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Influência parental no desporto: a percepção de pais e jovens atletas portugueses

Parental influence in sport: the perceptions of Portuguese parents and young athletes

Resumos

Este trabalho avalia a influência parental no desporto, a partir da análise da percepção de 205 pais e 213 jovens atletas. Para tal, aplicou-se um protocolo de avaliação com os seguintes instrumentos: Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto, Questionário de Orientação Motivacional para o Desporto e Escala de Avaliação Cognitiva da Competição: Percepção de Ameaça e Desafio. No caso dos atletas, encontraram-se diferenças na avaliação dos pais em função do gênero, escalão desportivo e resultados desportivos obtidos. De igual modo, os atletas avaliaram de forma diferente os pais quando se referiram ao pai e à mãe, separadamente. No que toca aos pais, observaram-se diferenças entre pais de rapazes e de moças, entre pais mais novos e mais velhos e entre pais mais ou menos escolarizados. Assim, pode-se concluir que existem diferenças no modo como é exercida a influência parental, devendo esse aspecto merecer a atenção dos agentes desportivos e da investigação futura.

Atletas; Motivação; Pais; Percepção


This work analyses parental influence in sport, based on an analysis of perception in 205 parents and 213 young athletes. The evaluation protocol comprised three measures: The Parental Behaviours in Sport Questionnaire, Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire and the Cognitive Evaluation of Competition Scale: Perceptions of Threats and Challenges. In the case of the athletes, we found differences in the evaluation of the parents according to the sex of the athletes, their level of prowess and the sporting results achieved. Similarly, we found differences in the athletes' evaluations of their fathers and mothers. In the case of parents, we found differences between parents of boys and girls, between younger and older parents and between parents with different academic backgrounds. In conclusion, this study showed that parental influence differs according to certain personal and sporting characteristics of the athletes and parents and this fact should be examined by agents in the sphere of sport and in future research.

Atletes; Motivation; Parents; Perception


ARTIGOS ARTICLES

António Rui Gomes

Universidade do Minho, Escola de Psicologia. Campus de Gualtar, 4710-057, Braga, Portugal. E-mail: <rgomes@psi.uminho.pt>

RESUMO

Este trabalho avalia a influência parental no desporto, a partir da análise da percepção de 205 pais e 213 jovens atletas. Para tal, aplicou-se um protocolo de avaliação com os seguintes instrumentos: Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto, Questionário de Orientação Motivacional para o Desporto e Escala de Avaliação Cognitiva da Competição: Percepção de Ameaça e Desafio. No caso dos atletas, encontraram-se diferenças na avaliação dos pais em função do gênero, escalão desportivo e resultados desportivos obtidos. De igual modo, os atletas avaliaram de forma diferente os pais quando se referiram ao pai e à mãe, separadamente. No que toca aos pais, observaram-se diferenças entre pais de rapazes e de moças, entre pais mais novos e mais velhos e entre pais mais ou menos escolarizados. Assim, pode-se concluir que existem diferenças no modo como é exercida a influência parental, devendo esse aspecto merecer a atenção dos agentes desportivos e da investigação futura.

Unitermos: Atletas. Motivação. Pais. Percepção.

ABSTRACT

This work analyses parental influence in sport, based on an analysis of perception in 205 parents and 213 young athletes. The evaluation protocol comprised three measures: The Parental Behaviours in Sport Questionnaire, Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire and the Cognitive Evaluation of Competition Scale: Perceptions of Threats and Challenges. In the case of the athletes, we found differences in the evaluation of the parents according to the sex of the athletes, their level of prowess and the sporting results achieved. Similarly, we found differences in the athletes' evaluations of their fathers and mothers. In the case of parents, we found differences between parents of boys and girls, between younger and older parents and between parents with different academic backgrounds. In conclusion, this study showed that parental influence differs according to certain personal and sporting characteristics of the athletes and parents and this fact should be examined by agents in the sphere of sport and in future research.

Uniterms: Atletes. Motivation. Parents. Perception.

A influência parental nas atividades desportivas dos filhos é um tema que tem merecido a atenção dos estudiosos, resultando a ideia de que o desenvolvimento das capacidades desportivas dos atletas tem uma relação com os aspectos familiares que os rodeiam (Lally & Kerr, 2008). Aliás, muitas vezes, são os próprios pais que influenciam os filhos e os introduzem em contextos desportivos organizados, constituindo esta uma das principais fontes de recrutamento de crianças e jovens para os clubes (Côté, 1999). Alguns dos dados produzidos reforçam a ideia de que os pais podem promover efeitos positivos em diferentes domínios do desenvolvimento dos filhos, como, por exemplo, na autoestima, na percepção de competência, nos sentimentos de realização, na autoeficácia, na sensação de prazer e diversão na prática desportiva, na orientação motivacional positiva frente ao desporto etc. (Côté & Hay, 2002).

Outro aspecto interessante é que o envolvimento dos pais no desporto tende a aumentar quando os filhos apresentam potencialidades acima do habitual ou progridem para níveis de rendimento superiores, tornando-se peritos nas respectivas modalidades (Bloom, 1985; Snyder & Purdy, 1982).

No entanto, os efeitos parentais não se reduzem aos aspectos positivos, existindo igualmente investigações que alertam para as consequências nefastas de algumas atitudes dos pais no desenvolvimento e bem—estar dos filhos. Na literatura, alguns resultados têm descrito problemas relacionados com stress nos jovens, percepções pessoais negativas, falta de motivação para a prática desportiva, o que pode culminar no abandono dos desportos (Brustad, 1996; Gould, Eklund, Petlichkoff, Peterson & Bump, 1991; Gould, Wilson, Tuffey & Lochbaum, 1993; Kanters & Casper, 2008; Smith & Smoll, 1996).

Essa dupla influência dos familiares dos atletas é referenciada na literatura como um "efeito paradoxal", uma vez que tanto se pode assistir a formas positivas de interação entre pais e filhos, como a problemas no modo como a criança ou o jovem reage às experiências desportivas.

É nesse sentido que este estudo pode ser entendido, procurando clarificar a natureza da relação entre pais e filhos, tendo por base a atividade desportiva. Esse tipo de trabalho justifica-se, segundo Fredricks e Eccles (2005), por ser necessário analisar qual o verdadeiro impacto dos pais na percepção de competência e sistema de valores dos filhos. Na prática, isto significa que, para além da importância de observar as interações entre pais e filhos, é fundamental compreender as consequências dessa relação noutras dimensões psicológicas. No seguimento desta lógica, optou-se por incluir neste estudo duas medidas psicológicas (e.g., orientação motivacional e percepção de ameaça/desafio), em conjunto com um instrumento de avaliação dos comportamentos parentais.

Desse ponto de vista, procurou-se estudar a relação entre os comportamentos assumidos pelos pais e o tipo de orientação motivacional dos filhos na prática desportiva, e até que ponto a competição seria mais ou menos sentida como ameaçadora ou desafiante para os atletas.

Curiosamente, a utilização conjunta dessas três variáveis (e.g., comportamentos parentais, orientação motivacional e percepção de ameaça/desafio) no estudo das relações familiares no desporto não é muito frequente, apesar da importância que cada uma delas representa na literatura.

Assim, optou-se por incluir neste trabalho uma medida de orientação motivacional, com base na abordagem da realização dos objetivos, a qual postula que a motivação é condicionada pelo tipo de objetivo que a pessoa formula, assim como pelo clima motivacional que a rodeia (Ames, 1992; Duda & Hall, 2001; Nicholls, 1984; White, 2007).

De acordo com o modelo, pode-se efetuar uma distinção entre indivíduos mais centrados no ego (ou no rendimento) e, inversamente, mais centrados na execução da tarefa (ou na maestria). No primeiro caso, as pessoas valorizam essencialmente as comparações sociais do seu nível de rendimento e os resultados finais alcançados, enquanto, no segundo grupo, as pessoas tendem a assumir como critérios de sucesso a progressão na execução das tarefas e a melhoria constante ao longo do tempo.

Essas duas tendências pessoais de ver o mundo e avaliar o rendimento pessoal têm sido estudadas no contexto desportivo. De um modo geral, a orientação motivacional para a tarefa tem sido associada a maiores níveis de prazer, satisfação e interesse intrínseco pela atividade desportiva (Duda, Chi, Newton, Walling & Catley, 1995; Ntoumanis & Biddle, 1999; Papaioannou, Ampatzoglo, Kalogianni & Sagovits, 2008). Já a orientação motivacional para o ego aparece relacionada com uma maior tendência dos atletas para acreditar que o sucesso no desporto depende da demonstração de maior capacidade relativamente aos outros, bem como da possível utilização de técnicas deceptivas (e.g., enganar, iludir etc.) (Duda & Nicholls, 1992; Roberts, Treasure & Kavussanu, 1996). Nesse mesmo sentido, Hall e Kerr (1997) verificaram que a orientação para o ego era um preditor de ansiedade cognitiva pré-competitiva em jovens atletas de esgrima. De igual modo, Hall, Kerr e Matthews (1998) investigaram a relação entre a orientação motivacional e a tendência para o perfeccionismo e verificaram que os atletas mais centrados no ego, apesar de também valorizarem moderadamente a execução das tarefas, tendiam a referir maior preocupação com os erros cometidos e com as críticas parentais.

Nesse sentido, este estudo assume a necessidade de estudar as relações entre os comportamentos parentais e a orientação motivacional tomada pelos atletas. Paralelamente, introduziu-se uma modificação no instrumento avaliatório de orientação motivacional, no sentido de torná-lo aplicável aos próprios pais, buscando verificar a mesma associação estudada nos atletas, ou seja, a relação entre os comportamentos que os pais assumem frente à prática desportiva dos filhos e o tipo de aspectos que apreciam no fato de estes praticarem desporto organizado (e.g., orientação motivacional).

Finalmente, a inclusão de uma medida de percepção de ameaça/desafio justificou-se pelo fato de a formação desportiva representar um contexto de socialização que pode promover experiências tanto positivas quanto negativas. Com efeito, as indicações da literatura enfatizam que a participação dos jovens no desporto pode associar-se a várias vantagens do ponto de vista físico (melhoria e aprendizagem de competências técnicas e motoras, melhoria da saúde e forma física etc.) e psicossocial (desenvolvimento da competência de liderança, autodisciplina, cooperação, fair play etc.) (Smith & Smoll, 1996). No entanto, alguns autores têm reforçado a ideia de que a pressão parental e o receio por parte dos atletas quanto às avaliações dos adultos acerca do seu desempenho desportivo contribuem para um aumento dos níveis de ansiedade estado e traço (Brustad, 1988; Passer, 1983; Scanlan & Lewthwaite, 1984). Esse processo pode resultar numa maior tendência dos jovens a avaliar como ameaçadoras as situações desportivas, como as competições. Dada a relevância dessas indicações, optou-se neste estudo por incluir uma medida de avaliação cognitiva acerca do modo como os atletas percebem a competição desportiva.

Em síntese, esta investigação colocou em conjunto três variáveis pouco relacionadas pela literatura (comportamentos parentais, orientação motivacional e percepção de ameaça/desafio), enfatizando não só a perspectiva dos atletas mas também a dos pais. A análise desse tipo de relações foi efetuada a partir do desenvolvimento de novas metodologias de avaliação (e.g, questionário de comportamentos parentais), tentando assim colmatar as lacunas e problemas referidos anteriormente. Em termos mais concretos, o estudo realizado pretendeu atingir os seguintes objetivos:

a) contribuir para a validação de instrumentos de avaliação centrados na análise dos comportamentos parentais, da orientação motivacional e da percepção de ameaça/desafio, observando a sua relevância e adequação no contexto das relações familiares na formação desportiva;

b) analisar a prevalência e as associações entre as variáveis em estudo (e.g., comportamentos parentais, orientação motivacional e percepção de ameaça/desafio), tanto na perspectiva dos atletas como dos pais;

c) examinar a influência das variáveis pessoais e desportivas dos atletas na percepção dos comportamentos parentais, na orientação motivacional e na percepção de ameaça/desafio;

d) analisar a influência das variáveis pessoais, escolares e desportivas dos pais na percepção dos comportamentos parentais e na orientação motivacional.

Método

Participantes

Participaram deste estudo 205 pais e 213 atletas federados nas respectivas modalidades. No que concerne aos pais, 127 (62,6%) tinham filhos do gênero masculino e 76 (37,4%) do feminino. A idade dos pais variou entre 32 e 58 anos (Média - M=43,9; Desvio-Padrão - DP=5,0) e a das mães entre 29 e 56 anos (M=42,0; DP=4,8). Na distribuição por tipo de modalidade, 178 (88,1%) tinham filhos praticantes de desportos coletivos e 24 (11,9%) tinham filhos incluídos em modalidades individuais. Em termos de escalão desportivo, os pais tinham filhos nos seguintes níveis: 42 (21,3%) nos infantis, 56 (28,4%) nos iniciados, 68 (34,5%) nos juvenis/cadetes e 31 (15,7%) nos juniores.

No que se refere aos atletas, 168 (78,9%) eram do gênero masculino e 45 (21,1%) eram do feminino. A idade dos participantes variou entre 11 e 18 anos (M=14,1; DP=1,8), com tempo de atividade entre 1 e 13 anos (M=4,1; DP=2,4). Quanto ao tipo de modalidade praticada, esta foi majoritariamente coletiva (n=195,92%), seguida das individuais (n=17,8%). A distribuição por escalões desportivos foi a seguinte: infantis com 52 (24,6%), iniciados com 56 (26,5%), juvenis/cadetes com 70 (33,2%) e juniores com 33 (15,6%). As provas disputadas tinham majoritariamente caráter regional (n=125, 62,8%), seguidas das nacionais (n=58, 29,1%), internacionais (n=9, 4,5%) e de outro formato competitivo (n=7, 3,5%). Mais de metade dos participantes (n=105, 58,3%) tinham sido campeões regionais, enquanto 8 tinham sido campeões nacionais (4,4%).

Instrumentos

Foi aplicado a todos os participantes um amplo questionário, constituído por vários instrumentos de avaliação psicológica, constantes de Questionário Demográfico, Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto (QCPD), Questionário de Orientação Motivacional para o Desporto (QOMD) e Escala de Avaliação Cognitiva da Competição: Percepção de Ameaça e Desafio (EACC-PA/PD).

Questionário Demográfico foi aplicado em duas versões, para pais e para atletas.

Na versão para os pais, recolheram-se informações acerca de sua identificação pessoal e escolar (idade e habilitações literárias) bem como da dos filhos (gênero, modalidade praticada, clube e escalão de formação). Adicionalmente, foi solicitada a autoria pelo preenchimento do questionário.

Na versão para os atletas, além das variáveis pessoais e escolares (gênero, idade, ano escolar e eventuais reprovações), foram recolhidos dados acerca do percurso desportivo (clube, modalidade, títulos obtidos, escalão de formação e provas disputadas).

Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto (QCPD) foi também aplicado em duas versões, para pais e para atletas.

Trata-se de um instrumento desenvolvido por Gomes e Zão (2007), com o objetivo de analisar a forma como os atletas e pais avaliam seu relacionamento, tendo por base a prática desportiva.

Na versão para os pais, o instrumento foi constituído por 24 itens, distribuídos em quatro dimensões: (I) apoio e interesse pela atividade desportiva: demonstração de ajuda e satisfação pela atividade desportiva dos filhos, bem como manifestação de apoio diante de eventuais maus resultados; (II) influência técnica e desportiva: tendência dos pais a fornecer conselhos ou sugestões sobre a forma como os filhos podem melhorar as competências técnicas e sobre o modo como devem treinar e/ou competir; (III) reações negativas frente a situações competitivas: respostas negativas dos pais diante de situações de competição desfavoráveis (ex: maus resultados desportivos), bem como acerca das decisões tomadas por outros agentes desportivos (ex: treinador e árbitros); e (IV) expectativas quanto ao futuro: manifestação de expectativas positivas quanto ao futuro desportivo dos filhos, valorizando a possibilidade de virem a ser futuros atletas da modalidade em causa.

Quanto aos atletas, foi proposta a utilização do instrumento em duas versões idênticas, mas divididas, de modo que pudessem avaliar separadamente o pai e a mãe. Foram aplicados dois protocolos do QCPD, com 26 itens distribuídos por quatro áreas. As três primeiras dimensões são iguais à da versão para os pais, acrescida da verificação de acompanhamento desportivo, destinada a avaliar o apoio instrumental e concreto dado pelos pais à atividade desportiva dos filhos, por meio de sua presença efetiva nos treinos e competições. Ambas as versões do instrumento propõem uma distribuição dos itens em cinco tipos de respostas, variando entre 1 (nunca) e 5 (sempre) e calculando-se os valores de cada subescala através da soma e respectiva divisão pelo número de itens.

Questionário de Orientação Motivacional para o Desporto (QOMD) foi também aplicado em duas versões, para pais e para atletas.

O instrumento é uma versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa por Cruz e Matos (1997), a partir do Task and Ego Orientation Questionnaire (TEOSQ), desenvolvido por Duda (1992) e Duda e Whitehead (1998). O instrumento pretende avaliar a orientação motivacional para a tarefa e para o ego em contextos desportivos, tendo por base o modelo motivacional de Nicholls (1984).

Nesse sentido, na versão para os atletas solicitou—se que indicassem o grau de acordo ou desacordo com cada uma das afirmações, tendo por base os sentimentos de serem "bem sucedidos e com êxito" em diversas situações desportivas.

Para efeitos do presente estudo, adaptou-se a versão do instrumento para os pais, questionando-os acerca daquilo que valorizam e consideram "ser bem sucedido e ter êxito" na modalidade. Os itens foram mantidos iguais ao da versão para os atletas, efetuando—se apenas pequenas alterações de linguagem, no sentido de ajustá-la à dos pais.

Em ambas as versões, o instrumento constituiu—se de treze itens, que refletem uma orientação motivacional para a tarefa e para o ego. Assim sendo, os itens do instrumento encontram-se distribuídos por duas subescalas: (I) orientação para a tarefa: valorização pelo atleta (e pelos pais) de sua capacidade para desenvolver novas competências desportivas, procurando atingir cada vez melhores níveis de rendimento e desempenho na modalidade em causa; (II) orientação para o ego: valorização pelo atleta (e pelos pais) de sua capacidade para obter níveis de desempenho superiores ao dos colegas de equipe, bem como para ocultar capacidade inferior.

Atletas e pais responderam a cada item optando por uma alternativa, numa escala tipo Likert de cinco pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). O QOMD foi cotado calculando um escore médio para cada subescala, dividindo a soma dos valores pelo número total de itens de cada uma das subescalas. Desse modo, a medida e amplitude da orientação motivacional para a tarefa ou para o ego pode variar entre um máximo de 5 (elevada) e um mínimo de 1 (baixa).

A escala de Avaliação Cognitiva da Competição: Percepção de Ameaça e Desafio (EACC-PA/PD) foi aplicado apenas na versão para atletas.

Trata-se de uma escala desenvolvida por Cruz (1996), destinada a avaliar o estilo geral de avaliação cognitiva primária ou, por outras palavras, a analisar "o que está em jogo" na competição desportiva, na perspectiva de cada atleta, e que os leva a experienciarem stress e ansiedade na alta competição (Lazarus, 1991; Lazarus & Folkman, 1984).

Na versão original, a escala inclui oito itens, tendo sido adicionados, para efeitos do presente estudo, dois itens nesta dimensão. Além disso, foi desenvolvida uma nova subescala de oito itens, designada "percepção—desafio", com o objetivo de observar até que ponto os atletas percebem a competição desportiva como positiva e desafiadora, representando uma oportunidade para pôr à prova suas capacidades desportivas (ex: procurar testar os "limites" das capacidades durante as competições).

Assim, a versão final da escala foi representada por dezoito itens, respondidos num formato tipo Likert de cinco pontos, entre 1 (não se aplica) e 5 (aplica-se muito), sendo possível extrair dois escores (percepção de ameaça e percepção de desafio) que resultam da soma dos itens de cada uma das dimensões e da respectiva divisão pelo número de itens que as constituem. Nesse sentido, valores mais elevados refletem a tendência dos atletas de perceber a competição desportiva como mais ameaçadora e desafiante.

Procedimentos

O Questionário que englobava os instrumentos referidos foi distribuído aos atletas e respectivos pais. O Questionário trazia anexa uma carta de apresentação dirigida aos participantes, esclarecendo os objetivos e implicações da investigação e assegurando o caráter voluntário da participação. No caso dos atletas, foi ainda solicitada a autorização dos respectivos pais para a participação no estudo. No sentido de garantir a confidencialidade e o anonimato dos dados recolhidos, foi fornecido a todos os inquiridos um envelope no qual introduziam o questionário preenchido, que deveria ser posteriormente devolvido, devidamente fechado. A entrega e a recolha dos questionários foram efetuadas pessoalmente. A abertura dos envelopes foi sempre da única e exclusiva responsabilidade dos investigadores responsáveis pelo estudo, de forma a garantir a confidencialidade dos dados. Todos os participantes que desejavam saber os resultados do estudo preencheram os seus dados numa das seções do protocolo de avaliação, sendo-lhes posteriormente entregues os respectivos resultados, pessoalmente ou por correio.

Resultados

Características psicométricas dos instrumentos utilizados

O tratamento e a análise estatística dos dados foram efetuados no programa SPSS (versão 15.0 para Windows) e incluiu vários procedimentos que serão explicados ao longo desta parte do trabalho.

Os três questionários foram submetidos a análises fatoriais, com o método de de componentes principais, estabelecendo-se previamente os seguintes critérios para a definição dos fatores finais: (I) saturação igual ou superior a 0,40 de cada item no fator hipotético e apenas num único fator; (II) aceitação de solução fatorial final que explicasse pelo menos 50% da variância total; (III) existência de coerência entre a solução fatorial e os itens que constituem cada um dos fatores e (IV) constituição de cada fator por, no mínimo, dois itens (Hair, Anderson, Tatham & Black, 1995; Tabachnick & Fidell, 2000). Em todos os instrumentos procedeu-se a uma análise fatorial de componentes principais, sem pré—definição do número de fatores, através da rotação ortogonal (procedimento varimax), com normalização de Kaiser (eigenvalue igual ou superior a 1).

No Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto (versão para os atletas), foram testados os dois protocolos (avaliação do pai e da mãe). Começando pela versão destinada a avaliar o pai, foi confirmada a estrutura dos quatro fatores, que explicaram 71,9% da variância total. Esta "solução" teve por base um valor de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) de 0,879 e um resultado significativo no teste de esferacidade de Barlett (2.416,138, df 171, p=0,000). A versão final ficou representada por dezenove itens, tendo sido eliminados sete por não cumprirem os critérios estabelecidos. Os valores de Alpha de Cronbach foram muito aceitáveis em todos os fatores (apoio e interesse pela atividade desportiva com 0,90, influência técnica e desportiva com 0,77, reações negativas frente a situações competitivas com 0,88 e acompanhamento desportivo com 0,91). Convém referir que escores superiores a 0,70 devem ser entendidos como valores aceitáveis de consistência interna (Tabachnick & Fidell, 2000).

No que se refere à versão dos atletas destinada a avaliar a mãe, encontrou-se também uma estrutura de quatro fatores, explicadora de 72,3% da variância. Essa estrutura fatorial teve por base um valor de KMO (Kaiser—Meyer-Olkin) de 0,853 e um resultado significativo no teste de esferacidade de Barlett (2.047,269, df 136, p=0,000). A versão final ficou representada por dezessete itens, tendo sido eliminados nove por não cumprirem os critérios estabelecidos. Os valores de Alpha de Cronbach foram muito aceitáveis em todos os fatores (apoio e interesse pela atividade desportiva com 0,88, influência técnica e desportiva com 0,76, reações negativas frente a situações competitivas com 0,90 e acompanhamento desportivo com 0,91).

A versão do QCPD destinada aos pais apontou a "solução" esperada de quatro fatores, explicando-se 65,5% da variância total. O valor de KMO (Kaiser-Meyer—Olkin) foi de 0,828 com um resultado significativo no teste de esferacidade de Barlett (1541,727, df 153, p=0,000). Os valores de Alpha de Cronbach foram muito aceitáveis em todos os fatores (apoio e interesse pela atividade desportiva com 0,81, influência técnica e desportiva com 0,88, reações negativas frente a situações competitivas com 0,87 e expectativas quanto ao futuro com 0,81).

Quanto ao questionário de orientação motivacional (QOMD), versão para atletas, obteve-se a estrutura prevista de dois fatores, explicadores de 56,5% da variância. Esse resultado teve por base um valor de KMO (Kaiser—Meyer-Olkin) de 0,815 e um resultado significativo no teste de esferacidade de Barlett (965,781, df 66, p=0,000). A análise final implicou, no entanto, a eliminação de um dos itens. Os valores de Alpha de Cronbach foram de 0,79 na orientação para a tarefa e 0,88 na orientação para o ego.

A versão para os pais do QOMD apresentou também os dois fatores originais, obtendo-se 58,2% de variância explicada. Esse resultado teve por base um valor de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) de 0,834 e um resultado significativo no teste de esferacidade de Barlett (1132,638, df 78, p=0,000). Nesse caso foram mantidos os treze itens da escala, com valores muito aceitáveis de Alpha de Cronbach (0,82 na orientação para a tarefa e 0,90 na orientação para o ego).

Finalmente, a escala de avaliação cognitiva apresentou os dois fatores antecipados, explicando 51,5% da variância total. Tal análise teve por base um valor de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) de 0,776 e um resultado significativo no teste de esferacidade de Barlett (498,133, df 45,0 p=0,000). No entanto, foram apenas considerados dez dos dezoito itens iniciais, por não cumprirem os pressupostos estabelecidos, principalmente em termos de saturação nos fatores previstos e/ou dupla saturação. Os valores de Alpha de Cronbach foram ajustados para as duas subescalas (0,75 para a percepção de ameaça e 0,73 para a percepção de desafio).

Estatísticas descritivas e associações entre as variáveis em estudo

A observação dos valores médios obtidos pelos atletas nos vários instrumentos de avaliação permitiu verificar, no caso do QCPD-atletas, a mesma ordenação nos quatro fatores: (I) apoio e interesse pela atividade desportiva (versão para avaliar o pai com M=4,13, DP=0,91 e versão para avaliar a mãe com M=3,6, DP=1,01); (II) acompanhamento desportivo (versão para avaliar o pai com M=3,36, DP=1,27 e versão para avaliar a mãe com M=2,69, DP=1,25); (III) influência técnica e desportiva (versão para avaliar o pai com M=2,79, DP=1,05 e versão para avaliar a mãe com M=2,37, DP=1,16); e (IV) reações negativas frente a situações competitivas (versão para avaliar o pai com M=2,19, DP=1,08 e versão para avaliar a mãe com M=1,87, DP=1,01).

Na versão do QCPD destinada aos pais, observou—se uma distribuição de valores semelhante aos obtidos na dos atletas: (i) apoio e interesse pela atividade desportiva (M=4,50, DP=0,59); (ii) influência técnica e desportiva (M=3,06, DP=1,10); (iii) expectativas quanto ao futuro (M=2,79, DP=1,02); e (iv) reações negativas frente a situações competitivas (M=1,95, DP=0,95).

No que se refere ao QOMD, também se observou uma congruência entre os dados dos atletas e dos pais, uma vez que a dimensão mais valorizada foi a orientação para a tarefa (M=4,30, DP=.60 nos atletas e M=4,04, DP=0,71 nos pais), seguindo-se a orientação para o ego (M=3,01, DP=1,08 nos atletas e M=2,44, DP=1,02 nos pais).

Na última escala considerada, a EACC-PA/PD, a percepção de desafio foi a faceta prevalente (M=4,01, DP=0,70), quando comparada com a percepção de ameaça (M=3,12, DP=1,15).

Quanto às associações entre as variáveis em estudo, estas foram analisadas através do cálculo dos coeficientes de correlação de Pearson.

Começando pelos dados dos pais, observaram—se correlações positivas e significativas (valores de p<0,01 a p<0,001) entre todas as dimensões do QCPD, de modo que o aumento em uma das facetas do instrumento implicou também aumento nas demais. A única exceção foi a relação entre o apoio e interesse pela atividade desportiva e as reações negativas frente a situações competitivas, em que não se verificou qualquer associação significativa. Já os valores da orientação para o ego foram significativos (p<0,001) na relação com três dimensões do QCPD, sendo a única exceção o apoio e interesse pela atividade desportiva, que não obteve valores de relevo estatístico. De igual modo, a orientação para a tarefa registrou valores significativos com três dimensões do QCPD (p<0,001), exceto a subescala das reações negativas frente a situações desportivas.

No que concerne aos dados dos atletas, alguns aspectos devem ser realçados. O QCPD, na versão para avaliar o pai e a mãe, apresentou associações positivas entre os quatro fatores (valores entre p<0,01 e p<0,001). Quanto às associações entre as dimensões do QCPD (versão para avaliar a mãe) e o QOMD/TEOSQ, verificaram-se, em geral, associações positivas entre todas as dimensões (p<0,01 e p<0,05), excetuados dois casos em que os valores não foram significativos: a relação entre o apoio e interesse pela atividade desportiva e a orientação para o ego, e entre as reações negativas frente a situações competitivas e a orientação para a tarefa.

No caso da versão para os pais, esses valores também não foram significativos nas situações: relação entre o apoio e interesse pela atividade desportiva e a orientação para o ego; entre a influência técnica e a orientação para o ego; entre as reações negativas frente a situações competitivas e a orientação para o ego; e entre o acompanhamento desportivo e a orientação para a tarefa e para o ego. De registrar, ainda, uma associação significativa de caráter negativo entre as reações negativas frente a situações competitivas e a orientação para a tarefa (p<0,05).

No que se refere às associações com a EACC-PA/PD, é de registrar que aumentos da influência técnica e desportiva (p<0,05) e das reações negativas frente à competição desportiva (p<0,01) pelas mães significaram maiores níveis percepção de ameaça nos atletas. Pelo contrário, maiores níveis de apoio, influência técnica e acompanhamento desportivo (p<0,01 em todos os casos) significaram maior percepção de desafio. Um aspecto curioso foi o fato de não se terem registrado relações significativas entre as dimensões do QCPD (versão para avaliar os pais) e as duas subescalas da EACC-PA/PD.

Por último, é ainda de assinalar que níveis mais elevados de orientação para a tarefa significaram maiores níveis de percepção de desafio (p<0,01), enquanto a orientação para o ego se correlacionou positivamente tanto com a percepção de ameaça quanto com a percepção de desafio (p<0,01).

Diferenças entre grupos nas dimensões avaliadas

Tendo em vista a análise das diferenças nas variáveis psicológicas centrais deste estudo (comportamentos parentais, orientação motivacional e percepção de ameaça/desafio), efetuaram-se t testes para amostras independentes e análises de variância One-way (ANOVA), seguidas de comparações post hoc com o teste de Scheffé.

Assim sendo, e começando pelos resultados dos atletas, foram constituídos quatro agrupamentos de comparação, divididos por gênero (rapazes e moças), por resultado desportivo (com e sem título regional/nacional), por escalão de formação (infantis, iniciados, juvenis e juniores) e de acordo com o genitor avaliado (pai ou mãe).

No que se refere às diferenças de gênero, foi possível constatar que as moças apresentaram maior percepção de ameaça (M=3,46, DP=1,72) do que os rapazes (M=3,03, DP=0,94) (t=2,19; p<0,05), bem como maior acompanhamento desportivo por parte da mãe (M=3,11, DP=1,20 no gênero feminino e M=2,57, DP=1,24 no masculino) (t=2,57; p<0,05). Inversamente, as moças descreveram menor influência técnica e desportiva por parte do pai (M=2,47, DP=1,10) do que os seus colegas do gênero masculino (M=2,87, DP=1,03) (t=-2,20; p<0,05).

Quanto ao percurso desportivo, quatro variáveis distinguiram os grupos, observando-se valores mais elevados para atletas com registros desportivos de relevo. Assim, a influência técnica da mãe foi sentida como mais elevada pelos atletas com títulos (M=2,55, DP=1,16) relativamente a seus colegas sem títulos (M=2,07, DP=1,13) (t=2,67; p<0,01). De igual modo, o acompanhamento desportivo da mãe foi mais significativo nos atletas com bons resultados desportivos (M=2,95, DP=1,21) do que nos demais (M=2,38, DP=1,23) (t=3,03; p<0,01). O mesmo padrão de resultados foi extensível ao pai, uma vez que os atletas com títulos sentiram da sua parte maior influência técnica e desportiva (M=2,99, DP=1,00) do que os praticantes sem títulos (M=2,56, DP=1,06) (t=2,70; p<0,01). Paralelamente, os atletas com melhores registros desportivos apontaram maior acompanhamento desportivo por parte dos pais (M=3,52, DP=1,14) quando comparados com os demais colegas (M=3,11, DP=1,40) (t=2,00; p<0,05).

No que diz respeito aos quatro escalões desportivos dos atletas, foram obtidas seis dimensões com valores significativos, principalmente a orientação para a tarefa (F(3, 204)=4,55; p<0,01), a percepção de desafio (F(3, 203)=2,96; p<0,05), o apoio e interesse da mãe pela atividade desportiva (F(3, 205)=4,75; p<0,01), o acompanhamento desportivo por parte da mãe (F(3, 205)=4,63; p<0,01), o apoio e interesse do pai pela atividade desportiva (F(3, 200)=3,89; p<0,05) e o acompanhamento desportivo por parte do pai (F(3, 200)=3,67; p<0,05). Tendo por base os resultados do post hoc de Scheffé, procurou—se analisar as diferenças entre cada um dos escalões existentes. No que se refere à orientação para a tarefa, é de se registrar a diferença na categoria dos juniores que obtiveram menores valores nesta dimensão (M=4,00, DP=0,81) do que os infantis (M=4,37, DP=0,59), os iniciados (M=4,46, DP=0,52) e os juvenis/cadetes (M=4,28, DP=0,50). Na percepção de desafio, o escalão dos infantis apresentou os escores mais elevados (M=4,18, DP=0,71), cabendo ao escalão dos juniores os menores valores (M=3,73, DP=0,94). O apoio desportivo dado pela mãe foi sentido como mais elevado pelos iniciados (M=4,25, DP=0,81) relativamente aos juniores (M=3,47, DP=1,02). Também o acompanhamento desportivo foi avaliado como mais significativo pelos mais novos, principalmente os infantis (M=3,12, DP=1,33) relativamente aos juniores (M=2,22, DP=1,00). Esse padrão de diferenças foi refletido nos questionários respondidos pelos atletas em relação a seus pais. Assim, o apoio desportivo foi mais evidente no grupo dos iniciados (M=4,48, DP=0,66) do que no dos juniores (M=3,90, DP=0,87), assim como o acompanhamento desportivo foi também mais elevado entre os primeiros (M=3,65, DP=1,07) do que entre os últimos (M=2,78, DP=1,15).

Na quarta comparação efetuada no grupo de atletas, procurou-se observar até que ponto eles perceberam diferenças entre o pai e a mãe, tomando-se como base os resultados do QCPD. Constataram-se valores significativos nas quatro facetas avaliadas pelo instrumento, apresentando os pais, em todos os casos, valores mais elevados do que as mães. Assim, o apoio e interesse pela atividade desportiva foi mais elevado no pai (M=4,13, DP=0,91) comparativamente à mãe (M=3,97, DP=1,00) (t=-2,08; p<0,05). Igualmente, a influência técnica foi, segundo os atletas, mais utilizada pelo pai (M=2,79, DP=1,05) do que pela mãe (M=2,38, DP=1,17) (t=-5,75; p<0,001). As reações negativas frente a situações competitivas também foram mais assumidas pelo pai (M=2,19, DP=1,08) do que pela mãe (M=1,88, DP=1,02) (t=-4,61; p<0,001). Da mesma forma, no acompanhamento desportivo, observaram-se maiores valores referentes ao pai (M=3,36, DP=1,27) do que à mãe (M=2,70, DP=1,25) (t=-6,33; p<0,001).

Analisando-se os dados relativos aos pais, podem-se assumir quatro agrupamentos de comparação: diferenças entre pais de rapazes e de moças, diferenças em função da idade do pai e da mãe, diferenças relativamente ao nível escolar do pai e da mãe e diferenças no escalão desportivo do filho. De referir que foi possível efetuar análises separadas entre ambos os pais em algumas das variáveis referidas (e.g., idade e nível de escolaridade), uma vez que foi solicitado que identificassem o responsável pelo preenchimento do protocolo de avaliação, mediante três opções de resposta - pai, mãe ou ambos.

No que concerne ao gênero dos filhos, os pais de atletas rapazes assumiram maior orientação motivacional para o ego (M=2,54, DP=1,09) do que os pais de moças (M=2,24, DP=0,85) (t=2,16; p<0,05).

Na diferença em função da idade, foram constituídos dois grupos de comparação (até 40 anos e com mais de 40 anos). No caso do pai, foi possível constatar que o grupo mais jovem evidenciou maiores níveis de apoio e interesse pela atividade desportiva (M=4,64, DP=0,47) do que o grupo mais velho (M=4,45, DP=0,62) (t=2,22; p<0,05). No caso da mãe, não foram observadas diferenças significativas em nenhuma das dimensões avaliadas.

Na divisão de acordo com o nível de escolaridade, foram constituídos dois grupos homogêneos, separando-se pais com formação até o 3º ciclo de escolaridade, obrigatório em Portugal (média de 80 pais e 100 mães), e pais com educação secundária e superior (média de 45 pais e 45 mães). Assim, no caso dos pais, constatou-se que aqueles com nível de escolaridade mais baixo assumiram maiores expectativas quanto ao futuro (M=3,03, DP=1,00) quando comparados com os que possuíam nível de ensino mais elevado (M=2,53, DP=1,02) (t=3,22; p<0,01). No que se refere às mães, as que apresentavam até o 3º ciclo de ensino demonstraram maiores valores em três dimensões: na orientação motivacional para o ego (M=2,63, DP=1,05 no 3º ciclo, e M=2,21, DP=0,94 no ensino secundário/superior) (t=2,86; p<0,01); nas reações negativas frente a situações competitivas (M=2,10, DP=1,00 no 3º ciclo, e M=1,79, DP=0,85 no ensino secundário/superior) (t=2,34; p<0,05); e nas expectativas quanto ao futuro (M=3,14, DP=1,02 no 3º ciclo, e M=2,41, DP=0,86 no ensino secundário/superior) (t=5,37; p<0,001).

Por último, a comparação entre pais de atletas de diferentes escalões não revelou, curiosamente, qualquer diferença significativa.

Discussão

Os pais desempenham um papel fundamental no tipo de experiências que as crianças e jovens obtêm no desporto (Gomes, 1997; Partridge, Brustad & Stellino, 2008). Tipicamente, são os pais que encorajam o início da prática desportiva e que, com o tempo, facilitam a continuação dessa prática, por meio do apoio material e financeiro disponibilizado.

Para além desses aspectos práticos, torna-se necessário estudar as atitudes que os pais assumem frente ao desporto e como interagem com os filhos, uma vez que as dimensões psicológicas e afetivas da relação estabelecida entre eles podem ter um impacto decisivo na experiência emocional e no envolvimento desportivo dos jovens. Como refere Brustad (1992), os pais podem assumir imensos papéis no desporto, mas nenhum será tão importante como sua capacidade para estabelecer um ambiente emocional propício à participação desportiva dos filhos.

Este estudo procura contribuir para um esclarecimento de algumas dessas questões. Um primeiro objetivo prendeu-se à verificação da adequabilidade de alguns instrumentos de avaliação psicológica. De um modo geral, a estrutura fatorial dos instrumentos revelou-se adequada frente às dimensões originais esperadas.

Esses resultados foram visíveis na EACC-PA/PD que, para além da dimensão original (percepção de ameaça), incorporou uma nova faceta (percepção de desafio) que reflete as indicações teóricas (Lazarus, 1991; Lazarus & Folkman, 1984) que serviram à construção da escala original (Cruz, 1996). Nesse sentido, tornou-se evidente a sua aplicação aos contextos de formação desportiva e ao modo como os jovens percebem a competição. No entanto, os resultados obtidos também reforçaram a necessidade de se voltar a analisar a consistência dessa estrutura fatorial, uma vez que só foi possível reter dez dos dezoito itens iniciais.

Quanto ao QOMD, verificou-se que o modelo dos dois fatores (orientação para a tarefa e para o ego) ajustou-se muito bem, tanto em relação aos atletas quanto aos pais. Comprova-se assim a sua correspondência à realidade portuguesa, bem como a possibilidade de utilizar a versão dirigida aos pais em estudos futuros sobre o envolvimento parental no desporto.

No caso do QCPD, para além da versão dirigida aos pais, optou-se neste estudo por testar duas versões para os atletas, solicitando-lhes a avaliação separada do pai e da mãe, seguindo algumas das indicações fornecidas na validação inicial do instrumento (Gomes & Zão, 2007). O principal aspecto a rever no futuro prende—se às designações dos fatores da escala que devem ser alterados, de modo a refletir melhor os respectivos itens. Assim, a faceta "apoio e interesse pela atividade desportiva" (das versões para atletas e pais) poderá ser encurtada e ser designada simplesmente por "apoio desportivo", reproduzindo assim a natureza do construto. O fator de "reações negativas frente a situações competitivas" tende, após estas análises, a indicar em ambas as versões uma dimensão mais relacionada com o fraco rendimento dos jovens em competição, excluindo-se os aspectos anteriores relacionados com outros agentes intervenientes no processo competitivo (treinador e árbitros). Nesse sentido, a nova denominação poderá ser simplesmente entendida como "insatisfação com o rendimento desportivo".

No caso da subescala "acompanhamento desportivo" (versão para os atletas), o aspecto mais relevante é o fato de ela relatar a presença efetiva dos pais nos treinos e competições, podendo isso ser melhor designado como "acompanhamento de treinos/competições". No caso do fator "influência técnica e desportiva", a designação deverá manter-se na versão para os atletas, mas tornar-se mais restrita na versão para os pais, uma vez que os aspectos a que se refere dizem "apenas" respeito ao modo como o atleta deve competir e/ou treinar, fazendo por isso mais sentido ser descrita por "influência técnica". Seja como for, o instrumento agora proposto, com versões para pais e atletas, pode representar uma ferramenta interessante para a compreensão deste fenômeno em contextos desportivos. Além disso, algumas das dimensões avaliadas pelo QCPD têm correspondência com outras medidas desenvolvidas internacionalmente. Nesse caso, comportamentos como a influência técnica e desportiva, o apoio desportivo e a insatisfação com o rendimento desportivo encontram, respectivamente, paralelo nas dimensões dos comportamentos diretivos, das ações de reforço e compreensão fornecida aos filhos e da pressão parental exercida sobre os atletas no Parental Involvement in Sport Questionnaire desenvolvido por Lee e MacLean (1997). Nesse mesmo sentido, a dimensão de pressão parental proposta por Hoyle e Leff (1997) num estudo com jovens atletas de tênis assemelha-se à insatisfação com o rendimento desportivo do QCPD.

Em termos dos valores médios obtidos nas dimensões avaliadas, há que realçar que a dimensão mais "positiva" do QCPD (apoio e interesse pela atividade desportiva) é a mais frequente, tanto na perspectiva dos atletas como na dos pais. Pelo lado inverso, a faceta mais "negativa" (reações negativas frente a situações competitivas) foi a menos percebida por ambos os grupos de participantes deste estudo. Os resultados estão de acordo com os obtidos por Wuerth, Lee e Alfermann (2004) com atletas de várias modalidades na Alemanha, onde se tinha verificado que o reforço e a compreensão fornecida pelos pais eram os aspectos mais descritos, seguidos dos níveis moderados de envolvimento na atividade desportiva e, em último lugar, da pressão exercida frente à atividade desportiva.

No que toca às associações entre as variáveis avaliadas neste trabalho, destaca-se essencialmente o fato de as dimensões do QCPD se correlacionarem positivamente entre si na versão para os atletas (exceto a relação entre o apoio e interesse pela atividade desportiva e as reações negativas). No grupo dos pais, esse padrão foi semelhante, exceto na relação entre a dimensão do apoio e interesse pela atividade desportiva e as reações negativas frente a situações competitivas, em que não se observaram diferenças significativas.

Paralelamente, no grupo dos atletas, a maior orientação para a tarefa esteve associada positivamente à percepção de desafio, enquanto a orientação para o ego associou-se a ambas as dimensões (ameaça e desafio). Nesse mesmo sentido, a percepção de ameaça relacionou-se positivamente com a influência técnica dos pais e as reações negativas frente a situações competitivas. Já a percepção de desafio associou-se positivamente ao apoio, à influência técnica e ao acompanhamento desportivo. Em resumo, as dimensões mais "desejáveis" dos comportamentos parentais parecem relacionar-se com a orientação para a tarefa e a percepção de desafio, enquanto a percepção de ameaça está associada à maior influência técnica dos pais e aos comportamentos negativos frente à competição. Em Portugal, os dados obtidos por Silva (2006) com jovens atletas de futebol e natação também permitiram concluir uma associação entre o apoio parental e a orientação para a tarefa, bem como uma associação entre a pressão parental e a orientação para o ego.

Os resultados das análises comparativas representaram o último conjunto de dados obtidos neste estudo.

Começando pelos dados dos atletas, registraram-se três diferenças com relevo estatístico quando se compararam os rapazes às moças: elas perceberam maior ameaça frente à competição, maior acompanhamento desportivo por parte da mãe e menor influência técnica por parte do pai. A existência de diferenças entre ambos os gêneros também foi reportada no estudo de Hoyle e Leff (1997) com jovens atletas de tênis, constatando uma tendência das moças a perceber maior pressão parental.

Outro dado interessante é que os atletas com melhores resultados desportivos descreveram maior influência técnica e acompanhamento desportivo por parte do pai e da mãe conjuntamente. Essa tendência tem sido referida por alguns autores, para os quais o comprometimento dos pais com a atividade desportiva dos filhos tende a aumentar com a melhoria do rendimento (ou sucesso) desportivo deles (Bloom, 1985; Snyder & Purdy, 1982).

Na comparação por escalões desportivos e, consequentemente, por idade dos atletas, o principal dado prende-se ao fato de os mais novos (infantis e iniciados) relatarem maiores níveis de apoio e interesse dos pais pela atividade desportiva, assim como acompanhamento desportivo por parte dos mesmos. De igual modo, os atletas em início de formação desportiva (infantis) relataram maior percepção de desafio do que os juniores, ao passo que estes últimos evidenciaram menor orientação para a tarefa. Estudos têm confirmado alguns desses resultados, especialmente o de que os atletas, à medida que se vão tornando mais velhos, atribuem menor relevância ao apoio parental, "desviando" a procura de ajuda para outras figuras como, por exemplo, os amigos mais próximos (Rosenfeld, Richman & Hardy, 1989). Na comparação entre a percepção dos atletas acerca dos comportamentos parentais assumidos pelo pai e pela mãe, resultou também a evidência de que a figura paterna assumiu maiores valores nas quatro dimensões do QCPD, sugerindo assim maior envolvimento da sua parte na atividade desportiva, tanto pelo lado das dimensões positivas como negativas do instrumento. A propósito, LaVoi e Stellino (2008), num estudo com jovens atletas de hóquei, verificaram o papel importante das mães (e não tanto dos pais) na promoção de comportamentos desportivos positivos.

No que se refere aos pais, alguns aspectos devem ser realçados. Na distinção em função da idade, observou-se apenas uma diferença estatisticamente significativa em relação aos pais com idade até os 40 anos, os quais assumiram maiores níveis de apoio e interesse pela atividade desportiva, enquanto no grupo das mães não foram encontradas diferenças de relevo estatístico. Na diferenciação de acordo com a escolaridade, constatou-se que as mães com menor formação (até o 3º ciclo de escolaridade) relataram maiores níveis de reações negativas frente a situações competitivas, expectativas quanto ao futuro e orientação para o ego. No caso dos pais, também se observou que aqueles que possuíam até o 3º ciclo evidenciaram maiores expectativas quanto ao futuro. No que toca à distinção por gênero dos atletas, os pais dos rapazes demonstraram maior orientação para o ego. Na comparação por escalões desportivos dos filhos, não se encontraram diferenças entre os grupos constituídos. Alguns desses resultados também foram observados no estudo de Gomes e Zão (2007) com jovens atletas portugueses de várias modalidades, observando-se que os pais com menor escolaridade, embora prestassem menor apoio e acompanhamento desportivo e assumissem menor influência técnica e desportiva, também evidenciaram maior orientação motivacional para os resultados e para o reconhecimento social, bem como mais reações negativas frente a situações competitivas.

Considerações Finais

Os resultados obtidos apontam duas questões distintas. Por um lado, a natureza da relação entre pais e filhos no desporto é "sensível" a algumas diferenças entre eles, sendo necessário considerar a forma como atletas de diferentes idades, gêneros e percursos desportivos perceberam o apoio parental. De igual modo, parecem também existir discrepâncias importantes na forma como diferentes pais avaliam o tipo de comportamento que assumem frente os filhos. Em segundo lugar, apesar das dimensões positivas das ações dos pais serem prevalentes neste estudo, existem aspectos que podem ser "trabalhados" na relação entre pais e filhos, principalmente o modo como aqueles reagem nas situações em que os atletas obtêm resultados desportivos desfavoráveis e o tipo de influência técnica que exercem sobre a atividade desportiva.

Finalmente, estudos futuros podem debruçar—se sobre a confirmação das estruturas fatoriais dos instrumentos utilizados neste trabalho, procurando verificar a "estabilidade" dos fatores encontrados em novas populações de atletas e pais. Por outro lado, deve-se procurar ultrapassar a natureza descritiva e transversal desta investigação, por meio de estudos longitudinais que observem a natureza dinâmica das relações familiares e, eventualmente, os fatores que promovem mudanças na estrutura de relações estabelecidas entre pais e filhos. É nesse sentido que melhor se poderá entender a influência dos pais no desporto, uma vez que eles representam uma das figuras mais relevantes nesse contexto, em conjunto com os atletas e os respectivos treinadores.

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Recebido em: 7/8/2008

Versão final reapresentada em: 15/7/2010

Aprovado em: 30/8/2010

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  • Influência parental no desporto: a percepção de pais e jovens atletas portugueses

    Parental influence in sport: the perceptions of Portuguese parents and young athletes
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Abr 2011
    • Data do Fascículo
      Dez 2010

    Histórico

    • Revisado
      15 Jul 2010
    • Recebido
      07 Ago 2008
    • Aceito
      30 Ago 2010
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