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MACHADO DE ASSIS ENTRE O BRASIL E PORTUGAL

MACHADO DE ASSIS BETWEEN BRAZIL AND PORTUGAL

Resumo

As relações entre Machado de Assis e o universo letrado português podem ser divididas em três fases: a primeira delas, até a primeira metade dos anos 1870, caracteriza-se pela cordialidade e pela tentativa, por parte do escritor, de se inserir no sistema lusitano por meio da publicação de textos especialmente na cidade do Porto. A segunda foi marcada pelo debate entre ele e Eça de Queirós, motivado pelos romances O crime do padre Amaro e O primo Basílio. A terceira fase, desde o final do século XX, apresenta um Machado de Assis inspirador de criações literárias de qualidade, como o romance de Helder Macedo, Pedro e Paula, e a peça teatral de Maria Velho da Costa, Madame.

Palavras-chave:
Machado de Assis; Portugal; recepção; realismo; recriação

Abstract

The relationships between Machado de Assis and the Portuguese literary world can be divided in three phases: the first, until the first half of the 1870s, is characterized by cordiality and the attempt, by Machado de Assis, to insert himself in the Lusitanian system through the publication of texts, especially in the city of Porto. The second phase was marked by the debate between him and Eça de Queirós, motivated by the novels O crime do padre Amaro and O primo Basílio. The third phase, since the end of the 20th century, presents Machado de Assis as the inspiration for literary creations of particular quality, such as Helder Macedo's novel Pedro e Paula and Maria Velho da Costa's play Madame.

Keywords:
Machado de Assis; Portugal; Reception; Realism; remake

A intenção de alcançar circulação no mercado internacional esteve no horizonte dos escritores nacionais desde a separação política de Portugal, quando o país conquistou seu direito de cidadania. Gonçalves Dias (1823-1864) exemplifica um caso de sucesso, pois seus Primeiros cantos, de 1846, constituíram matéria de elogioso artigo de Alexandre Herculano (1810-1877), que posiciona a obra do brasileiro acima das criações dos contemporâneos portugueses, causando provavelmente algum constrangimento entre a comunidade letrada lusitana de seu tempo, deixada em situação pouco confortável. (HERCULANO, 1847HERCULANO, Alexandre. Futuro literário de Portugal e do Brasil. Por ocasião da leitura dos Primeiros cantos: Poesias do Sr. A. Gonçalves Dias. Revista Universal Lisbonense, Lisboa, p. 5-8, 1847/1848.).

Verifica-se, na trajetória de Machado de Assis (1839-1908), empenho em alcançar semelhante ressonância. Vale recordar a insistência junto a Hippolyte Garnier (1816-1911), herdeiro da editora fundada pelo irmão, Baptiste-Louis (1823-1893), para que autorizasse a publicação de obras suas na Alemanha (BRASIL, 1939BRASIL. Ministério da Educação e Saúde. Exposição Machado de Assis. Centenário do Nascimento de Machado de Assis, 1839-1939. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Ministério da Educação e Saúde, 1939.). Nos anos 1870, o escritor manteve correspondência com José Carlos Rodrigues (1844-1923), responsável por resenha dedicada ao romance Ressurreição, impressa no periódico norte-americano O Novo Mundo, no qual publicou o conhecido ensaio "Notícia da atual literatura brasileira: Instinto de nacionalidade". Alavancar uma possível carreira de suas obras nos Estados Unidos consistia em um dos objetivos desse relacionamento.

É Portugal, contudo, o interlocutor principal da aspiração de Machado de Assis à repercussão internacional. Esse caminho, no entanto, foi muitas vezes penoso, ainda que, ao final, bem-sucedido.

Primeiro tempo: Machado cordial

O diálogo entre Machado de Assis e Portugal passa primeiramente por suas relações com a família Xavier de Novais: ele foi amigo de Faustino (1820-1869), depois desposou sua irmã, Carolina (1834-1904), e, por último, correspondeu-se com um segundo cunhado, Miguel (?-1904). Antes disso, porém, o escritor carioca, então com 21 anos, fazia sua estreia em dicionários de literatura, ao figurar em verbete do quinto volume da obra de Inocêncio Francisco da Silva (1810-1876), publicado em 1860. A menção é indireta, pois o dicionarista refere-se ao artigo sobre o drama Mãe, de José de Alencar (1829-1877), que Machado de Assis divulgou, em março de 1860, no Diário do Rio de Janeiro. Machado assinou-o com as iniciais M. de A., porém Inocêncio Francisco da Silva expõe o nome do autor por extenso, ainda que acompanhado por interrogação (SILVA, 1870SILVA, Inocêncio Francisco da. Dicionário bibliográfico português. Lisboa: Imprensa Nacional, 1870. t. 5., t. 5, p. 61).

Amigo de portugueses residentes no Rio de Janeiro - Augusto Emílio Zaluar (1826-1882), António Moutinho de Sousa (1834-1899), José Feliciano de Castilho (1810-1879), Ernesto Cibrão (1836-?), Faustino Xavier de Novais, Furtado Coelho (1831-1900), Artur Napoleão (1843-1925) -, Machado beneficiava-se da reciprocidade dos pares, como António Feliciano de Castilho (1800-1875), que, na Advertência que precede sua versão para o português do Fausto, de Goethe (1749-1832), publicada em 1872, declara, elogiando o trabalho tradutório do escritor brasileiro: "[…] o meu admirável poeta Machado d'Assis, ornamento brilhantíssimo das letras brasileiras, deu-nos lindos fragmentos de poesias orientais tomadas não dos textos primitivos, senão de uma interpretação inglesa" (CASTILHO, 1919CASTILHO, António Feliciano de. Advertência. In: GOETHE, J. W. Fausto. Lisboa: Livraria Clássica, 1919., p. 14).

Antero de Quental (1842-1891), por sua vez, inclui, no Tesouro poético da infância, o poema "Fé", extraído de Crisálidas, ainda que o escritor açoriano informe, em carta, que, naquele livro, não teria encontrado "nada […] que me servisse", como transcreve Arnaldo Saraiva em ensaio dedicado ao tema (SARAIVA, 2008SARAIVA, Arnaldo. Machado de Assis em Portugal. In: ZILBERMAN, Regina (Org.). Machado de Assis & Guimarães Rosa: da criação artística à interpretação literária. Erechim: Edelbra, 2008. p. 13-22., p. 16).

Saraiva noticia também que Machado de Assis foi colaborador d'O Comércio do Porto, atuando como correspondente por vários anos. Em outro periódico, A Folha Nova, entre 12 de outubro de 1882 e 22 de novembro de 1883, publicou os primeiros vinte capítulos de Memórias póstumas de Brás Cubas, descontinuada a impressão da obra sem qualquer explicação ou protesto. Hélio de Seixas Guimarães comenta o acontecimento:

As Memórias póstumas de Brás Cubas tiveram 20 de seus capítulos publicados no jornal A Folha Nova, do Porto.1 1 Arnaldo Saraiva (2008, p. 16) refere-se a 28 capítulos. O romance começou a sair em folhetim a 12 de outubro de 1882, mas sua publicação foi interrompida, sem justificativa expressa, treze meses depois, em 22 de novembro de 1883. (GUIMARÃES, 2012GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Um leitor de Machado de Assis: notas sobre as cartas de Miguel de Novais. In: PETROV, Petar; SOUSA, Pedro Quintino de; SAMARTIM, Roberto López-Iglésias; FEIJÓ, Elias J. Torres (Org.). Avanços em literatura e cultura brasileiras: séculos XV a XIX. Faro: Associação Internacional de Lusitanistas; Santiago de Compostela: Através, 2012. p. 77-100., p. 88-89).

A se depreender da correspondência trocada com Novais, Machado de Assis ainda teria testemunhado a publicação de dois de seus contos: "A igreja do diabo" e "Um cão de lata ao rabo", ambos difundidos por outro jornal, O Constituinte, de Braga. Não que o escritor brasileiro não tivesse tentado, a se julgar pelo teor das cartas trocadas com o cunhado.

Hélio de Seixas Guimarães, calcado no testemunho daquela correspondência, localiza o interesse de Machado por ver seus trabalhos divulgados na pátria da esposa. Para tanto, ele contaria com o empenho do cunhado, casado com uma brasileira e um tanto ocioso graças à fortuna da consorte. Mas foram esforços baldados, pois pouco foi alcançado, seja por desinteresse de Miguel, seja pela falta - até genérica - de atenção dos leitores portugueses diante da literatura brasileira, exceção feita provavelmente apenas a Coelho Neto (1864-1934), um dos astros da editora Lello, também do Porto, cidade natal dos Xavier de Novais (CALHEIROS, 1993CALHEIROS, Pedro. A recepção de Machado de Assis em Portugal. Travessia, Florianópolis, n. 27, p. 52-94, 1993.).

Antes de Miguel, Machado conheceu Faustino Xavier de Novais, editor da revista O Futuro, que contou com sua participação. Ele foi colaborador assíduo do periódico, tendo produzido crônicas para a maioria dos volumes, de publicação quinzenal. Foi provavelmente por intermédio do jornalista e poeta portuense que Machado foi apresentado à irmã, Carolina, que teria se deslocado, em 1868, da cidade do Porto ao Rio de Janeiro para cuidar de Faustino, então considerado mentalmente perturbado e que faleceria no ano seguinte.

Machado não foi um amigo ingrato: em 1870, já casado com Carolina, organiza e promove o lançamento de um livro com os versos melancólicos do agora parente, denominando-o Poesias póstumas e atribuindo a autoria a Faustino Xavier de Novais. Para concretizar a obra, atua em todas as frentes editoriais: coleta o material, escolhe seu título, redige o prefácio, inclui ilustrações com a efígie do poeta português, elabora notas finais (ZILBERMAN, 2020______. Machado de Assis e a poesia de Faustino Xavier de Novaes. In: ______; SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). Machado de Assis: intérprete da sociedade brasileira. Porto Alegre: Zouk, 2020. p. 231-249.). E provavelmente financia a impressão, realizada pela Tipografia do Imperial Instituto Artístico, empresa de nome pomposo, mas de natureza privada, sem qualquer conexão com o regime de Pedro II (1825-1891).

Em 1877, o livro teve uma edição em Portugal, promovida por Ernesto Chardron, do Porto, e atribuída a António Moutinho de Sousa. O nome do organizador aparece na folha de rosto; Machado de Assis é mencionado, não, porém, na qualidade de responsável pela produção da obra. Como se declara na página subsequente à folha de rosto, "a propriedade do Brasil pertence ao distinto escritor, o excelentíssimo sr. J. M. Machado de Assis" (NOVAIS, 1877NOVAIS, Faustino Xavier de. Poesias póstumas publicadas por António Moutinho de Sousa. Porto: Livraria Internacional, 1877., p. 4).

Segundo Jean-Michel Massa, António Moutinho de Sousa era amigo de Machado de Assis desde o final dos anos 1850 (MASSA, 2012MASSA, Jean-Michel. Um amigo português de Machado de Assis: Antônio Moutinho de Sousa. Machado de Assis em Linha, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 10-25, dez. 2012. Disponível em: <Disponível em: https://www.scielo.br/j/mael/a/c3myZkXFMFct4HmkGcQdSfL/?lang=pt >. Acesso em: 25 jul. 2019.
https://www.scielo.br/j/mael/a/c3myZkXFM...
), pertencendo ao grupo do qual Faustino fez parte. Assim, não se cogita que tivesse plagiado a coletânea brasileira sem a ciência de seu primeiro organizador, citado na abertura da obra. Mas fica com os créditos do livro, apagando a presença do organizador e mentor do texto criador. Em outras palavras, quando Machado ingressa, enfim, no meio literário lusitano, não é com uma obra de sua autoria, sendo que sua identidade fica obscurecida pela condição de detentor da propriedade literária dela em nosso país.

Como observa Arnaldo Saraiva, no artigo já citado de 2008, "em Portugal ainda hoje se nota a falta de uma edição da obra completa de Machado de Assis, e a edição de algumas obras individuais". De todo modo, como adverte,

já se podem apontar pelo menos cinco edições de Memórias póstumas, quatro de Dom Casmurro, três de Helena, três de Memorial de Aires, duas de Quincas Borba, quatro antologias de contos, organizadas por José Osório de Oliveira, João Alves das Neves, Temístocles Linhares, e pela Lello e Irmão, edições autônomas de contos ("Missa do galo", "O alienista", "Cantiga de esponsais"); há vários contos ou poemas em obras coletivas ou em antologias. (SARAIVA, 2008SARAIVA, Arnaldo. Machado de Assis em Portugal. In: ZILBERMAN, Regina (Org.). Machado de Assis & Guimarães Rosa: da criação artística à interpretação literária. Erechim: Edelbra, 2008. p. 13-22., p. 19-20).

Em consulta ao catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal, o panorama não parece muito alterado, concentrando-se as publicações nos romances Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro e na novela O alienista. Identificam-se ainda as edições de Memorial de Aires, Quincas Borba e A mão e a luva, porém, com menor frequência, além da participação em antologias de contos de teor diverso.

O que não significa que o ficcionista tivesse ficado de fora de algumas polêmicas, inspirado estudos de crítica literária e fomentado a criação de obras artísticas, especialmente nas últimas décadas.

Segundo tempo: Machado guerreiro

Ao final da década de 1870, Joaquim Maria talvez ficasse assombrado diante dos rumos que a literatura tomava dentro e fora do país. Já presenciara as alterações na cena teatral, que substituíra o projeto de um teatro realista e envolvido com questões sociais e morais da época por uma proposta voltada antes à diversão cômica, destituída da provocação e do debate (ASSIS, 2008b______. Do teatro: textos críticos e escritos diversos. Organização, estabelecimento de texto, introdução e notas João Roberto Faria. São Paulo: Perspectiva, 2008b.).

Agora se deparava com o deslocamento do realismo para a ficção narrativa - mas não aquele realismo que valorizara nas décadas anteriores, o de Alexandre Dumas, filho (1824-1895), em A dama das camélias, ou de José de Alencar, em Mãe, focado em questões de ordem moral que discutiam os fundamentos da sociedade burguesa. O que assomara comungava o ideário positivista, vinha carregado de pseudocientificismo e entendia-se materialista.

Em artigo de 1879, publicado na Revista Brasileira, identifica a "nova geração poética", "geração viçosa e galharda, cheia de fervor e convicção", da qual participam, entre os citados pelo autor, os portugueses Teófilo Braga (1843-1924) e Guerra Junqueiro (1850-1923), e os brasileiros Sílvio Romero (1851-1914) e Teófilo Dias (1854-1889). Desde o parágrafo de abertura, questiona se se trata de "uma poesia nova", o que reconhece com cautela: "Mas haverá também uma poesia nova, uma tentativa, ao menos? Fora absurdo negá-lo; há uma tentativa de poesia nova, - uma expressão incompleta, difusa, transitiva, alguma cousa que, se ainda não é o futuro, não é já o passado." (ASSIS, 2008aASSIS, Machado de. A nova geração. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008a. v. III, p. 1258-1286., p. 1256).

O crítico faz rigoroso inventário da poesia emergente no período, sem abrir mão de seus critérios estéticos, o que impede o entusiasmo com o grupo, ainda que manifeste a expectativa de que venha a produzir versos de qualidade. Sílvio Romero é um dos autores que sai vitimado pelas exigências de Machado, como sugere o comentário com que introduz o poeta:

Os Cantos do fim do século podem ser também documento de aplicação, mas não dão a conhecer um poeta; e para tudo dizer numa só palavra, o Sr. Romero não possui a forma poética. […] Que o Sr. Romero tenha algumas ideias de poeta, não lho negará a crítica; mas logo que a expressão não traduz as ideias, tanto importa não as ter absolutamente. (ASSIS, 2008aASSIS, Machado de. A nova geração. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008a. v. III, p. 1258-1286., p. 1277).

Machado já tinha altercado com os adeptos da nova literatura no ano anterior, quando escreveu artigo dedicado a Eça de Queirós (1845-1900), que lançara em 1878 o romance O primo Basílio. A crítica é publicada n'O Cruzeiro, jornal que nascera naquele ano e que divulgara a novela Iaiá Garcia, de Machado de Assis, entre 1 de janeiro e 2 de março de 1878. O livro de Eça começara a circular no Rio de Janeiro provavelmente em abril de 1878, vale dizer, na sequência da conclusão da narrativa com que, segundo a crítica brasileira do começo do século XX, o escritor carioca fechava seus vínculos com uma prosa considerada romântica.

Machado provavelmente já tinha lido O crime do padre Amaro, pois igualmente o examina nesse texto assinado com o pseudônimo de Eleazar. Por isso, começa por expor as fragilidades daquela obra, que filia ao "realismo propagado pelo autor de Assommoir" (ASSIS, 2008b______. Do teatro: textos críticos e escritos diversos. Organização, estabelecimento de texto, introdução e notas João Roberto Faria. São Paulo: Perspectiva, 2008b., p. 1233), romance que Émile Zola (1840-1902) lançara em 1877. Denuncia que, no Amaro, Eça não fizera mais do que imitar La Faute de l'abbé Mouret, também de Zola, o que sugere, pelas referências bibliográficas, que Machado está atualizado quanto às tendências da ficção francesa naquela década de 1870.

Talvez nosso crítico tenha se equivocado na referência ao abade Mouret, como posteriormente foi alegado. Mas não erra quando identifica inverossimilhanças ou contradições no enredo do romance que passou por reformulações após o lançamento da primeira edição. Em relação a O primo Basílio, a crítica é severa, mas nem sempre justa. Alguns tópicos que destaca - por exemplo, o episódio das cartas, que provoca a reversão da fortuna de Luísa, doravante um fantoche nas mãos de Juliana, a doméstica ressentida com o tratamento recebido até então - são considerados artifícios para prolongar a trama e levar ao final trágico da moça, em contraposição à falta de ética do primo do título. Mas esse julgamento talvez não se justifique, pois o ficcionista português constrói cuidadosamente a motivação da serviçal, ainda que desloque o eixo narrativo do affair entre Basílio e Luísa para o confronto entre Juliana e os poderosos de plantão, o que leva à sua morte.

Machado também faz uma avaliação severa da adúltera Luísa, considerando-a um "caráter negativo", "antes um títere do que uma pessoa moral" (ASSIS, 2008d______. Literatura realista: O primo Basílio, romance do sr. Eça de Queirós, Porto, 1878. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008d. v. III, 1232-1242. , p. 1234). Seu argumento calca-se na contraposição a Eugênia, protagonista de Eugênia Grandet, romance de Honoré de Balzac (1799-1850), igualmente uma figura que fica à espera do noivo que migrou, atrás de fortuna, para a América.

O juízo é justo, especialmente se pensamos que Machado tem em mente o conceito extraído da poética de Nicolas Boileau (1636-1711), cujos princípios compartilha. É também por adotar a poética do mestre francês do Classicismo que se posiciona de um modo que chamaríamos de moralista, quando condena as cenas de amor no Paraíso, "repugnantes" a seu ver. Se, de uma parte, há, sim, moralismo do lado de Machado, de outra parte, é preciso destacar que o escritor também aqui adota a lição de Boileau, que prega, junto à verossimilhança, a bienséance, isto é, o decoro, que breca o desejo de invasão da privacidade das personagens, especialmente quando se trata de cenas conjugais ou assemelhadas.

Machado de Assis não foi o único a desgostar d'O primo Basílio. Outros colaboradores da imprensa no Rio de Janeiro no ano de 1878 igualmente manifestaram seu desagrado diante do livro, chamando a atenção para o fato de que foi antes o escândalo, e não a qualidade literária, que atraiu o público para o consumo e o interesse pela narrativa.2 2 Destaque-se aqui a peça de Maria Angélica Ribeiro (1829-1880), A ressurreição do primo Basílio, encenada em 1878, em que satiriza o impacto do romance de Eça de Queirós sobre os letrados jovens no Brasil (RIBEIRO, 2014).

O fato é que a crítica de Machado repercutiu sobre seu próprio futuro, pois talvez seja o confronto com a poética realista praticada por Eça de Queirós uma das razões para que o escritor tenha tido tão pouca ressonância no meio lusitano. Mas também repercutiu sobre a criatividade do ficcionista, pois foi na sequência do debate com o livro de Eça e, no ano seguinte, com a "nova geração", que ele conferiu novo rumo à sua prosa.

Com efeito, é difícil não entender Memórias póstumas de Brás Cubas como resposta a O primo Basílio (ZILBERMAN, 2011ZILBERMAN, Regina. Mais uma vez, "o velho colóquio de Adão e Caim". Brasil Brazil: Revista de Literatura Brasileira/A Journal of Brazilian Literature. Providence; Porto Alegre, ano 24, n. 44, p. 14-34, 2011.; 2012______. Memórias póstumas de Brás Cubas e a oficina de Machado de Assis. In: Petrov, Petar; Sousa, Pedro Quintino de; Samartim, Roberto López-Iglésias; Feijó, Elias J. Torres (Org.). Avanços em literatura e cultura brasileiras: séculos XV a XIX. Faro: Associação Internacional de Lusitanistas; Santiago de Compostela: Através, 2012. p. 163-184.; 2014______. Brás Cubas autor Machado de Assis leitor. Ponta Grossa: Editora da UEPG. 2014.), e dois exemplos talvez possam confirmar essa assertiva: para evitar a ressentida Juliana, Machado elege d. Plácida ("plácida" desde o nome), sabiamente "comprada" pelo janota brasileiro Brás Cubas para que se comporte docilmente como proprietária da "casinha da Gamboa" onde ele e Virgília vivem sua paixão às escondidas. E, por mais que o leitor tenha acesso àquele refúgio, digamos, ao Paraíso do casal, não adentra a intimidade daquele espaço, exceto quando Lobo Neves aparece subitamente no local, e o protagonista precisa se esconder no dormitório para não ser flagrado pelo marido traído.

Um tipo de diálogo entre os dois grandes romancistas da língua portuguesa no século XIX se constrói a partir daí, aguardando interpretações e divergências.

Terceiro tempo: Machado inspirador

O reconhecimento da obra de Machado de Assis no contexto brasileiro dos estudos literários pode ser repartido em três etapas: a primeira ocorreu em torno aos anos 1890 e 1910, à época em que o ficcionista vivia. José Veríssimo (1857-1916) pode ser destacado como o principal admirador, e Sílvio Romero, como o mais ferino detrator. Os modernistas de 1922 não expressaram apreço especial por ele, e Mário de Andrade (1893-1945) expõe com notável sinceridade sua hesitação afetiva diante do monumento em que o escritor se converteu (ANDRADE, [1967]ANDRADE, Mário de. Machado de Assis. In: ______. Aspectos da literatura brasileira. São Paulo: Martins, [1967]. p. 89-108.). Mas, nos anos 1935, há renovado interesse pelo tema, como sugerem os livros seminais de Lúcia Miguel Pereira (1901-1959), Augusto Meyer (1902-1970) e Vianna Moog (1906-1988). Este dá o título de Heróis da decadência a um conjunto de ensaios, colocando-o ao lado de gigantes como Petrônio (?-66 d.C.) e Miguel de Cervantes (1547-1616).

A ascensão dos programas de pós-graduação no Brasil dos anos 1970 deu o sinal verde para o reencontro com a produção e a personalidade de Machado de Assis, propiciando o aparecimento de um conjunto quase inabarcável de pesquisas provenientes de distintas áreas do conhecimento. É por essa época que igualmente se fortalece a recepção acadêmica de Machado de Assis em Portugal, podendo-se destacar os nomes de Arnaldo Saraiva (1939), citado aqui, e Abel Barros Baptista (1955), com a tese A formação do nome: duas interrogações sobre Machado de Assis (2003aBAPTISTA, Abel Barros. A formação do nome: duas interrogações sobre Machado de Assis. Campinas: Editora da Unicamp, 2003a.), originalmente Em nome do apelo do nome: responsabilidade e destinação do nome próprio, defendida na Universidade Nova de Lisboa, em 1989. Abel Barros Baptista é também autor de Autobibliografias: solicitação do livro na ficção de Machado de Assis (2003b______. Autobibliografias: solicitação do livro na ficção de Machado de Assis. Campinas: Editora da Unicamp, 2003b.), em que examina o Dom Casmurro, cercado por considerações relativas a outros colossos literários, como Gustave Flaubert (1821-1880), Herman Melville (1819-1891) e Jorge Luis Borges (1899-1986).

A geração contemporânea à Revolução dos Cravos não ficou indiferente a Machado de Assis, e uma das mais explícitas homenagens ao escritor aparece em Pedro e Paula, de Helder Macedo (1935), em que o narrador comenta à moda de seu inspirador brasileiro:

Além de que era evidente que só podiam ser Pedro e Paula, como o profético ou intertextual padrinho se tivesse lido o relevante Machado de Assis logo demonstrou: "[…] dá Pedro e Paula. Tem as conotações espirituais devidas: a pedra e o tempo, a fundação e a invenção". Coisas futuras? (MACEDO, 1999MACEDO, Helder. Pedro e Paula. Rio de Janeiro: Record, 1999., p. 22).

Pedro e Paula, releitura de outra dupla de gêmeos, os protagonistas de Esaú e Jacó, foi publicado em 1998. No ano seguinte, é Maria Velho da Costa (1938-2020) quem retorna a personagens do novelista carioca, extraídas essas do romance Dom Casmurro. Na nota de abertura à peça Madame, a autora expõe o projeto que a levou a aproximar Capitu, criação de Machado de Assis, a Maria Eduarda, d'Os Maias, de Eça de Queirós: "[…] cá me fui atrevendo ao jogo de trabalhar, em registro dramático, o encontro de duas personagens femininas maiores do imaginário ficcional em língua portuguesa: Capitu, de Dom Casmurro, de Machado de Assis, e Maria Eduarda, de Os Maias, de Eça de Queirós" (COSTA, 1999COSTA, Maria Velho da. Madame. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores; Publicações Dom Quixote, 1999., p. 9, grifos do original).

As duas obras, narrativa a de Macedo, dramática a de Velho da Costa, fundam-se no contraponto de personagens, provocado, em ambos os casos, pelo próprio Machado. Em Esaú e Jacó, de 1904, é o romancista quem coloca frente a frente dois caracteres antagônicos; da sua parte, Madame revive outro antagonismo, o que opôs o crítico d'O primo Basílio a seu criador, Eça de Queirós. Com a particularidade de que a autora não almeja estabelecer uma rivalidade entre as figuras do drama, mas sugere a cumplicidade que as resgata.

Para chegar a esse resultado, Velho da Costa ficcionaliza o já ficcional. E propõe o encontro de Capitu e Maria Eduarda no cassino de Deauville, experimentando, longe dos ex-maridos, uma vida mundana. Maria Eduarda é requintada, e Capitu, simplória; mas as duas se reconhecem enquanto pessoas que, de um modo ou de outro, foram abandonadas por seus parceiros, falsamente vítimas, porém, no fundo, autoritários e machistas, por prejulgá-las sem direito à defesa. Ao encontro inicial segue-se uma relação de amizade, sem preconceitos, nem subalternidade, facultando-lhes expor sua visão dessacralizada dos companheiros, como se passa na cena em que Maria Eduarda lê uma carta de Bentinho a Capitu, composta por segmentos dos capítulos finais de Dom Casmurro. Assim, após citar o parágrafo de encerramento do romance, em que o narrador declara que a "suma das sumas" é o fato de que "a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me" (ASSIS, 2008c______. Dom Casmurro. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008c. v. I, p. 929-1072., p. 1072), comenta a interlocutora de Capitu: "Farsante! E tudo isto na missiva da morte da mamã e que será a derradeira que te concedeu ou a teu filho! Apre, menina, que seca de que te livraste! E sem sangue, que o homem é demente que baste para degolar-te" (COSTA, 1999COSTA, Maria Velho da. Madame. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores; Publicações Dom Quixote, 1999., p. 54).

A dessacralização da personalidade do narrador de Dom Casmurro faz-se também por outras vozes, como a de Fernanda, escravizada forra que acompanha Capitu a Europa e observa a propósito do ex-senhor:

Pois as chácaras das duas casas eram nada, quintais de aroeira, pitangueira, poço, caçamba velha e lavadouro e casuarina que se fez torta antes de ele mandar botar fogo às suas moradas de Matacavalos, para depois mandar construir igual à dele no Engenho Novo, depois de deixar D. Capitu e o filho comigo e a demais equipagem naquele país de gelo […]. E a pobre coitada espiada, se é que ele ainda hoje aqui na França não manda espiar. (COSTA, 1999COSTA, Maria Velho da. Madame. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores; Publicações Dom Quixote, 1999., p. 36).

Também Ezequiel, em visita à mãe, queixa-se do comportamento de Bento Santiago, por suas "esquivanças e mau trato" (COSTA, 1999COSTA, Maria Velho da. Madame. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores; Publicações Dom Quixote, 1999., p. 64), denunciando a traição de que foi vítima:

CAPITU - Traiu? A V.?

EZEQUIEL - Sim, mamãe. Me perdoe o uso da palavra, mas tenho para mim que adultério é bem menor crime que enjeitar a paixão de um menino como quem enxota cachorro sarnento. (COSTA, 1999COSTA, Maria Velho da. Madame. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores; Publicações Dom Quixote, 1999., p. 66).

Madame constrói-se a partir da perspectiva intertextual com que Maria Velho da Costa aborda os romances Os Maias e Dom Casmurro. Incorpora a poética brechtiana do distanciamento, que propicia a quebra da ilusão dramática, na oportunidade em que posiciona frente a frente não apenas as personagens literárias duplamente ficcionalizadas, mas também as atrizes - e é relevante que Maria Eduarda seja interpretada por uma portuguesa, e Capitu, por uma brasileira3 3 Na montagem original de Madame, em 2000, foram as atrizes Eva Wilma (1933-2021), do Brasil, e Eunice Muñoz (1928-2022), de Portugal, que corporificaram respectivamente Capitu e Maria Eduarda. -, que leem em voz alta para a plateia trechos das duas obras, evidenciando seu entendimento das figuras imaginárias e da perspectiva dos escritores.

Na interpretação de Maria Velho da Costa, Machado de Assis e Eça de Queirós, representados pelas personagens femininas que criaram em seus romances mais importantes, não são adversários, mas parceiros, solidários na crítica à misoginia que reprime a ação de mulheres independentes e desenvoltas. O fechamento da primeira cena em que as duas personagens conversam - sendo Maria Eduarda recebida por Capitu em sua residência parisiense - sinaliza a sororidade das duas senhoras:

CAPITU - Venha comer cocada fresca. Conhaque eu também tomo, e você me conta essa do Maia. Ele desbarretou-se, curvou-se, alheou-se? Conte-me tudo. Ai, você lembra de quando a gente se encontrou em Deauville? Faz anos. (Abraçam-se pela cinta e vão saindo.). (COSTA, 1999COSTA, Maria Velho da. Madame. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores; Publicações Dom Quixote, 1999., p. 24).

O convite de Capitu é também um apelo a que levemos adiante esse diálogo - entre personagens e romances, entre Machado de Assis e Eça de Queirós, entre o Brasil e Portugal, porque esse intercâmbio certamente não terá fim, mostrando-se sempre fértil e enriquecedor.

Referências

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  • 1
    Arnaldo Saraiva (2008SARAIVA, Arnaldo. Machado de Assis em Portugal. In: ZILBERMAN, Regina (Org.). Machado de Assis & Guimarães Rosa: da criação artística à interpretação literária. Erechim: Edelbra, 2008. p. 13-22., p. 16) refere-se a 28 capítulos.
  • 2
    Destaque-se aqui a peça de Maria Angélica Ribeiro (1829-1880), A ressurreição do primo Basílio, encenada em 1878, em que satiriza o impacto do romance de Eça de Queirós sobre os letrados jovens no Brasil (RIBEIRO, 2014RIBEIRO, Maria. A ressurreição do primo Basílio. In: ______. Teatro quase completo. Organização de Valéria Andrade. Reed. revista e atualizada. Florianópolis: Mulheres, 2014. p. 225-261.).
  • 3
    Na montagem original de Madame, em 2000, foram as atrizes Eva Wilma (1933-2021), do Brasil, e Eunice Muñoz (1928-2022), de Portugal, que corporificaram respectivamente Capitu e Maria Eduarda.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    05 Maio 2023
  • Aceito
    11 Jul 2023
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