Abstract in Portuguese:
Resumo Este artigo oferece reflexões sobre a natureza contemporânea da mobilização e organização feminista transnacional. Estas reflexões baseiam-se nas experiências da Rede de Mulheres Africanas de Desenvolvimento e Comunicação (FEMNET) de advocacia global e africana durante consultas sobre o desenvolvimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU), incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nós nos baseamos nas experiências da FEMNET de três maneiras. Um, para reexaminar alguns dos debates que moldaram o campo dos direitos das mulheres, o ativismo feminista ou a justiça de gênero na África e os legados duradouros desses discursos na advocacia política hoje. Dois, para analisar as políticas de construção do movimento, a influência do financiamento do desenvolvimento e como elas moldam discursos políticos e práxis sobre os direitos das mulheres e a justiça de gênero. Finalmente, problematizar a natureza da solidariedade feminista transnacional. Através dessas reflexões, pretendemos estabelecer conexões entre a bolsa de estudos sobre práxis feminista transnacional e o ativismo para destacar as lições que surgem de uma análise retrospectiva do que significa engajar-se na defesa de políticas feministas através de divisões geopolíticas.Abstract in English:
Abstract This article reflects on transnational feminist organising by drawing on the experiences of the African Women’s Development and Communication Network (FEMNET) during the consultations leading up to the 2030 Agenda for Sustainable Development. First, we re-examine some of the debates that have shaped the field of women’s rights, feminist activism and gender justice in Africa, and the enduring legacies of these discourses for policy advocacy. Second, we analyse the politics of movement-building and the influence of development funding, and how they shape policy discourses and praxis in respect of women’s rights and gender justice. Third, we problematise the nature of transnational feminist solidarity. Finally, drawing on scholarship about transnational feminist praxis as well as activism, we distil some lessons for feminist policy advocacy across geo-political divides.Abstract in Portuguese:
Resumo Este artigo propõe uma releitura do problema de gênero ou, como tem sido colocado, na maior parte das vezes, ‘o problema da mulher,’ a partir dos sistemas de poder moderno/colonial e suas normas, padrões, ideais e pactos políticos. Nesse sentido, busca-se abrir um diálogo com concepções de gênero que respondam às dinâmicas que forjaram as sociedades modernas/coloniais em Abya Yala, inspirando-se nas perspectivas decolonial e afrodiaspórica. Para este fim, o artigo mapeia alguns dos canais disponíveis do debate de gênero no que veio a ser conhecido como o Sul global e que destacam as maneiras pelas quais as relações entre categorias de opressão e privilégio (como raça, classe, sexualidade e gênero) são refletidas e posicionadas de modo a lidar com a colonialidade do saber, do poder e do ser. O objetivo principal é investigar as condições político-epistêmicas que estruturam o pensamento de gênero de forma binária e interseccional e, por sua vez, abrir espaço para abordagens imbricadas e forjadas a partir de histórias que tomam como ponto de partida referências teóricas de lugares situados como “outros” dentro de uma economia política global de saber/poder/ser. Mais do que uma crítica dos pontos de vista teóricos do Norte global, em si e de si mesmos, aqui são analisados os termos através dos quais gênero e feminismos foram colocados em debate para responder às nossas realidades. Propõe-se recentrar as referências que pautam as discussões de gênero no contexto de Abya Yala para que não se perca a dimensão do que está em jogo quando se reivindica gênero como categoria política, normativa e analítica: as (im)possibilidades de viver a humanidade plena nos próprios termos.Abstract in English:
Abstract This article proposes a re-reading of the problem of gender, or as it has been put, more often than not, ‘the woman problem,’ that resists the reproduction of modern/colonial systems of governance and their political norms, standards, ideals and pacts. In turn, it seeks to open pathways to dialogue with, rather than import, conceptions of gender that respond to the terms through which modern/colonial societies have been forged on the continent of Abya Yala, drawing inspiration from decolonial and diasporic perspectives. To this end, the article maps some of the available channels of the gender debate in what has come to be known as the global South from an array of perspectives that highlight the ways in which the relations between categories of oppression and privilege (such as race, class, sexuality and gender) are reflected and positioned so as to grapple with the coloniality of knowledge, power and being. More specifically, it focuses on three ways of dealing with power dynamics in the context of Abya Yala that have influenced how we conceive and respond to questions of gender. Its primary objective is to investigate the politico-epistemic conditions that structure gender thinking in binary and intersectional ways, and, in turn, open space for imbricated approaches forged from within (post-)colonial histories that do not take as their starting point the importation of theoretical references from places otherwise situated within a global political economy of knowledge/power/being. More than a critique of theoretical standpoints from the global North, in and of themselves, which regardless were not thought to respond to our realities, here we analyse the terms through which gender and feminisms have been put up for debate. Without effectively decentring the Eurocentred references that preoccupy gender thinking in our respective disputes, we risk continued distraction from what is at stake when gender is put on the table: the (im)possibilities of living one’s full humanity on one’s own terms.Abstract in Portuguese:
Resumo Desde que Cynthia Enloe perguntou, “Onde estão as mulheres?”, em 1989, os estudos sobre o lugar das mulheres nas Relações Internacionais aumentaram. Contudo, a maioria das análises desde então tem focado na participação das mulheres nas organizações internacionais, eventos e espaços institucionais, tornando invisíveis outras práticas e lugares ocupados por mulheres negras ou indígenas do Sul. Este artigo tem como objetivo destacar o papel das mulheres no nível internacional, analisando seu desempenho nas disputas sobre os significados do desenvolvimento na América Latina e Caribe, a partir de lutas contra o extrativismo. Além de denunciar os impactos desse modelo de desenvolvimento, essas lutas visam construir alternativas que, embora possam ser essencialmente locais, têm se multiplicado e articulado em todo o território Latino Americano e Caribenho, como parte de uma resistência mais ampla ao extrativismo na região. Essas lutas serão mapeadas usando um banco de dados de 259 conflitos acerca de atividades de mineração, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Relações Internacionais e Sul Global (GRISUL).Abstract in English:
Abstract Since Cynthia Enloe asked, ‘Where are the women?’ in 1989, studies about the place of women in International Relations have increased. However, most of the analyses since then have focused on the participation of women in international organisations, events and institutional spaces, making invisible other practices and places occupied by black or indigenous women from the South. This article aims to highlight the role of women at the international level, analysing their performance in disputes over the meanings of development in Latin America and the Caribbean, based on struggles against extractivism. In addition to denouncing the impacts of this development model, these struggles seek to construct alternatives that, although they could be essentially local, have been multiplied and articulated throughout the Latin American and the Caribbean territory, as part of a broader resistance to the dominant extractivism in the region. These struggles will be mapped using a database of 259 conflicts around mining activities, developed by the Research Group on International Relations and Global South (GRISUL).Abstract in Portuguese:
Resumo Este artigo questiona em que medida o componente de gênero do Programa de Apoio às Contribuições Nacionalmente Determinadas (CND) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reafirma a condição pós-política das mudanças climáticas. Ao analisar a incorporação do gênero no Programa de Suporte às CDN e sua articulação na Estratégia de Desenvolvimento de Baixo-Carbono da Colômbia, o estudo expõe os riscos estratégicos, epistemológicos, e normativos do avanço das ideias feministas dentro das estruturas institucionais tradicionais. Assim, este artigo mostra as oportunidades e desafios de deslocar as fronteiras políticas e epistemológicas das políticas de mudanças climáticas ao promover ideias feministas.Abstract in English:
Abstract This paper interrogates to what extent the gender component of the Nationally Determined Contributions (NDC) Support Programme of the United Nations Development Programme (UNDP) reaffirms the post-political condition of climate change. By analysing the incorporation of gender in the NDC Support Programme and its articulation in Colombia’s Low-Carbon Development Strategy, the study exposes the strategic, epistemological, and normative risks of advancing feminist ideas within mainstream institutional frameworks. Thus, this paper shows the opportunities and challenges of dislocating the political and epistemological boundaries of climate change policies by promoting feminist ideas.Abstract in Portuguese:
Resumo Que as sociedades se deveriam pautar pela igualdade de gênero é um ideal normativo forte ao qual os estados costumam subscrever, nem que seja apenas verbalmente. Os Emirados Árabes Unidos, como um estado altamente globalizado e que aspira a um status superior, não estão excluídos desta dinâmica. Se nas décadas seguintes à independência, obtida em 1971, os direitos das mulheres tinham sido enfatizados como um sinal de progresso do país; hoje o governo dos EAU afirma que aqueles são de tal forma avançados que estão a estabelecer uma nova referência de empoderamento de gênero para a região do Oriente Médio. Além disso, os EAU também proclamaram o objetivo de pertencerem, até 2021, ao grupo dos vinte cinco primeiros países do mundo que são considerados gender-equal. Sugiro que essas proclamações oficiais são parte importante de uma estratégia de sinalização cujo objetivo é advogar, perante uma audiência internacional, que os EAU merecem um status superior àquele que detêm atualmente. Com base na interpretação apresentada por Larson e Svechenko da teoria da identidade social, proponho que a estratégia dos EAU neste quesito pode ser definida em termos de criatividade social. Esta estratégia baseia-se na criação de um novo valor – o padrão Emirati de igualdade de gênero – dentro do grupo dos países árabes. Aquela é operacionalizada através de, por um lado, táticas de ‘ensinar para o teste’ na área da participação política das mulheres, campo este que pode ser regulado facilmente pelo governo; e por outro, no ênfase excessivo atribuído às realizações profissionais de um pequeno grupo de mulheres altamente bem sucedidas. Neste último caso, como os números de emprego feminino são bastante baixos, o governo elege chamar a atenção para mulheres em posições profissionais específicas e não convencionais, como um modo de atribuir maior credibilidade à existência de seu próprio padrão superior de igualdade de gênero na região árabe.Abstract in English:
Abstract That societies should be gender-equal is a prevailing normative ideal to which states at the very least pay lip service. The UAE as a highly globalised state that aspires to a superior status has not stood outside of these dynamics. Whereas in the decades since independence in 1971 women’s rights were emphasised as a sign of the country’s progress, nowadays, the UAE government portrays women’s rights as being advanced to such an extent that they are setting up a new gender empowerment benchmark for the Middle Eastern region. Additionally, the UAE has also proclaimed the goal of becoming one of the top 25 gender-equal states in the world by 2021. I suggest that these official proclamations are indicative of a signalling strategy whose aim is to advocate to an international audience that the UAE deserves a status higher than it currently holds. Based on Larson and Svechenko’s interpretation of social identity theory, I claim that the UAE’s strategy is one of social creativity. It rests on creating a new value – the Emirati standard of gender equality – within the Arab group. The former is operationalised through, on the one hand, ‘teaching to the test’ tactics in the area of women’s political participation, a field that can be easily regulated by the government. And on the other, on overemphasising the professional deeds of a small group of high-achieving women. In the latter case, as the numbers of females in employment are rather low, the government elects to call attention to women in specific and unconventional positions so as to lend greater credence to the existence of their own superior standard of gender equality within the Arab region.Abstract in Portuguese:
Resumo Qual é o status das mulheres na Academia Brasileira de Relações Internacionais? Essa pesquisa traça um mapa sem precedentes de questões de gênero enfrentadas por pesquisadores brasileiros de relações internacionais com foco em questões de desigualdade, discriminação e assédio. O artigo oferece uma revisão da literature sobre o tema e os resultados obtidos através de dois conjuntos de dados auto-compilados. O primeiro foi consolidado a partir de uma pesquisa aplicada entre Junho e Julho de 2017 com foco em questões pessoais e profissionais enfrentadas por acadêmicos brasileiros de estudos internacionais e o segundo foi compilado mapeando a composição do corpo docente em RI e departamentos relacionados no Brasil. Nossas descobertas indicam que, apesar das espeficidades do sistema de ensino superior brasileiro, acadêmicos brasileiros de RI seguem as tendências internacionais, enfrentando as desigualdades monetárias e/ou familiares e discriminação de gênero em suas carreiras. Os resultados também mostram que 25% das mulheres enfrentaram contato sexual indesejado pelo menos uma vez, e que existe uma lacuna entre entendimentos de homens e mulheres sobre o que constitui assédio sexual.Abstract in English:
Abstract What is the status of women in the discipline of International Relations (IR) in Brazil? This study provides a pioneering map of gender issues in Brazilian IR, focusing on inequality, discrimination and harassment. It includes a literature review as well as the findings of two sets of research: the first a survey of personal and professional issues faced by academic staff in Brazilian IR, and the second a report on the staffing of IR and related departments at private and public academic institutions in Brazil. Our research shows that despite the specificities of the Brazilian higher education system, Brazilian IR academics conform to international trends in respect of gender issues, facing monetary and/or familial inequalities and gender discrimination in their careers. It also shows that 25% of female academics have experienced undesired sexual contact at least once, and that there is a gap between male and female understandings of what constitutes sexual harassment.Abstract in Portuguese:
Resumo Stuart Hall, um acadêmico fundador da Escola de Birmingham de estudos culturais e eminente teórico de etnia, identidade e diferença na diáspora africana, bem como um dos principais analistas da política cultural dos anos Thatcher e pós-Thatcher, realizou as Palestras W. E. B. Du Bois na Universidade de Harvard em 1994. Nas palestras, publicadas após um atraso de quase um quarto de século como The Fateful Triangle: Race, Ethnicity, Nation (2017), Hall avança o argumento de que a raça, pelo menos nos contextos do Atlântico Norte, funciona como um ‘significante escorregadio,’ de modo que, mesmo depois que a noção de uma essência biológica para a raça tenha sido amplamente desacreditada, o raciocínio racial, no entanto, se renova ao essencializar outras características, como a diferença cultural. Substituindo a famosa díade de Michel Foucault com conhecimento-poder-diferença, Hall argumenta que pensar através do triângulo fatídico da raça, etnia e nação nos mostra como os sistemas discursivos tentam lidar com a diferença humana. A Parte I do fórum examina criticamente as promessas e potenciais problemas do trabalho de Hall a partir do contexto da América do Norte e da Europa Ocidental, na esteira do #BlackLivesMatter e do Brexit. Donna Jones sugere que, embora as principais contribuições da Escola de Birmingham destruíssem todas as certezas sobre a identidade de classe, as palestras de Du Bois proferidas por Hall podem ser inadequadas a um momento em que os apelos racistas e étnico-nacionalistas ascendentes nos EUA e na Europa e que, portanto, o trabalho anterior de Paul Gilroy sobre raça e classe merece uma atenção renovada. Kevin Bruyneel examina o trabalho de Hall sobre raça em relação a três análises que expõem as práticas materiais do racismo: intersetorialidade, capitalismo racial e colonialismo de colonos. William Garcia na contribuição final nos pede para pensar sobre os nativismos negros anti-imigrantes tolerados e até encorajados pelos discursos da identidade afro-americana e por referências não marcadas à negritude no contexto dos EUA. Em ‘Fateful Triangles in Brazil’, Parte II do Fórum da Contexto Internacional sobre The Fateful Triangle, três estudiosos trabalham com e contra os argumentos de Hall do ponto de vista da política racial no Brasil.Abstract in English:
Abstract Stuart Hall, a founding scholar in the Birmingham School of cultural studies and eminent theorist of ethnicity, identity and difference in the African diaspora, as well as a leading analyst of the cultural politics of the Thatcher and post-Thatcher years, delivered the W. E. B. Du Bois Lectures at Harvard University in 1994. In the lectures, published after a nearly quarter-century delay as The Fateful Triangle: Race, Ethnicity, Nation (2017), Hall advances the argument that race, at least in North Atlantic contexts, operates as a ‘sliding signifier,’ such that, even after the notion of a biological essence to race has been widely discredited, race-thinking nonetheless renews itself by essentializing other characteristics such as cultural difference. Substituting Michel Foucault’s famous power-knowledge dyad with power-knowledge-difference, Hall argues that thinking through the fateful triangle of race, ethnicity and nation shows us how discursive systems attempt to deal with human difference. Part I of the forum critically examines the promise and potential problems of Hall’s work from the context of North America and western Europe in the wake of #BlackLivesMatter and Brexit. Donna Jones suggests that, although the Birmingham School’s core contributions shattered all certainties about class identity, Hall’s Du Bois Lectures may be inadequate to a moment when white racist and ethno-nationalist appeals are ascendant in the USA and Europe and that, therefore, his and Paul Gilroy’s earlier work on race and class deserve our renewed attention. Kevin Bruyneel examines Hall’s work on race in relation to three analytics that foreground racism’s material practices: intersectionality, racial capitalism and settler colonialism. William Garcia in the final contribution asks us to think about the anti-immigrant black nativisms condoned and even encouraged by discourses of African-American identity and by unmarked references to blackness in the US context. In ‘Fateful Triangles in Brazil,’ Part II of Contexto Internacional’s forum on The Fateful Triangle, three scholars work with and against Hall’s arguments from the standpoint of racial politics in Brazil.Abstract in Portuguese:
Resumo Stuart Hall, um acadêmico fundador da Escola de Birmingham de estudos culturais e eminente teórico de etnia, identidade e diferença na diáspora africana, bem como um dos principais analistas da política cultural dos anos Thatcher e pós-Thatcher, realizou as Palestras W. E. B. Du Bois na Universidade de Harvard em 1994. Nas palestras, publicadas após um atraso de quase um quarto de século como The Fateful Triangle: Race, Ethnicity, Nation (2017), Hall avança o argumento de que a raça, pelo menos nos contextos do Atlântico Norte, funciona como um ‘significante escorregadio,’ de modo que, mesmo depois que a noção de uma essência biológica para a raça tenha sido amplamente desacreditada, o raciocínio racial, no entanto, se renova ao essencializar outras características, como a diferença cultural. Substituindo a famosa díade de Michel Foucault com conhecimento-poder-diferença, Hall argumenta que pensar através do triângulo fatídico da raça, etnia e nação nos mostra como os sistemas discursivos tentam lidar com a diferença humana. Em ‘Triângulos Fatídicos no Brasil’, Parte II do Fórum da Contexto Internacional sobre The Fateful Triangle, três acadêmicos trabalham com e contra os argumentos de Hall do ponto de vista da política racial no Brasil. Sharon Stanley argumenta que a abordagem de Hall da identidade híbrida pode encontrar dificuldades no contexto brasileiro, onde os discursos de mistura racial têm, em nome da democracia racial, apoiado o racismo anti-negro. João Nackle Urt investiga as conturbadas histórias de ‘raça,’ ‘etnia’ e ‘nação’ em referência aos povos indígenas, particularmente os índios brasileiros. Por fim, Thiago Braz mostra, a partir de uma perspectiva que se baseia em pensadores afro-brasileiros, que enfatizar a contingência no conceito de diáspora pode ignorar a miríade de maneiras pelas quais brasileiros afro-diaspóricos são marcados como negros e, portanto, sujeitos à violência e desigualdade. A Parte I do fórum – com contribuições de Donna Jones, Kevin Bruyneel e William Garcia – examina criticamente as promessas e potenciais problemas do trabalho de Hall no contexto da América do Norte e da Europa Ocidental, na esteira do #BlackLivesMatter e Brexit.Abstract in English:
Abstract Stuart Hall, a founding scholar in the Birmingham School of cultural studies and eminent theorist of ethnicity, identity and difference in the African diaspora, as well as a leading analyst of the cultural politics of the Thatcher and post-Thatcher years, delivered the W. E. B. Du Bois Lectures at Harvard University in 1994. In the lectures, published after a nearly quarter-century delay as The Fateful Triangle: Race, Ethnicity, Nation (2017), Hall advances the argument that race, at least in North Atlantic contexts, operates as a ‘sliding signifier,’ such that, even after the notion of a biological essence to race has been widely discredited, race-thinking nonetheless renews itself by essentializing other characteristics such as cultural difference. Substituting Michel Foucault’s famous power-knowledge dyad with power-knowledge-difference, Hall argues that thinking through the fateful triangle of race, ethnicity and nation shows us how discursive systems attempt to deal with human difference. In ‘Fateful Triangles in Brazil,’ Part II of Contexto Internacional’s forum on The Fateful Triangle, three scholars work with and against Hall’s arguments from the standpoint of racial politics in Brazil. Sharon Stanley argues that Hall’s account of hybrid identity may encounter difficulties in the Brazilian context, where discourses of racial mixture have, in the name of racial democracy, supported anti-black racism. João Nackle Urt investigates the vexed histories of ‘race,’ ‘ethnicity’ and ‘nation’ in reference to indigenous peoples, particularly Brazilian Indians. Finally, Thiago Braz shows, from a perspective that draws on Afro-Brazilian thinkers, that emphasizing the contingency of becoming in the concept of diaspora may ignore the myriad ways by which Afro-diasporic Brazilians are marked as being black, and thus subject to violence and inequality. Part I of the forum – with contributions by Donna Jones, Kevin Bruyneel and William Garcia – critically examines the promise and potential problems of Hall’s work from the context of North America and western Europe in the wake of #BlackLivesMatter and Brexit.