Resumo
Objetivou-se apontar as potencialidades do Fundo Virgínia Portocarrero, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. O acervo foi doado em vida por sua titular, enfermeira brasileira veterana da Segunda Guerra Mundial. Dessa documentação constam registros de sua formação profissional e acadêmica, e é percebida sua determinação em preservar as reminiscências do front de batalha e do período pós-guerra, numa luta simbólica pelo registro de uma história essencialmente feminina em um cenário emblematicamente masculino. Integra o acervo ampla variedade de tipologias de fontes históricas, com destaque para um diário de sua participação no conflito, demonstrando aspectos cotidianos e peculiares de sua atuação profissional na saúde naquele momento dramático da história da humanidade.
Abstract
This study investigates the potential of the Virgínia Portocarrero archive, at Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. It was donated in life by Portocarrero, a Brazilian nurse and Second World War veteran. The documents include records from her education and training and show evidence of a determination to preserve her memories from the frontline and after the war, in a symbolic battle to record an essentially female story in a characteristically male setting. The archive contains a broad variety of types of historical sources, notably a diary on her participation in the conflict, demonstrating everyday and unusual aspects of her work as a health professional at that dramatic time in human history.
enfermagem; saúde; Brasil; Segunda Guerra Mundial; história
nursing; health; Brazil; Second World War; history
Este artigo destina-se à apresentação do Fundo Virgínia Portocarrero, assim denominado em homenagem à enfermeira veterana da Força Expedicionária Brasileira (FEB), cujas fontes incluem documentos textuais, iconográficos, tridimensionais, eletrônicos e sonoros. O fundo reúne fontes do período de 1917 a 2010, inclusive de sua participação na Segunda Guerra Mundial, no cuidado aos cidadãos soldados nos campos de batalha, na Itália. Tal documentação foi doada em vida pela titular para custódia na Casa de Oswaldo Cruz (COC), unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cuja missão institucional é a de preservar e valorizar o patrimônio cultural das ciências e da saúde pública brasileira.
Nesse sentido, objetivou-se apontar as potencialidades das fontes desse acervo, uma vez que se articula à presença da mulher brasileira diante do maior conflito da história da humanidade e sua inserção profissional na área da saúde pública. Oportuno lembrar que a historiadora Michelle Perrot (2016) defende a necessidade de se (re)construir a narrativa histórica na perspectiva feminina, o que geralmente tende a ser simbolicamente silenciado em certos cenários, práticas e contextos.
O empenho e a perspectiva da enfermeira em guardar seus registros resultaram em um material peculiar e precioso, especialmente se considerado que as mulheres, em diferentes tempos e lugares, não davam muita importância às suas memórias particulares. Ademais, as fontes privadas tendem a reforçar a desigualdade pela assimetria daquilo que iluminam, além de sublinhar um pouco mais os laços das mulheres com a esfera privada, pois comumente emanam desse ambiente ( Perrot, 2016 , 2017 ).
Assim, a voz, a narrativa e a representação feminina sobre as marcas da Segunda Guerra Mundial, por meio do Fundo Virgínia Portocarrero, dão sentido às lutas propriamente simbólicas de mulheres brasileiras para se fazer ver, dar-se a conhecer e a se reconhecer ( Bourdieu, 2016 ). Ademais, os arquivos pessoais são registros históricos que constituem um patrimônio documental, que testemunham e informam fatos ligados à vida familiar e profissional, trazendo dados sobre a vida cotidiana do tempo em que se viveu e da própria personalidade e comportamento ( Bellotto, 2006 ).
Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero
Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero, filha de Tito Portocarrero e Dinah de Niemeyer Portocarrero, nasceu em 23 de outubro de 1917, no Rio de Janeiro. Estudou no Colégio Maria Imaculada, no Maracanã, e formou-se, em 1936, bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II. Aperfeiçoou-se em Arte Decorativa na Escola Nacional de Engenharia, no largo de São Francisco, e tornou-se desenhista e professora de desenho. Posteriormente, iniciou o Curso de Enfermeiras Samaritanas em Belém (Pará) e o concluiu no Rio de Janeiro, em 14 de novembro de 1942, quando recebeu o diploma pela Cruz Vermelha Brasileira.
Com um anúncio veiculado pelo jornal O Globo , em 9 de outubro de 1943, Virgínia tomou conhecimento do voluntariado de enfermeiras para a Segunda Guerra Mundial e inscreveu-se em um curso de preparação emergencial organizado pelo Exército Brasileiro (EB), específico para as práticas de enfermagem de guerra. Conforme afirma em entrevista gravada pela COC/Fiocruz, ela reuniu os documentos necessários para a inscrição em sigilo, pois entendia que não teria o apoio da família, caso lhe comunicasse previamente. Quando foi publicado seu nome no jornal aconteceram as reações positivas, mas também contrárias, sobretudo por parte de sua mãe, que ficou extremamente abalada com a decisão. Ela argumentou muito fortemente que a filha não deveria ser mobilizada para a guerra e recorreu ao tio da enfermeira, que era militar de alta patente, para que Virgínia fosse reprovada na etapa do exame médico de seleção. Uma vez reprovada, o pai de Virgínia procurou saber o motivo e, ao descobrir a verdadeira razão, desfez o plano. Assim, ela continuou com o processo de adesão ao voluntariado e de preparo para as ações de enfermagem de guerra.
Alguns meses depois, Virgínia seguiu para o front italiano, passando a compor oficialmente os quadros de efetivo do Serviço de Saúde do EB, mas também a demonstrar novas formas de pensar e agir de algumas brasileiras na década de 1940. Com efeito, a novidade de inclusão de mulheres no campo militar vinha na contramarcha dos discursos de alguns líderes das Forças Armadas na época, que entendiam que tal medida poderia tornar declinante a representação social construída em torno do valor simbólico do militarismo no país ( Oliveira et al., 2017 ).
Não obstante, em 7 de junho de 1944, ela seguiu de avião com outras quatro enfermeiras no destacamento precursor de saúde da FEB, chegando a Nápoles no dia 15 de junho. Lá prestou os primeiros cuidados aos brasileiros que chegavam ao Teatro de Operações Italiano e passou a servir nos hospitais de evacuação em Nápoles, Tarquinia, Ardenza, Cecina (S. Luce), Pisa, Pistoia, Parola e Corvella ( Bernardes et al., 2004 ).
Desse modo, Virgínia Portocarrero passou a integrar o primeiro grupamento feminino de Enfermagem do EB, que contou com o total de 67 mulheres voluntárias oriundas de diversas partes do país. Nunca antes o Brasil havia incorporado oficialmente mulheres nas Forças Armadas, o que aconteceu por pressão dos EUA, quando o governo Vargas passou a organizar a FEB, em função das articulações de declaração de guerra e de apoio político àquele país ( Bernardes et al., 2019 ).
Essas voluntárias pertenciam a diversas camadas sociais e possuíam distintas motivações para participar do conflito. Embora se reconheça o senso patriótico do grupo, a possibilidade de um emprego remunerado e reconhecido socialmente é um forte indicativo de ruptura com o modelo social feminino vigente na época, o que em parte pode explicar o seu alistamento voluntário (Bernardes, Lopes, 2007; Cytrynowicz, 2000 ).
Trata-se de um grupo que estava em busca de profissionalização, com a anuência das políticas propostas na Era Vargas (1930-1945) e estabelecidas na Constituição Federal de 1934, voltadas para a reorganização do trabalho, da família, da educação e da saúde e que, de certo modo, favoreceram a aparição pública das mulheres, permitindo o avanço da conquista feminina, na medida em que propiciou a elas que fossem inscritas aos poucos na dinâmica das mudanças sociais, políticas, sanitárias e culturais do país ( Oliveira et al., 2009 ; Kaminitz, Porto, 2020).
O trabalho empreendido pelas enfermeiras da FEB no cotidiano de operações de guerra incluiu diversas situações complexas, desde o cuidado emergencial a pacientes críticos a mudanças de lugar dos hospitais de campanha, posto que a Segunda Guerra Mundial produziu diversas mobilidades geográficas em função das estratégias bélicas, e o Serviço de Saúde acompanhava tais mobilidades das tropas ( Bernardes et al., 2005 ).
Com o término do conflito, Virgínia Portocarrero retornou da Itália para o Brasil em 11 de julho de 1945 e foi desligada pelo EB, assim como todas as outras enfermeiras que, em geral, regressaram aos antigos empregos ou às rotinas domésticas anteriores. Tal fato gerou grande insatisfação e frustração, como se pode constatar em seu diário, que expressa tristeza e descontentamento pela falta de reconhecimento ao trabalho executado no decorrer da guerra, demonstrando o desinteresse de lideranças do EB na época em manter em seus quadros oficiais do sexo feminino em tempo de paz ( Oliveira et al., 2009 ).
Após o retorno ao Brasil, ela seguiu sua vida profissional como desenhista, sua antiga formação, e trabalhou no recém-criado Instituto Brasileiro do Café até a promulgação da lei federal n.3.160/1957. Com esse dispositivo legal, as enfermeiras que atuaram na guerra por meio da FEB tornaram-se as primeiras enfermeiras militares do país oficialmente mobilizadas em tempo de paz, quando passaram a gozar dos direitos e vantagens inerentes aos oficiais da ativa. Para tanto, uma série de estratégias foi desenvolvida pelas enfermeiras veteranas em diversos campos, especialmente no político ( Oliveira et al., 2017 ).
A partir dessa lei, que foi publicada 12 anos após o término da Segunda Guerra Mundial, Virgínia Portocarrero e outras 43 enfermeiras veteranas foram reincluídas no serviço ativo do EB, quando passaram a atuar como oficiais em diversas organizações militares do país. As outras 23 não se apresentaram ou já estavam reformadas por incapacidade adquirida na guerra ( Oliveira, 2010 ).
Na ocasião, Virgínia passou a servir na Policlínica Central do Exército (atual Policlínica Militar do Rio de Janeiro), no Centro da cidade do Rio de Janeiro, até sua passagem para a reserva remunerada (aposentadoria), quando foi reformada no posto de capitão. Ela também participou ativamente da Associação de Veteranos da FEB, na qualidade de membro nato do Conselho Deliberativo, e como administradora do Mausoléu e do Ossuário dos Veteranos da FEB, nos cemitérios do Caju e de São João Batista. Com efeito, nos termos de Michelle Perrot (2016) , geralmente cabe às mulheres a atenção aos idosos, o culto aos mortos e o cuidado com as tumbas, o que as incumbe de velar pela manutenção das sepulturas dos guerreiros homens.
Dentre as diversas homenagens recebidas pela enfermeira destaca-se a condecoração com a medalha de Campanha concedida pela FEB em outubro de 1945, por ter participado de operações de guerra na Itália, sem nota desabonadora. Em 1946, recebeu a medalha de Guerra concedida pelo EB, por ter cooperado no esforço de guerra do Brasil ( Oliveira, 2007 ).
Já em 2017, recebeu a medalha do Pacificador pelo EB, e, em abril de 2018, foi homenageada em cerimônia organizada pela pesquisadora Margarida Bernardes no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, por ocasião das comemorações de seu centenário de vida, quando foi agraciada pela Casa da FEB com a medalha Serviço de Saúde, e também pelo Colégio Pedro II, recebendo o título de Aluna Emérita. Sua importância para o campo da enfermagem brasileira foi reiterada por meio do recebimento da medalha da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Em junho de 2018, recebeu o prêmio Anna Nery, concedido pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e, em 6 de dezembro de 2019, Virgínia recebeu, da Academia Brasileira de Medicina Militar, a medalha Marechal Marques Porto.
O processo de organização do acervo
Virgínia Portocarrero teve a preocupação de resguardar as memórias do cotidiano de guerra ao fazer, sistematicamente, anotações manuscritas, datilografadas ou por meio de desenhos e fotografias, que ilustraram aspectos de seu trabalho no front . Nesses documentos estão registradas suas práticas e representações sobre a atuação como enfermeira e outras experiências públicas e privadas, que permitem aos pesquisadores impressões sobre as ações de saúde desenvolvidas na Segunda Guerra Mundial. Esse é o cenário no qual se dá sua narrativa, testemunho repleto de curiosos episódios no cuidado com o outro, sejam soldados de tropas amigas ou inimigas.
Propositalmente ou não, Virgínia Portocarrero oportuniza dados históricos relevantes a quem não viveu tal experiência e narra com intensidade os dramas de guerra, superando as dificuldades de comunicação inerentes ao contexto por meio de algumas estratégias. Uma delas foi narrada pela própria e refere-se à orientação de seu pai para remeter suas cartas, algumas folhas de seu diário, fotografias e outros materiais pelos correios e também pelos soldados que retornavam para o Brasil, por motivos de doença que os incapacitasse para o combate. Assim, o pai cuidou de suas correspondências pessoais e de suas anotações que deram corpo ao seu diário de guerra.
Apesar de todo o esforço pessoal e de seus familiares para reunir e guardar os documentos, houve uma fragmentação significativa deles, pois parte do que foi enviado pelos correios foi extraviada. Ademais, no período da guerra havia censura, pelos meios de repressão à comunicação, de temas que se apresentavam sensíveis, empreendida, sobretudo, pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, que controlava o conteúdo midiático que seria reproduzido em território nacional, incluindo material impresso (jornais, livros), espetáculos (musicais, peças de teatro, cinema) ou músicas ( Luca, 2011 ).
Após sua chegada ao Brasil com o término da guerra, os escritos lhes foram entregues, e, com o avançar do tempo, ela passou a acrescentar outros documentos referentes às suas atividades no pós-guerra, como a função de desenhista, como oficial enfermeira e os trabalhos junto às associações de ex-combatentes, por exemplo. Nesse sentido, seus escritos mostram não somente a vida cotidiana no front da batalha, mas também situações que fazem parte da vivência e do cotidiano feminino da época, com observações sobre os hábitos, os costumes e o mercado de trabalho, entre outros aspectos.
Ressalte-se que, na década de 1940, a trajetória profissional era configurada por um modelo social que priorizava a atuação masculina, o que torna essas fontes relevantes para a história e memória das mulheres no Brasil e para maior compreensão dos esquemas de dominação sofridos por elas. Além disso, essa documentação agrega um acervo de imagens fotográficas e desenhos que demonstram aspectos específicos da assistência prestada aos soldados feridos em combate, práticas de terapia ocupacional, cenas dos hospitais de campanha, indumentárias e tecnologias de cuidado em saúde, entre outros.
Trajetória arquivística da documentação
Em evento realizado em 2007, na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da Unirio, foi apresentado o filme documentário O grupamento feminino de enfermagem do Exército na Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra Mundial: uma abordagem sob o olhar fotográfico (1942-1945) (O grupamento feminino..., 2004). Encontrava-se presente no referido evento a enfermeira Virgínia Portocarrero, acompanhada da enfermeira Margarida Rocha Bernardes, autora do filme. No mesmo evento aconteceu uma mesa-redonda sobre o tema “Fontes, memória e história da saúde e da enfermagem”, que contou com a participação da historiadora Anna Beatriz de Sá Almeida, pesquisadora da COC/Fiocruz, junto a outros palestrantes. A enfermeira Virgínia Portocarrero manifestou seu apreço em relação à apresentação feita sobre o papel da COC/Fiocruz e seus acervos. Ao final do evento, ambas conversaram com Anna Beatriz Almeida acerca da possibilidade de doação do arquivo pessoal de Virgínia Portocarrero, mantido na época em sua residência.
Essa documentação encontrava-se vulnerável pela ação do tempo e pelo modo de acondicionamento, que não a abrigava dos efeitos de umidade, calor e poeira. Além disso, houve perdas ao longo dos anos devido aos empréstimos de documentos desse conjunto a vários pesquisadores, sem que houvesse a devolução dos documentos originais. Nesse sentido é sempre importante lembrar que um arquivo institucionalizado, ou seja, armazenado em uma instituição que vai abrigá-lo, protegê-lo e se responsabilizar por sua preservação e divulgação, é uma opção sustentável e democrática, pois, a princípio, tende a conferir maior segurança e o coloca como um bem público e aberto a todos os interessados em seu conteúdo ( Nedel, 2013 ).
Após conhecer o trabalho realizado no Departamento de Arquivo e Documentação (DAD), da COC, com a preservação da memória e divulgação das ciências por meio de documentos textuais, manuscritos, filmes, fotografias e depoimentos de história oral, Virgínia Portocarrero decidiu fazer a doação de seu arquivo pessoal a essa unidade técnico-científica da Fiocruz. A titular entendeu que se tratava de uma instituição com trabalho já realizado na área e resultados reconhecidamente positivos em prol da preservação da memória da saúde pública no Brasil.
A documentação foi então enviada ao DAD em 14 de março de 2008, e, em março de 2010, uma nova remessa de documentos foi acrescentada ao fundo. Foi assinado um termo de doação oficializando essa ação em 29 de março de 2010, com a publicação no Diário Oficial da União em 27 de abril do mesmo ano. Com a formalização da incorporação do arquivo pessoal ao DAD, ele passou a fazer parte do patrimônio documental da saúde pertencente ao acervo da Fiocruz; logo após, iniciou-se seu processo de organização com as etapas de higienização, acondicionamento e identificação.
Em entrevista com Virgínia Portocarrero, realizada em março de 2008, foi possível recuperar o contexto de acumulação e produção dos documentos e registrar, com sua própria voz, a narrativa a respeito de sua trajetória profissional e familiar. Além disso, pôde-se compreender como se deu a formação da documentação sonora pertencente a esse arquivo, uma vez que possui 16 fitas cassetes que apresentam sua vivência na Itália como enfermeira da FEB, impressões a respeito da guerra e outras observações sobre sua trajetória profissional (Maciel, Borges, 2012). A produção dessa documentação sonora se deu após o retorno de Virgínia ao Brasil, já que as gravações em áudio se popularizaram a partir dos anos 1950, embora o equipamento de gravação tenha sido inventado no final do século XIX. Esse material sonoro, cujo suporte inicial era analógico, foi digitalizado e encontra-se igualmente preservado, conforme normas padronizadas de organização documental.
Conteúdo documental
A organização do Fundo Virgínia Portocarrero segue a padronização utilizada para a documentação que integra o acervo permanente da COC. Essa tipologia de organização dos arquivos pessoais permite a criação de categorias classificatórias funcionais. Para o referido fundo, as categorias classificatórias foram definidas a partir da identificação das funções desempenhadas pela titular do arquivo, sendo estruturadas em: Vida pessoal; Formação profissional e acadêmica; Atuação profissional; e Administração da carreira. Cada um dos dossiês foi organizado a partir da reunião de documentos, de acordo com suas características tipológicas ou de acordo com as atividades relativas a cada função ( Maciel, Borges, 2012 ).
A documentação textual encontra-se organizada em seis caixas do tipo box, que contém 0,84 metro linear com mais de quinhentos itens. Destaca-se uma preciosa documentação iconográfica constituída de 351 fotografias, a maioria das quais retrata as atividades profissionais da titular, com algumas imagens que estavam coladas nas páginas do seu diário de guerra. Além dessas imagens, tem-se uma profusão de desenhos e registros variados que exemplificam sua trajetória na área de artes decorativas. Em anexo, encontra-se inserido um “Caderno de imagens”, com alguns exemplos dessa rica documentação.
Ao acessar a Base Arch, que descreve a documentação do Departamento de Arquivo e Documentação da COC/Fiocruz, é possível conhecer a organização dada a esse arquivo pessoal no endereço eletrônico http://arch.coc.fiocruz.br/index.php/virginia-portocarrero.
Abaixo estão apresentados quadros com o conteúdo dos quatro grupos de documentos e seus respectivos dossiês.
Potencialidades das fontes
Com base na documentação do Fundo Virgínia Portocarrero foram produzidos três filmes documentários sobre sua trajetória: Virgínia Maria Niemeyer Portocarrero, enfermeira da FEB na Itália ( Virgínia Maria..., 2013 ), A enfermeira que cuidou dos heróis da II Guerra Mundial ( A enfermeira..., 2018 ) e Virgínia: uma enfermeira brasileira na Segunda Guerra Mundial ( Virgínia..., 2018 ). Dois outros filmes também foram produzidos sobre a FEB: Que falta que me fez ( Que falta... 2014 ) e Liberatori: a FEB pelos italianos ( Liberatori..., 2018 ).
Além desses materiais audiovisuais, foi possível a escrita de uma tese de doutorado, Enfermeiras da Força Expedicionária Brasileira no front do pós-guerra: o processo de reinclusão ao Serviço Militar Ativo do Exército ( Oliveira, 2010 ), além de três livros, Longa jornada com a FEB na Itália e Vozes da guerra , ambos de Sirio Sebastião Fröhlich (2012 , 2015 ), e Práticas e representações fotográficas do Serviço de Saúde brasileiro na II Guerra Mundial , de Daniel Mata Roque, Margarida Maria Rocha Bernardes, Alexandre Barbosa de Oliveira e Israel Blajberg ( Roque et al., 2019 ).
Esse acervo também foi utilizado para completar a produção da exposição itinerante “Imagens do caos”, que foi apresentada em diferentes ocasiões, como na comemoração pelo Dia do Soldado, em 25 de agosto de 2017; na mesa-redonda “II Guerra Mundial: cuidados e estratégias”, no Hospital Central do Exército; na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da Unirio; no segundo Congresso Brasileiro de Redução de Risco de Desastres, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e no Panteão do Memorial aos ex-combatentes, da Segunda Guerra Mundial – Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
Para as homenagens recebidas por seu centenário, o acervo foi de utilidade para o reconhecimento de feitos no conflito internacional e também serviu de material comprobatório para montar o processo acadêmico para a concessão, em 2020, do título de doutora honoris causa a Virgínia Portocarrero pela Unirio.
Portanto, a importância do fundo e de suas fontes históricas está no fato de resgatar relações sociais, profissionais e culturais, tornando-as visíveis, na medida em que refletem e documentam a estética de vida, ressaltando em minúcias e com exatidão, corpos e roupas, objetos e símbolos, lutas e conquistas, identidades e habitus , história e memória. Desse modo, consolidam narrativas e discursos, pessoais, grupais ou institucionais, podendo funcionar como bem simbólico que materializa, mas que também eterniza a trajetória de personagens e circunstâncias de sua existência no mundo social.
Caderno de imagens
Neste “Caderno de imagens”, são apresentados alguns documentos que integram o Fundo Virgínia Portocarrero, com o propósito de demonstrar sua diversidade, preciosidade e potencialidade. Para tal, foram selecionados desenhos, fotografias e correspondências, com potencial de ser incorporados em estudos da área das ciências sociais e da saúde. Em geral, esses documentos retratam cenas do cotidiano de guerra, o trabalho das enfermeiras nas rotinas de cuidado nos hospitais de campanha, os sentimentos e percepções da enfermeira Virgínia, inclusive os agradecimentos dos pacientes pela assistência por ela prestada.
A bandeira do Brasil que ficou exposta nos locais em que a enfermeira Virgínia Portocarrero serviu foi inspiração para o enfrentamento do trabalho de assistência cotidiana aos soldados feridos no front . A enfermeira fez da bandeira brasileira um emblema para promover positividade no enfrentamento dos momentos difíceis, ao tempo em que essa representação endossava o discurso patriótico.
No diário de guerra de Virgínia Portocarrero consta um episódio de incêndio em um hospital de campanha e o esforço demandado para salvar a vida dos soldados moribundos, feridos e mutilados, que lá estavam baixados. Seus registros cotidianos se tornaram um lugar de memória de mulher que cuidava e consolava, que se dedicava às tarefas humanitárias e de socorro em um ambiente inóspito de um conflito bélico internacional.
Nas Figuras 3 e 4 , tem-se uma correspondência da enfermeira Virgínia Portocarrero, que relata a seus familiares a rotina dos hospitais e dos cuidados aos pacientes feridos em conflito na Itália. Em geral, suas cartas abordam aspectos da rotina dos hospitais, dos cuidados e tecnologias em saúde utilizadas, seus sentimentos e percepções sobre os sofrimentos enfrentados durante o conflito e, nas entrelinhas, as marcas das formas de dominação masculina no campo militar.
: Carta (folha 1), 31 dez. 1944 (BR RJ COC VP.01.03.051; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
: Carta (folha 2), 31 dez. 1944 (BR RJ COC VP.01.03.051; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
Na Figura 5 tem-se a carta de agradecimento do sargento Virgolino, que foi ferido, capturado pelos soldados alemães, e que recebeu cuidados de enfermeiras alemãs. Na carta datada de 26 de fevereiro de 1945, Virgolino agradece à enfermeira Virgínia Portocarrero o seu atendimento e descreve os cuidados recebidos na relação terapêutica estabelecida não apenas com ela, mas também com as enfermeiras alemães.
: Carta, 26 fev. 1945 (BR RJ COC VP.03.06.V01.001. F184; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
Na Figura 6 está um poema – que se encontra no vídeo Virgínia Maria (2013) – dedicado à enfermeira Virgínia, escrito pelo sargento Torres, que evoca as características que circundavam a atuação das enfermeiras no front , além de proferir alguns valores (estereótipos) relativos ao altruísmo envolvido na prática social de enfermagem. A própria dedicatória reforça o que diz o poema, pois as enfermeiras da FEB “encarnaram” nos hospitais dos campos de batalha o papel de mães, de irmãs, de esposas, enfim, de símbolos imagéticos que representam as que nutrem e cuidam dos filhos, dos irmãos, e dos esposos durante a guerra. Assim, os soldados do Brasil encontraram nas “suas” enfermeiras o carinho e a solicitude que, de modo figurado, compensavam a ausência do lar ( Oliveira, 2007 ).
: Poema dedicado a Virgínia Portocarrero (BR RJ COC VP 01.07.001; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
As Figuras 7 a 9 mostram dois croquis e um recorte de jornal, que tratam do processo de criação do uniforme das enfermeiras da FEB em sua reinclusão ao Serviço Militar Ativo do Exército, em 1957 ( Oliveira, 2010 ). Vale ressaltar que, em 2018, essas imagens foram referência para auxiliar no processo de materialização do uniforme histórico feminino feito pelo Hospital Central do Exército, utilizado por enfermeiras do EB, como forma de homenagear a enfermeira veterana Virgínia Portocarrero, durante o evento que marcou as comemorações de seu centenário de vida.
: Croqui dos uniformes das enfermeiras da FEB, 1957 (BR RJ COC VP 03.06.V01.001.F031A; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
A Figura 10 mostra outro material original que integra esse fundo e reflete um produto da trajetória profissional de Virgínia Portocarrero no campo das artes decorativas. Trata-se de um desenho com o nome “Virgínia”. Esta imagem foi utilizada para o layout do documentário Virgínia: uma enfermeira brasileira na Segunda Guerra Mundial (Oliveira et al., 2018), como se pode observar na Figura 11 .
: Desenho de Virgínia Portocarrero (BR RJ COC VP 03.03.005; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
: Identidade visual para o documentário Virgínia: uma enfermeira brasileira na Segunda Guerra Mundial (Oliveira et al., 2018)
Considerações finais
Os documentos que integram o Fundo Virgínia Portocarrero revelam o universo da guerra a partir do olhar desta enfermeira. Virgínia Portocarrero representa o engajamento de uma mulher em possibilitar a construção, por meio do seu acervo, de narrativas que ressaltem o papel das mulheres brasileiras na Segunda Guerra Mundial, justamente em um contexto em que as mulheres pouco aparecem, o das guerras.
As fontes reunidas nesse fundo são exemplares raros e emblemáticos, especialmente se considerado que os procedimentos que definem o que deve ser perpetuado são derivados de uma seleção, que geralmente tende a privilegiar a memória oficial, domínio de intervenção do poder e das forças de reprodução e de produção de capitais.
Além de ideias, objetos, imagens, sons e textos, os registros de Virgínia possuem o efeito de demonstrar as práticas de uma memória feminina sensível, que trata de cuidado e de socorro, mas também de resistência e vontade de (co)existir, e aponta para o desenvolvimento de múltiplos objetos de estudo.
: Bandeira do Brasil em lona (BR RJ COC VP.03.06.V01.001. F033; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
: Incêndio nas enfermarias (BR RJ COC VP.03.06.V01.001. F184; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
: Croqui de complementos dos uniformes para as enfermeiras da FEB, 1957 (BR RJ COC VP 03.06.V01.001.F031B; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
: Recorte de jornal alusivo aos uniformes das enfermeiras da FEB, 1957 (BR RJ COC VP 03.03.014; Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro)
REFERÊNCIAS
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
06 Jun 2022 -
Data do Fascículo
Apr-Jun 2022
Histórico
-
Recebido
19 Fev 2020 -
Aceito
20 Dez 2020