualquer que fosse a natureza do signo, Peirce identificou dois tipos de objetos relacionados a ele: imediato - interno ao próprio signo e dependente de nossa interpretação; e dinâmico - externo ao signo, que pode ser representado por alguns signos. Assim, o objeto imediato acaba por ser o mediador na relação entre o signo e seu objeto dinâmico (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.); isto é, “[...] o signo só pode representar seu objeto no signo porque há algo que faz com que você seja capaz de ser aplicado, denote esse objeto” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 49-50).

O símbolo, segundo Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 50), teria o objeto dinâmico “[...] relações de objeto como ilimitado e o estudo final mostraria”. Como isso é impossível, o símbolo é conhecido apenas pelo seu objeto imediato, que é o que o símbolo denota como seu objeto dinâmico em um certo ponto de semiose. Como Santaella (1998)SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998. explica, os objetos também podem ser acessados pelo que Peirce chamou de “experiência colateral” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 47), consistindo de signos e um tipo adicional de experiência cognitiva, reduzindo a disparidade entre o objeto e o signo.

A esse respeito, achamos que isso estabelece uma nova complementaridade entre o pensamento e as experiências cognitivas de Peirce e Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.) porque, segundo Polanyi, a consciência focal se relaciona com nosso objetivo - levar o exemplo de um prego a uma parede - porque nossa subsidiária a consciência está mais relacionada ao instrumento usado para esse fim - a sensação do martelo em nossas mãos.

Assim, os signos que acessam a experiência da percepção do mesmo “fato” são distintos, assim como a ênfase em uma ou outra dimensão dele; um é mental, enquanto o outro é físico. No entanto, o foco do primeiro é a conscientização; o segundo é capturado pela mente sem que tenha consciência disso - por meio de outros signos, em um experimento supostamente colateral. Isso explicaria a totalidade da experiência perceptiva, através de vários momentos de semiose em corpos separados, aproximando o sinal de seu objeto - um movimento crescente.

Segundo Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.), para Peirce, a existência do pensamento depende da percepção e vive em constante mudança por causa disso. Sua teoria da percepção é triádica ou rompe o diádico de sujeito e objeto, substituído por três elementos: o percepto, o percipuum e o julgamento perceptivo.

O primeiro, percepto, refere-se à reação do indivíduo à imposição do objeto percebido na mente. O segundo, percipuum, é o dispositivo que traduz a experiência perceptual motora ou perceptiva. O terceiro, julgamento perceptivo, é a interpretação do percepto (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.). O percepto, para Peirce, não é criado pela mente humana; é necessário alterá-lo. Assim, ele afirma que é o resultado do desenvolvimento perceptivo-cognitivo (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.).

Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 62) apresenta uma citação de Peirce, que consideramos vital para a conexão feita neste trabalho com o pensamento de Polanyi sobre o conhecimento tácito: “[...] todo percepto é o produto de processos mentais, ou, em qualquer caso, o processo mental que é para todos os intentos e propósitos todos, embora não sejam diretamente conscientes deles”.

É então possível inferir que esse entendimento se assemelha ao que Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) propõe; isto é, o indivíduo como uma ação sobre o ato de percepção, porque a percepção é individual e única, dependendo da experiência de cada sujeito. O indivíduo obtém informações sobre o ambiente por meio da percepção, a partir de julgamentos feitos pelo contato sensorial com o ambiente, o que é fundamental para a teoria explicar esse fenômeno da percepção.

Para Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.), não há mudança quando se trata de conhecimento. É apenas uma dimensão tácita do nosso pensamento, como explicado quando alguém se depara com eventos (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 35); isto é, nossa compreensão da aleatoriedade dos eventos naturais: “O objetivo de um desempenho hábil é alcançado pela observância de um conjunto de regras que não são conhecidas como tal para a pessoa que as segue” (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 51).

Isso nos dá a condição de realizar uma tarefa sem entender o propósito das regras que organizam os eventos naturais, aleatórios ou não, nos quais o autor trata o conhecimento como mais importante que as regras, porque não pode ser substituído.

A interpretação de Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.) do pensamento de Peirce demonstra que o indivíduo percebe apenas o que podemos interpretar (julgamento), embora o percepto esteja presente à consciência antes do julgamento, e só pode ser entendido depois disso.

A inferência aqui de que há outra semelhança entre os pensamentos de Peirce e Polanyi pode ser feita, pois Polanyi postula que o conhecimento tácito é algo que não é consciente do que você tem. É possível, então, que esse conhecimento tácito ainda não seja interpretado pelo percepto.

Semioticamente, como afirma Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.), o percepto atua como percepção dinâmica do objeto (semiose), e o julgamento perceptivo é o signo que se conecta ao seu objeto imediato, o percipuum.

Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 65) explica que Peirce vê os julgamentos da percepção como inferências lógicas de terceiros partidos; isto é, tendo “[...] esquemas mentais e interpretativos [que são] mais ou menos normais”, aos quais o percipuum se conforma, forçando-o em nossa mente “[...] através de processos mentais dos quais não temos consciência”; ele descreve um dos muitos processos mentais como “[...] como mergulhar em processos que não estão explicitamente disponíveis para a consciência”.

É provável que o conhecimento tácito, então, possa ser considerado um desses processos mentais; isto é, a possibilidade da mente inconsciente. Para Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), elementos de percepção e conhecimento estão conectados. A percepção como um processo para conhecer o objeto através da impressão que o objeto produz para os sentidos humanos é a base do conhecimento tácit.

Para Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), a percepção é uma instância do processo de cognição implícita. Quando consideramos as estruturas funcionais, fenomenológicas e semânticas desse processo e nosso corpo como um instrumento, confiamos em nossa consciência por meio de contatos estabelecidos com coisas externas. Nosso tratamento dessas coisas - de acordo com o autor - é um uso inteligente de nossos corpos não experimentados como um objeto; ao contrário, sabemos que essa experiência é o nosso corpo e não o externo.

De acordo com essa visão, ao fazer algo com que trabalhar como elemento focal do conhecimento tácito, incorporamos isso em nós; assim, trazemos esse elemento para residir dentro de nós, internalizando-o (POLANYI, 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.). O campo é, segundo o autor, um processo de identificação entre nós e o que aprendemos.

De acordo com Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), o que se esconde na forma de conhecimento tácito se impõe à nossa consciência - presciência sobre uma verdade que se arrasta em nossas mentes, fazendo com que nos comprometamos com algo não revelado, talvez impensável. Em suas palavras: “[...] estamos olhando para isso não só em si, mas, mais significativamente, como uma pista para uma realidade da qual é uma manifestação” (POLANYI, 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966., p. 24).

Aqui, então, não é apenas outro ponto de convergência entre os pensamentos de Peirce e Polanyi, mas um elemento importante: o que Polanyi chama de pista - uma sugestão de uma realidade ainda não manifesta - pode ser entendido em vista do julgamento da percepção peirciana. Como inferências abdutivas, “[...] um quase-raciocínio, instintivo, um tipo de adivinhação, altamente falível, mas o único tipo de operação mental responsável por todos os nossos insights e descobertas” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 66), sem o qual ser incapaz de se conectar com a visão de Polanyi (1962, 1966) do conhecimento tácito sendo um elemento intuitivo no qual reside a maior fonte de criação da mente humana.

Reforçar essa conexão é: (1) a explicação de Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.) sobre as diferenças entre os julgamentos perceptivos e quaisquer outras tentativas. Peirce considerou o resultado perceptivo de “[...] mecanismos mentais que escapam completamente ao nosso controle e domínio como simplesmente acontecem” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 67), observados por um tipo de equipamento sensorial com o qual somos naturalmente dotados, o qual usamos sem perceber, enquanto outros ensaios podem até ser objeto de treinamento para serem desenvolvidos adequadamente; e (2) a afirmação de Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.) de que o processo envolve uma pista de pesquisa de cognição tácita reconhecida que supostamente dá suporte à existência de algo aparentemente indicado, tornando o significado mais importante do que sua tangibilidade.

Nessa linha, entendemos que pode ser inferido que a treinabilidade do ensaio está relacionada ao conteúdo explícito, enquanto os julgamentos perceptuais se relacionam ao conteúdo da cognição humana tácita, porque, como explicado por Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998.), na interpretação de Rosenthal do percipuum, Peirce percebe que “[...] ele é um conteúdo reconhecível, mas um sentido inefável” (SANTAELLA, 1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 76). O termo exato Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) usado para definir o conhecimento tácito é o seguinte:

O conhecimento de tais detalhes é, portanto, inefável, e a ponderação de um julgamento a respeito de tais detalhes é um processo inefável de pensamento. Isto aplica-se igualmente ao conhecimento da arte de conhecer e às habilidades como a arte de fazer, pelo que ambas só podem ser ensinadas com a ajuda de um exemplo prático e nunca unicamente por preceito (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 92, tradução nossa).

Para completar essa ponte que buscamos construir, acrescentamos uma citação de Peirce apresentada por Santaella (1998SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1998., p. 83) “[...] o julgamento perceptivo só pode se referir a um simples perceptivo que nunca mais existirá, e eu sei que acho que ele é vermelho, quando, na verdade, ele não parecia vermelho, deve pelo menos reconhecer que ele parecia vermelho”. Enfatizando a semelhança de pensamento entre Peirce e Polanyi, o vermelho é reconhecido como inefável.

O modo como esses conteúdos tácitos são então compartilhados é um novo processo de cognição, cujo resultado permanece tácito e é baseado em signos de terceiridade (símbolos), dotados de significado convencional, resultando em um novo método que é inefável, inexprimível e inexplicável como concluído. Polanyi (1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962., p. 92): “Mas a relação dos particulares formando um todo pode ser inefável, embora todos os detalhes sejam explicitamente explicáveis”.

A incapacidade de compartilhar os resultados dessa explicação resulta em uma incapacidade de explicar nosso conhecimento, ou, como Polanyi explica, somos capazes de descrever um rosto, mas realmente só o reconhecemos quando o vemos cara a cara, porque reconhecemos o expressões; no entanto, não podemos dizer “[...] exceto de forma bastante vaga, por quais sinais sabemos” (1966, p. 5).

Esse compartilhamento ocorre por meio de interações entre indivíduos com seus ambientes e entre si. De acordo com Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), demonstramos nosso conhecimento confiando na cooperação da mente do outro para capturar o significado do que nossas ações mostram. Em termos filosóficos, segundo o autor, essa é uma definição ostensiva (nossa tradução); isto é, a definição de um objeto ocorre na ação de apontar para o próprio objeto.

Isso implica, segundo Polanyi (1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.), que os indivíduos envolvidos nesse processo compartilham significados comuns, pois, ao apontar para o objeto, confiamos que a mensagem é entendida pelo meu parceiro, embora suas partículas não sejam totalmente passadas no ato. Para o autor, o salto é explicado pela consideração da Gestalt de que nossa consciência pode integrar essas partículas sem conhecê-las em detalhes. Em outras palavras, o todo é maior que a soma de suas partes, o que é um efeito sinérgico.

Também implica, segundo o autor, que podemos supor que os indivíduos exercitam suas habilidades por meio de seus corpos, criando uma entidade que pode ser entendida por outros que entendem a mesma estrutura do objeto apreendido por esses indivíduos. Assim, podemos inferir que compartilhar é sinônimo de compreender, ou melhor, fazer sentido, assimilar, entender. Mas enquanto a estrutura da apreensão é a mesma que o objeto apreendido, seu conteúdo não é igual. Ao captar a entidade, o processo de cognição recomeça implicitamente, fazendo-me confiar na realidade que se insinua em minha mente, e eu me comprometo com ela e a internalizo. A Gestalt é nova, com o conteúdo aprendido tornando-se maior e diferente do conteúdo dessa entidade.

No entanto, como já mencionado, devido ao compartilhamento de significados comuns percebidos por indivíduos envolvidos na interação com signos como mediadores, essa interação ocorre de forma simbólica; isto é, um processo social de cognição tácita - interacionismo simbólico.

Considerando que (a) o conhecimento tácito é significativamente suportado pela percepção, na qual o conhecedor focaliza o elemento distal (focal), que dá significado ao elemento proximal (subsidiário) em uma razão para, e (b) um sinal é algo que representa algo para alguém, no processo de semiose, nós provavelmente inferimos que: (1) percepção e semiose são processos integrados, nos quais, segundo Santaella, a percepção é semiótica, (2) o ‘conhecedor’ de Polanyi é ‘alguém’ chamado de Peirce, (3) a função representativa do signo é a atribuição de significância do elemento focal de Polanyi, e (4) o elemento subsidiário é o objeto que representa o signo. Essa inferência é representada no diagrama apresentado na Figura 1.

Figura 1
Evolução baseada na criação humana

CONCLUSÃO

A semiótica no compartilhamento de conhecimento tácito - uma articulação teórica

O ponto crucial deste trabalho é fundir os pensamentos de Polanyi e Peirce, permeados pela sociologia do conhecimento e do interacionismo simbólico, e o ambiente e contexto de sinais e semiose como um processo de percepção. Os signos, para serem percebidos pelos indivíduos tacitamente, passam a ser refletidos em suas ações e no processo de identificação, criando novos contextos tácitos como resultado do compartilhamento do conhecimento tácito individual.

Peirce é facilmente conectado ao interacionismo simbólico como um de seus expoentes. Polanyi não é. No entanto, acreditamos que, como Peirce, ele percebeu que a interação do indivíduo com o mundo é algo fundamental no processo de cognição.

O processo de compartilhamento de conhecimento tácito (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) ocorre por meio de ações que têm uma forma exponencial, mas implícita: o indivíduo, observar as ações de outros indivíduos através do processo de percepção, identifica-se com elas, passando-as a refletir, parte ou totalmente em suas próprias ações, sem estar ciente disso. Essa é uma função dos significados dados pela semiose - objetos criados por convenções sociais (símbolos) (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.). O compartilhamento ocorre na deriva das consciências individuais, através da interação social e signicativa; isto é, interacionismo simbólico (CHARON, 2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.).

O conhecimento compartilhado permanece tácito - tacitamente, na mente de cada indivíduo - porque, como Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.) afirma sobre o interacionismo simbólico, existem três realidades em que vivemos: a realidade objetiva externa, a realidade social e a realidade individual, que é uma peça uma realidade social não compartilhada; isto é, conhecimento tácito.

Embora Charon (2009CHARON, J. M. Symbolic interactionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10. ed. Boston: Prentice Hall, 2009.) não use o termo “conhecimento tácito”, podemos considerar que essa peça compartilhada permanece tácita porque não está claro que o indivíduo existe. Há um pouco de confusão, uma espécie de dissonância cognitiva no indivíduo sobre duas outras realidades.

Podemos então dizer que a representação sígnica, sendo contextual, serve como um meio simbólico para os indivíduos de um determinado grupo compartilharem seus conhecimentos tácitos, usando um processo semiótico social (Figura 1).

Quanto às implicações práticas, podemos assegurar que, de fato, o modelo combinado proposto tem sido objeto de pesquisas empíricas, através de um estudo de caso, contribuindo com a área de gestão, mostrando o modelo final proposto, explicado como o conhecimento tácito pode ser compartilhado, o interacionismo simbólico. Esta observação está agora sendo incluída no final do presente artigo.

A contribuição buscada aqui visa entender como criamos o que criamos a partir de nossa apreensão do mundo, com base na realidade criada no dia da apreensão, integrando, particularmente, elementos tangíveis e intangíveis internos à humanidade do indivíduo em suas interações sociais.

A integração de idéias relacionadas com (a) aspectos do conhecimento tácito - fenomenológico (experimentando a transformação de experiências sensoriais em uma nova subsidiária) e semântico (o significado da subsidiária, que é focado no objetivo que eles suportam) (POLANYI, 1962POLANYI, M. Personal knowledge. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.) ; (b) consciência subsidiária na qual devemos confiar para participar do foco (nosso conhecimento sobre eles é tácito) (POLANYI, 1966POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966.); (c) a relação do signo com o interpretante (isto é, o resultado da semiose) (PEIRCE, [1931-1958] 2000PEIRCE, C. S. [1931-1958]. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.); e finalmente, (d) o aspecto contextual da representação sígnica - a interpretação do grupo, confinada ao seu ambiente, dentro de suas práticas cotidianas, e (e) o efeito de ações ou símbolos, dentro do conhecimento tácito (COLLINS, 2001aCOLLINS, H. M. Tacit knowledge, trust and the Q of Sapphire. Social Studies of Science, v. 31, n. 1, p. 71-85, 2001a.), podemos dizer que o conhecimento tácito é compartilhado pelo grupo por meio de signos.

Com o intuito de ampliar a compreensão sobre como o conhecimento tácito é compartilhado e os signos que compartilham um fio comum em todas as suas diversas formas de manifestação desta pesquisa, procuramos responder a seguinte questão: Como os sinais se manifestam no compartilhamento do conhecimento tácito em um grupo de indivíduos de uma determinada organização?

A resposta ao objetivo geral foi construída pela evolução do entendimento de alguns aspectos, que são os objetivos deste estudo, a saber: (1) Articular os pressupostos sobre a semiótica de Peirce e o conhecimento tácito, incluindo o processo de Polanyi de criar uma percepção como semiose; e (2) identificar os principais aspectos relacionados às interações entre os indivíduos na organização; isto é, os sinais dessa interação.

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  • [Versão traduzida]

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Ago 2019
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2019

Histórico

  • Recebido
    07 Maio 2018
  • Aceito
    11 Out 2018
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