Open-access Em busca da definição contemporânea de “ligas acadêmicas” baseada na experiência das ciências da saúde

A la búsqueda de la definición contemporánea de “ligas académicas” basada en la experiencia del área de la salud

Resumos

Este estudo buscou uma definição contemporânea de Ligas Acadêmicas, segundo a experiência de oito Ligas em duas universidades públicas com campus no interior do estado do Ceará. As Ligas estavam igualmente divididas entre os cursos de graduação em Enfermagem e em Medicina. A coleta de dados ocorreu em documentos, entrevistas e observações e, posteriormente, foi realizada análise de conteúdo. Foram evidenciados, de um lado, os riscos da adesão a práticas assistencialistas e ao especialismo corporativo; e, de outro, o protagonismo estudantil e as interações entre ensino, pesquisa e extensão. Sugere-se como definição de Ligas que elas correspondem a coletivos estudantis configurados como programa regular longitudinal de extensão universitária, efetivadas mediante supervisão docente direta e indireta, sob apoio intelectual e prático da universidade e da rede de serviços de saúde, estando orientadas à aprendizagem e ao desenvolvimento profissional em torno de um tema específico previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais do(s) curso(s).

Palavras-chave Ligas acadêmicas; Educação superior; Sistema Único de Saúde; Extensão universitária; Aprendizagem em serviço


Este estudió buscó una definición contemporánea de Ligas Académicas según la experiencia de ocho Ligas en dos universidades públicas con campus en el interior del Estado de Ceará, región nordeste de Brasil. Las Ligas estaban igualmente divididas entre los cursos de graduación de enfermería y en medicina. La colecta de datos se realizó mediante documentos, entrevistas y observaciones y, posteriormente, se realizó el Análisis de Contenido. Por un lado, se pusieron en evidencia, los riesgos de la adhesión a prácticas asistencialistas y el especialismo corporativo; por otro, el protagonismo estudiantil y las interacciones entre enseñanza, investigación y extensión. Se sugiere como definición de Ligas que éstas correspondan a grupos de estudiantes configurados como un programa regular longitudinal de extensión universitaria, efectuado a través de la supervisión directa e indirecta del profesorado, bajo el apoyo intelectual y práctico de la universidad y de la red de servicios de salud, estando orientadas al aprendizaje y desarrollo profesional en torno a un tema específico previsto en las Directrices Curriculares Nacionales de la(s) asignatura(s).

Palabras clave Ligas académicas; Educación superior; Sistema Brasileño de Salud; Extensión universitaria; Aprendizaje en servicio


This study sought a contemporary definition of ‘academic leagues’, based on the experience of 8 ALs in 2 public universities that have campuses in the countryside of the State of Ceará, Brazil. The ALs were equally divided between the undergraduate courses in Nursing and Medicine. Data collection took place in documents, interviews, and field observation and, subsequently, the data obtained underwent content analysis. On the one hand, the risks of adhering to clinical practices and corporate specialism have been shown; on the other hand, student protagonism and the interactions between university teaching, research, and outreach have been as well. The suggested definition of ALs is that they: a) correspond to student groups configured as a regular and longitudinal university outreach program; b) are carried out through direct and indirect professor oversight, relying on intellectual and practical support from the university and the health service network; and c) are oriented towards professional learning and growth around a specific theme provided for in the Brazilian National Curriculum Guidelines for the respective courses.

Keywords Academic leagues; Higher education; Brazilian National Health System; University outreach; In-service learning


Introdução

O ensino superior no Brasil, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), possui, entre suas finalidades, o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica; a promoção da divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos; o estímulo ao conhecimento dos problemas contemporâneos – em particular, os nacionais e regionais; e a promoção da extensão, aberta à participação da população. Para atender a essas finalidades, a lei destaca a criação e difusão da cultura; o desenvolvimento do entendimento do ser humano e do meio em que vive; a comunicação do saber; e a difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição, além do estabelecimento de uma relação de reciprocidade com a sociedade (LDB, art. 43)1. A educação superior abrange, além do ensino de graduação e pós-graduação, planos; programas e projetos de pesquisa científica; produção artística; e ações de extensão. Cabem às universidades programas, cursos e ações de extensão abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. A responsabilidade social da universidade, conforme a Constituição Federal, é exercida segundo a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão2.

No caso da saúde, o Parecer do Conselho Nacional de Educação que inaugura a proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) recomenda a articulação entre educação superior e Saúde, indicando competências gerais em comum para os perfis de formação que contemplem a atenção à saúde dentro de referenciais contemporâneos de exercício profissional em saúde (nacionais e internacionais), estipulando o fortalecimento da articulação da teoria com a prática; e valorizando a pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extensão. O documento inaugural é de 2001 e contempla o campo designado como “Saúde: conceito, princípio, diretrizes e objetivos”. Aqueles pareceres posteriores, que contemplaram cursos de graduação em Saúde, também reafirmaram a importância da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e a necessidade de se garantir esse tripé nas estruturas dos cursos de graduação3.

No tocante à interação universidade-sociedade, as Ligas Acadêmicas se apresentam como possível espaço de ensino e de aprendizado, uma vez que começam a ressurgir no bojo das atividades de extensão universitária. As Ligas Acadêmicas têm seu registro de surgimento no Brasil com a criação da Liga de Combate à Sífilis, em 1920, com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (o nome indica o caráter, sobretudo, higienista). Tal Liga tinha por objetivo ofertar, de forma gratuita, cuidados médicos prestados por estudantes, que colocavam em prática os conhecimentos absorvidos na universidade e, em contrapartida, adquiriam experiência e aprendiam com base na realidade dos serviços e da população4. A época de ascensão das Ligas coincidiu com o período da Ditadura Militar5, no qual, se havia restrição ao conhecimento e aos questionamentos dos universitários, havia também grande expectativa com a prestação de serviços comunitários de caráter assistencialista (servir à nação e servir à ciência, enfocando a prestação de ações técnico-científicas independentemente das noções de sistema de saúde, de políticas públicas ou de cidadania em saúde).

Apesar da origem e do predomínio das especialidades médicas, as Ligas têm estado presentes em outros cursos da área da Saúde e em outras áreas do conhecimento. Contudo, apesar dos quase cem anos desde a primeira Liga, pouco se tem de literatura científica sobre o assunto, o que depõe em favor de uma análise sobre a instrumentalidade de seu uso e a prevalência das especialidades médicas, seja pela filiação aos corpos especialistas, seja pela prestação “altruísta” de serviços à Saúde Pública. Em uma revisão integrativa feita por Cavalcante et al.6, apenas 24 artigos estavam presentes nas bases de dados brasileiras, sendo a maioria de especialidades médicas, entre elas, cirurgia, ortopedia, anestesiologia, psiquiatria e medicina intensiva. Além disso, os artigos publicados com essa temática não apresentavam um consenso sobre definição e práticas das Ligas Acadêmicas, afirmando, todavia, que teriam por objetivo promover ao estudante oportunidade de experiência prática e aquisição de habilidades na atenção à saúde, segundo a indissociabilidade entre assistência, pesquisa e desenvolvimento técnico-científico, também cobrindo a noção de convergência entre ensino, pesquisa e extensão. As Ligas se apresentariam como “espaço transformador”, promovendo vínculos entre estudantes, professores e sociedade, além de aproximações entre cenários diversificados de práticas e de aproximar estudantes a segmentos da população7.

São reconhecidas nas Ligas Acadêmicas a relevância das estratégias extracurriculares de ensino, entendendo que contemplam perspectivas previstas em lei e que atendem às expectativas de integração da formação básica à pesquisa e à extensão. Considerando-se a carência de informações na literatura sobre a convocação e condução de Ligas Acadêmicas, principalmente quando proporcionadas para diversas categorias profissionais – inclusive incorporando práticas interprofissionais –, mostra-se relevante a exploração da definição com que operam docentes e discentes. Para tanto, tomou-se como proposta um estudo de caso junto na área da Saúde, segundo a experiência do interior do estado do Ceará, região Nordeste do Brasil, no qual as Ligas estão presentes e são oferecidas aos graduandos de Medicina e de Enfermagem. Assim, o estudo objetivou sistematizar uma definição contemporânea de Ligas Acadêmicas segundo a experiência de oito Ligas em duas universidades públicas, envolvendo dois dos principais cursos da área da saúde.

Caminhos trilhados

Tendo em vista a construção de uma definição contemporânea às Ligas Acadêmicas, um estudo de caso mostrou-se promissor8. Como base para o desenvolvimento do estudo, utilizou-se o referencial de abordagem qualitativa, mediante análise de documentos, uso de entrevista semiestruturada e observação de campo. O cenário do estudo envolveu a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Estadual Vale do Acaraú, mais precisamente, as quatro Ligas Acadêmicas dos cursos de graduação de Enfermagem e as quatro Ligas Acadêmicas do curso de graduação de Medicina.

A escolha por esses dois cursos se deveu ao fato de serem paradigmáticos na saúde e os mais antigos no local do estudo. Assim, foi realizada uma escolha aleatória de quatro Ligas de Medicina entre as 17 que estavam ativas, e foram incluídas neste estudo também as quatro Ligas de Enfermagem que estavam ativas no período da coleta de dados. Optou-se pelo número igualitário de Ligas em cada curso.

Os participantes do estudo foram oito docentes e 16 discentes. Os docentes eram os professores coordenadores das quatro Ligas Acadêmicas de Enfermagem e das quatro Ligas Acadêmicas de Medicina. Os participantes (“ligantes”) precisavam desenvolver regularmente atividades nas Ligas Acadêmicas há pelo menos três meses. Os ligantes eram estudantes de graduação, dois de cada Liga, sendo um desses o coordenador discente. Para a escolha dos demais ligantes, foi realizado um sorteio aleatório. O período da coleta de dados estendeu-se de agosto a novembro de 2017.

Para a análise de documentos, elegeu-se o regimento interno, o projeto de criação das respectivas ligas e o edital de seleção mais recente de cada Liga. Para as entrevistas, foi utilizado um roteiro semiestruturado, contemplando perguntas norteadoras sobre a definição de Ligas Acadêmicas e sobre seu papel na formação dos estudantes. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas. Para a análise dos documentos, utilizou-se um roteiro orientador previamente sistematizado. A estratégia de observação envolveu três reuniões de cada Liga Acadêmica, sendo que cada observador utilizava um roteiro sobre os focos de atenção a registrar. Os dados coletados foram submetidos ao processamento da análise de conteúdo proposta por Bardin9, que consiste na identificação de informação sistemática para a produção de inferência. Com o auxílio do software NVivo 11, organizou-se as informações das entrevistas, documentos e observações, sendo possível a categorização dos dados e das análises.

Para a proteção da identidade dos participantes, bem como seus direitos de participação em pesquisas envolvendo seres humanos, foram observadas as determinações da Resolução n. 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde10. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UVA, obtendo o parecer favorável n. 2.102.883. Todos os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os esforços necessários foram mobilizados para minimizar possíveis riscos de constrangimento em campo ou nas entrevistas. Para garantir o anonimato dos participantes, foram utilizados códigos relativos apenas ao agrupamento de cada pertencimento, seguido de um número sequencial romano.

Caracterização das Ligas Acadêmicas

As Ligas participantes do estudo apresentaram diferentes períodos de existência. As de medicina tiveram seus anos de criação em 2003 – Liga de Trauma –, 2007 – Liga de Medicina de Família e Comunidade de Sobral –, 2012 – Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica de Sobral (LACIPS) e 2013 (Liga Acadêmica de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial – LOCCF). Quanto às de Enfermagem, estas iniciaram em 2014 (Liga de Enfermagem em Saúde da Família – LESF), 2015 (Liga de Promoção à Saúde do Adolescente – LIPSA e Liga Interdisciplinar em Saúde da Criança – LISCRI) e 2016 (Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência – LENUE). Quanto à organização e funcionamento, todas a Ligas apresentavam Estatuto, regulamentando a atuação de seus membros, versando sobre direitos e deveres, composição de diretoria ou coordenação e os respectivos diversos cargos. Em relação aos objetivos, a maioria tinha relação com um dos pilares do tripé da formação, outras integravam dois ou três pilares. Foram encontrados ainda objetivos que tinham relação com a interdisciplinaridade e com a mobilização social.

As ligas acadêmicas selecionadas podem ser divididas pelas Redes de Atenção, como a de urgência e emergência e a de saúde da família; por ciclos de vida, como a de saúde da criança e a de saúde do adolescente; e por especialidades, como trauma, otorrinolaringologia e cirurgia plástica, específicas da Medicina. Todas as Ligas estudadas estavam vinculadas às Pró-Reitorias de Extensão das universidades, sendo as mesmas as responsáveis pela emissão dos certificados de participação11. Além disso, quanto ao tempo de permanência, as Ligas que estavam vinculadas aos cursos de Medicina não apresentavam tempo de duração final, ou seja, os acadêmicos entram por meio de processo seletivo e podem permanecer até o fim da graduação. Nas ligas vinculadas aos cursos de Enfermagem havia um tempo predeterminado que variava de seis meses a um ano, sem interrupção das atividades ao longo de todo o período. Os processos seletivos nas ligas de medicina acontecem de acordo com a necessidade de preenchimento das vacâncias.

A definição de Ligas Acadêmicas

Foi recorrente nas manifestações dos participantes e uma constante nos documentos que as Ligas Acadêmicas constituem projetos de extensão universitária, estando todas elas vinculadas às respectivas Pró-Reitorias de Extensão. Eram consideradas projetos de extensão, ainda que desenvolvessem atividades de ensino e de pesquisa e possuíssem duração ilimitada. A extensão foi considerada seu pilar de sustentação, integrando o ensino no que se refere ao aprofundamento tanto de questões teóricas quanto ao adensamento das habilidades práticas; e a pesquisa, que se pauta pelas lacunas de desenvolvimento dos campos teórico ou prático nas jornadas regulares do ensino. As Ligas Acadêmicas na área da Saúde foram definidas como projetos de extensão que surgem das necessidades de aprofundamento e domínio de determinado campo de saber no qual, entretanto, verificam-se lacunas na oferta pelo ensino ou oportunidades rotineiras de aprendizado, conforme apresentado na figura 1.

Figura 1
Mapa conceitual das ligas acadêmicas. Sobral, Ceará, Brasil. 2018.

A vinculação à extensão universitária é confrontada, todavia, pelos estatutos de diversas Ligas Acadêmicas12,13, uma vez que as evidenciam como um programa de formação, não estando limitadas à noção de atividades de extensão, o que é revelador da longitudinalidade e continuidade da vivência nas Ligas. A nomenclatura “grupos de extensão” também não representaria as Ligas Acadêmicas, uma vez que é forte o seu vínculo e organicidade entre discussão e ação. O documento elaborado pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, que tem orientado a organização e sistematização da extensão universitária, traz no conceito de projeto de extensão a determinação de prazos de duração, ou seja, duração preestabelecida14. As Ligas Acadêmicas, entretanto, têm duração ilimitada, longitudinalidade na formação e continuidade de suas ações.

Propõe-se que a Liga de Enfermagem de Saúde da Família – LESF – seja de duração ilimitada, sociedade civil não religiosa, sem fins político-partidários e sem fins lucrativos. Por outro lado, propõe-se sua vinculação à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) e ao Curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú.

(Estatuto LESF)

É uma entidade sem fins lucrativos, com duração ilimitada, organizada por acadêmicos do curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e apoiada pela Coordenação do mesmo.

(Edital LIPSA)

É uma entidade civil, sem fins lucrativos, apartidária, não religiosa, de duração ilimitada e com caráter multiprofissional.

(Estatuto LACIPS)

O principal diferencial das Ligas é o protagonismo estudantil. Tal característica é expressa desde a sua concepção inicial e é um dos elementos fundamentais para uma aprendizagem significativa e autônoma15. O surgimento das Ligas é demarcado pelo reconhecimento de alguma lacuna de aprofundamento ou adensamento julgado como necessário pelos próprios estudantes. Eles se mobilizam em torno de um objetivo comum de intervenção e, a partir de então, iniciam com a supervisão de um docente o processo de construção de uma Liga.

A liga acadêmica, ela é algo que surgiu de uma necessidade dos alunos, em estar inserido, em determinado campo, o qual, na minha liga é Saúde da Família, e tinha necessidade que é, nós não tínhamos tanta inserção no PSF [Programa de Saúde da Família], em conhecer a Saúde da Família, foi pensado em criar a liga, então é mais isso, é algo que os alunos tomam a frente e que tem os professores orientadores também para ajudar nessa inserção no território.

(Coord. Discente Enf. II)

Foi criada a partir da necessidade dos estudantes de enfermagem e educação física para fomentar conhecimentos acerca da saúde da criança no aspecto físico e psicossocial, consideradas insuficientes as atividades teórico-práticas envolvendo essa população durante a graduação, desta forma, desprende-se da necessidade de desenvolvimento de atividades extracurriculares para a formação aprimorada de futuros profissionais nesta área.

(Projeto LISCRI)

As Ligas são instituições estudantis, criadas e gerenciadas por acadêmicos, fato importante para condução das atividades, dentro das determinações de seus projetos. E coordenada por um Professor Coordenador Orientador.

(Estatuto LESF)

A especialização foi outra característica encontrada nas Ligas Acadêmicas, o que deve ser cuidado pelos docentes que as supervisionam, uma vez que o ensino de graduação deve primar pela formação generalista16 e evidenciar uma abertura para as especialidades demandadas pelo mundo do trabalho no sistema de Saúde, e não a antecipação de especialidades pelo mundo das corporações especialistas.

Diante desse conjunto de pré-qualificações exigidas pelos serviços de emergência, justifica-se a criação de um projeto de qualificação de acadêmicos de enfermagem que possam estar ainda enquanto graduandos, dentro de serviços referências de atenção às urgências e emergências aprimorando seus conhecimentos e suas habilidades técnicas. Tal fato resultará na condição de quando esses acadêmicos estiverem formados se apresentem ao mercado de trabalho com uma mão de obra qualificada e especializada na área.

(Projeto LENUE)

As Ligas não deveriam se materializar em espaços de precoce especialização, em que pese estarem quase sempre relacionadas a uma especialidade, e não a uma área de intervenção social ou a uma aproximação universidade-sociedade17. Na Medicina, por exemplo, as Ligas costumam reunir estudantes pelo desejo de adesão precoce à especialidade almejada na residência médica e futuro exercício profissional especializado. Precisa-se formar, na graduação, profissionais com orientação ao sistema sanitário nacional, com visão abrangente das necessidades sociais e regionais em saúde da população e que possam atender à construção de respostas sistêmicas do setor às questões globais que envolvem o processo saúde-doença-qualidade-de-vida.

As oportunidades de estímulo dos estudantes ao pensar e fazer colaboram para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, mobilizam as capacidades profissionais de autonomia, comunicação, interpretação da realidade e tomada de decisão. Os estudantes mais engajados nas questões sociais são mais receptivos às mudanças educacionais no ensino superior e anseiam por estratégias que rompam com o modelo tradicional de ensino. O convite à ação atrai estudantes e os encanta para participar de atividades que rompam com a dicotomia teoria e prática18. Além disso, segundo os estudantes, eles encontram nas Ligas a oportunidade de exercício da tão idealizada prática profissional apresentada em sala de aula, mas com reduzido contato com usuários e serviços.

É, creio que seja o projeto de extensão em si, né, que se proporciona tanto ensino, tanto a pesquisa, tanto a extensão, associa tanto a prática como a teoria em sala, e isso proporciona tanto, é questão de melhorar tanto com o currículo como as vivências, né, a pessoa ter mais experiência com determinadas áreas, identificar ou não aquela área, então acho que seja isso, a teoria atrelada a prática.

(Ligante Enf. I)

Eu acho que é uma oportunidade da gente tá aprendendo coisas que é... que a gente não vê assim tanto na prática na faculdade. Pelo menos assim, para Medicina a gente vê muito mais a prática durante o internato.

(Coord. Discente Med I)

Essa constatação requer cautela, uma vez que ela pode apresentar uma visão utilitarista ou assistencialista da população. Os cenários de intervenção das Ligas precisam ser tomados como espaços de aprendizado ampliado não só da técnica, mas também da leitura social, do desenvolvimento ético, do respeito ao usuário, da compreensão de sistema, da apropriação das políticas de saúde e da construção de interações críticas entre universidade, sociedade e sistema de saúde. Outra característica importante é que, na presente pesquisa, o que marcou o conceito de Liga foi a inserção na realidade do futuro mundo do trabalho: problematizar a realidade permite que se aprenda de forma mais significativa. Além disso, a presença contínua e engajada dos estudantes nos serviços estimula os profissionais dos locais de trabalho a refletirem sobre suas próprias práticas profissionais.

Nas reuniões que ocorriam, geralmente uma vez por semana, foi observado que os assuntos eram direcionados ao planejamento ou à análise de atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de haver uma discussão sobre alguma atividade que os ligantes desenvolviam no âmbito dos diferentes serviços de saúde. Algumas reuniões eram relacionadas ao alinhamento teórico sobre determinada temática importante para o desenvolvimento de outras atividades das Ligas participantes deste estudo. Além disso, também havia reuniões burocráticas relacionadas a discussões sobre frequência dos participantes, edital de seleção, regimento interno, entre outros assuntos.

As Ligas permitem ainda a emergência do trabalho coletivo: os estudantes começam a trabalhar em equipe e com diversos atores sociais; e entram em contato com estudantes e profissionais de diversas categorias, com os usuários e com os gestores dos serviços e/ou territórios em que desenvolvem suas atividades. Esse exercício, a partir do estímulo da educação interprofissional ainda na graduação, incentiva a realização de práticas (e da práxis) colaborativas no exercício profissional. A ação colaborativa entre os discentes permite o compartilhamento de competências comuns e específicas que são importantes para o futuro exercício profissional19.

Uma dimensão importante referida às Ligas Acadêmicas foi a interseção entre o processo de educação e profissionalização pela busca de soluções de problemas reais, como destacam Silva e Flores7. As Ligas se caracterizam como atividades complementares que possibilitam a flexibilização da formação e não têm foco financeiro, de prestação de serviços ou na aquisição de bolsas: o objetivo tem sido potencializar a formação dos estudantes. As Ligas correspondem a modelos bastante contemporâneos às chamadas metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos, a aprendizagem baseada na equipe, a formação situada, o service learning, as comunidades aprendentes, entre outros, sendo modalidade cabal para relacionar o ensino, o saber o que e como fazer, operar realidades em ato e ativar a criação mediante a troca20.

A indissociabilidade entre teoria e prática e entre ensino, pesquisa e extensão aparece em destaque na proposição das Ligas21 e parece exemplificada não só na defesa da melhor formação profissional dos acadêmicos, mas também na formação cidadã, a partir da implicação e do compromisso com as realidades e com as mudanças necessárias na formação para a área da Saúde. Contudo, essa indissociabilidade aparece como uma meta a ser perseguida nas atividades desenvolvidas pelas Ligas Acadêmicas a fim de não ficarem contidas apenas nos estatutos e regimentos, como uma utopia a ser alcançada.

A extensão universitária como pilar fundamental das Ligas Acadêmicas

A partir da pesquisa, pode-se afirmar que as Ligas poderiam ser mais uma das estratégias para efetivar a responsabilidade social da universidade22, segundo o diálogo da extensão com o ensino e a pesquisa; e contando com o potencial de ser gerida por estudantes e para estudantes, conforme os documentos da Liga de Enfermagem em Saúde da Família e da Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência:

[...] a formação de uma Liga é baseada em um tema cercado de relevância social. As Ligas são baseadas em problemas da comunidade na qual estão inseridas, identificando-os e pesquisando-os, com o objetivo de ajudar a propor soluções.

(Estatuto LESF)

[...] deve visar à comunidade, assim como aos acadêmicos envolvidos.

(Projeto LENUE)

Conforme a manifestação de discentes e docentes das Ligas de Enfermagem e Medicina:

[...] a liga, pra mim, realmente é um projeto inovador, né, tanto pra Universidade como pros próprios discentes. A gente aprende muito, através dela a gente pode atuar nas três áreas, fazer ensino, pesquisa e extensão. A gente também convive com a comunidade, né, tá mais próximo. Permite saber o que realmente a comunidade precisa, as coisas que a gente pode intervir e, dessa forma, a gente tenta melhorar, né, melhorar o que a gente vê de errado.

(Coord. Discente Enf. III)

[...] primeiro uma oportunidade de aprendizado e de experiência, tanto de ensino quanto de pesquisa e extensão, né. Parece clichê, mas é de verdade. É isso mesmo que funciona.

(Prof. Med. III)

O interessante das Ligas é que os estudantes são movidos pela inquietação de problemáticas com as quais se deparam quando estão inseridos na realidade dos serviços de Saúde e das populações com as quais estão desenvolvendo suas atividades. As pesquisas devem ser realizadas para conhecer mais algum assunto dessa realidade ou para propor soluções para problemáticas identificadas em terreno. O ensino se constitui em uma oportunidade de potencializar conhecimentos sobre determinada temática da Liga Acadêmica, a qual tem estreita relação com a população ou rede de serviços nos quais atuarão como profissionais.

Se, de um lado, muitos estudantes não sabem o que realmente significa a extensão universitária, mantendo a visão assistencialista17, por outro lado, aprendem a partir do questionamento da realidade, da crítica social, da problematização e, principalmente, do contato com o Sistema Único de Saúde e a população. Reconhecem que os serviços de Saúde são territórios de ensino e aprendizagem e que é preciso romper com a concepção de extensão universitária como mero espaço de disseminação de conhecimentos e difusão de eventos culturais ou de assistencialismo e/ou prestação de serviço23:

[...] a liga acadêmica, pra mim, é a junção dos conhecimentos de ensino, pesquisa e extensão, o que a gente pode repassar pros acadêmicos é meio como uma extensão do que a gente vive na faculdade, tentando melhorar esse déficit que a gente tem, que a gente vê muita aula, mas a gente fica desde o primeiro semestre “quero extensão, quero extensão, quero extensão”, e acho que as Ligas estão proporcionando muito isso, essa oportunidade. [...] a maioria das ligas agora tão tendo o processo seletivo a partir do primeiro semestre, ou primeiro ou segundo!

(Coord. Discente Enf. IV)

É um potencial indutor de processos de mudança na formação profissional, constituindo-se num espaço de interlocução entre a universidade, a comunidade e o serviço de saúde a partir da extensão e da pesquisa, o que fortalece o “espírito de humanização” e implica direta e indiretamente os processos de transformação da realidade.

(Estatuto LESF)

As Ligas Acadêmicas visam à realização de medidas que auxiliem na resolução dos problemas da comunidade na qual estão inseridas, desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. A partir dessa ótica, tais entidades estudantis funcionariam levando-se em conta não só os interesses científicos de professores e pesquisadores da universidade, mas também os interesses sociais da população.

(Estatuto Otorrino)

Tendo em vista a ultrapassagem da vertente utilitarista da população, a pesquisa pode ter importante papel ao ampliar o ensino para atender às reais demandas sociais. Nesse sentido, merece destaque a referência de que estudantes e professores precisam valorizar os saberes da população, reconhecê-los e considerá-los no cuidado em saúde. A educação popular, inserida na formação dos profissionais de saúde, permite reconhecer os saberes prévios tanto dos estudantes quanto da própria população que esses estudantes irão cuidar posteriormente, em uma dinâmica de valorização dos saberes e interesses dos educandos e da população24.

A história das Ligas as reconhece como espaços potenciais para a implementação da extensão universitária17 e vai ao encontro do Plano Nacional de Educação, que exige que pelo menos 10% dos créditos curriculares da graduação estejam destinados à extensão25.

O desafiador papel do professor como mediador da aprendizagem nas Ligas Acadêmicas e o protagonismo estudantil em cena

O papel do professor nas Ligas Acadêmicas consiste em facilitar/mediar o aprendizado. O docente é quem deve conceder suporte prático, teórico e pedagógico nas Ligas; mobilizar os estudantes; e os incentivar a aprender a partir de sua inserção prática e social:

[...] o professor, ele tá ali como um apoio diferente do que eu vivi na época de acadêmica em projeto de extensão, onde você chegava na reunião, o professor dizia o que ia acontecer. Nas Ligas eu vejo divisão de tarefas, você tem um aluno responsável pelo financeiro, pela extensão, pela pesquisa – no caso do nosso, um que organiza escalas. Então eu vejo os alunos bem mais proativos na Liga do que em um projeto de extensão, né, eu acho que a diferença de uma Liga para um projeto de extensão seria esse: a participação ativa dos alunos.

(Prof. Enf. I)

O compromisso ético-político dos professores contribui para a construção de aprendizagens mais significativas18,26, assim como sua capacidade de articular a teoria e a prática, a ética e a técnica e sua competência e habilidade de se relacionar contribuem para encantar e sensibilizar os estudantes. Eles devem atuar, então, como um conjunto em que um se relaciona dialogicamente com o outro para existir nos processos de ensino e de aprendizado a corresponsabilização.

As Ligas permitem a ruptura com o modelo tradicional de ensino e com a característica de hierarquização entre estudantes e professores. O docente não tem lugar ascendente sobre os discentes e passa a ser o integrante que, apesar de ter mais experiência, aprende em conjunto com o estudante. O discente é instigado a desenvolver sua autonomia a partir de sua proatividade. Desaparecem, nessa imagem, os imaginários do docente “dono da cátedra especialista” e dos aprendizes “discípulos da cátedra especialista”.

Os estudantes organizam suas atividades a partir das necessidades de aprendizagem que encontram quando se deparam com a realidade em que estão inseridos:

[...] a Liga Acadêmica, pra mim, é um projeto que vai além, lá o discente tem uma certa liberdade, ele pode atuar mais e não necessariamente ter aquela coisa do professor estar sempre diretamente interferindo, ele tem uma certa independência e acaba sendo bom e ruim ao mesmo tempo, né? A gente acaba fazendo coisas, a gente acaba se destacando mais, fazendo coisas mais independentes.

(Coord. Discente Enf. III)

[...] o diferencial é o protagonismo dos estudantes. Os docentes, eles ficam como apoiadores, mas o que é interessante na Liga é essa criação. A percepção é de responsabilidade, sem precisar esperar. Não ter essa passividade. Eles mesmos exercem esse protagonismo.

(Prof. Enf. II)

O desenvolvimento de competências é importante para que os estudantes agucem sua criatividade diante da construção de soluções para problemas reais. Verificou-se que os estudantes passam a ser tomadores de decisão, além exercitar o trabalho em equipe, que proporciona a vivência de conflitos que serão pedagógicos para sua formação. O papel dos docentes, entretanto, nem sempre é efetivo, o que pode fragilizar o funcionamento e o desenvolvimento das atividades das Ligas27. Nas Ligas estudadas, houve casos em que os orientadores não eram presentes, sendo de recurso apenas para a obtenção do cadastro da Liga na instituição de ensino, sem participação nos momentos de organização e reuniões:

[...] no caso, o coordenador não é tão efetivo assim na liga.

(Ligante Med. I)

[...] o professor orientador, nem sempre ele tá tão presente no projeto, por exemplo, mas vai muito de orientador pra orientador... mas ao mesmo tempo a gente sente às vezes aquela necessidade de uma orientação, muitas vezes a gente tá num projeto, não tem a indicação do que a gente fazer, como a gente fazer e, fora isso, pra um aluno é complicado, né, a gente não ter orientação do professor.

(Coord. Discente Enf. III)

Os docentes precisam fazer uma autoavaliação do seu papel e de seu compromisso com os estudantes. A autoavaliação docente permite o aprimoramento das práticas pedagógicas e, consequentemente, do processo de ensino-aprendizagem28. Quando aceita coordenar uma Liga, o docente também aceita a responsabilidade de cumprimento de suas atividades, principalmente a de apoiar o aprendizado dos estudantes. Os professores lembraram que não vivenciaram em sua graduação esse formato de atividade e que, muitas vezes, aprendem sobre o funcionamento e condução das Ligas junto com os estudantes demandantes:

[...] a não ser que a gente tivesse um treinamento especial para estar na Liga no projeto específico de extensão.

(Prof. Med. I)

[...] foi um desafio pra mim, porque na minha época de academia não existia Liga, só projeto de extensão.

(Prof. Enf. I)

[...] eu nunca tinha feito parte de Liga, não conhecia o funcionamento, vim conhecer, estou aprendendo junto com eles, né, eu nunca tinha feito parte de uma Liga.

(Prof. Enf. III)

Docentes e discentes aprendem e trabalham em conjunto. Eles aprendem a desenvolver e a vivenciar a Liga em coletivo. O despreparo dos docentes também revela a fragilidade da universidade quando o assunto é a extensão, despreparo que pode refletir a distância nas necessidades de atualização nos modos de ensinar e pesquisar na universidade.

Conclusão

Com base no estudo, consideradas duas importantes universidades públicas – uma federal e uma estadual –, ambas com campus no interior do estado do Ceará, região onde se evidenciam carências sociais e regionais características da região Nordeste do Brasil, as Ligas Acadêmicas podem ser definidas como coletivos estudantis do ensino de graduação organizados mediante supervisão docente direta e indireta como programa regular longitudinal de extensão universitária, estando sob apoio intelectual e prático da universidade e da rede de serviços; e orientando-se pela aprendizagem e pelo desenvolvimento científico, tecnológico e político de um tema específico constante do respectivo perfil de egresso previsto e documentado nas DCN.

As Ligas, que priorizam os domínios do conhecimento e profissionais demandados pelo mundo do trabalho e/ou a atuação de uma determinada profissão no mundo das necessidades sociais, representam atividades complementares de ensino e são consistentes em relação à legislação educacional superior no Brasil. Além disso, as Ligas também são coerentes com a proposta nacional de extensão universitária e oferecem oportunidades de pesquisa aplicada, de engajamento em grupos de pesquisa universitária e de pesquisa, desenvolvimento e inovação em metodologias, conceitos e ação social. As Ligas Acadêmicas, no caso da Saúde, articulam universidade, sociedade e sistema sanitário local, regional e nacional.

Em que pese muitas vezes serem configuradas como projeto pontual de extensão, projeto específico de intervenção de determinados grupos de pesquisa ou localização excepcional ao ensino – como cenário de prática, internato, estágio curricular ou vivência de graduação –, as Ligas Acadêmicas são uma face da responsabilidade social da universidade e de corresponsabilidade entre docentes e discentes, particulares a uma temática, integrando ensino, pesquisa e extensão; articulando teorias e práticas; permitindo o compartilhamento de saberes e habilidades; e preenchendo as lacunas de aprendizado em campos estratégicos ao provisionamento de pessoal no sistema de Saúde, seja sob os aspectos da assistência, da gestão, da avaliação ou da Educação Permanente em Saúde.

A definição de Ligas Acadêmicas extraída do presente estudo permitirá que estudantes e professores possam propor, conduzir ou implementar tal iniciativa; e pleitear recursos, convênios e parcerias não só na área da Medicina, mas também nos demais cursos de graduação em saúde e em projetos de Educação Interprofissional. A definição também pode colaborar para a regulamentação e regulação das Ligas Acadêmicas; para a geração de políticas de incentivo à sua criação, remodelação ou extinção; para a formação de lideranças; e para a prospecção de inovações nas interações universidade-sociedade, descontinuando modalidades limitadas ou fragmentadas.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Pesquisa Social, Educação Transformadora e Saúde Coletiva (LABSUS) da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA); à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela concessão de bolsa de mestrado e doutorado de Ana Suelen Pedroza Cavalcante; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela concessão de bolsa de iniciação científica de Gabriel Pereira Maciel.

  • Cavalcante ASP, Vasconcelos MIO, Ceccim RB, Maciel GP, Ribeiro MA, Henriques RLM, Albuquerque INM, Silva MRF. Em busca da definição contemporânea de “ligas acadêmicas” baseada na experiência das ciências da saúde. Interface (Botucatu). 2021; 25: e190857 https://doi.org/10.1590/interface.190857

Referências

  • 1 Brasil. Presidência da República. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. 23 Dez 1996.
  • 2 Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 1988.
  • 3 Brasil. Ministério da Educação. Parecer CNE/CES nº 1.133, de 07 de agosto de 2001. Estabelece as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação em enfermagem, medicina e nutrição. Diário Oficial da União. 03 Out 2001.
  • 4 Burjato Jr D. História da liga de combate à sífilis e a evolução da sífilis na cidade de São Paulo (1920-1995) [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1999.
  • 5 Silva JHS, Chiochetta LG, Oliveira LFT, Sousa VO. Implantação de uma liga acadêmica de anatomia: desafios e conquistas. Rev Bras Educ Med. 2015; 39(2):310-315.
  • 6 Cavalcante ASP, Vasconcelos MIO, Lira GV, Henriques RLM, Albuquerque INM, Maciel GP, et al. As ligas acadêmicas na área da saúde: lacunas do conhecimento na produção científica brasileira. Rev Bras Educ Med. 2018; 42(1):199-206.
  • 7 Silva AS, Flores O. Ligas acadêmicas no processo de formação de estudantes. Rev Bras Educ Med. 2015; 39(3):410-425.
  • 8 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3a ed. Porto Alegre: Bookman; 2015.
  • 9 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.
  • 10 Brasil. Ministério da Saúde. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União. 13 Jun 2013.
  • 11 Silva DP, Raimundo ACL, Santos IMR, Gomes NMC, Melo PDCR, Santo DS. Proposição, fundação, implantação e consolidação de uma liga acadêmica. Rev Enferm UFPE online. 2018; 12(5):1486-1492.
  • 12 Universidade Federal de São Carlos. Guia das ligas acadêmicas do curso de medicina da USFCar. São Carlos: UFSCar; 2010.
  • 13 Universidade Federal de São João Del-Rei. Estatuto da liga acadêmica de medicina intensiva da Universidade Federal de São João Del-Rei. Divinópolis: UFSJ; 2009.
  • 14 Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Extensão universitária: organização e sistematização. Belo Horizonte: Coopmed; 2007.
  • 15 Santos MA, Reis GA, Barros FS, Gomes KR. Projeto VER-SUS/Brasil no estado do Tocantins: protagonismo estudantil em defesa do SUS, da democracia e dos direitos sociais. Expr Ext. 2017; 22(1):22-33.
  • 16 Varela DSS, Carvalho MMB, Barbosa MUF, Silva IZF, Gadelha RRM, Machado MFAS. Diretrizes curriculares nacionais e a formação de profissionais para o SUS. Rev Bras Ens Super. 2016; 6(3):39-43.
  • 17 Moreira LM, Mennin RHP, Lacaz FAC, Bellini VC. Ligas acadêmicas e formação médica: estudo exploratório numa tradicional escola de medicina. Rev Bras Educ Med. 2019; 43(1):115-125.
  • 18 Debald BS, Golfeto NV. Protagonismo estudantil e metodologias ativas de aprendizagem em tempos de transformação na educação superior. Pleiade. 2016; 10(20):5-11.
  • 19 Lima AWS, Alves FAP, Linhares FMP, Costa MV, Coriolano-Marinus MWL, Lima LS. Percepção e manifestação de competências colaborativas em discentes da graduação em saúde. Rev Lat-Am Enfermagem. 2020; 28:e3240.
  • 20 Ceccim RB. Coletivos aprendentes e coletivos de prática: das mutações de cenário e das práticas educativas em educação na saúde. In: Santos AM, Bispo Junior JP, Prado NMBL. Caminhos da pesquisa em saúde coletiva no interior do Brasil. Salvador: EdUFBA; 2020. p. 117-135.
  • 21 Daniel E, Zétola PR, Sue CA, Amorim CS. Liga acadêmica de medicina do trabalho: a experiência da Universidade Federal do Paraná. Rev Bras Med Trab. 2018; 16(2):199-203.
  • 22 Sobrinho JD. Responsabilidade social da universidade em questão. Avaliação. 2018; 23(3):586-589.
  • 23 Ribeiro MA, Cavalcante ASP, Albuquerque IMN, Vasconcelos MIO. A extensão universitária na perspectiva de estudantes de cursos de graduação da área da saúde. Interagir. 2016; 21:55-69.
  • 24 Vasconcelos EM, Cruz PJSC, Prado EV. A contribuição da Educação Popular para a formação profissional em saúde. Interface (Botucatu). 2016; 20(59):835-838. doi: https://doi.org/10.1590/1807-57622016.0767.
    » https://doi.org/10.1590/1807-57622016.0767
  • 25 Brasil. Presidência da República. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Diário Oficial da União. 26 Jun 2014.
  • 26 Rios GM, Ghelli KGM, Silveira LM. Qualidades de um professor universitário: perfil e concepções de prática educativa. Ensino Rev. 2016; 23(1):135-154.
  • 27 Silva SA. As perspectivas das ligas acadêmicas no processo de formação dos estudantes de saúde na Universidade de Brasília [dissertação]. Brasília: Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília; 2013.
  • 28 Ferreira CA, Oliveira C. Auto-avaliação docente e melhoria das práticas pedagógicas: percepções de professores portugueses. Estud Avaliação Educ. 2015; 26(63):806-836.

Editado por

  • Editora
    Roseli Esquerdo Lopes
    Editora associada
    Fatima Corrêa Oliver

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    07 Dez 2019
  • Aceito
    23 Mar 2021
location_on
UNESP Distrito de Rubião Jr, s/nº, 18618-000 Campus da UNESP- Botucatu - SP - Brasil, Caixa Postal 592, Tel.: (55 14) 3880-1927 - Botucatu - SP - Brazil
E-mail: intface@fmb.unesp.br
rss_feed Stay informed of issues for this journal through your RSS reader
Acessibilidade / Reportar erro