Resolução colaborativa de problemas: resultados brasileiros no Pisa

A resolução colaborativa de problemas (RCP) é uma competência de extrema relevância na sociedade moderna e uma das mais valorizadas neste século. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) foi a primeira avaliação em larga escala a incluir a resolução de problemas em sua matriz de referência. Esse estudo preliminar se restringe aos resultados publicados nos relatórios oficiais do Programa. Aqui, especificamente, discutimos esses resultados à luz da literatura de referência, bem como descrevemos o conceito de RCP no Pisa 2015. O Brasil, dentre os 52 países participantes, ocupou a 51ª posição nas habilidades relacionadas à RCP, ficando no Nível 1 da escala de desempenho. O status socioeconômico, a variação nas escolas e o gênero relacionam-se, positivamente, com o desempenho brasileiro em RCP.

Resolução Colaborativa de Problemas; Avaliação em Larga-Escala; Pisa; Brasil; Estudo Comparativo

Processos de Resolução de Problemas	Processos de colaboração

	(1) Estabelecer e manter entendimento compartilhado	(2) Tomar medidas adequadas para resolver o problema	(3) Estabelecer e manter a organização da equipe
(A) Explorar e entender	(A1) Descobrir perspectivas e habilidades dos membros da equipe	(A2) Descobrir o tipo de interação colaborativa para a resolução do problema, assim como os objetivos	A3) Entender o papel de cada membro da equipe para a resolução do problema
(B) Representar e formular	(B1) Construir uma representação compartilhada e negociar o significado do problema (interesse comum)	(B2) Identificar e descrever as tarefas a serem completadas	(B3) Descrever os papéis e a organização da equipe (protocolo de comunicação/regras de comprometimento)
(C) Planejar e executar	(C1) Comunicar-se com os membros da equipe sobre as ações realizadas	(C2) Estabelecer planos	(C3) Seguir as regras de comprometimento (ex.: motivar outros membros da equipe a realizar suas tarefas)
(D) Monitorar e refletir	(D1) Monitorar e restabelecer o entendimento compartilhado	D2) Monitorar os resultados das ações e avaliar o sucesso da resolução do problema	(D3) Monitorar, fornecer feedback e adaptar a organização e os papéis da equipe

Intervalo de médias	Países cujo desempenho médio é significativamente mais alto do que o da OCDE	Países cujo desempenho médio não é significativamente diferente da média da OCDE	Países cujo desempenho médio é significativamente mais baixo do que o da OCDE
561 - 509	Cingapura, Japão, Hong Kong/China, Coreia, Canadá, Estônia, Finlândia, Macau/China, Nova Zelândia, Austrália, Taipei, Alemanha, USA, Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Suécia, Áustria
502 - 496		Noruega, Eslovênia, Bélgica, Irlanda, República Tcheca, Portugal, Espanha, Pequim/China
494 - 382			França, Luxemburgo, Letônia, Itália, Rússia, Croácia, Hungria, Israel, Lituânia, Eslováquia, Grécia, Chile, Chipre, Bulgária, Uruguai, Costa Rica, Tailândia, Emirados Árabes, México, Colômbia, Turquia, Peru, Montenegro, Brasil, Tunísia

Níveis de proficiência	Brasil	OCDE	Capacidades esperadas dos alunos
Abaixo do Nível 1	21,2	5,7	-
Nível 1	43,0	22,4	Os alunos são capazes de resolver apenas problemas de baixa complexidade e limitada colaboração e, embora tendam a focar no seu papel individual, quando apoiados por outros membros do grupo, podem ajudar a encontrar soluções para problemas simples.
Nível 2	27,7	36,2	Os alunos podem contribuir para um esforço colaborativo em resolver um problema de dificuldade média. Eles podem ajudar a resolver um problema, comunicando-se com os membros da equipe sobre as ações a serem executadas. Eles podem oferecer informações não solicitadas especificamente por outro membro da equipe. Os alunos do Nível 2 entendem que nem todos os membros da equipe têm as mesmas informações e podem considerar diferentes perspectivas em suas interações. Eles podem ajudar a equipe a estabelecer um entendimento compartilhado das etapas necessárias para resolver um problema. Esses alunos podem solicitar informações adicionais necessárias para resolver um problema e solicitar acordo ou confirmação dos membros da equipe sobre a abordagem a ser adotada. Os alunos próximos ao Nível 2 podem tomar a iniciativa de sugerir um próximo passo lógico ou propor uma nova abordagem para resolver um problema.
Nível 3	7,5	27,8	Os alunos podem concluir tarefas com requisitos complexos de solução de problemas ou demandas complexas de colaboração. Podem executar tarefas em várias etapas que exigem a integração de diversas informações, geralmente em problemas complexos e dinâmicos. Eles orquestram as funções dentro da equipe e identificam as informações necessárias para determinados membros da equipe resolverem o problema. Os alunos do Nível 3 podem reconhecer as informações necessárias para resolver um problema, solicitá-las ao membro da equipe apropriado e identificar quando as informações fornecidas estão incorretas. Quando surgem conflitos, eles podem ajudar os membros da equipe a negociar uma solução.
Nível 4	0,6	7,9	Os alunos podem realizar tarefas complicadas de solução de problemas com alta complexidade de colaboração com êxito. Podem resolver problemas complexos com várias restrições, mantendo em mente as informações relevantes. Esses alunos mantêm uma consciência da dinâmica do grupo e tomam ações para garantir que os membros da equipe ajam de acordo com as funções acordadas. Ao mesmo tempo, eles podem monitorar o progresso em direção a uma solução e identificar obstáculos a serem superados ou lacunas a serem preenchidas. Os alunos do Nível 4 tomam iniciativa e realizam ações ou fazem solicitações para superar obstáculos e resolver desacordos e conflitos. Eles podem equilibrar os aspectos de colaboração e solução de problemas de uma tarefa apresentada, identificar caminhos eficientes para uma solução e tomar ações para resolver o problema em questão.

	Temas Centrais

	Ciências	Leitura	Matemática
Brasil	0,75	0,73	0,65
OCDE	0,77	0,74	0,73

	Resolução Colaborativa de Problemas	Ciências	Leitura	Matemática
Brasil	17,1%	23,3%	18,7%	23,8%
OCDE	15,2%	22,8%	21,9%	22,6%

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E-mail: ensaio@cesgranrio.org.br

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[1] Informações sobre as autoras

Andriele Ferreira Muri Leite: Professora Adjunta do Departamento de Educação do Campo da Universidade Federal de Rondônia. Pós-Doutorado em Medidas e Avaliação Educacional na Universidade de Montreal, Canadá. Contato: andrielemuri@unir.br

Patrícia Ferreira Miranda: Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Rondônia. Acadêmica do Programa de Doutorado Profissional em Educação Escolar pela mesma instituição. Contato: patricia.ferreira@unir.br

Nathalie Loye: Professora Titular do Departamento de Administração e Fundamentos da Educação da Faculdade de Ciências da Educação, na Universidade de Montreal, Canadá. Contato: nathalie.loye@umontreal.ca

Brasil

Brasil

Resolução colaborativa de problemas: resultados brasileiros no Pisa * * Pesquisa realizada com auxílio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Collaborative problem-solving: brazilian results in PISA

Resolución colaborativa de problemas: resultados brasileños en Pisa

Resumo

Resolução colaborativa de problemas: resultados brasileiros no Pisa ^* * Pesquisa realizada com auxílio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.