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Educação e Pesquisa

A Educação é um instrumento imprescindível para que o indivíduo possa reconhecer a si próprio como agente ativo na modificação da mentalidade de seu grupo e ser promotor dos ideais humanos [...] (NUNES; SOUZA, 2013NUNES, M. L. R. L.; SOUZA, J. P. (2013). Cadernos de educação em direitos humanos: educação e direitos humanos: diretrizes nacionais. Brasília, DF: Secretaria de Direitos Humanos; 2013.).

Em 1993, o professor Carlos Alberto Serpa de Oliveira, presidente da Fundação Cesgranrio, no editorial da primeira revista Ensaio, afirmava a pertinência da criação de uma revista que antecipasse e contribuísse para o debate acerca da Educação a nível nacional e internacional (OLIVEIRA, 1993OLIVEIRA, C. A. S. Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 1, n. 1, p. 3, 1993.). Com este pensamento, a Fundação Cesgranrio criou a revista Ensaio. Com um caráter inovador, desde o princípio, a Ensaio estava destinada a ser um espaço plural e permanente para a comunidade de atores da educação – professores, pesquisadores, especialistas e alunos – comunicar, dialogar, debater e publicar seus ensaios e pesquisas.

Assim, desde os seus primórdios, a Ensaio tem procurado antever e colaborar para a discussão sobre o tema, pois entende que esta repercussão é fundamental na busca de soluções para a Educação no Brasil.

No edital número um, o Professor Serpa referia as preocupações governamentais com a qualidade da Educação e com as mudanças que estavam sendo implementadas no início da década de 1990 (OLIVEIRA, 1993OLIVEIRA, C. A. S. Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 1, n. 1, p. 3, 1993.). Hoje, quando a Ensaio chega ao seu 100º número, continuamos discutindo nossas preocupações com as novas diretrizes que, em breve, mudarão a Educação no Brasil.

Nós, da área da Educação, concordamos que inúmeros são os desafios neste e nos próximos anos. Tais desafios precisam ser superados por meio de projetos e diretrizes voltadas para o bem comum, afinal, há um consenso de que a Educação é algo indispensável em toda e qualquer sociedade que atingiu certo grau de desenvolvimento. Sabemos que o que será conservado e transmitido para as futuras gerações e o que precisa ser mudado, para acompanhar as transformações ocorridas na dinâmica da própria sociedade, é algo profundamente problemático, que precisa ser compreendido, analisado, debatido, definido e difundido cuidadosamente (JAEGER, 1989JAEGER, W. Paidéia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1989.). Mudanças na Educação são necessárias, mas, para surtirem o efeito desejado, precisam de discussão e amadurecimento por parte do governo e da sociedade. Isso porque entendemos a Educação como um agente modificador de mentalidades e promotor dos ideais humanos.

Inserida nesta agenda de debates sobre a Educação, a Ensaio, desde o princípio, tem contribuído com a comunidade acadêmica, divulgando pesquisas, concentrando-se nas questões de avaliação e políticas públicas (IVENICKI, 2018IVENICKI, A. Diversidade e controle: dilemas da avaliação e do currículo? Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 26, n. 99, p. 249-56, abr./jun. 2018. https://doi.org/10.1590/s0104-40362018002609901
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), enfatizando as experiências e perspectivas brasileiras, sem, contudo, descuidar-se das experiências dos outros países.

“Pluralidade é a linha pela qual a Ensaio se pautou desde sempre” (DIAS, 2017DIAS, E. Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 25, n. 94, p. 1-6, jan./mar. 2017. https://doi.org/10.1590/s0104-403620170001000011
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), linha esta que reflete a missão da revista no que diz respeito à promoção e ao intercâmbio acadêmico, no âmbito nacional e internacional, em que as vivências e as experiências de outros espaços auxiliam na compreensão do nosso contexto educacional. A Ensaio sempre buscou publicar artigos que procurem compreender a complexa e múltipla realidade educacional brasileira, tendo em vista sermos um país de dimensões continentais, com culturas e desenvolvimentos tão distintos de Norte a Sul, sem, contudo, desprezar as experiências de outras realidades que não a nossa. Por isso procuramos publicar artigos oriundos das Américas (do Sul, Central e do Norte), da Europa Ocidental e Oriental, da África e da Ásia.

Nesta terceira edição de 2018, a revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação apresenta roupagem especial. Para marcar seu número 100, quisemos presentear os nossos leitores com uma gama maior de artigos. Os artigos se subdividem, principalmente, em dois campos: Ensino Superior e Educação Básica – da Educação Infantil ao Ensino Médio. Escolhemos 30 artigos que discutem de forma profunda temas de grande relevância para o contexto educacional em nosso país.

No âmbito do Ensino Superior, são tratados assuntos como evasão escolar, formação de professores, educação de surdos em institutos federais, aprendizagem, sistemas de cotas, praxis pedagógica transformadora e organização e gestão universitária em países da América Latina.

No campo da Educação Básica, os autores discutem violência escolar, educação integral, alfabetização de adultos, plano de ações articuladas nos municípios, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), distribuição de professores e rendimento de alunos em um país africano e em políticas públicas no Brasil, Portugal e países da América do Sul.

A Ensaio continua fiel à sua missão, empenhada na difusão do conhecimento científico na área da Educação, priorizando a publicação de pesquisas – documentais, bibliográficas, estudos de caso e estudos de campo – preferencialmente financiadas por agências de fomento. Mais de 90% dos artigos são constituídos por pesquisas qualitativas ou quantitativas e, deste total, 50% são pesquisas financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Fundação de Amparo à Pesquisa de Estados Brasileiros, Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT-Governo de Portugal) ou pelo Programa Erasmus (Comunidade Europeia). Por toda esta pluralidade e pelo cumprimento dos critérios da CAPES, que nos avalia, fomos reconhecidos mais uma vez como uma revista de excelência na área da Educação (BARATA, 2016BARATA, R. C. B. Dez coisas que você deveria saber sobre o Qualis. Revista Brasileira de Pós-graduação, v.13, n. 30, p. 13-40, 2016. https://doi.org/10.21713/2358-2332.2016.v13.947
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), e mantivemos o conceito A1 na última avaliação da CAPES, no quadriênio 2013-2016.

Em concordância com Paulo Freire (2003)FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25. ed.. São Paulo, SP: Paz e Terra; 2003., em “Pedagogia da Autonomia”, acreditamos que a educação reforça a capacidade crítica do indivíduo. Por isso, continuamos empenhados em publicar pesquisas relevantes na nossa área – da avaliação e das políticas públicas – e em estimular a transformação positiva da área da Educação através do debate acadêmico.

Capacidade crítica, debate e difusão do conhecimento se coadunam com a nossa compreensão de qual é o papel da Educação: o de possibilitar a construção da cidadania e a formação dos sujeitos, cientes de seus deveres e conscientes de suas responsabilidades, na defesa e promoção dos direitos humanos, reforçando a capacidade crítica e promovendo a execução de mudanças na sociedade (JAEGER, 1989JAEGER, W. Paidéia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1989.).

Apesar dos desafios, reconhecemos que as mudanças na Educação do nosso país, em todos os níveis, são necessárias e esperadas e estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento da própria sociedade. A Ensaio espera contribuir para o debate nas questões de avaliação e políticas públicas em Educação, através das pesquisas que publica ininterruptamente desde 1993, ano em que a revista Ensaio número 1 foi lançada pela Fundação Cesgranrio, passando pela revista de número 100, que agora publicamos, e permanecendo assim por todas as nossas edições vindouras que, a depender de nosso empenho, serão muitas mais.

Referências

  • BARATA, R. C. B. Dez coisas que você deveria saber sobre o Qualis. Revista Brasileira de Pós-graduação, v.13, n. 30, p. 13-40, 2016. https://doi.org/10.21713/2358-2332.2016.v13.947
    » https://doi.org/10.21713/2358-2332.2016.v13.947
  • DIAS, E. Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 25, n. 94, p. 1-6, jan./mar. 2017. https://doi.org/10.1590/s0104-403620170001000011
    » https://doi.org/10.1590/s0104-403620170001000011
  • FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25. ed.. São Paulo, SP: Paz e Terra; 2003.
  • IVENICKI, A. Diversidade e controle: dilemas da avaliação e do currículo? Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 26, n. 99, p. 249-56, abr./jun. 2018. https://doi.org/10.1590/s0104-40362018002609901
    » https://doi.org/10.1590/s0104-40362018002609901
  • JAEGER, W. Paidéia 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1989.
  • NUNES, M. L. R. L.; SOUZA, J. P. (2013). Cadernos de educação em direitos humanos: educação e direitos humanos: diretrizes nacionais. Brasília, DF: Secretaria de Direitos Humanos; 2013.
  • OLIVEIRA, C. A. S. Editorial. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 1, n. 1, p. 3, 1993.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2018
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