Acessibilidade / Reportar erro

Qualidade de vida dos cuidadores de crianças e adolescentes com alterações de fala e linguagem

Quality of life of caregivers of children and adolescents with speech and language disorders

Resumos

OBJETIVO: Investigar a qualidade de vida dos cuidadores de crianças ou adolescentes com alterações de fala e linguagem de acordo com a perspectiva deles. MÉTODOS: Participaram dois grupos, totalizando 40 sujeitos. O Grupo 1 foi composto por 20 cuidadores de crianças ou adolescentes com alterações de fala e linguagem entre 4 e 17 anos, pareados por idade com o Grupo Controle ou 2, que incluiu 20 de crianças ou adolescentes sem queixas de fala e linguagem. Para a coleta de dados, foram aplicadas duas questões abertas e um instrumento da Organização Mundial de Saúde, traduzido e adaptado para o português - World Health Organization Quality of Life Scale (WHOQOL) Abreviado. Os resultados de tal instrumento foram submetidos à análise estatística, e as perguntas abertas estavam sendo analisadas qualitativamente. RESULTADOS: Na distribuição das mudanças de fala e linguagem, havia: gagueira (35%), alterações de linguagem oral sem (35%) e com causas neurológicas (30%). Na análise dos escores do WHOQOL-abreviado, encontraram-se diferenças da qualidade de vida nos domínios físico (1,1%), psicológico (0,5%) e relações sociais (1,8%). O Grupo 1 apresentou qualidade de vida mais insatisfatória; e nas abertas, boa e razoável. Já o Grupo 2 mostrou ótima e boa. A rotina clínica e os filhos foram mencionados como fatores que dificultam o autocuidado no Grupo 1. CONCLUSÕES: O menor escore do Grupo 1 no WHOQOL-abreviado foi compatível com achados das questões abertas, mostrando que aspectos como rotina de atendimentos clínicos e dificuldades de compreensão influenciam a qualidade de vida dos cuidadores. Os resultados reafirmam a necessidade de que, além de cuidadores, sejam cuidados, entendendo-os como um grupo digno de ações de saúde direcionadas aos mesmos.

Qualidade de vida; Cuidadores; Criança; Adolescente; Transtorno de linguagem; Gagueira; Fonoaudiologia


PURPOSE: To investigate the quality of life of caregivers of children and adolescents presenting speech and language disorders from their own perspective. METHODS: Two groups participated, adding up to 40 subjects. Group 1 was composed by 20 caregivers of 4 to 17 years-old children or adolescents with speech and language disorders, paired by age with the Control Group or 2 that included 20 caregivers of children or adolescents with no speech and language complaints. Data collection was done using: two open questions and the World Health Organization instrument, which was translated and adapted to Portuguese language - the World Health Organization Quality of Life Scale (WHOQOL-BREF). The results were submitted to statistical analysis and the open questions were qualitatively analyzed. RESULTS: The language disorders distribution showed: stuttering (35%), non-neurological (35%), and neurological oral language disorders (30%). In the analysis of the WHOQOL-BREF scores, there were quality of life differences regarding the physical (1.1%), psychological (0.5%), and social relationships (1.8%) domains. Group 1 presented the most dissatisfying quality of life. Concerning the open questions, it presented good and reasonable characteristics and Group 2, good and very good. The clinical routine and children were mentioned as factors that hamper self-care in Group 1. CONCLUSIONS: The lowest score of Group 1 in the WHOQOL-BREF was consistent with the open questions results, showing that aspects such as clinical attendance routine and comprehension difficulties influence caregivers' quality of life. The results corroborate that they should be assisted, since they are a group that deserves healthy actions directed to them.

Quality of life; Caregivers; Child; Adolescent; Language disorders; Stuttering; Speech-language and hearing sciences


  • 1
    Greenberg JS, Seltzer MM, Krauss MW, Chou RJ, Hong J. The effect of quality of the relationship between mothers and adult children with schizophrenia, autism, or Down syndrome on maternal well-being: the mediating role of optimism. Am J Orthopsychiatry. 2004;74(1):14-25.
  • 2
    The WHOQOL GROUP. Development of the WHOQOL: Rationale and Current Status. Int J Mental Health. 1994;23(3):24-56.
  • 3
    Minayo MCS, Hartz ZMA, Buss PM. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Cienc Saúde Coletiva. 2000;5(1):7-18.
  • 4
    Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet. 2011;377(9779):1778-97.
  • 5
    Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Censo 2010. [cited 2011 Nov 30]. Available from: http://www.ibge.gov.br
  • 6
    Santos HG, Andrade SM, Birolim MM, Carvalho WO, Silva AMR. Mortalidade infantil no Brasil: uma revisão de literatura antes e após a implantação do Sistema Único de Saúde. Pediatria (São Paulo). 2010;32(2):131-43.
  • 7
    Wayne DO, Krishnagiri S. Parent's leisure: the impact of raising a child with Down syndrome. Occup Ther Int. 2005;12(3):180-94.
  • 8
    Stoneman Z. Examining the Down syndrome advantage: mothers and fathers of young children with disabilities. J Intellect Disabil Res. 2007;51(Pt 12):1006-17.
  • 9
    Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83.
  • 10
    Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adults who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71.
  • 11
    Buzzato LL, Beresin R. Qualidade de vida dos pais de crianças portadoras da síndrome de Down. Einstein. 2008;6(2):175-81.
  • 12
    Fernandes FDM. Sugestões de procedimentos terapêuticos de linguagem em distúrbios do espectro autístico. In: Limongi SCO (org). Fonoaudiologia: informação para formação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. p. 55-65.
  • 13
    Brobst JB, Clopton JR, Hendrick SS. Parenting children with autism spectrum disorders. Focus Autism Other Dev Disabl. 2009;24(1):38-49.
  • 14
    Panhoca I, Rodrigues AN. Avaliação da qualidade de vida de cuidadores de afásicos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):394-401.
  • 15
    Carvalho JTM, Rodrigues NM, Silva LVC, Oliveira DA. Qualidade de vida das mães de crianças e adolescentes com paralisia cerebral. Fisioter Mov. 2010;23(3):389-97.
  • 16
    Prudente COM, Barbosa MA, Porto CC. Relation between quality of life of mothers of children with cerebral palsy and the children's motor functioning, after ten months of rehabilitation. Rev Latino-Am Enfermagem. 2010;18(2):149-55.
  • 17
    Bookman A, Harrington M. Family caregivers: a shadow workforce in the geriatric health care system? J Health Polit Policy Law. 2007;32(6):1005-41.
  • 18
    Gabardo RM, Junges JR, Selli L. Arranjos familiares e implicações à saúde na visão dos profissionais do Programa Saúde da Família. Rev Saúde Pública. 2009;43(1):91-7.
  • 19
    Brasil. Ministério da Saúde do Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 3a ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2006.
  • 20
    Sloper P, Knussen C, Turner S, Cunningham C. Factors related to stress and satisfaction with life in families of children with Down's syndrome. J Child Psychol Psychiatry. 1991;32(4):655-76.
  • 21
    Shu BC. Quality of life of family caregivers of children with autism: The mother's perspective. Autism. 2009;13(1):81-91.
  • 22
    Schieve LA, Stephen JB, Catherine RSN, Coleen B. The relationship between autism and pareting stress. Pediatrics. 2007;119(Suppl 1):114-21.
  • 23
    Eker L, Tüzün EH. An evaluation of quality of life of mothers of children with cerebral palsy. Disabil Rehabil. 2004;26(23):1354-9.
  • 24
    Tuna H, Ünalan H, Tuna F, Kokino S. Quality of life of primary of children with cerebral palsy: a controlled study with Short Form-36 questionnaire. Dev Med Child Neurol. 2004;46(9):646-8.
  • 25
    Barbosa MRP. Suporte Social e qualidade de vida em familiares de crianças do espectro autista [dissertação de mestrado]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2010. 93 p.
  • 26
    Flabiano-Almeida FC, Limongi SCO. O papel dos gestos no desenvolvimento da linguagem oral de crianças com desenvolvimento típico e crianças com síndrome de Down. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):458-64.
  • 27
    Chun RYS. O desenvolvimento da comunicação não verbal através dos símbolos Bliss em indivíduo não falante portador de paralisia cerebral. Distúrb Comun. 1991;4(2):121-36.
  • 28
    Bakhtin M. Estética da Criação Verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes; 2003.
  • 29
    Sprovieri MHS, Assumpção Jr FB. Dinâmica familiar de crianças autistas. Arqu Neuro-psiquiatr. 2001;59(2-A):230-7.
  • 30
    Fiamenghi Jr GAJ, Messa AA. Pais, filhos e deficiência: estudos sobre as relações familiares. Psicol Cienc Prof. 2007;27(2):236-45.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2015
  • Data do Fascículo
    2013

Histórico

  • Recebido
    07 Abr 2012
  • Aceito
    19 Out 2012
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684, 7º andar, 01420-002 São Paulo - SP Brasil, Tel./Fax 55 11 - 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@codas.org.br