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O uso de métodos de prevenção do HIV e o contexto das práticas sexuais de adolescentes homens gays e bissexuais, travestis e mulheres transgênero na cidade de São Paulo, Brasil

O estudo teve como objetivo compreender a perspectiva e o uso de métodos de prevenção do HIV no contexto das práticas sexuais de homens gays e bissexuais, travestis e mulheres transgênero adolescentes. Foram realizados grupos focais e entrevistas em profundidade com 22 adolescentes gays e bissexuais, travestis e mulheres transgênero entre 15 e 19 anos de idade na cidade de São Paulo, Brasil, como parte da pesquisa formativa do estudo PrEP1519, um estudo de demonstração, em andamento, sobre profilaxia pré-exposição (PrEP) diária em adolescentes. O repertório de conhecimentos e a experiência dos participantes com métodos de prevenção estiveram concentrados no preservativo, visto como a prática mais conhecida, “compulsória”, e cujo uso era da responsabilidade do indivíduo. Testagem prévia para ISTs/HIV era relatada por alguns participantes enquanto medida para decidir sobre a descontinuação do uso de preservativos em relações estáveis, enquanto a busca de testagem depois de sexo sem preservativo aparecia como uma tentativa de reparar uma “falha” na prevenção. O sexo comercial figurava de maneira importante entre as mulheres transgênero e travestis, em que o uso de preservativo muitas vezes dependia da decisão do cliente, e o uso de drogas e o risco de violência dificultavam o processo de decisão e o autocuidado. Os adolescentes demonstravam pouco conhecimento, confusão frequente e nenhuma experiência com a profilaxia pós-exposição sexual (PEP) e a PrEP. Fatores chave na percepção e no uso dos métodos de prevenção do HIV por adolescentes incluem uma apropriação incipiente da gama de métodos de prevenção e uma normatividade rígida quanto ao uso de preservativos. O manejo do risco pelos adolescentes parece estar limitada em termos da autonomia e capacidade de avaliar a exposição em diferentes contextos, e deixa de incluir métodos baseados em antirretrovirais; assim, exige estratégias customizadas e sensíveis ao contexto para uma abordagem efetiva de prevenção combinada.

Palavras-chave:
Adolescente; Sexualidade; Diversidade de Gênero; Infecções Sexualmente Transmissíveis


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