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O NÚCLEO PIVOTANTE DA VOZ

THE PIVOTING CORE OF VOICE

Resumo

Partindo do modo de funcionamento da voz nos discursos políticos recentes no Brasil, o artigo busca mostrar como eles são corolários de características muito reconhecidas historicamente e que se ligam em torno da noção de homem cordial, tomada aqui como esse pivoteamento constante da voz entre o privado e o público, a amabilidade e a violência, em todos os casos permanecendo como o núcleo do funcionamento do poder. Essa forma de funcionamento está ligada a um certo modo de conceber a voz de Deus e sua hipóstase política, mecanismo fundante do processo colonial. No entanto, a poesia brasileira tem assumido esse pivoteamento para apontar outros modos de funcionamento da voz, não apenas na tradição europeia, como a questão da voz na Grécia, mas, para além dessa outra báscula Jerusalém-Atenas, para potencializar e traduzir poeticamente os efeitos do complexo oral canibal apontado por Viveiros de Castro a respeito do mundo ameríndio e a dinâmica entre Orfe(x)u e Exunouveau por Edmilson de Almeida Pereira sobre a literatura negra e/ ou afro-brasileira. Esses outros modos de existência da voz, colocados em variação, produzem uma nova dinâmica do espaço poético como partilha e dissenso, assumindo o pivoteamento e a variação para possibilitar a emergência de uma outra ética e outra política da voz, como também a sobrevivência dos mundos que elas colocam em jogo.

Palavras-chave
Poesia Brasileira; Voz; Variação; Tradução

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