Resumos
Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 e Tiphysa Mulsant, 1850 foram estudados e é fornecida uma chave para os gêneros. Cleothera loricata Mulsant, 1850 é designada espécie-tipo de Cyra. O lectótipo de Brachiacantha sellata é designado. Três novas combinações são feitas: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) e Cyra turbata (Mulsant, 1850). Estão incluídas diagnoses e ilustrações dos caracteres.
Lectótipo; Brachiacantha; Hinda; Cyra; Tiphysa
Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 and Tiphysa Mulsant, 1850 were studied, and a key to genera is added. Cleothera loricata Mulsant, 1850 is designated type species of Cyra. The lectotype of Brachiacantha sellata is designated. Three new combinations are proposed: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) and Cyra turbata (Mulsant, 1850). Diagnosis and illustrations of characters are provided.
Lectotype; Brachiacantha; Hinda; Cyra; Tiphysa
Notas taxonômicas sobre os Brachiacanthini neotropicais (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae)
Taxonomical notes on neotropical Brachiacanthini (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae)
Julianne MilléoI; Lúcia M. de AlmeidaII
IDepartamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Ponta Grossa, 84300-900 Ponta Grossa, PR, Brasil. (jmilleo@hotmail.com)
IIDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba, PR, Brasil. (lalmeida@ufpr.br)
RESUMO
Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 e Tiphysa Mulsant, 1850 foram estudados e é fornecida uma chave para os gêneros. Cleothera loricata Mulsant, 1850 é designada espécie-tipo de Cyra. O lectótipo de Brachiacantha sellata é designado. Três novas combinações são feitas: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) e Cyra turbata (Mulsant, 1850). Estão incluídas diagnoses e ilustrações dos caracteres.
Palavras-chave: Lectótipo, Brachiacantha, Hinda, Cyra, Tiphysa.
ABSTRACT
Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 and Tiphysa Mulsant, 1850 were studied, and a key to genera is added. Cleothera loricata Mulsant, 1850 is designated type species of Cyra. The lectotype of Brachiacantha sellata is designated. Three new combinations are proposed: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) and Cyra turbata (Mulsant, 1850). Diagnosis and illustrations of characters are provided.
Keywords: Lectotype, Brachiacantha, Hinda, Cyra, Tiphysa.
A subfamília Hyperaspinae foi estabelecida por DUVERGER (1989), que a dividiu em duas tribos, Hyperaspini e Brachiacanthini, esta última com os gêneros Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850 e Cyra Mulsant, 1850. O gênero Tiphysa Mulsant, 1850, que anteriormente pertencia à tribo Hyperaspini, foi transferido por MILLÉO & ALMEIDA (2003) para Brachiacanthini. Estes quatro gêneros são constituídos por espécies predadoras com representantes principalmente neotropicais.
Com o objetivo de apresentar chave para o reconhecimento destes gêneros, analisou-se a espécie-tipo e estudou-se a morfologia comparada de nove espécies. Propõe-se a designação de Cleothera loricata Mulsant, 1850 como espécie-tipo do gênero Cyra e três combinações novas com diagnose e ilustração da genitália.
O material estudado pertence às seguintes instituições: The Natural History Museum, Londres, Inglaterra (BMNH); Coleção de Entomologia Pe. J. S. Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil (DZUP); Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (MNRJ); University Museum of Zoology, Cambridge, Inglaterra (UMZC) e Zoologisk Museum, Universitetsparken, Copenhagen, Dinamarca (ZMUC).
Devido à dificuldade de se obter todas as espécies representantes de alguns dos gêneros, optou-se pelo estudo da espécie-tipo.
Os gêneros Brachiacantha, Cyra, Hinda e Tiphysa possuem em comum o corpo oval, com superfície dorsal glabra; olhos emarginados; antenas com 11 artículos; labro aparente, sub-retangular; mandíbulas assimétricas; último artículo do palpo maxilar securiforme; mento cordiforme; processo prosternal com duas carenas em forma de "V"; epipleura com escavação para recepção dos ápices femurais médio e posterior; abdome com sete esternitos visíveis no macho e seis na fêmea; genitália da fêmea com espermateca alantóide, com infundíbulo e coxitos transversais. Os gêneros diferem entre si principalmente pela coloração, forma da tíbia anterior, garras tarsais e pelo padrão de genitália.
Chave para identificação dos quatro gêneros neotropicais de Brachiacanthini
Coloração predominante amarela, preta ou marrom, com máculas pretas ou amarelas; tíbia anterior de outra forma .................................................... 2
Tíbia anterior sem ornamentação (Fig. 8) .......... Cyra Mulsant, 1850 (Figs. 2-4)
Tíbia anterior com borda anterior serrilhada (Fig. 10), com pequena projeção foliácea e escavação profunda para recepção dos tarsos; garras tarsais com dente basal subquadrado ................................... Hinda Mulsant, 1850 (Fig. 6)
Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837
Brachiacantha CHEVROLAT IN DEJEAN, 1837:458; MELSHEIMER, 1847:178; LECONTE, 1852:130, 132 (em chave); BELICEK, 1976:292, 295, 319 (em chave); GORDON, 1985:556 (em chave); 1987:26 (cat.); FÜRSCH, 1989:6, 10; 1990:4, 8, 62 (cat.); DUVERGER, 1989:146; MILLÉO & ALMEIDA, 2000:69; ALMEIDA & MILLÉO, 2000:71.
Brachyacantha CHEVROLAT, 1842:705; MULSANT, 1850:520; CROTCH, 1873:377; 1874:210; CHAPUIS, 1876:228; GORHAM, 1894:184; WICKHAM, 1894:299, 304 (em chave); CASEY, 1899:116, 120 (em chave); BLATCHLEY, 1910:509 (em chave); LENG, 1911:279 (rev.); 1920:212; KORSCHEFSKY, 1931:202 (cat.); BLACKWELDER, 1945:448 (lista); WINGO, 1952:18, 27 (em chave); HATCH, 1961:161 (em chave); CHAPIN, 1966:280 (em chave); 1974:39, 44 (em chave); GORDON, 1987:26 (cat.).
Espécie-tipo: Coccinella dentipes Fabricius, 1801, por designação subseqüente de CROTCH (1873).
Este gênero apresenta distribuição neártica e neotropical e inclui 33 espécies descritas (BLACKWELDER, 1945). Distingue-se dos outros por apresentar longo e afilado espinho no terço basal da tíbia anterior e garras tarsais com dentes basais internos desenvolvidos e foliáceos.
Com base nos grupos discriminados por LENG (1911) e GORDON (1985) conclui-se que as quatro espécies estudadas estão incluídas nos seguintes grupos: B. bistripustulata (Fabricius, 1801) e B. dentipes pertencem ao grupo "1" e "2" de LENG (1911) e "dentipes" de Gordon (1985), por possuírem: tíbia anterior com projeção em forma de aba a partir do espinho, modificações no macho no 3º, 4º e 5º esternos abdominais e lobo-médio assimétrico com projeção lateral voltada para um dos lados. Brachiacantha sellata Mulsant, 1850 e B. bruchi Weise, 1906 pertencem ao grupo "6" de LENG (1911) e "ursina" de GORDON (1985), pois a tíbia anterior não possui a projeção em aba a partir do espinho; modificação abdominal apenas no 5º esterno e lobo-médio simétrico.
Brachiacantha dentipes (Fabricius, 1801)
Coccinella dentipes FABRICIUS, 1801:381 Brachiacantha dentipes DEJEAN, 1837:458; GORDON, 1985:564; DUVERGER: 1989:146.
Brachyacantha dentipes MULSANT, 1850:525; CROTCH, 1873:378; 1874:211; GORHAM, 1894:186; CASEY, 1899:120; LENG, 1911:300; KORSCHEFSKY, 1931:204; BLACKWELDER, 1945:449; WINGO, 1952:18; HATCH, 1961:161; CHAPIN, 1966:279; 1974:44; GORDON, 1987:26.
Brachyacantha socialis CASEY, 1899:119; WINGO, 1952:27 (sin.); GORDON, 1985:564.
Distribuição geográfica. Canadá, Estados Unidos e México.
Material examinado. ESTADOS UNIDOS, Utah: Willard, , 27.IV.1919, Brower col. (ZMUC).
Brachiacantha bistripustulata (Fabricius, 1801)
Coccinella bistripustulata FABRICIUS, 1801:383.
Brachyacantha bistripustula MULSANT, 1850:528; CASEY, 1899:120; LENG, 1911:290, 296; KORSCHEFSKY, 1931:203; BLACKWELDER, 1945:449.
Brachyacantha erythrocephala KORSCHEFSKY, 1931:203; BLACKWELDER, 1945:449.
Distribuição geográfica. México, Antilhas, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Trinidad e Tobago, Colômbia, Peru e Brasil.
Material examinado. HONDURAS, Tegucigalpa: Zamorano, ,
, 3.XII.1966 (MNRJ). BRASIL, 1ex. (UMZC).
Brachiacantha bruchi Weise, 1906
Brachyacantha bruchi WEISE, 1906a:196; Leng, 1911:293, 326; BRUCH, 1914:388; KORSCHEFSKY, 1931:204; BLACKWELDER, 1945:449.
Distribuição geográfica. Brasil e Argentina.
Material examinado. BRASIL, São Paulo: Campinas (Estação Experimental Loreto), ,
, 2.VIII.1935, Dr. A. Ogloblin col. (DZUP).
Brachiacantha sellata Mulsant, 1850
Brachyacantha sellata MULSANT, 1850:522; CROTCH, 1874:210; LENG, 1911:293, 325; WEISE, 1906a:196; KORSCHEFSKY, 1931:207; BLACKWELDER, 1945:449; GORDON, 1987:26.
Distribuição geográfica. Brasil.
Material-tipo. O síntipo de Brachiacantha sellata, com etiqueta manuscrita por Mulsant, foi estudado e está depositado no BMNH. O exemplar possui as seguintes etiquetas: [syntype] em azul, [1297 Brésil] em verde, [57 71] em azul claro, [f], [sellata Dej. Brésil] em verde, [named by Mulsant] e é aqui designado como lectótipo.
Material examinado. BRASIL, Lectótipo (BMNH); 1 ex., Pascoe col., 93-60 (BMNH); 2 exs. (BMNH); Pará: 1 ex. (BMNH); Espírito Santo: 2 exs., Fry col., 1905-100 (BMNH); Rio de Janeiro: 4 exs., Fry col., 1905-100 (BMNH); Rio de Janeiro (Represa Rio Grande), 2 exs., XII.1960, F. M. Oliveira col., Col. Campos Seabra (MNRJ); , Col. M. Alvarenga (DZUP);
, 25.III.1961, Col. Campos Seabra (MNRJ). Sem procedência: 1 ex., 3261 (BMNH); 1 ex., Boweriing col., 63-47 (BMNH); 1 ex., Baly col. (BMNH).
Cyra Mulsant, 1850
Cyra MULSANT, 1850:544; CROTCH, 1874:213; KORSCHEFSKY, 1931:177 (sinonímia); CHAPIN, 1966:280 (em chave); DUVERGER, 1989:146; FÜRSCH, 1990:4, 62 (cat.); MILLÉO et al. 1997:391.
Espécie-tipo. Cleothera loricata Mulsant, 1850, aqui designada.
Este gênero não tem sido bem interpretado desde a citação de MULSANT (1850), que apenas comentou a forma do corpo ovalado e ao lado escreveu (G. Cyra), sem a descrição formal ou a inclusão de espécies. Como Cleothera loricata Mulsant, 1850 estava descrita logo abaixo da citação do gênero, alguns autores subseqüentes o consideraram válido, porém sem uma definição mais precisa.
DUVERGER (1989) comentou a falta da designação da espécie-tipo. Algumas espécies deste gênero já foram estudadas por MILLÉO et al. (1997) e, por esta ser a primeira espécie indicada para o gênero, fica designada Cleothera loricata como espécie-tipo do gênero Cyra.
Três espécies alocadas em Hyperaspis que estão sendo transferidos para Cyra, devido o formato alantóide da espermateca, têm distribuição neotropical: Cyra loricata (Mulsant, 1850), C. turbata (Mulsant, 1850) e C. scapulata (Mulsant, 1853). O gênero fica composto por sete espécies: C. ceciliae (Crotch, 1874), C. fuscomaculata (Mulsant, 1850), C. glyphica (Mulsant, 1850), C. hybridula (Crotch, 1874), C. loricata, C. scapulata e C. turbata.
Cyra loricata (Mulsant, 1850) comb. nov.
Cleothera loricata MULSANT,1850:544; WEISE, 1906a:197. Hyperaspis loricata CROTCH, 1874:217; KORSCHEFSKY, 1931:191; BLACKWELDER, 1945:447; GORDON, 1987:27.
Diagnose. Comprimento: 5,5 mm, largura: 3,8 mm. Tegumento marrom-avermelhado escuro com máculas negras no pronoto e élitros. Pronoto: área central negra e duas faixas laterais marrom-alaranjadas, um pouco mais largas em direção ao ápice. Escutelo negro. Tíbia anterior com margem externa lisa (Fig. 8). Élitro com três máculas: a primeira sobre o calo umeral, oval, longitudinal; a segunda, na mesma direção da anterior mais na metade posterior elitral, oblíqua, acompanhando a direção da curvatura da margem elitral; a terceira, como uma faixa estendendo-se desde a base do escutelo, alargando-se no primeiro terço elitral e estreitando-se novamente até o ápice do élitro, formando uma faixa estreita na base do élitro, continuando-se da sutura elitral acompanhando a curvatura elitral até o início da segunda mácula (Fig. 2).
Genitália feminina. Coxitos largos com ápice franjado; espermateca alantóide muito estreita e curvada, com corno afilado e ramo muito pequeno; infundíbulo tricúspide de braços longos (Fig. 11).
Distribuição geográfica. Brasil e Argentina.
Material examinado. BRASIL, (UMZC).
Cyra turbata (Mulsant, 1850) comb. nov.
(Figs. 3, 12-14)
Cleothera turbata MULSANT, 1850: 601.
Hyperaspis turbata CROTCH, 1874:221; KORSCHEFSKY, 1931:198; BLACKWELDER, 1945:448; GORDON, 1987:27.
Diagnose. Comprimento: 3,5-4,6 mm, largura: 2,8-3,5 mm. Corpo oval, convexo. Tegumento: pronoto, escutelo e élitro marrom-avermelhados. Pronoto: macho com duas máculas amarelas laterais amplamente unidas, formando um pequeno prolongamento sobre a fronte até a metade do pronoto; fêmea com duas máculas laterais amarelas de bordas arredondadas e uma pequena mácula amarela alongada na região do ápice. Élitro com cinco máculas, a primeira basal, arredondada, próxima do escutelo; a segunda, arredondada, quase do mesmo tamanho da primeira e acompanhando a linha da sutura, no centro do disco elitral; a terceira subapical, oblíqua, alongada, acompanhando a curvatura do ápice elitral; a quarta, sub-retangular, basal, acompanhando a margem lateral sobre o calo umeral; a quinta, quadrangular, lateral, na metade elitral, ao lado da segunda mácula (Fig. 3).
Genitália. Macho: lobo-médio assimétrico, maior que os parâmeros, base larga, ápice com expansão lateral arredondada voltada para um dos parâmeros; parâmeros foliáceos, largos, com ápices arredondados e cerdas longas nas bordas (Fig. 12). Sifão alongado, curvo, base prolongada e ápice com espícula evidente (Fig. 13). Fêmea: coxitos largos, subtriangulares, com ápice franjado; espermateca alantóide, curvada, com corno afilado e ramo evidente; infundíbulo bicúspide com braços estreitos e longos (Fig. 14).
Variação. O tegumento pode ser negro e as máculas alaranjadas. Na fêmea, o pronoto tem a mácula amarela apical dividida pela área central negra que se estende até o ápice. A quarta e a quinta máculas dos élitros podem ser unidas lateralmente.
Distribuição geográfica. Brasil.
Material examinado. BRASIL, Santa Catarina: Seara (Nova Teutônia), , XI.1968, Fritz Plaumann col. (DZUP);
, Fritz Plaumann col. (DZUP); 1 ex. (UMZC). Sem procedência, 1 ex. (UMZC).
Cyra scapulata (Mulsant, 1853) comb. nov.
Cleothera scapulata MULSANT,1853:209.
Cleothera mercabilis MULSANT,1853:221.
Hyperaspis mercabilis CROTCH, 1874:228; KORSCHEFSKY, 1931:195 (sin.); GORDON, 1987:29.
Hyperaspis scapulata WEISE, 1906b:229; BLACKWELDER, 1945:448 Hyperaspis (Cleothera) scapulata WEISE, 1911:58.
Diagnose. Comprimento: 3,1-3,6 mm, largura: 2,3-2,8 mm. Tegumento: pronoto, escutelo e élitro negros. Pronoto com duas máculas laterais, alargadas na base, quase atingindo o ápice. Élitro com três máculas, a primeira basal, iniciando-se próximo ao escutelo, semi-circular, estreitando-se em direção ao calo umeral, seguindo paralela à margem lateral até a metade elitral, onde se expande abruptamente formando uma mácula subtriangular com ponta estendendo-se até quase atingir a segunda mácula, esta trapezoidal; terceira mácula subapical, oblíqua, alongada, acompanhando a curvatura do ápice elitral (Fig. 4).
Genitália. Macho: lobo-médio simétrico, menor que os parâmeros, base larga, ápice arredondado, de lados quase paralelos; parâmeros foliáceos, largos, com ápices arredondados e bordas rodeadas por cerdas longas e poucas cerdas internamente (Fig. 15). Sifão alongado, curvo, com ápice apresentando expansões membranosas arredondadas (Fig. 17). Fêmea: coxitos largos com ápice franjado; espermateca alantóide, curta, com corno truncado, ramo evidente; infundíbulo tricúspide com braço medial mais longo que os laterais (Fig. 16).
Variação. Nos exemplares da Argentina, a primeira mácula basal (Fig. 4) está separada lateralmente da do calo umeral, formando uma quarta mácula. Nos espécimes procedentes do Chile, a segunda mácula está unida à expansão da primeira.
Distribuição geográfica. Brasil, Chile e Argentina.
Material-tipo. Lectótipo de Cleothera scapulata, do Brasil, designado por GORDON (1987), depositado no UMZC, examinado, porta as seguintes etiquetas: [TYPE] em azul, [TYPE scapulata Bras] no verso [Chevrol], [LECTOTYPE Hyperaspis scapularis MULS GORDON, 1970], [LECTOTYPE Cleothera scapulata MULS, 1853 GORDON, 1987].
Material examinado. BRASIL, Lectótipo (UMZC); 1 ex. (UMZC). CHILE, 1 ex. (UMZC). ARGENTINA, Buenos Aires: Tigre, ,
, IV.1938, M. J. Viana col. (MNRJ).
Hinda Mulsant, 1850
Hinda MULSANT, 1850:518; CROTCH, 1874:213; CHAPUIS, 1876:232; WEISE, 1911:59; KORSCHEFSKY, 1931:177 (cat.); BLACKWELDER, 1945:446 (cat.); CHAPIN, 1966:280; GORDON, 1987:26 (cat.); FÜRSCH, 1989:6; 1990:4, 11 (cat.); DUVERGER, 1989:143; MILLÉO et al., 1997:391; ALMEIDA & MILLÉO, 2000:68 (rev.).
Hynda WEISE, 1895:127.
Espécie-tipo. Hinda designata Mulsant, 1850 por monotipia (Figs. 4, 16).
O gênero Hinda é muito característico por apresentar a tíbia anterior com margem externa serrilhada (Fig. 10). Este gênero foi revisado por Almeida & Milléo (2000), que incluíram chave de identificação para as dez espécies: H. buqueti (Mulsant, 1850), H. decas Weise, 1902, H. decemverrucata (Mulsant, 1850); H. designata Mulsant, 1850 (Fig. 6); H. humerata (Mulsant, 1850); H. joeli Almeida & Milléo, 2000; H. modesta Weise, 1910; H. regularis (Erichson, 1847); H. terminata (Gorham, 1894) e H. uncinata (Mulsant, 1853).
Tiphysa Mulsant, 1850
Tiphysa MULSANT, 1850:517; CROTCH, 1874:210; CHAPUIS, 1876:228, 232; KORSCHEFSKY, 1931:208 (cat.); BLACKWELDER, 1945:449 (lista); GORDON, 1987:26 (cat.); FÜRSCH, 1989:6, 20; 1990:4, 17, 62 (cat.); DUVERGER, 1989:146; MILLÉO & ALMEIDA, 2003:274 (rev.).
Espécie-tipo: Tiphysa plumbea Mulsant, 1850 designação por monotipia.
Composto por duas espécies, Tiphysa plumbea Mulsant, 1850 (Fig. 1) e T. egae Crotch, 1874, este gênero foi revisado por Milléo & Almeida (2003). Externamente Tiphysa, pela coloração e tamanho, assemelha-se ao gênero Thalassa Mulsant, 1850, da tribo Hyperaspini. Contudo, Thalassa apresenta o corpo mais arredondado, ausência da emarginação dos olhos, a tíbia anterior é estreita com ângulo externo liso e a espermateca é globular, sem infundíbulo.
Agradecimentos. Aos curadores das coleções pelo empréstimo de material para estudo; ao CNPq pela concessão das bolsas de doutorado (JM) e produtividade em pesquisa (LMA); a Dra. Iracilda Maria de Moura Lima pela revisão crítica do artigo.
Recebido em junho de 2006. Aceito em maio de 2007.
Referências bibliográficas
- ALMEIDA, L. & MILLÉO J. 2000. Review of the genus Hinda Mulsant (Coleoptera, Coccinellidae Hyperaspinae, Brachiacanthadini). The Coleopterists Bulletin 54(1):68-87.
- BELICEK, J. 1976. Coccinellidae of western Canada and Alaska with analyses of the transmontane zoogeographic relationships between the fauna of British Columbia and Alberta (Insecta: Coleoptera: Coccinellidae). Quaestiones Entomologicae 12:283-409.
- BLACKWELDER, R. E. 1945. Checklist of the coleopterous insects of Mexico, Central America, the West Indies, and South America. Bulletin of the United States National Museum 185(3):343-550.
- BLATCHLEY, W. S. 1910. The Coleoptera or beetles of Indiana. Bulletin of the Indiana Department of Geology and Natural Resources 1:1-1386.
- BRUCH, C. 1914. Catálogo sistemático de los coleópteros de la República Argentina. Revista del Museo de La Plata 19:346-441.
- CASEY, T. L. 1899. A revision of the American Coccinellidae. Journal of the New York Entomological Society 7:71-169.
- CHAPIN, E. A. 1966. A new species of myrmecophilous Coccinellidae with notes on other Hyperaspini (Coleoptera). Psyche 73:278-283.
- CHAPIN, J. B. 1974. The Coccinellidae of Louisiana (Insecta: Coleoptera). Louisiana State University Agricultural Experiment Station, Bulletin 682:1-87.
- CHAPUIS, F. 1876. Histoire naturelle des insectes. Genera des Coléoptères. Paris, 12:1-424.
- CHEVROLAT, L. A. 1842. In: dOrbigny, Dictionnaire Universel dHistoire Naturelle v.2. Paris, 796p.
- CROTCH, G. R. 1873. Revision of Coccinellidae of the United States. Transactions of the American Entomological Society 4:363-382.
- ___. 1874. A revision of the Coleopterous Family Coccinellidae London, E. W. Janson, 311 p.
- DEJEAN, P. F. M. A. 1837. Catalogue des Coléoptères de la Collection de M. le comte Dejean v.5. Paris, 503p.
- DUVERGER, C. 1989. Contribution à létude des Hyperaspinae. 1ère note. Bulletin de la Société Linnéenne de Bordeaux 17(3):143-157.
- FABRICIUS, J. C. 1801. Systema eleutheratorum 1:1-506.
- FÜRSCH, H. 1989. Newsletter for Systematic research in Coccinellids. 1(1):1-42.
- ___. 1990. Newsletter for Systematic research in Coccinellids. 2(1):1-63.
- GORDON, R. D. 1985. The Coccinellidae (Coleoptera) of America North of Mexico. Journal of the New York Entomological Society 93(1):352-599.
- ___. 1987. A catalogue of the Crotch collection of Coccinellidae (Coleoptera). Occasional Papers on Systematic Entomology 3:1-46.
- GORHAM, H. S. 1894. In: Biologia Centrali-Americana Insecta, Coleoptera, Coccinellidae 7:177-208.
- HATCH, M. H. 1961. The beetles of the Pacific Northwest, part III: Pselaphidae and Diversicornia Seattle, University Washington. 503p.
- KORSCHEFSKY, R. 1931. Coccinellidae I. In: Coleopterorum Catalogus Berlin, W. Junk. 118. 224p.
- LECONTE, J. L. 1852. Remarks upon the Coccinellidae of the United States. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 6:129-145.
- LENG, C. W. 1911. The species of Brachyacantha of North and South America. Bulletin of the American Museum of Natural History 30:279-333.
- ___. 1920. Catalogue of the Coleoptera of America, north of Mexico New York, Mount Vernon, 470p.
- MELSHEIMER, F. E. 1847. Descriptions of new species of Coleoptera of the United States. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 3:158-181.
- MILLÉO, J. & ALMEIDA, L. M. 2000. Revisão do gênero Corystes Mulsant (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae, Hyperaspini). Revista Brasileira de Zoologia 17(1):65-74.
- ___. 2003. Revision of the genus Tiphysa Mulsant (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspidinae). The Coleopterists Bulletin 57(3):274-280.
- MILLÉO, J.; ALMEIDA, L. M. & LIMA, I. M. M. 1997. Contribuição ao estudo de Brachiacanthadini (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae). Revista Brasileira de Zoologia 14(2):391-405.
- MULSANT, M. E. 1850. Species des coléoptères triméres sécuripalpes. Annales des Sciences Physiques et Naturelles de Lyon 2:1-1104.
- ___. 1853. Supplément a la monographie des coléoptères triméres sécuripalpes. Annales des Sciences Physiques et Naturelles de Lyon 2:129-334.
- WEISE, J. 1895. Neue Coccinelliden, sowie Bemerkungen zu bekannten Arten. Annales de la Société Entomologique de Belgique 39:120-146.
- ___. 1906a. Coccinellidae in Argentina, Chili et Brasilia e collectione domini Caroli Bruchi. Revista del Museo de La Plata 11:193-198.
- ___. 1906b. Hispinae, Coccinellidae et Endomychidae Argentinia et vecinitate e colectione Bruchiana. Revista del Museo de La Plata 12:219-231.
- ___. 1911. Aufzaehlung von Coccinellen aus dem Museu Paulista. Revista do Museu Paulista 8:54-63.
- WICKHAM, H. F. 1894. The Coleoptera of Canada. The Canadian Entomologist 26:297-306.
- WINGO, C. W. 1952. The Coccinellidae (Coleoptera) of the upper Mississsipi Basin. Journal of the Iowa Academy of Science 27:15-53.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
30 Jan 2008 -
Data do Fascículo
Dez 2007
Histórico
-
Aceito
Maio 2007 -
Recebido
Jun 2006