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Marcações não manuais na Língua Brasileira de Sinais utilizada em Maceió: delineamentos de uma comunidade de prática

Non-manual markings in the Brazilian Sign Language used in Maceió: outlines of a community of practice

RESUMO

Esta pesquisa objetivou descrever a variação no parâmetro fonológico de marcações não manuais da Língua Brasileira de Sinais e o pertencimento a uma comunidade de prática a partir dos pressupostos da Sociolinguística variacionista e da terceira onda da sociolinguística. O corpus foi constituído pela gravação da execução do sinal ‘cachorro’ realizada por 16 sujeitos surdos, de ambos os sexos. Os resultados apontam para a existência de variação no parâmetro analisado e o uso de posturas específicas que podem estar associadas à comunidade de prática de professores (em formação ou licenciados).

Palavras-chave:
comunidade de prática; fonoaudiologia; Libras; sociolinguística; variação fonológica

ABSTRACT

This study aimed to describe the variation in the phonological parameter of non-manual markings of the Brazilian Sign Language and the membership of a community of practice based on the assumptions of Variance Sociolinguistics and the third wave of sociolinguistics. The corpus was constituted by the recording of the execution of the signal ‘dog’ performed by 16 deaf subjects, of both sexes. The results point to the existence of variation in the parameter analyzed and the use of specific postures that may be associated to the community of practice of teachers (in training or graduates).

Keywords:
community of practice; Libras; phonological variation; sociolinguistics; speech-language pathology

Introdução

A Língua Brasileira de Sinais (Libras), língua dos surdos brasileiros1 1 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, oficializa a Língua Brasileira de Sinais - Libras - a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Posteriormente, a Lei nº 10.436, foi regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso em: 05 de outubro de 2018. , possibilita ao surdo a participação no processo dialógico, a formação de uma identidade, acesso à informação e à educação, bem como a sua constituição como sujeito de linguagem. Essa língua se apresenta na modalidade gesto-visual, sendo composta por sinais manuais e expressões corporais e faciais.

A língua de sinais possui uma gramática própria formada fonologicamente por cinco parâmetros (QUADROS; KARNOOP, 2004QUADROS, Ronice Muller; KARNOPP, Lodenir Backer. 2004. Língua de sinais Brasileira estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed.: 47-80). Os parâmetros fonológicos foram, inicialmente, identificados por Stokoe (1960STOKOE, William. 1960. Sign and Culture: A Reader for Students of American Sign Language. Listok Press: Silver Spring.), linguista americano, que analisou e descreveu a Língua de Sinais Americana. A partir de seus estudos, esse pesquisador pode verificar que as línguas de sinais possuem três parâmetros fonológicos: (1) configuração de mão refere-se às diversas formas que as mãos podem apresentar na execução do sinal; (2) localização remete ao local no corpo ou no espaço neutro (espaço em frente ao próprio corpo) em que o sinal é realizado; e, (3) movimento trata da forma como a(s) mão(s) se desloca(m) durante a execução do sinal (STOKOE, 1960STOKOE, William. 1960. Sign and Culture: A Reader for Students of American Sign Language. Listok Press: Silver Spring. apud XAVIER; BARBOSA, 2014XAVIER, André Nogueira; BARBOSA, Plínio Almeida. 2014. Diferentes pronúncias em uma língua não sonora? Um estudo da variação na produção de sinais da Libras. In: DELTA vol. 30 n. 2. São Paulo, jul./dez. 2014.: 373-5).

Battinson (1978BATTISON, Robbin. 1978. Phonological Deletion in American Sign Language. Sign Language Studies 5. p. 1-19.) e Liddel (1991LIDDELL, Scott K. 1991. Structures for representing handshape and localmovement at the phonemic level. In: FISCHER, S.D.; SIPLE, P. Theoretical Issues in Sign Language Research. vol. 1. Chicago: University of Chicago Press. p. 37-65.) (apud ANDRADE et al., 2015ANDRADE, Wagner Teobaldo Lopes de; HORA, Dermeval da; AGUIAR, Marígia Ana de Moura. 2015. O papel da variável sexo na variação fonológica da Libras. Revista da ABRALIN, v.14, n.1, p. 317-337, jan./jun.: 321), ao analisarem a língua de sinais, observaram a existência de dois novos parâmetros, a orientação da palma da mão e elementos ou marcações não manuais, sendo estes considerados parâmetros secundários da Libras (MENDONÇA, 2012MENDONÇA, Cleomasina Stuart Sanção Silva. 2012. Classificação nominal em Libras: um estudo sobre os chamados classificadores. Dissertação de mestrado - UnB. Brasília.).

As marcações não manuais ou expressões faciais, como são popularmente conhecidas, correspondem a todo movimento corporal adicionado à execução do sinal. É um conjunto de movimentos faciais e corporais que oferecem sentido/entonação ao discurso e/ou item lexical que está sendo executado na língua de sinais (BENASSI; PADILHA, 2015BENASSI, Claudio Alves; PADILHA, Simone de Jesus. 2015. Fonologia da Libras. Os parâmetros e a relação pares mínimos na Libras. Revista Diálogos (RevDia) v. 3, n. 2, jul.,-dez.). Esse parâmetro é essencial para a execução do sinal, pois é através dele que é possível expressar sentimentos, emoções e trazer clareza e significado para a mensagem/discurso.

Os elementos ou marcações não manuais podem ser classificados de duas formas, a saber: afetivos ou gramaticais. Os afetivos são aqueles ligados às expressões que fazemos para demonstrar sentimentos e emoções (tristeza, alegria, raiva...). Os gramaticais são as marcações utilizadas na execução de algum item lexical que não estão relacionados a emoções e sentimentos, mas que são exclusivos da língua de sinais no que se refere aos níveis linguísticos, sendo obrigatórios em determinadas construções (GOMES; BENASSI, 2015GOMES, Liliane Durão; BENASSI, Claudio Alves. 2015. Linguagem corporal e expressão facial aplicada a Língua brasileira de sinais - Libras. Em: Revista Diálogos: linguagens em movimento. Ano III, N. I, jan.-jun.).

Baker-Shenk e Cokely (1983BAKER-SHENK, Charlotte; COKELY, Dennis. 1983. American Sign Language: A teacher’s resource text on grammar and culture. Gallaudet University Press.) e Ferreira Brito e Langevin (1995FERREIRA BRITO, Lucinda; LANGEVIN, R. 1995. Sistema Ferreira Brito-Langevin de Transcrição de sinais. In: FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Babel, 1995.) identificaram uma série de marcações não manuais e definiram que elas ocorrem a partir do movimento da sobrancelha, olhos, bochechas, nariz, lábios, cabeça e tronco, como podemos ver no Quadro 1. Nascimento (2009NASCIMENTO, Sandra Patricia Faria. 2009. Representações lexicais da Língua Brasileira de Sinais. Tese de doutorado UnB. Brasília.) ainda inclui o movimento de língua e arcada dentária, a saber: cerrada, aberta ou batendo os dentes. Esses movimentos não ocorrem de forma isolada, mas de modo simultâneo ao sinal (ARAÚJO, 2013ARAÚJO, Adriana Dias Sambranel de. 2013. As expressões e marcas não manuais na língua de sinais brasileira. Dissertação de mestrado - UnB. Brasília.). Variações nesse parâmetro são observadas quando as marcações são executadas de maneira diferente do padrão ou quando não são executadas, o que confere a neutralidade da expressão (XAVIER; BARBOSA, 2014XAVIER, André Nogueira; BARBOSA, Plínio Almeida. 2014. Diferentes pronúncias em uma língua não sonora? Um estudo da variação na produção de sinais da Libras. In: DELTA vol. 30 n. 2. São Paulo, jul./dez. 2014.).

Quadro 1
Marcações não manuais da Libras

São poucos os trabalhos que abordam a variação fonológica no parâmetro de marcações não manuais (ARAÚJO, 2013ARAÚJO, Adriana Dias Sambranel de. 2013. As expressões e marcas não manuais na língua de sinais brasileira. Dissertação de mestrado - UnB. Brasília.; GOMES; BANASSI, 2015GOMES, Liliane Durão; BENASSI, Claudio Alves. 2015. Linguagem corporal e expressão facial aplicada a Língua brasileira de sinais - Libras. Em: Revista Diálogos: linguagens em movimento. Ano III, N. I, jan.-jun.). Ademais, quando se trata de correlacionar as ocorrências de variação no parâmetro fonológico de marcações não manuais da Libras com a comunidade de prática a qual o sujeito pertence, não são encontrados estudos.

Para a Fonoaudiologia, Linguística e áreas afins é de grande valia conhecer e entender os casos de variação fonológica na Libras, fomentando a discussão e disseminação a respeito da estrutura dessa língua e sua relação com o uso e agrupamentos sociais.

O objetivo desta pesquisa, por conseguinte, foi o de descrever e analisar a variação do parâmetro fonológico de marcações não manuais da Língua Brasileira de Sinais, visando correlacionar essas ocorrências ao enquadro social do sujeito no que se refere à escolaridade e à comunidade de prática a que ele pertence.

Para compreender este fenômeno é necessário entender o funcionamento da Libras, bem como se respaldar em um teoria linguística que permita analisar o dado considerando também os fatores extralinguísticos, como será feito a seguir a partir do aporte da sociolinguística variacionista e os estudos da terceira onda (ECKERT, 2005).

Sociolinguística Variacionista

A teoria da Variação Linguística ou Sociolinguística Variacionista é uma subárea da Linguística, cujo objeto de estudo são as variações e mudanças de uma língua utilizada por uma determinada comunidade de fala, rede social e/ou comunidade de prática (COAN; FREITAG, 2010COAN, Marluce; FREITAG, Raquel. 2010. Domínios de linguagem.Revista Eletrônica de Linguística. Vol. 4, n° 2, 2° sem. ISSN 1980-5799. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem.
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; ECKERT, 2005). Essa teoria busca analisar e descrever uma língua evidenciando de que forma os fatores linguísticos e extralinguísticos são intervenientes no uso linguístico em situações reais de comunicação (SILVA, 2016SILVA, Priscila Rufino da. 2016. A hipercorreção na fala de pastores da cidade de Maceió-AL. 2016. 159 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió.).

Conforme Mollica (1994MOLLICA, Maria Cecilia. 1994. Sociolingüística: conceituação e delimitação. In: MOLLICA, M. C. (Org.). Introdução à Sociolingüística Variacionista. 2. Ed. Rio de Janeiro: UERJ. p. 13-15.: 10), todas as línguas mostram um dinamismo inerente o que as constitui como heterogêneas. A autora comenta que em todas as línguas naturais são encontradas formas distintas que se equivalem semanticamente no nível do vocabulário, da sintaxe e morfossintaxe, do sistema fonético-fonológico e no domínio pragmático-discursivo. Mollica (1994MOLLICA, Maria Cecilia. 1994. Sociolingüística: conceituação e delimitação. In: MOLLICA, M. C. (Org.). Introdução à Sociolingüística Variacionista. 2. Ed. Rio de Janeiro: UERJ. p. 13-15.: 10) afirma que

A linguística volta-se para todas as comunidades com o mesmo interesse científico e a Sociolinguística considera a importância social da linguagem, dos pequenos grupos sócio-culturais a comunidades maiores. Se cada grupo apresentasse comportamento linguístico idêntico, não haveria razão para se ter um olhar sociolinguístico da sociedade.

Os dados encontrados se apresentam de maneira heterogênea, mostrando que existem fatores que extrapolam os elementos internos da língua. Tal observação convoca as pesquisadoras deste artigo a compreender os fenômenos de variação apresentados pelos sujeitos pesquisados a partir do domínio da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008LABOV, William. [1972]2008. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola.[1972]: 29) utilizando para tanto o conceito de comunidade de prática (ECKERT, 2003ECKERT, Penelope. 2003. The meaning of style. Proceedings of the Eleventh Annual Symposium about Language and Society. University of Texas, Austin, 47: 41-53.).

Para Gonçalves (2013GONÇALVES, Sandra Maria Godinho. 2013. As comunidades de fala, as redes sociais e as comunidades de prática: uma reflexão sociolinguística. web-revista sociodialeto. v. 4, n. 11. p. 101-115.Disponível em: www.sociodialeto.com.br.
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), o conceito de comunidade de fala surge na década de 1960, inicialmente utilizado por Labov, contudo o termo se torna amplo para os propósitos e discussões da área. Dessa forma, são propostos novos termos, tais como redes sociais e comunidade de prática, os quais passam a ser utilizados como ferramentas analíticas mais eficazes e adequadas para avaliação do conjunto complexo de relações sociais e aspectos linguísticos. A autora acrescenta ainda que a sociolinguística aborda as características compartilhadas por um grupo de falantes para embasar suas pesquisas, bem como correlaciona os fatores linguísticos e extralinguísticos intervenientes tanto na variação quanto na mudança linguística que está sendo analisada. Assim, a comunidade de fala estabelece as semelhanças e diferenças linguísticas, identificando quais traços linguísticos são compartilhados por seus falantes e quais traços linguísticos os distinguem de outros grupos de falantes (GONÇALVES, 2013GONÇALVES, Sandra Maria Godinho. 2013. As comunidades de fala, as redes sociais e as comunidades de prática: uma reflexão sociolinguística. web-revista sociodialeto. v. 4, n. 11. p. 101-115.Disponível em: www.sociodialeto.com.br.
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), mas não engloba os aspectos relacionados aos engajamentos e práticas sociais que culminam em usos linguísticos específicos e definidores de um grupo.

Delineamentos de uma comunidade de prática na perspectiva sociolinguística e a Libras

Segundo Silva (2016SILVA, Priscila Rufino da. 2016. A hipercorreção na fala de pastores da cidade de Maceió-AL. 2016. 159 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió.), comunidade de prática é o conceito utilizado para denominar membros de um determinado grupo, com propósitos definidos que apresentam o emprego simbólico de traços linguísticos e sociais para um determinado fim. Esse grupo possui características que são utilizadas não apenas dentro da comunidade em convívio com os outros membros, mas fora dela também, como marca desse pertencimento. Tais características vão além do uso da língua e envolvem também a vestimenta, costumes, comportamentos específicos e significativos.

Uma comunidade de prática “é aquela que contém grupos nos quais seus participantes se envolvem em alguma atividade ou empreendimento comum e intenso o suficiente para se criar práticas sociais compartilhadas” (GONÇALVES, 2013GONÇALVES, Sandra Maria Godinho. 2013. As comunidades de fala, as redes sociais e as comunidades de prática: uma reflexão sociolinguística. web-revista sociodialeto. v. 4, n. 11. p. 101-115.Disponível em: www.sociodialeto.com.br.
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: 111, grifo nosso). Diferente de uma comunidade de fala, a comunidade de prática é definida internamente, pois seus membros são suficientemente engajados.

O engajamento mútuo implica em uma interação regular, a qual é a base das relações que possibilitam uma comunidade de prática existir. O empreendimento negociado implica em um objetivo comum, bem como a um envolvimento de relações complexas que constituem a prática da comunidade, permitindo que as contribuições e negociações de seus membros reflitam a compreensão das regras da comunidade. Por fim, o repertório compartilhado são os recursos linguísticos, como, por exemplo, uma terminologia especializada, discursos, rotinas linguísticas, gestos, entre outros, que se tornam parte da comunidade de prática (GONÇALVES, 2013GONÇALVES, Sandra Maria Godinho. 2013. As comunidades de fala, as redes sociais e as comunidades de prática: uma reflexão sociolinguística. web-revista sociodialeto. v. 4, n. 11. p. 101-115.Disponível em: www.sociodialeto.com.br.
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)

Eckert (2003ECKERT, Penelope. 2003. The meaning of style. Proceedings of the Eleventh Annual Symposium about Language and Society. University of Texas, Austin, 47: 41-53.) e Meyerhoff e Holmes (1999MEYERHOFF, Miriam; HOLMES, Janet. 1999. The Community of Practice: Theories and Methodologies in Language and Gender. Language in Society. Vol. 28, n. 2. Research Cambridge University Press.: 174-5), pioneiros nos estudos em sociolinguística abordando o conceito de comunidade de prática, apontam as características desse tipo de agrupamento social:

  1. engajamento mútuo: pode ser relacionado à formação do “eu” e do outro como certo tipo de pessoa. Esse engajamento mútuo permite a negociação de interesses.

  2. negociação de interesses e propósitos: pode ser relacionada ao desenvolvimento de ações e empreendimentos visando ao bem comum. Criando entre os membros da comunidade uma relação de responsabilidade mútua, em que tudo é negociado de forma comum.

  3. troca de repertório entre os membros: são as características comuns aos membros da comunidade, relacionadas aos elementos linguísticos e simbólicos que são utilizados por todos os membros, permitindo ainda que esses membros sejam reconhecidos fora de sua comunidade.

Silva (2016SILVA, Priscila Rufino da. 2016. A hipercorreção na fala de pastores da cidade de Maceió-AL. 2016. 159 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió.) destaca que esses pontos resultam em um determinado uso linguístico característico dessa comunidade, transformando indivíduos comuns em membros de uma comunidade de prática específica, facilmente reconhecidos em suas interações sociais.

Dessarte, para Gonçalves (2013GONÇALVES, Sandra Maria Godinho. 2013. As comunidades de fala, as redes sociais e as comunidades de prática: uma reflexão sociolinguística. web-revista sociodialeto. v. 4, n. 11. p. 101-115.Disponível em: www.sociodialeto.com.br.
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), as comunidades de prática se mostram como ferramentas analíticas mais eficazes para avaliar o conjunto complexo de relações sociais e os aspectos linguísticos nas pesquisas sociolinguísticas.

Após essa discussão, serão apresentadas as etapas e procedimentos metodológicos realizados para possibilitar a constituição do corpus desta pesquisa.

Metodologia

O presente estudo advém de uma pesquisa vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica de uma universidade estadual de Alagoas (PIBIC/ 2017-1018) intitulada “Variações fonológicas na Língua Brasileira de Sinais utilizada por surdos de Maceió-AL: um olhar sociolinguístico”, a qual analisou e descreveu a ocorrência de variações nos parâmetros fonológicos de configuração de mão, localização e movimento correlacionando ao enquadro social do sujeito (idade, sexo e escolaridade). Tratou-se de um estudo2 2 Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética da UNCISAL sob o parecer nº 2.125.610. Todos os sujeitos envolvidos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), bem como o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e a Declaração de Uso de Imagem. qualitativo, transversal, observacional e descritivo. A coleta foi realizada durante os meses de setembro a dezembro de 2017, em três locais distintos: uma escola pública estadual; um centro de atendimento às pessoas com surdez, vinculado à Secretaria de Educação do Estado de Alagoas; e um centro especializado em reabilitação de uma universidade pública estadual.

Os dados a serem apresentados aqui foram concebidos por meio dessa pesquisa inicial, a qual contou com a colaboração de sujeitos surdos que residiam em Maceió-AL com idade a partir de 12 anos, com escolaridade entre o nível fundamental II e o nível superior. Foram excluídos sujeitos surdos que não faziam uso da Libras. Inicialmente, foi proposta uma amostra composta por 20 sujeitos distribuídos em quatro grupos de cinco informantes, contudo isso não foi possível devido a algumas dificuldades3 3 Houve um pequeno decréscimo em virtude de muitos sujeitos convidados não aceitarem realizar a coleta ou não terem disponibilidade para participar devido aos horários disponíveis serem incompatíveis. .

Primeiramente, as pesquisadoras entraram em contato com as instituições escolhidas e com os sujeitos da pesquisa para fazer o convite e agendamento. É importante salientar que a coleta foi realizada individualmente. Nos dias marcados, as pesquisadoras, em algumas ocasiões com a ajuda de um intérprete, explicaram qual objetivo, riscos e benefícios da pesquisa e, em seguida, cada sujeito lia e assinava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e a Declaração de uso de imagem. Em seguida, a coleta de dados era realizada. Como alguns sujeitos tinham idade menor que 18 anos, antes de realizar a coleta foi feita uma reunião com os pais solicitando a sua autorização para que os filhos pudessem participar da pesquisa.

A metodologia dessa pesquisa foi baseada nos procedimentos metodológicos para uma investigação sociolinguística com a Libras realizados por Dizeu (2014DIZEU, Liliane Correia Toscano de Brito. 2014. Procedimentos metodológicos para uma investigação sociolinguística com a língua brasileira de sinais. In: RAQUEL MEISTER KO. FREITAG. Metodologia de Coleta e Manipulação de Dados em Sociolinguística. Editora Blucher. Cap. 5.). Diante disso, para a constituição do corpus deste estudo as pesquisadoras escolheram imagens reais e coloridas de 17 itens lexicais de duas classes semânticas distintas (Animais - cachorro, galinha, macaco, cavalo, tartaruga, sapo, leão, boi, borboleta; e, meios de transporte - bicicleta, moto, caminhão, ônibus, carroça, helicóptero, navio, trem ), as quais foram apresentadas em folha A4 seguindo a mesma sequência. O sujeito era posicionado em frente a uma câmera semiprofissional (SONY/Dsc H-100) apoiada em um tripé, as imagens eram, então, apresentadas pela pesquisadora ao sujeito e, em seguida, ele deveria executar o sinal. Todo o procedimento foi filmado, sendo cada sinal registrado de forma isolada para tornar exequível a análise, totalizando 272 vídeos, cada realização de sinal teve duração de três a oito segundos. Ao término da coleta, os dados foram armazenados em computador para a posterior análise.

Após a análise e discussão dos dados, pode-se notar que outros aspectos se apresentavam, tais como a presença de marcações não manuais e postura corporal diferenciadas, as quais possibilitavam distinguir dois grupos de sujeitos a partir da execução dos sinais. O enigma que extrapolou os objetivos da pesquisa inicial convocou as pesquisadoras para uma nova investigação sobre aspectos sociais relacionados aos usuários da Libras. Assim, utilizando os mesmos dados, após a autorização do CEP da UNCISAL4 4 Sob o parecer de número 2.721.763 , foi proposta uma segunda pesquisa “Marcações não manuais na Língua Brasileira de Sinais utilizada em Maceió: delineamentos de uma comunidade de prática”.

Para realizar essa nova análise, foi feito um recorte da amostra inicial, totalizando, desta feita, 16 sujeitos, sendo estratificados da seguinte forma:

  • GRUPO 1: 8 sujeitos com formação em licenciatura, sendo dois graduados em Pedagogia, um graduado em Letras/Libras, e, cinco graduandos em Letras/Libras.

  • GRUPO 2: 8 sujeitos, sendo sete em fase escolar (fundamental II) e um graduado em Direito.

Para a análise, os vídeos de todos os itens foram assistidos e comparados com o sinal padrão observando a existência de variações nos parâmetros primários. Ao fim da análise, apenas o sinal para o item lexical ‘cachorro’ foi escolhido5 5 Apenas esse item foi escolhido por ser produzido por todos os sujeitos, não apresentando variação nos parâmetros primários de movimentação, localização e configuração de mão, o que permitiu visualizar as diferenças entre as marcações não manuais, bem como as características pertencentes à comunidade de prática. para a análise do parâmetro primário de marcações não manuais, todos os vídeos desse item lexical foram assistidos e descritos com base na proposta de ordenação das expressões apresentada por Nascimento (2009NASCIMENTO, Sandra Patricia Faria. 2009. Representações lexicais da Língua Brasileira de Sinais. Tese de doutorado UnB. Brasília.), Baker-Shenk e Cokely (1983BAKER-SHENK, Charlotte; COKELY, Dennis. 1983. American Sign Language: A teacher’s resource text on grammar and culture. Gallaudet University Press.), e Ferreira Brito e Langevin (1995FERREIRA BRITO, Lucinda; LANGEVIN, R. 1995. Sistema Ferreira Brito-Langevin de Transcrição de sinais. In: FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Babel, 1995.) descritos na introdução deste artigo. Foram observados os movimentos de sobrancelha, olhos, boca, cabeça e tronco. Este foram comparados ao sinal padrão descrito no Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.)6 6 Este exemplar foi utilizado pela facilidade de acesso tanto para as pesquisadoras deste artigo quanto para os sujeitos da pesquisa, sendo, portanto uma fonte de consulta para eventual dúvida. Ademais, a versão mais atual foi lançada em 2017, no mesmo ano em que iniciamos a pesquisa, até o momento que antecedeu esta publicação esta é uma versão de difícil acesso para as pesquisadoras e para os sujeitos da pesquisa. a fim de identificar as possíveis variações. Por fim, essas variações foram correlacionadas ao enquadro social do sujeito no que diz respeito à escolaridade e à profissão, conforme a estratificação realizada.

Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Os sujeitos do grupo 1 são surdos, com idade entre 25 e 35 anos, quatro mulheres e quatro homens. Destes, apenas uma mulher e dois homens têm nível superior (Letras/Libras e Pedagogia), os outros cinco sujeitos estão em formação, todos graduandos do curso de Letras/Libras na mesma universidade, o que demonstra que possuem uma formação profissional comum entre eles possibilitando troca de repertório linguístico e negociação de interesses e práticas comuns. Esses sujeitos costumam se reunir frequentemente em eventos promovidos pela Associação dos Surdos de Alagoas (ASAL) ou encontros casuais, são engajados na luta pelo uso e ensino da Libras, demonstrando bastante interesse em participar da pesquisa uma vez que concebem que haverá fomento de novas discussões e consequente aumento no que tange aos estudos sobre a Libras.

Os sujeitos do grupo 2 são surdos com idade entre 13 e 30 anos, quatro mulheres e quatro homens. Destes, sete estão no nível fundamental II (entre 6º e 9º ano) da mesma escola, e um possui graduação em Direito, porém trabalha como auxiliar administrativo. Os sujeitos que estão cursando o nível fundamental estão juntos diariamente na escola, compartilham a rotina de estudo e engajamento mútuo, enquanto o sujeito graduado em Direito não faz parte da rotina deles, mas apresenta repertório linguístico semelhante no que diz respeito às marcações não manuais. Não apresentam negociação de interesses e práticas uma vez que estes sujeitos parecem não refletir a respeito do uso da língua.

Resultados e Discussão

Esta seção iniciará com a apresentação da descrição do sinal padrão proposta por Capovilla e Raphael (2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.: 333), na sequência, serão demonstradas as marcações não manuais realizadas pelos informantes durante a realização do sinal ‘cachorro’ e as variações encontradas.

Marcações não manuais do sinal ‘cachorro’, segundo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.: 333)

A descrição do sinal para o item lexical ‘cachorro’ proposta por Capovilla e Raphael (2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.: 333), conforme imagem a seguir, apresenta as marcações não manuais previstas, a saber: “[o sujeito está] batendo rapidamente a língua entre os lábios, com a boca semiaberta”.

Ao observar a ilustração do dicionário (fig. 1), é notório que há um destaque para o desenho das sobrancelhas, no entanto, esse aspecto não foi descrito pelos autores. Isso pode ser afirmado após comparar com as demais ilustrações do dicionário, nas quais as sobrancelhas se apresentam com expressões suaves, como mostra a figura 2.

Figura 1
Sinal ‘cachorro’.

Figura 2
Sinal ‘mastigar’.

Outro aspecto que também chama atenção ao se observar a imagem da figura 1 é o fato de a ilustração ser apresentada numa perspectiva lateral. Esse, com certeza, não é um aspecto que se define como uma marcação não manual, porém não deve ser ignorado pelos pesquisadores. Apesar de essas observações permitirem enxergar o que está além do que é descrito pelos autores, as análises realizadas utilizaram exatamente o que é mencionado na descrição para o sinal ‘cachorro’, como proposto na metodologia desta pesquisa para identificar as possíveis variações encontradas no corpus.

Marcações não manuais encontradas na execução do sinal ‘cachorro’ por sujeitos surdos de Maceió-AL

Serão apresentadas a seguir as marcações não manuais encontradas após a análise das imagens dos 16 informantes distribuídos em dois grupos: GRUPO 1 (oito sujeitos, dois com graduação em Pedagogia, um em Letras/Libras, e, cinco cursando Letras/ Libras); GRUPO 2 (oito sujeitos, sendo sete cursando o ensino fundamental II e um formado em Direito).

Ao utilizar a descrição do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.) como referência padrão para a análise dos dados, pode-se observar que tanto os sujeitos do GRUPO 1 (G1) quanto os do GRUPO 2 (G2) não apresentaram as marcações não manuais descritas, o que indica a existência de variação neste elemento entre os sujeitos desta pesquisa. Desta feita, serão descritas as marcações não manuais encontradas.

Movimento de sobrancelha

Foi verificado o movimento de sobrancelhas levantadas. Segundo Araújo (2013ARAÚJO, Adriana Dias Sambranel de. 2013. As expressões e marcas não manuais na língua de sinais brasileira. Dissertação de mestrado - UnB. Brasília.), esse tipo de movimento/marcação pode indicar espanto ou admiração. No entanto, tal definição não parece contemplar o que, de fato, essa marcação acrescenta ao sinal ‘cachorro’.

O levantamento de sobrancelhas foi realizado por três informantes do G1 e por nenhum informante do G2, como é ilustrado, por exemplo, nas figuras 3 e 4.

Figura 3
Movimento de sobrancelhas (GRUPO 1).

Figura 4
Ausência do movimento de sobrancelhas (GRUPO 2).

Na figura 3, fica evidenciado que a marcação de sobrancelhas levantadas é realizada pelo sujeito do G1 de forma simultânea à realização do sinal analisado, enquanto que o informante do G2 as mantém em repouso. Os dados apontam para a variação desta marcação no parâmetro não manual de movimento de sobrancelhas no sinal ‘cachorro’, quando comparados ao sinal padrão, e entre o G1 e o G2.

Movimento de olhos

O movimento de olhos na Libras serve, como afirma Araújo (2013ARAÚJO, Adriana Dias Sambranel de. 2013. As expressões e marcas não manuais na língua de sinais brasileira. Dissertação de mestrado - UnB. Brasília.), para indicar surpresa ou como marca intensificadora. A autora comenta ainda que a marcação de olhos arregalados simultânea ao arqueamento serve também como marca intensificadora da mensagem de espanto expressa pelo sujeito.

Foi verificado nos dados o movimento de olhos do tipo arregalados em três informantes do G1 (fig. 5) e, igualmente a marcação anterior, não houve nenhum registro dessa realização no G2 (fig. 6). Notou-se, na figura 5 7 7 Apesar dos sujeitos terem assinado Declaração de uso de imagem, utilizamos tarjas para salvaguardar a sua identidade, com exceção dos casos em que precisamos mostrar o rosto totalmente para evidenciarmos as marcações não manuais. , que essa marcação acontece de forma simultânea ao arqueamento das sobrancelhas.

Figura 5
Movimento de olhos (GRUPO 1).

Figura 6
Ausência de movimento de olhos (GRUPO 2).

Do mesmo modo, os dados indicam a presença de variação, pois essa marcação no parâmetro não manual de movimento de olhos está presente na realização do sinal ‘cachorro’ feita por sujeitos pertencentes a uma profissão específica, enquanto que, na descrição padrão desse sinal, e na execução feita pelos sujeitos do G2, ela não é realizada.

Movimento da boca

O movimento da boca foi apresentado de duas maneiras, com os lábios contraídos e projetados (bico), tanto pelos sujeitos do G1, quanto pelos sujeitos do G2, como pode ser visto nas figuras 7 e 8; e os lábios articulando a palavra (cachorro) em português, conforme a figura 9. A marcação de boca em bico foi encontrada em 5 informantes, enquanto a boca articulada foi utilizada por quatro sujeitos do G1.

Figura 7
Movimento de boca bico (GRUPO 1).

Figura 8
Movimento de boca bico (GRUPO 2).

Figura 9
Movimento de boca articulada (GRUPO 1).

Segundo Araújo (2013ARAÚJO, Adriana Dias Sambranel de. 2013. As expressões e marcas não manuais na língua de sinais brasileira. Dissertação de mestrado - UnB. Brasília.), o movimento de bico (figs. 7 e 8) indica o grau diminutivo, enquanto a articulação da palavra em português é utilizada para não deixar dúvidas quanto ao sinal que está sendo executado.

Quanto ao movimento de boca de lábios contraídos e projetados (bico), não há como recuperar a intenção dos sujeitos ao realizar o sinal e saber se eles queriam passar a ideia de diminutivo (cachorrinho). O que pode ser inferido é que a ilustração apresentada (fig. 10) durante a coleta dos dados não era de um cachorro filhote, o que poderia induzir o uso do diminutivo na execução do sinal.

Figura 10
Imagem utilizada na coleta de dados

Uma hipótese possível seria a de que movimento de lábios contraídos e projetados é a forma predominante que é visualizada quando se articula/fala a palavra ‘cachorro’ em português. O que chama a atenção, independentemente da intenção/motivação, é o número de ocorrências do fenômeno. Dos 16 informantes, apenas um (G1) não realizou essa marcação de boca ao realizar o sinal ‘cachorro’. Dessarte, há a hipótese de que o movimento de boca de lábios contraídos e projetados (bico) presente no sinal ‘cachorro’ realizado pelos sujeitos do G1 e G2 é uma variação, pois essa marcação é diferente da descrita no sinal padrão (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.: 333). Da mesma forma, pode-se inferir que esse movimento não seria uma marca distintiva entre os sujeitos de ambos os grupos, posto ser produzido tanto pelo G1 quanto pelo G2.

Movimentos produzidos pelos membros da comunidade de prática de graduandos e graduados em licenciatura

Ao descrever e analisar os dados, pode-se observar que alguns movimentos não fazem parte das marcações não manuais. Esses movimentos mostraram-se restritos apenas ao G1. O que pode indicar que não são aleatórios para esse grupo, que possui características de comunidade de prática, devido ao compartilhamento de repertório linguístico (ECKERT, 2003ECKERT, Penelope. 2003. The meaning of style. Proceedings of the Eleventh Annual Symposium about Language and Society. University of Texas, Austin, 47: 41-53.). O repertório compartilhado pelos sujeitos do G1 são gestos que, como afirma Gonçalves (2013GONÇALVES, Sandra Maria Godinho. 2013. As comunidades de fala, as redes sociais e as comunidades de prática: uma reflexão sociolinguística. web-revista sociodialeto. v. 4, n. 11. p. 101-115.Disponível em: www.sociodialeto.com.br.
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), se tornam pertencentes ao repertório desta comunidade de prática. Retomando a discussão de Eckert (2003ECKERT, Penelope. 2003. The meaning of style. Proceedings of the Eleventh Annual Symposium about Language and Society. University of Texas, Austin, 47: 41-53.), a troca de repertório entre os membros atrela a eles características comuns aos participantes de uma comunidade de prática, desse modo é possível que esses membros possam ser identificados fora de sua comunidade, devido à adoção dessas práticas.

Mudança de postura

Os movimentos de inclinação de cabeça para o lado e de tronco para frente apresentados, respectivamente, nas figuras 11 e 12, são realizados juntamente com o sinal ‘cachorro’, no entanto, não fazem parte do sinal padrão (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.: 333), tampouco eles possuem alguma relação com as características do animal. Eles parecem ser utilizados como uma tentativa de permitir ao interlocutor uma melhor visualização do sinal. É notória a preocupação de apresentar o sinal em sua totalidade, ou seja, permitir que os parâmetros fonológicos primários (configuração manual, movimento e ponto de articulação) sejam perfeitamente percebidos durante toda a execução do sinal.

Figura 11
Inclinação de cabeça para o lado (GRUPO1).

Figura 12
Tronco para frente (GRUPO 1).

Figura 13
Não há mudança de postura (GRUPO 2).

Os movimentos realizados nas figuras 11 e 12 foram observados apenas no G1. O que reforça a hipótese os sujeitos que cursam ou são formados nos cursos de Pedagogia e Letras/Libras fazem parte de uma comunidade de prática, visto que assumem uma postura que os identifica como tal ao se preocupar com a nitidez do movimento, postura essa muito comum entre professores.

A atitude semelhante pode ser vista na ilustração (fig. 1) do sinal ‘cachorro’ que consta no Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001CAPOVILLA, Fernando César; RAFHAEL, Walkiria Duarte. 2001. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Vol 2 - São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. p. 1519-1546.: 333), a qual é apresentada numa perspectiva lateral. Como foi alertado no início deste artigo, não se pode ignorar essa observação. O sinal ‘cachorro’, ao ser ensinado, precisa ser mostrado de um ângulo diferente, que possibilite identificar a configuração manual, o local no corpo onde o sinal é articulado, bem como o movimento realizado. O usuário comum da Libras realiza esse sinal sem que seja necessário inclinar a cabeça para o lado ou o tronco para frente, como faz o sujeito do G2 na figura 12. Assim, o Dicionário descreve o sinal da forma como ele deve ser realizado, porém o ilustra da forma como melhor pode ser compreendido visualmente.

Mãos em repouso

Foi observado, durante a análise dos dados, que ao concluir o sinal os integrantes do G1 apresentaram uma postura de mãos em posição formal, conforme é demonstrado na figura 14, enquanto que os informantes do G2 apresentaram uma postura informal, mais relaxada, como pode ser visto na figura 15.

Figura 14
Mãos em repouso (GRUPO 1).

Figura 15
Mãos em repouso (GRUPO 2).

A postura da figura 14 se mostrou frequente nos informantes da comunidade de prática formada por professores (formados e em formação). De acordo com Gesser (2011GESSER, Audrei. 2011. Tradução e interpretação da Libras II. Material didático desenvolvido para o curso Letras Libras na modalidade a distância. UFSC.), o código de ética dos tradutores e intérpretes de Libras defende que deve existir uma boa postura durante a interpretação e/ou tradução.

Ter postura quanto ao local da atuação. Não sentar em cima de uma mesa, ou escorar-se em parede para traduzir ou ficar em uma posição desvantajosa para o surdo ou para o ouvinte. Se não souber, pergunte ao surdo.

Ser discreto em sua forma de atuar. Não mastigar chicletes nem usar roupas e adereços que distraem os que dependem dele não chamando a atenção para si mesmo dificultando a interpretação (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2004Secretaria de Educação Especial. 2004. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília: MEC; SEESP. 94 p. Disponível em: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/tradutorlibras.pdf . Acesso em: 07. out. 2018.
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/...
: 40, grifo nosso).

Tal postura é comumente observada em mídias ou locais onde há intérpretes atuando, como também em vídeos produzidos por e para surdos. Apesar de não existir uma normativa que especifique a posição das mãos em repouso durante uma situação formal em que a Libras é utilizada, percebe-se que há um comportamento comum aos membros que possuem formação em Pedagogia e em Letras/Libras, como, por exemplo, a imagem da figura 16 de um vídeo produzido pela Universidade Federal de Santa Catarina intitulado “Estudo preliminar Enem Libras”. Nesse vídeo, o sinalizador aparece em posição de repouso com a mesma postura da informante na figura 14.

Figura 16
Mãos em repouso.

Em um vídeo produzido para oferecer “10 dicas para um bom vídeo em Libras” (Tradução e Interpretação em Língua de Sinais - Libras/Português -TILSP/UFSCAR, 2017), a sétima dica diz “Esteja à vontade, mas nem tanto. Sua postura é muito importante”, a oitava dica adverte “Calma, calma! Não se movimente mais que o necessário”.

Essa postura utilizada pelos professores denota uma característica particular que os filia enquanto comunidade de prática, posto que se trata de um repertório compartilhado entre esses profissionais. Neste artigo, esse repertório compartilhado diz respeito à propagação da postura desejada em uma situação formal, a qual os diferencia em sua prática profissional.

Correlações Sociolinguísticas

No sinal estudado, as marcações encontradas são definidas como gramaticais uma vez que trazem informação gramatical ao sinal. Contudo, não houve a ocorrência de marcações de cunho afetivo.

Gomes e Benassi (2015GOMES, Liliane Durão; BENASSI, Claudio Alves. 2015. Linguagem corporal e expressão facial aplicada a Língua brasileira de sinais - Libras. Em: Revista Diálogos: linguagens em movimento. Ano III, N. I, jan.-jun.) afirmam que não há uma regra a ser seguida para a execução das marcações não manuais, elas acontecem de acordo com o que o sujeito deseja expressar em determinada situação, cada pessoa reagindo de seu modo. Não obstante, no presente estudo, observamos que os sujeitos realizam igualmente os parâmetros fonológicos primários de movimento, configuração de mão e localização, com acréscimo, na maioria das execuções do G1, de marcadores não manuais que necessariamente não correspondiam com as motivações apontadas pela literatura. Assim, marcações não manuais apontam para a distinção e estratificação de dois grupos baseados em características linguísticas correspondentes a uma profissão determinada (BALTAR; CERUTTI-RIZATTI; ZANDOMENEGO, 2011BALTAR, Marcos; CERUTTI-RIZZATTI, Mary Elizabeth; ZANDOMENEGO, Diva. 2011. Leitura e Produção Textual Acadêmica I. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC.).

Esses grupos assumem uma postura diferente entre si no que se refere ao uso da língua essencialmente no parâmetro de expressão facial e corporal devido ao uso de marcações não manuais específicas e semelhantes somente entre os membros desses grupos. O que, conforme Eckert (2003ECKERT, Penelope. 2003. The meaning of style. Proceedings of the Eleventh Annual Symposium about Language and Society. University of Texas, Austin, 47: 41-53.), configura a troca de repertório linguístico entre esses membros e o delineamento de uma comunidade de prática entre eles.

A troca de repertório no G1, que representa uma comunidade de prática, é caracterizada também pela vestimenta, usos linguísticos, postura durante a execução do sinal e preocupação com o entendimento do que está sendo passado.

É possível observar ainda que os sujeitos do G2 apresentam uma expressão facial neutra, sem realizar movimento de sobrancelhas, olhos ou boca, enquanto os sujeitos do G1 mostram muitas marcações faciais e até incrementam algumas outras marcações, possivelmente, para se fazer melhor entendidos e/ou ensinar como realizar o sinal, prática esta comum a sua profissão.

Vale ressaltar que foi possível observar a troca de repertório e práticas próprias da profissão entre os membros. Durante as gravações dos vídeos, os sujeitos do G1 mostraram claramente a preocupação com a postura, vestimenta e usos linguísticos. Fato interessante ocorreu durante a coleta de dados de um sujeito deste grupo que ao perceber que seria filmado mostrou desconforto por se apresentar usando uma camisa estampada, diante disso, perguntou se precisaria colocar uma camisa lisa explicando para a pesquisadora que a estampa da camisa poderia atrapalhar a visualização do sinal.

Segundo o manual “Gravações de materiais em Libras” (SIMIÃO, 2017SIMIÃO, Julianny Dantas (org.). 2017. Gravação de materiais em LIBRAS na SEDIS/UFRN. Natal: EDUFRN. Disponível em: <Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/22344 >. Acesso em: 03 out. 2018.
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), existem alguns parâmetros técnicos que devem ser seguidos para gravação de vídeos em Libras no que se refere ao vestuário e aparência do sujeito gravado. Com relação à roupa, deve ser usada blusa de cor única, sem estampas, com caimento adequado, sem decotes ou outros detalhes, com manga longa ou por manga três-quartos. No que se refere aos cabelos, estes devem ter a mínima interferência sobre a face; quanto ao uso de maquiagem e acessórios, esses devem ser os mais neutros e discretos. É possível afirmar que os sujeitos do G1 se mostraram mais preocupados em seguir regras como essas, além de apresentarem uma postura diferente diante da câmera quando comparados ao G2.

Esses achados apontam a existência de uma comunidade de prática (ECKERT, 2003ECKERT, Penelope. 2003. The meaning of style. Proceedings of the Eleventh Annual Symposium about Language and Society. University of Texas, Austin, 47: 41-53.) formada pelos sujeitos do G1. O destaque é dado pelo requinte que o sinal foi executado, por ser um grupo formado por professores e futuros professores de Libras, por mostrarem-se cuidadosos ao realizar o sinal, apresentando-o com clareza.

A atitude diante da pesquisadora e do contexto da coleta revela a comunidade de prática a que pertencem, visto que, enquanto professores, o objetivo principal é ensinar e fazer o interlocutor entender o que está sendo passado (BALTAR; CERUTTI-RIZATTI; ZANDOMENEGO, 2011BALTAR, Marcos; CERUTTI-RIZZATTI, Mary Elizabeth; ZANDOMENEGO, Diva. 2011. Leitura e Produção Textual Acadêmica I. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC.). Os sujeitos do G1 que ainda estão na condição de estudantes moldam seu discurso/práticas/usos com o objetivo de equiparar-se ao grupo que desejam fazer parte, desta forma, assumem o mesmo posicionamento dos membros graduados já consolidados nesta comunidade (SILVA, 2016SILVA, Priscila Rufino da. 2016. A hipercorreção na fala de pastores da cidade de Maceió-AL. 2016. 159 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió.), adotando práticas profissionais por meio da troca de repertório linguístico, podendo ser facilmente reconhecidos quando utilizam a Libras, consoante ao que ocorreu durante a coleta de dados desta pesquisa.

Considerações Finais

Diante dos resultados obtidos, é possível concluir que as variações no parâmetro de marcações não manuais, bem como os movimentos encontrados na comunidade formada por graduados ou graduandos em Letras/Libras ou Pedagogia G1 apontam para um pertencimento a uma comunidade de prática específica. Essa percepção é evidenciada por meio da troca de repertório linguístico comum entre os membros, no que tange ao uso de marcações não manuais, mudança de postura e mãos em repouso. Essas marcações, portanto, não são aleatórias como indica a literatura da área.

A regulamentação da profissão de intérprete e tradutor de Libras, bem como a formação superior do professor de Libras (Letras/Libras) pode ter impulsionando a construção da identidade dessa comunidade de prática, o que demonstra a necessidade de novas pesquisas que possam corroborar os achados deste trabalho.

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  • 1
    Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, oficializa a Língua Brasileira de Sinais - Libras - a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Posteriormente, a Lei nº 10.436, foi regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005PLANALTO DO GOVERNO. Decreto nº 5.626. Disponível em: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm . Acesso em: 07 out. 2018.
    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_at...
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  • 2
    Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética da UNCISAL sob o parecer nº 2.125.610. Todos os sujeitos envolvidos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), bem como o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e a Declaração de Uso de Imagem.
  • 3
    Houve um pequeno decréscimo em virtude de muitos sujeitos convidados não aceitarem realizar a coleta ou não terem disponibilidade para participar devido aos horários disponíveis serem incompatíveis.
  • 4
    Sob o parecer de número 2.721.763
  • 5
    Apenas esse item foi escolhido por ser produzido por todos os sujeitos, não apresentando variação nos parâmetros primários de movimentação, localização e configuração de mão, o que permitiu visualizar as diferenças entre as marcações não manuais, bem como as características pertencentes à comunidade de prática.
  • 6
    Este exemplar foi utilizado pela facilidade de acesso tanto para as pesquisadoras deste artigo quanto para os sujeitos da pesquisa, sendo, portanto uma fonte de consulta para eventual dúvida. Ademais, a versão mais atual foi lançada em 2017, no mesmo ano em que iniciamos a pesquisa, até o momento que antecedeu esta publicação esta é uma versão de difícil acesso para as pesquisadoras e para os sujeitos da pesquisa.
  • 7
    Apesar dos sujeitos terem assinado Declaração de uso de imagem, utilizamos tarjas para salvaguardar a sua identidade, com exceção dos casos em que precisamos mostrar o rosto totalmente para evidenciarmos as marcações não manuais.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    06 Ago 2019
  • Aceito
    25 Jan 2020
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