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Guerini, Andréia; Torres, Marie-Hélène Catherine; Costa, Walter Carlos (Orgs). Vozes tradutórias: 20 anos de Cadernos de Tradução. Florianópolis: PGET/UFSC, 2016, 273 p.

Guerini, Andréia; Torres, Marie-Hélène Catherine; Costa, Walter Carlos. Vozes tradutórias: 20 anos de Cadernos de Tradução. Florianópolis: PGET/UFSC, 2016. 273

Em entrevista a Osvaldo Ferrari, o escritor argentino Jorge Luis Borges sugeriu que a entrevista é uma forma colaborativa de ensaio. A natureza do pensamento ensaístico – informal, experimental, desconectada da estruturação metódica do pensamento científico, mas duplamente conectada à curiosidade e à investigação desinteressada – pode se manifestar nos caminhos mais ou menos erráticos que se vão contornando ao longo de uma entrevista.

Um volume de entrevistas, uma compilação de diversas conversas completamente livres ou semi-estruturadas, potencializa este tipo de condução desencontrada que – pela ausência do rigor investigativo e estrutural informativos da tese doutoral ou do artigo acadêmico –, acaba justamente encontrando uma quantidade maior de modos de ressonância interna, e se abrindo à possibilidade de ser reestruturado a cada ato mais ou menos errático de leitura.

Assim, se uma entrevista isolada se aproxima do ensaio, um conjunto delas – sejam entre o mesmo par de interlocutores, entre um mesmo interlocutor (entrevistado ou entrevistador) e pessoas variadas, ou entre pares ou grupos distintos de pessoas – alcança o prazer contrastivo encontrado na leitura pareada de traduções – um texto que já nasce sob o signo da contrastividade, da relação intertextual privilegiada – e seus originais, ou textos paralelos.

As quase três dúzias de conversas coletadas no volume Vozes tradutórias: 20 anos de Cadernos de Tradução, justapostas em edição e embaralhadas pelo acaso ou semi-acaso que deu cada uma das entrevistas à luz e que o dará a leituras cumprindo diversos propósitos e percursos, permitem ao leitor interessado em tradução a construção de variadas rotas de pensamento, tanto internas ao volume quanto externas a ele. A leitura de Vozes tradutórias, assim, potencializa os direitos do leitor promulgados por Daniel Pennac – em particular, o direito da leitura salteada, mais ou menos ao estilo do Jogo da amarelinha de Cortázar ou das Cidades invisíveis de Calvino.

Para não incorrer em spoilers em uma era que os odeia – de recepção sensacional de textos audiovisuais, na qual mesmo textos escritos não têm circulação relevante senão atrelados a algum mecanismo paratextual audiovisual –, prefiro aqui apontar caminhos de leituras cruzadas que possam auxiliar os leitores a traçar, retraçar e reformar os percursos discursivos projetados por cada uma das entrevistas individuais.

Comecemos pelas linhas de fuga internas do volume. A introdução, a cargo dos organizadores, aponta alguns caminhos de leituras geminadas destes textos através do pensamento dos entrevistados; gostaria de fazer o mesmo, mas – para não repetir a introdução e, como assinalado anteriormente, para não dar spoilers – seguindo os gestos dos entrevistadores: sua seleção de entrevistados e tópicos, a estruturação das entrevistas e o repertório de perguntas. Estas escolhas, feitas ao longo de duas décadas, entre 1997 e 2016, por um grupo heterogêneo de profissionais – e que, a bem da verdade, se torna “grupo” somente ao ver seus esforços assim coligidos –, podem igualmente gerar indícios indiretos porém reveladores sobre os rumos e enfoques que os Estudo da Tradução vêm assumindo no Brasil.

Segundo João Ângelo Oliva Neto, tradutor de latim e grego ao português, entrevistado por Andréia Guerini e Walter Carlos Costa, “[é] fato que no Brasil se valoriza a tradução literária mais do que em países onde se traduz mais” (p. 161). Sua declaração pode ser constatada se traçamos um perfil geral dos intelectuais e tradutores entrevistados ao longo dos vinte anos da Cadernos de Tradução. Entre os trintas e três tradutores e pesquisadores cujas entrevistas foram recolhidas no volume, 17 são tradutores literários atuando conjuntamente como professores universitários, 12 deles em instituições nacionais do sul e do sudeste (a única exceção sendo Henryk Siewierski, ligado à UnB) e cinco em instituições estrangeiras (Amina di Munno, Bruno Osmino, Didier Lamaison, Michael R. Katz e Washington Benavides).

O segundo maior grupo de entrevistados é o único não necessariamente ligado à universidade (ao menos o único cujas entrevistas não fazem menção de filiação universitária sequer no pequeno resumo oferecido), e é igualmente composto por seis tradutores literários; destacam-se, neste grupo, duas pioneiras dos Estudos da Tradução, Maria Cândida Bordenave e Lia Wyler, ligadas igualmente ao SINTRA (Sindicato Nacional dos Tradutores).

O terceiro maior grupo, contanto cinco entrevistas, contém estudiosos da tradução cujos depoimentos foram mais teóricos: Christiane Nord, em uma das entrevistas mais marcadamente dialogadas em todo o volume, concedida a Monique Pfau e Meta Elizabeth Zipser, fala sobre diversos aspectos do funcionalismo – relação com clientes, análise textual e culturemas –; Michael Cronin fala a Alessandra Ramos de Oliveira Harden sobre aspectos culturais e políticos de sua produção teórica; José Lambert, sobre a relação entre os Estudos da Tradução e a Literatura Comparada, sobre a globalização e o estatuto institucional da tradução nas universidades; José Días Cintras fala a Eliana P. C. Franco sobre sua área de especialidade, a Tradução Audiovisual; Yves Gambier, em entrevista a Jean-François Brunelière, discute os Estudos da Tradução enquanto disciplina.

Outro grupo menor de teóricos, compondo três entrevistas, é o de tradutoras-teóricas: Martha Pulido respondeu a Letícia Goellner perguntas sobre suas traduções literárias e sua atuação institucional; Luise von Flotow respondeu a Luciana Rassier e Rosvitha Blume perguntas sobre suas traduções literárias, motivadas por seu engajamento na interface entre os Estudos da Tradução e os Estudos Feministas; Leonor Scliar-Cabral, cuja entrevista concedida a Andréa Cesco e Mara Gonzalez Bezerra centrou-se em suas traduções a partir o espanhol, tangenciou o tópico da tradução de teoria (ao falar de sua primeira tradução) e de ser, ela mesma, uma escritora traduzida.

Há ainda algumas entrevistas de mais difícil classificação: Eglê Malheiros é a única tradutora abertamente não-literária entrevistada, mas é também escritora, e a entrevista não se furta a enfatizar sua filiação à literatura; a entrevista de John Gledson versa sobre sua atuação como organizador de uma antologia de crônicas de Machado de Assis (Cia das Letras, 2013), também estando, como a de Eglê Malheiros, filiada à literatura por uma via não-tradutória; sua entrevista também se cruza à de Dorothée de Bruchard, que respondeu perguntas sobre sua atuação tanto quanto tradutora como editora literária e de traduções.

Assim, contamos 26 entrevistas com tradutores literários e ao menos 25 entrevistados ligados diretamente a universidades. Chama a atenção o fato de que nenhuma das entrevistas mais marcadamente teóricas haja sido feitas com pensadores ou brasileiros ou (embora José Lambert venha atuando em instituição brasileiras como professor visitante) que hajam construído sua carreira no Brasil – um possível índice de que, apesar do desenvolvimento dos Estudos da Tradução e do interesse crescente de estudiosos estrangeiros pelo Brasil, ainda geramos uma produção intelectual que busca superar a subalternidade.

No quesito representatividade de gênero, a Cadernos de Tradução publicou onze entrevistas com mulheres (dez das quais reproduzidas no volume) contra vinte e cinco entrevistas com homens (vinte e três das quais reproduzidas). A ausência de representatividade numérica é, de certa maneira, compensada pela força e variedade da atuação feminina representada nas entrevistas. Conforme destacado acima, entre as entrevistadas encontramos duas escritoras consagradas (Eglê Malheiros e Leonor Scliar-Cabral), duas das poucas entrevistadas cuja conversa relaciona teoria ou atuação institucional e tradução (Luise von Flotow e Martha Pulido) e duas pioneiras da implementação dos Estudos da Tradução no Brasil, e igualmente responsáveis pelo desenvolvimento do status profissional do tradutor brasileiro através de sua atuação no SINTRA (Maria Cândida Bordenave e Lia Wyler). A entrevista com Dorothée de Bruchard, mesclando tradução e atuação editorial, também agrega variedade ao conjunto.

Variedade maior encontramos nos pares ou grupos de línguas de atuação dos tradutores. A primeira entrevista publicada pela revista, já em seu segundo número (1997) foi concedida por Paulo Henriques Britto, já então aclamado tradutor do inglês, a Walter Carlos Costa; a entrevista não foi premonitória de uma predominância do inglês como língua de partida preferencial. As principais línguas europeias encontram-se representadas: francês (Ivo Barroso, Dorothée de Bruchard, Mônica Cristina Corrêa e Didier Lamaison), italiano (Marco Lucchesi) e espanhol (Leonor Scliar-Cabral, Aldyr Garcia Schlee, Horácio Costa). Embora a Ivo Barroso as entrevistadoras Andréia Guerini e Marie-Hélène Torres façam perguntas sobre suas traduções a partir do alemão, a única entrevista específica sobre uma tradução do par alemão-português, a de João Azenha Jr, concedida a Mauri Furlan, também é a única a versar sobre o problema da tradução indireta: Azenha traduzira O mundo de Sofia a partir do alemão, sendo, entretanto, o original dinamarquês.

A propósito da tradução indireta, João Azenha faz, a meu ver, um comentário instigante, por ser controverso, que poderia de algum modo reverberar a seleção massiva ocidental e europeia de pares linguísticos esboçada no conjunto das entrevistas: “a chamada ‘via indireta’ foi usada para que chegassem até nós autores de línguas ditas minoritárias ou exóticas. Não fosse o alemão, Ibsen ou Tchekhov talvez não tivessem o lugar que têm hoje na dramaturgia universal. O mesmo pode se dizer de autores russos e gregos que chegaram até nós através do francês. Pessoalmente, acho que será sempre assim: uma língua de menor prestígio num cenário de disputa e de sobrevivência linguística utiliza-se de outra, que desfruta de autoridade, a fim de levar as ideias de seus autores para além de suas fronteiras” (p. 32).

As “línguas de menor prestígio” ocupam, de fato, menor espaço no conjunto das entrevistas: constam do volume a entrevista de Mamede Mustafa Jarouche – reconhecido justamente pelas primeiras traduções diretas das 1001 noites do árabe para o português brasileiro – e a de Henryk Siewierski, tradutor do polonês para uma língua não-materna.

Ainda no quesito pares linguísticos, merece destaque a pluralidade particular do conjunto de entrevistas do russo: a de Boris Schnaiderman, um dos mais aclamados tradutores para o português brasileiro, chama atenção não só pelo entrevistado, mas pela douta e extensa equipe de entrevistadores – Haroldo de Campos, Steven White, Márcio Seligmann Silva, Walter Carlos Costa e Andréia Guerini –; Michael R. Katz e Bruno Osmino traduzem do russo para o inglês e do russo para o italiano, respectivamente, sendo, portanto, a língua traduzida com o maior número de línguas de chegada de toda a coleção.

Todas estas recorrências poderiam ser consideradas acidentais – o que lhes daria, como disse acima, um certo caráter de amostragem aleatória que permite ler as entrevistas e seu conjunto metracriticamente. Não menos metacrítica talvez pudesse ser a atenção que se desse às perguntas feitas pelos entrevistadores.

A pergunta mais recorrente aos entrevistados versou sobre o início de suas carreiras como tradutores; pode assumir as mais diferentes formas, em graus variados de especificidade, desde “Como a tradução entrou na sua vida?” (feita por Marlova Aseff a Aldyr Garcia Schlee, p. 145) ou “Como e quando nasceu/surgiu seu interesse pela tradução?” (feitas por Anna Palma/Andréia Guerini e Dina Omari/Marie-Hélène Torres a Amina di Munno e Maria Cristina Corrêa, respectivamente, p. 101 e 191) até “Como você se decidiu a traduzir?” (feita por Walter Costa a Paulo Henriques Britto, p. 20) e “Como você se descobriu tradutora?” (feita por Letícia Goellner, p. 247).

Dada a proximidade entre atividade acadêmica e prática tradutória apontada pela maioria das entrevistas, parece natural que a segunda pergunta mais recorrente do conjunto verse precisamente sobre a relação teoria/crítica/prática. Algumas de suas muitas formulações incluem:

Você acha que as teorias ajudam a traduzir melhor? Você segue alguma teoria? (a Ivo Barroso e Dorothée de Bruchard, p. 72 e 96)

Qual a sua posição em relação à teoria, à prática e à crítica de tradução? (a Mônica Cristina Corrêa, p. 103)

Em que medida a teoria e a crítica de tradução podem ser úteis ao tradutor? (a Lia Wyler, p. 64)

Você considera importante conhecer teoria da tradução para traduzir melhor? Você traduz com base em alguma teoria? (a Eglê Malheiros, p. 69)

Como você avalia o papel do crítico em relação às traduções publicadas? Como você acha que esses críticos podem influenciar a atividade tradutória? (a Michael R. Katz, p. 168)

Alguns entrevistados responderam especificamente sobre a crítica feita às suas traduções:

Como você se pronunciaria em relação à crítica (tanto na forma de resenhas quanto na forma de trabalhos) de suas traduções? Por exemplo, muitas vezes os críticos tecem comentários a respeito do seu texto, identificando-o com o texto do autor original. Você teria algum exemplo para ilustrar este ponto? (a José Roberto O’Shea, p. 52)

Qual tem sido a crítica a seu trabalho de tradutora, especialmente ao de literatura infantil? (a Lia Wyler, p. 62)

Um grupo menor respondeu sobre a relação entre novas tecnologias e a prática de tradução. Paulo Henriques Britto respondeu a duas questões a este respeito: “O que você acha da tradução automática ou da tradução com auxílio de programas de computador?” e “Em que sentido os avanços recentes como os dicionários eletrônicos e a Internet facilitam ou complicam seu trabalho?” (p. 23, grifos meus). A seleção lexical explicitamente positiva ou negativa encontrada aqui ecoa em outras formas de elaborar a pergunta encontradas na coleção:

Em que a internet afetou sua forma de trabalhar a tradução? (a Marco Lucchesi, p. 56, grifo meu)

Em que medida as novas tecnologias afetaram a sua rotina de trabalho? (a Lia Wyler, p. 63, grifo meu)

Tecnologias digitais lhe permitiram realizar, computacionalmente, processos “verbivocovisuais” anunciados, desde antes, no programa-piloto da poesia concreta. […] Você vê férteis os caminhos de cooperação envolvendo novas tecnologias? (a Augusto de Campos, p. 129, grifo meu)

A relação com mercados editoriais ou o posicionamento frente a estes também foi alvo recorrente de inquérito (sobre a relação com as editoras, perguntas foram feitas a Eglê Malheiros (p. 69), Dorothée de Buchard, na condição de editora (p. 99), João Ângelo Oliva Neto (p. 156), Michael R. Katz (p. 165) e Horácio Costa (p. 186); perguntas sobre mercados editoriais específicos foram feitas a Maria Cândida Bordenave (p. 29), Amina di Munno (p. 193), Sérgio Medeiros (p. 257) e Irineu Franco Perpétuo (p. 239); José Roberto O’Shea (p. 52-53) e Mamede Mustafa Jarouche (p. 201-202) responderam os dois tipos). De certo modo, as entrevistas de Michel Cronin, José Lambert (ambos falando de globalização e internacionalização) e Luise von Flotow (falando de traduzir escritoras no Canadá) talvez possam ser referendas a este ponto.

Parece natural que, dada a já mencionada relação tradução/instituição universitária que perpassa a coleção, determinadas perguntas, digamos, “ontológicas” e por elementares sobre o significado de tradução, sobre o que é ser tradutor etc. hajam sido pouco frequentes; respondem-nas apenas Paulo Henriques Britto (p. 15), Mônica Cristina Corrêa (p. 101), Amina di Munno (p. 195) e Sérgio Medeiros (p. 257). Igualmente escassas foram perguntas de cunho mais técnico sobre o ato tradutório; há poucas sobre tradução colaborativa (Boris Schneiderman (p. 46), Henryk Siewierski (p. 80) e Augusto de Campos (p. 122) são os únicos entrevistados a reconhecidamente haverem traduzido em cooperação), métodos de tradução (Maria Candida Bordenave (p. 28) e Michael R. Katz (p. 166)) e revisão de traduções (José Roberto O’Shea (p. 53), Ivo Barroso (p. 76) e Horácio Costa (p. 189)). Das duas entrevistadas envolvidas com o SINTRA, apenas Lia Wyler (p. 64) respondeu um pergunta sobre a organização sindical dos tradutores. Outros tipos de perguntas, igualmente relevantes e técnicas, recorrendo uma vez incluíram perguntas feitas a José Roberto O’Shea sobre a tradução de dialetos (p. 51); a Lia Wyler sobre diálogos e neologismos (p. 65); a Ivo Barroso sobre questões métricas em tradução poética (p. 76-77); a Aldy Garcia Schlee sobre a autotradução (p. 147); a João Ângelo Oliva Neto sobre documentação histórica, biográfica e crítica (p. 159); e a Mamede Mustafa Jarouche sobre fontes (p. 199).

Passando agora ao segundo ponto prometido, as linhas externas de fuga do volume, comecemos pela mais óbvia: sua relação com o periódico que lhe deu origem. Vozes tradutórias compila, em ordem cronológica, 33 das 36 entrevistas publicadas na Cadernos de Tradução ao longo de sua existência. Quanto às entrevistas excluídas, ou não versavam diretamente sobre tradução (como a de Pierre-Marc de Biasi, sobre crítica genética, e a de José Rodrigues Coura, sobre o multilinguismo no periódico médico brasileiro Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, respectivamente concedidas a Sergio Romanelli/Hanna Betina Götz e William Hanes na edições 29.1 (2012) e 36.2 (2016)) ou eram de personalidade entrevistada mais de uma vez (Christiane Nord foi entrevistada nas edições 5.1 (2000) e 34.2 (2014), sendo apenas a segunda recolhida no volume). (Sendo estes os critérios para exclusão, torna-se um tanto curiosa a inclusão da entrevista com John Gledson que, como apontado anteriormente, pouco parece ter a ver com tradução.)

As entrevistas são um gênero que faz parte da história da Cadernos; apenas doze de seus números não trazem qualquer entrevista, seis deles trazem duas entrevistas (prática que se inicia já no terceiro número) e, recentemente, o número 35 (2015) publicou nada menos que quatro: uma no volume um (com Yves Gambier) e três no volume dois (com Irineu Franco Perpétuo, Didier Lamaison e Martha Pulido). Vozes tradutórias, assim, é um documento sobre os rumos dos Estudos da Tradução no Brasil, de um modo geral, e, mais especificamente, sobre o desenvolvimento do mais importante periódico brasileiro dedicado à disciplina.

Finalmente, Vozes tradutórias é um dos mais recentes produtos dos esforços de mapear e documentar (e, portanto, fortalecer) o desenvolvimento dos Estudos da Tradução que vêm sendo desenvolvidos pelos Programas de Pós-Graduação em Estudos da Tradução espalhados pelo país, em especial os das Universidades Federais de Santa Catarina (PGET) e Ceará (POET). Junta-se a publicações e esforços de mapeamento geral do campo como Os estudos da tradução no Brasil nos séculos XX e XXI (dos mesmos organizadores; Tubarão & Florianópolis: Copiart/PGET, 2013), Literatura traduzida: antologias, coletâneas e coleções (Torres; Freitas; Costa [Orgs.]. Fortaleza: Substância, 2016), Estudos da Língua Brasileira de Sinais (vols. I, III e III, Ronice Müller de Quadros [Org]. Florianópolis: Insular, 2013), o Dicionário de tradutores literários no Brasil (NUPLITT) e mesmo o GT de Estudos da Tradução da última ANPOLL (Unicamp, 2016), que discutiu em profundidade o desenvolvimento institucional da disciplina.

Assim como são muitos os caminhos permitidos pela estrutura semi-aberta ou inteiramente livre do diálogo, são muitos os caminhos para se refletir crítica ou metacriticamente sobre os Estudos da Tradução a partir de Vozes tradutórias; seja salteando entre as entrevistas, seja cotejando o volume com outros de mesma lavra, o livro nos leva a fazer um apanhado da trajetória da tradução e da disciplina que a estuda, bem como a fazer um arrazoado do que ainda há por ser feito e conquistado.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    15 Jul 2016
  • Aceito
    01 Ago 2016
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