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UMA ANÁLISE CIENTOMÉTRICA SOBRE INSTITUIÇÕES NA PESQUISA DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

RESUMO

Este artigo tem como objetivo explorar a coevolução dos estudos sobre negócios internacionais e instituições, utilizando uma abordagem cientométrica e conduzindo uma revisão bibliométrica da aplicação de conceitos institucionais em estudos de negócios internacionais, de forma a delinear uma agenda de pesquisa. Compilamos um banco de dados de 3.520 artigos e realizamos uma análise cientométrica para examinar a evolução do termo “institutions” (instituições) no contexto dos negócios internacionais em periódicos classificados no ranking ABS. Nossos resultados mostram que: (1) nas últimas duas décadas, houve uma mudança no uso do termo institutions de uma conotação política e econômica para uma perspectiva sociológica, que busca explicar como as empresas adotam estratégias, tomam decisões e abordam problemas intranacionais durante o processo de internacionalização; (2) as abordagens tradicionais foram consideradas insuficientes para explicar eventos dependentes do contexto que afetam os negócios internacionais; e (3) a China emergiu como um ator-chave nos estudos de negócios internacionais, o que ajudou a redirecionar o foco das instituições dos aspectos políticos e econômicos para o contexto sociológico. Por fim, propomos uma agenda de pesquisa para futuros estudos, destacando possíveis armadilhas e soluções.

Palavras-chave:
negócios internacionais; instituições; bibliometria; cientometria; VosViewer

ABSTRACT

This paper explores the co-evolution of international business studies and institutions, employing a scientometric approach and bibliometric review on the application of institutional concepts in international business studies, outlining a research agenda. We compiled a database of 3,520 articles and conducted a scientometric analysis to examine the evolution of the term “institutions” in international business in ABS-ranked journals. Our findings show that (1) over the past two decades, there has been a shift in the use of the term institutions from a political and economic connotation to a sociological perspective to explain how firms adopt strategies, make decisions, and address intra-national problems during the internationalization process; (2) traditional approaches were found to be insufficient in explaining context-dependent events that affect international business; and (3) China has emerged as a critical player in international business studies, which has helped to redirect the focus of institutions from political and economic aspects to the sociological context. Finally, we propose an agenda for future research, highlighting potential pitfalls and remedies.

Keywords:
international business; institutions; bibliometrics; scientometrics; VosViewer

RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo explorar la coevolución de los estudios de negocios internacionales y las instituciones, empleando un enfoque cienciométrico y una revisión bibliométrica sobre la aplicación de conceptos institucionales en los estudios de negocios internacionales, delineando una agenda de investigación. Recopilamos una base de datos de 3.520 artículos y realizamos un análisis cienciométrico para examinar la evolución del término "instituciones" en las revistas clasificadas en el ranking ABS en relación con los negocios internacionales. Nuestros hallazgos muestran que: (1) en las últimas dos décadas, ha habido un cambio en el uso del término instituciones de una connotación política y económica a una perspectiva sociológica, que busca explicar cómo las empresas adoptan estrategias, toman decisiones y abordan los problemas intranacionales durante el proceso de internacionalización; (2) se encontró que los enfoques tradicionales eran insuficientes para explicar los eventos dependientes del contexto que afectan los negocios internacionales; y (3) China ha emergido como un actor clave en los estudios de negocios internacionales, lo que ha ayudado a redirigir el enfoque de las instituciones desde los aspectos políticos y económicos al contexto sociológico. Finalmente, proponemos una agenda para futuras investigaciones, destacando posibles dificultades y soluciones.

Palabras clave:
negocios internacionales; instituciones; bibliometría; cienciometría; VosViewer

INTRODUÇÃO

A importância das instituições na literatura de Negócios Internacionais (NI) tornou-se evidente, com uma notável mudança do foco nos mercados tradicionais para os mercados emergentes, onde as instituições exercem profunda influência (Mudambi & Navarra, 2002Mudambi, R., & Navarra, P. (2002). Institutions and internation business: A theoretical overview. International Business Review, 11(6), 635-646. https://doi.org/10.1016/S0969-5931(02)00042-2
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). Essa ênfase é também um desafio dadas as diversas definições e características das instituições em vários campos teóricos. Fica cada vez mais difícil dar sentido ao quadro teórico abrangente das instituições, à medida que os seus significados e mecanismos internos se tornam mais complexos com o desenvolvimento da teoria.

Na economia, as instituições são tipicamente vistas como mecanismos que promovem aumento na eficiência do mercado através da redução dos custos de transação, como demonstrados nos estudos de North (1990)North, D. C. (1990). Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. In Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511808678
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e Williamson (1985b)Williamson, O. E. (1985b). The economic institutions of capitalism: Firms, markets, relational contracting. In The Economic Institutions of Capitalism Firms Markets Relational Contracting. Free Press., enquanto que na ciência política, as instituições são vistas como ferramentas de distribuição de poder, cooperação e governança (Helmke & Levitsky, 2012Helmke, G., & Levitsky, S. (2012). Informal Institutions and Comparative Politics: A Research Agenda. International Handbook on Informal Governance, 2(4), 85-113. https://doi.org/10.4337/9781781001219.00011
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; Ostrom, 1990Ostrom, E. (1990). Governing the commons: The evolution of institutions for collective action. In Governing the Commons. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511807763
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). Já na perspectiva da ciência organizacional, as instituições são analisadas quanto à legitimidade, adaptação e rotinas (Scott, 1995Scott, W. R. (1995). Institutions and organizations. Sage Publications.). Essa abordagem multifacetada estende-se ainda a conceitos como “lógica institucional” (Thornton et al., 2015Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2015). The Institutional Logics Perspective. In R. A. Scott & S. M. Kosslyn (Eds.), Emerging trends in the social and behavioral sciences: an interdisciplinary, searchable, and linkable resource (pp. 1-22). Wiley. https://doi.org/10.1002/9781118900772
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), “mudança institucional” (Kingston & Caballero, 2009Kingston, C., & Caballero, G. (2009). Comparing theories of institutional change. Journal of Institutional Economics, 5(2), 151-180. https://doi.org/10.1017/S1744137409001283
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), “complexidade institucional” (Greenwood et al., 2011Greenwood, R., Raynard, M., Kodeih, F., Micelotta, E. R., & Lounsbury, M. (2011). Institutional complexity and organizational responses. Academy of Management Annals, 5(1), 317-371. https://doi.org/10.1080/19416520.2011.590299
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), “policentrismo institucional” (Batjargal et al., 2013Batjargal, B., Hitt, M. A., Tsui, A. S., Arregle, J.-L., Webb, J. W., & Miller, T. L. (2013). Institutional Polycentrism, Entrepreneurs’ Social Networks, and New Venture Growth. Academy of Management Journal, 56(4), 1024-1049. https://doi.org/10.5465/amj.2010.0095
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) e “vazios institucionais” (Doh et al., 2017Doh, J., Rodrigues, S., Saka-Helmhout, A., & Makhija, M. (2017). International business responses to institutional voids. Journal of International Business Studies, 48(3), 293-307. https://doi.org/10.1057/s41267-017-0074-z
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), os quais contribuem para a diversidade da pesquisa de NI (Rottig, 2016Rottig, D. (2016). Institutions and emerging markets: Effects and implications for multinational corporations. International Journal of Emerging Markets, 11(1), 2-17. https://doi.org/10.1108/IJoEM-12-2015-0248
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). Juntas, estas abordagens enriquecem a compreensão do impacto das instituições nos NI (Peng et al., 2023Peng, M. W., Wang, J. C., Kathuria, N., Shen, J., & Eleazar, M. J. W. (2023). Toward an institution-based paradigm. Asia Pacific Journal of Management, 40(2), 353-382. https://doi.org/10.1007/s10490-022-09861-6
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), promovendo uma narrativa evolutiva e interligada dentro do campo.

Como resultado, a evolução da literatura de NI relacionada às instituições desdobrou-se ao longo de mais de três décadas, evoluindo juntamente com o conhecimento institucional. Embora os conceitos tenham sido inicialmente extraídos de outras disciplinas, os estudiosos de NI desenvolveram perspectivas únicas que subsidiam pesquisas futuras. Alinhado com a perspectiva coevolucionária de Cantwell, Dunning, e Lundan (2010)Cantwell, J., Dunning, J. H., & Lundan, S. M. (2010). An evolutionary approach to understanding international business activity: The co-evolution of MNEs and the institutional environment. Journal of International Business Studies, 41(4), 567-586. https://doi.org/10.1057/jibs.2009.95
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, este artigo visa explorar a coevolução de estudos e instituições de NI, empregando uma abordagem cientométrica para revisar retrospectivamente a aplicação de conceitos institucionais em estudos neste campo e delinear uma agenda de pesquisa.

Este artigo esclarece as interconexões entre as instituições e NI, empregando dados transversais e análises cientométricas. O estudo busca mitigar vieses decorrentes das preferências dos autores ou das fontes adotadas por meio de critérios quantitativos na seleção de publicações e da análise de citações e interconexões. Para criar uma lista de publicações, foram compilados dados das bases Web of Science e Scopus. A abordagem cientométrica e a metodologia de redes foram então empregadas para traçar a evolução dos conceitos institucionais em NI (Abramo, 2018Abramo, G. (2018). Revisiting the scientometric conceptualization of impact and its measurement. Journal of Informetrics, 12(3), 590-597. https://doi.org/10.1016/j.joi.2018.05.001
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).

Estudos anteriores na área de NI já aplicaram técnicas cientométricas. Exemplos incluem Ferreira, Pinto, e Serra (2014)Ferreira, M. P., Pinto, C. F., & Serra, F. R. (2014). The transaction costs theory in international business research: A bibliometric study over three decades. Scientometrics, 98(3), 1899-1922. https://doi.org/10.1007/s11192-013-1172-8
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, que conduziram uma meta-análise da teoria dos custos de transação em NI; Liesch, Welch, e Buckley (2011)Liesch, P. W., Welch, L. S., & Buckley, P. J. (2011). Risk and Uncertainty in Internationalisation and International Entrepreneurship Studies. Management International Review, 51(6), 851-873. https://doi.org/10.1007/s11575-011-0107-y
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, que desenvolveram uma estrutura para medir o ritmo de evolução dos estudos na área; López-Duarte, Vidal-Suárez, González-Diáz, e Reis (2016López-Duarte, C., Vidal-Suárez, M. M., González-Díaz, B., & Reis, N. R. (2016). Understanding the Relevance of National Culture in International Business Research: A quantitative analysis. Scientometrics, 108(3), 1553-1590. https://doi.org/10.1007/s11192-016-2044-9
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), que explorara o significado de cultura em NI, e Bhardwaj (2016)Bhardwaj, R. K. (2016). Scientometric analysis and dimensions on international business literature. Scientometrics, 106(1), 299-317. https://doi.org/10.1007/s11192-015-1777-1
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que analisou 1.623 artigos indexados na literatura de NI para mapear tendências de pesquisa.

Este artigo visa ajudar pesquisadores envolvidos na elaboração de teoria a aprimorar sua compreensão da evolução e aplicação da teoria institucional em NI. A partir de uma visão histórica da utilização das instituições na pesquisa de NI, o estudo permite que os pesquisadores posicionem seu trabalho dentro desse quadro em evolução. Ainda, o presente trabalho expande o corpo de literatura existente ao documentar a coevolução dos estudos de NI e da abordagem baseada em instituições (Cantwell et al., 2010Cantwell, J., Dunning, J. H., & Lundan, S. M. (2010). An evolutionary approach to understanding international business activity: The co-evolution of MNEs and the institutional environment. Journal of International Business Studies, 41(4), 567-586. https://doi.org/10.1057/jibs.2009.95
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). Além disso, propõe uma agenda de pesquisa que avance no arcabouço teórico para a construção de teorias de NI, oferecendo uma perspectiva cientométrica como princípio orientador para pesquisas futuras.

As descobertas evidenciam a importância dessa coevolução teórica. Seguindo o destaque dado às instituições de pesquisa por Mudambi e Navarra (2002)Mudambi, R., & Navarra, P. (2002). Institutions and internation business: A theoretical overview. International Business Review, 11(6), 635-646. https://doi.org/10.1016/S0969-5931(02)00042-2
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ao longo de duas décadas, o presente artigo contribui ao analisar 3.520 publicações, retratando a dinâmica da perspectiva institucional nos estudos de NI e destacando uma mudança recente em direção a uma abordagem sociológica das instituições. Embora as instituições tenham sido inicialmente aproveitadas para examinar as disparidades políticas e econômicas, a análise revela uma mudança, no sentido de enfatizar os fatores econômicos, com os estudos recentes adotando um ponto de vista sociológico. A pesquisa contemporânea se aprofunda na compreensão da formulação de estratégias, dos processos de tomada de decisão, da dinâmica intra-empresa e dos microfundamentos de NI, refletindo a natureza evolutiva desse intrincado relacionamento.

PRELÚDIO DAS INSTITUIÇÕES E INTERAÇÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

No final da década de 1980, intensificou-se o comércio entre países com ambientes institucionais diversos e distantes. Os estudos de NI encontraram no novo institucionalismo, uma nova perspectiva que poderia ajudar a explicar a intensificação da complexidade empresarial, até então não resolvida por pressupostos teóricos tidos como certos. O institucionalismo histórico, o institucionalismo da escolha racional e o institucionalismo sociológico ganharam força para explicar o papel das instituições na definição dos resultados sociais e políticos (Hall & Taylor, 1996Hall, P. A., & Taylor, R. C. R. (1996). Political Science and the Three New Institutionalisms. Political Studies, 44(5), 936-957. https://doi.org/10.1111/j.1467-9248.1996.tb00343.x
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), quando a confluência entre NI e as instituições revelou uma forma valiosa de compreender a mudança dos estudos sobre NI.

Paralelamente, foram reunidas as ambiguidades sobre a definição de instituições. Enquanto na perspectiva econômica a definição era concebida a partir do institucionalismo da escolha racional (Moe, 1984Moe, T. M. (1984). The New Economics of Organization. American Journal of Political Science, 28(4), 739. https://doi.org/10.2307/2110997
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), as instituições poderiam ser definidas como “as regras do jogo” (North, 1990North, D. C. (1990). Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. In Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511808678
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, p. 3) que preenchem lacunas resultantes de falhas de mercado (North, 1971North, D. C. (1971). Institutional Change and Economic Growth. The Journal of Economic History, 31(1), 118-125. http://www.jstor.org/stable/2117023
http://www.jstor.org/stable/2117023...
), na perspectiva sociológica, as instituições são “estruturas e atividades cognitivas, normativas e reguladoras que proporcionam estabilidade e significado ao comportamento social” (Scott, 1995Scott, W. R. (1995). Institutions and organizations. Sage Publications., p. 33).

Até à década de 1980, a economia neoclássica influenciou fortemente os estudos de NI baseados no equilíbrio entre fatores econômicos, tais como preços e resultados (Mudambi & Navarra, 2002Mudambi, R., & Navarra, P. (2002). Institutions and internation business: A theoretical overview. International Business Review, 11(6), 635-646. https://doi.org/10.1016/S0969-5931(02)00042-2
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). No entanto, a globalização e o surgimento de novos mercados colocaram em foco o ambiente institucional. Por exemplo, Peng, Wang e Jiang (2008)Peng, M. W., Wang, D. Y. L. L., & Jiang, Y. (2008). An institution-based view of international business strategy: A focus on emerging economies. Journal of International Business Studies, 39(5), 920-936. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400377
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levantaram a questão: “O que impulsiona a estratégia e o desempenho da empresa nos NI?” argumentando que uma visão da estratégia de NI fundamentada em instituições poderia combinar visões baseadas na indústria e em recursos para ajudar a explicar o processo de internacionalização nos mercados emergentes. Monticelli, Garrido, Curth, Vieira e Dal-Soto (2018)Monticelli, J. M., Garrido, I. L., Curth, M., Vieira, L. M., & Dal-Soto, F. (2018). Institutional dysmorphia: When the institutions become ill. In International Journal of Emerging Markets (Vol. 13, Issue 3). https://doi.org/10.1108/IJoEM-03-2016-0057
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traçaram paralelos com o transtorno dismórfico corporal, levantando a hipótese de que as instituições também podem sofrer de um mal semelhante, criando obstáculos ao processo de internacionalização.

Diversos autores reconhecem que uma perspectiva institucionalista é útil para analisar as organizações. O institucionalismo identifica e explica os valores fundamentais e os atores sociais que participam da esfera organizacional, compartilhando ou disputando recursos e poder para atingir seus objetivos (Scott, 1995Scott, W. R. (1995). Institutions and organizations. Sage Publications.). Os estudiosos institucionalistas entendem que o ambiente influencia as organizações e regula a legitimidade social e os processos institucionais (Suchman, 1995Suchman, M. (1995). Managing legitimacy: Strategic and institutional approaches. Academy of Management Review, 20(3), 571-610. http://amr.aom.org/content/20/3/571.short
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).

As instituições formais - tais como regulamentos políticos, decisões judiciais e contratos econômicos - convergem como sistemas jurídicos ou de governança. Ao mesmo tempo, as instituições informais - como as normas e convenções comportamentais, culturais, étnicas e ideológicas - podem ou não sustentar tal convergência (Khanna et al., 2015Khanna, T., Palepu, K. G., & Sinha, J. (2015). Strategies that fi t emerging markets. In International Business Strategy (pp. 629-645). Routledge.). Dispositivos informais intervêm para mitigar a incerteza quando há falta ou limitação nos mecanismos formais (Peng et al., 2008Peng, M. W., Wang, D. Y. L. L., & Jiang, Y. (2008). An institution-based view of international business strategy: A focus on emerging economies. Journal of International Business Studies, 39(5), 920-936. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400377
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). Um sistema institucional só estará completo através da interação entre instituições formais e informais (Dunning & Lundan, 2009Dunning, J. H., & Lundan, S. M. (2009). The Internationalization of Corporate R&D: A Review of the Evidence and Some Policy Implications for Home Countries 1. Review of Policy Research, 26(1-2), 13-33. https://doi.org/10.1111/j.1541-1338.2008.00367.x
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). Assim, as instituições irão operar através das suas estruturas formais ou informais para realizar transações econômicas e sociais que, por sua vez, afetarão qualquer decisão estratégica adotada pela empresa (North, 1990North, D. C. (1990). Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. In Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511808678
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).

As esferas nacional, subnacional e local envolvem restrições ao nível institucional (Markusen, 1996Markusen, A. (1996). Sticky Places in Slippery Space: A Typology of Industrial Districts. Economic Geography, 72(3), 293. https://doi.org/10.2307/144402
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) e às ações dos gestores e das organizações. Estas barreiras induzem os gestores a agir através de mecanismos semelhantes, replicando mudanças isomórficas. Em vez de as empresas tentarem diferenciar-se dos concorrentes, há uma tendência para a homogeneização no setor. É precisamente esse comportamento em contradição com um padrão esperado que orienta os estudos da teoria institucional. Essa tendência se espalha para os novos entrantes, motivados pelo ambiente em que atuam e pelas forças que governam a dimensão social, levando as organizações a buscarem incansavelmente a legitimidade institucional (DiMaggio & Powell, 1983DiMaggio, P. J. ., & Powell, W. W. (1983). The Iron Cage Revisited: Institutional Isomorphism and Collective Rationality in Organizational Fields. American Sociological Review, 48(April), 147-160. https://doi.org/10.2307/2095101
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).

As implicações encontradas na confluência dos NI e das instituições são de interesse permanente para a literatura. Por exemplo, Aguilera e Grøgaard (2019)Aguilera, R. V., & Grøgaard, B. (2019). The dubious role of institutions in international business: A road forward. Journal of International Business Studies, 50(1), 20-35. https://doi.org/10.1057/s41267-018-0201-5
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revisitaram o trabalho de Jackson e Deeg (2008)Jackson, G., & Deeg, R. (2008). Comparing capitalisms: understanding institutional diversity and its implications for international business. Journal of International Business Studies, 39(4), 540-561. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400375
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em que os autores examinaram o papel da análise institucional nos estudos em NI, especialmente como as empresas estão inseridas no contexto das configurações institucionais, a abordagem da vantagem competitiva a partir de uma lente institucional e a compreensão da mudança institucional. Os autores salientaram a necessidade de olhar para as instituições de forma alternativa, enfatizando, em primeiro lugar, suas combinações particulares e explorando a complementaridade e os conflitos de perspectivas disponíveis, evitando generalizações (Jackson & Deeg, 2008Jackson, G., & Deeg, R. (2008). Comparing capitalisms: understanding institutional diversity and its implications for international business. Journal of International Business Studies, 39(4), 540-561. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400375
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). Em segundo lugar, concentrando-se no desenvolvimento de teorias de médio alcance para comparar como as configurações institucionais influenciam as atividades das empresas internacionalizadas (Jackson & Deeg, 2019Jackson, G., & Deeg, R. (2019). Comparing capitalisms and taking institutional context seriously. Journal of International Business Studies, 50(1), 4-19. https://doi.org/10.1057/s41267-018-0206-0
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).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Alguns estudos referem-se à cientometria como uma “ciência sobre a ciência” (Serenko et al., 2009Serenko, A., Bontis, N., & Grant, J. (2009). A scientometric analysis of the Proceedings of the McMaster World Congress on the Management of Intellectual Capital and Innovation for the 1996-2008 period. Journal of Intellectual Capital, 10(1), 8-21. https://doi.org/10.1108/14691930910922860
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). A cientometria tem identidade própria e tem sido utilizada há décadas como recurso de síntese (Dou, 1994Dou, H. (1994). In which business are we? Scientometrics, 30(2-3), 401-406. https://doi.org/10.1007/BF02018112
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) e de promoção da interdisciplinaridade (Kim & Zhu, 2018Kim, M. C., & Zhu, Y. (2018). Scientometrics of Scientometrics: Mapping Historical Footprint and Emerging Technologies in Scientometrics. In Scientometrics (pp. 9-27). InTech. https://doi.org/10.5772/intechopen.77951
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). Em geral, os estudos cientométricos apresentam meta-análises de temas e metodologias, identificam autores proeminentes de algum tema e países mais produtivos, relatam análises de citações e cocitações e apontam anomalias de pesquisa.

Este artigo faz uma revisão bibliométrica no sentido de oferecer direções para futuras pesquisas ao mesmo tempo em que examina, a partir de uma perspectiva cientométrica, como as relações entre várias abordagens institucionais e estudos em NI mudaram nas últimas duas décadas. Para visualizar as diferentes estruturas e características dos registros de dados (Waltman et al., 2010Waltman, L., Eck, N. J. van, & Noyons, E. C. M. (2010). A unified approach to mapping and clustering of bibliometric networks. Journal of Informetrics, 4(4), 629-635. https://doi.org/10.1016/j.joi.2010.07.002
https://doi.org/10.1016/j.joi.2010.07.00...
), mapeamos a literatura utilizando métodos bibliométricos como redes gráficas e técnicas de agrupamento (Abramo, 2018Abramo, G. (2018). Revisiting the scientometric conceptualization of impact and its measurement. Journal of Informetrics, 12(3), 590-597. https://doi.org/10.1016/j.joi.2018.05.001
https://doi.org/10.1016/j.joi.2018.05.00...
). Análise de citações, análise de cocitação, acoplamento bibliográfico, análise de coautores e análise de co-palavras foram utilizadas para lidar com um grande número de registros (n=3.520 artigos científicos). A aplicação de métodos bibliométricos empíricos robustos ajuda a produzir análises objetivas da literatura e baseadas em evidências (Suominen et al., 2019Suominen, A., Seppänen, M., & Dedehayir, O. (2019). A bibliometric review on innovation systems and ecosystems: A research agenda. European Journal of Innovation Management, 22(2), 335-360. https://doi.org/10.1108/EJIM-12-2017-0188
https://doi.org/10.1108/EJIM-12-2017-018...
).

O principal foco aqui foi identificar o conjunto mais extenso de publicações que se referem a instituições e dos NI. Como esses termos não são exclusivos do domínio de NI, evitamos incluir resultados indesejados de outras áreas. Utilizamos para isso a lista de periódicos na área de NI e estudos regionais (IB&AREA) do Journal Quality Guide, da Association of Business Schools (ABS) de periódicos. A lista ABS tem sido utilizada sistematicamente para encontrar os principais periódicos que cobrem estudos de NI (Skjølsvik et al., 2017Skjølsvik, T., Pemer, F., & Løwendahl, B. R. (2017). Strategic management of professional service firms: Reviewing ABS journals and identifying key research themes. Journal of Professions and Organization, 4(2), 203-239. https://doi.org/10.1093/jpo/jox005
https://doi.org/10.1093/jpo/jox005...
; Willmott, 2011Willmott, H. (2011). Journal list fetishism and the perversion of scholarship: Reactivity and the ABS list. Organization, 18(4), 429-442. https://doi.org/10.1177/1350508411403532
https://doi.org/10.1177/1350508411403532...
) e especialmente para delimitar estudos cientométricos (Wu et al., 2015Wu, D., Li, M., Zhu, X., Song, H., & Li, J. (2015). Ranking the research productivity of business and management institutions in Asia-Pacific region: empirical research in leading ABS journals. Scientometrics, 105(2), 1253-1272. https://doi.org/10.1007/s11192-015-1752-x
https://doi.org/10.1007/s11192-015-1752-...
). Seguindo a lista ABS (Association of Business Schools, 2018Association of Business Schools. (2018). Academic Journal Guide. https://facultystaff.richmond.edu/~tmattson/AJG 2018 Journal Guide.pdf
https://facultystaff.richmond.edu/~tmatt...
) e aplicando o descritor IB&AREA na pesquisa, encontramos 56 títulos de periódicos. Assumimos que a classificação ABS oferece uma cobertura abrangente de periódicos de NI e tem boa confiabilidade interna e externa (Kelly et al., 2009Kelly, A., Morris, H., & Harvey, C. (2009). Journal rankings and the ABS Journal Quality Guide. Management Decision, 47(9), 1441-1451. https://doi.org/10.1108/00251740910995648
https://doi.org/10.1108/0025174091099564...
). Embora os critérios de classificação da lista tenham sido alvo de críticas (Willmott, 2011Willmott, H. (2011). Journal list fetishism and the perversion of scholarship: Reactivity and the ABS list. Organization, 18(4), 429-442. https://doi.org/10.1177/1350508411403532
https://doi.org/10.1177/1350508411403532...
), ele é útil para determinar com precisão um conjunto de periódicos centrais, e a partir daí, para uma subárea de estudos de gestão e negócios (no nosso caso, NI e estudos regionais). Ilustramos esse processo de pesquisa na Figura 1.

Figura 1
Desenho da pesquisa

A Figura 1 mostra como operacionalizamos nossa pesquisa. Dividimos o processo em três ciclos: coleta de artigos, refinamento e agrupamento de palavras-chave. O primeiro ciclo foi dividido em etapas e o terceiro ciclo foi separado em passos. Os periódicos a serem examinados foram selecionados no primeiro ciclo e sua validade foi verificada no segundo. No terceiro ciclo focamos na base de dados Scopus e em uma série de 11 passos. A análise cientométrica em si foi baseada em três análises de agrupamento primárias, conduzidas usando o software VosViewer (Waltman et al., 2010Waltman, L., Eck, N. J. van, & Noyons, E. C. M. (2010). A unified approach to mapping and clustering of bibliometric networks. Journal of Informetrics, 4(4), 629-635. https://doi.org/10.1016/j.joi.2010.07.002
https://doi.org/10.1016/j.joi.2010.07.00...
).

Ciclo 1: Coleta de publicações

Na primeira etapa do primeiro ciclo, partimos da lista de periódicos ABS do IB&AREA e pesquisamos na base de dados Scopus, pelo número ISSN, os 56 títulos encontrados. Esse procedimento melhora a validade interna pois os títulos da base Scopus podem diferir ligeiramente dos da lista ABS. Cinco títulos não foram incluídos na base de dados Scopus e foram retirados da lista, restando 51 entradas válidas, com 76.435 citações listadas. Optamos por utilizar tal para melhorar a consistência interna, uma vez que ela é reconhecida pela sua alta qualidade de cobertura de citações (Falagas, Pitsouni, Malietzis, Pappas, 2008). Foram utilizados todos os anos disponíveis no âmbito temporal até o mês de junho de 2018.

A Tabela 1 lista os 21 periódicos mais citados, que representam juntos 95% das citações dos periódicos ABS indexados na base de dados, em ordem decrescente de porcentagem de citações.

Tabela 1
Publicações mais citadas, responsáveis por 95% das citações de periódicos ABS no Scopus

A Tabela 2 lista os 20 artigos mais citados encontrados no primeiro ciclo do processo de pesquisa.

Tabela 2
Classificação dos 20 artigos mais citados sobre negócios internacionais e instituições

Na segunda etapa do primeiro ciclo, testamos a validade interna dos termos de busca para identificação do tema das instituições. Um termo de pesquisa eficaz deve capturar o maior número possível de artigos relevantes com um mínimo de “ruído”, ou seja, artigos sem conexão com o tópico. Uma análise preliminar dos resultados das pesquisas no Scopus, Web of Science e Google Scholar identificou 21 termos variantes relacionados à raiz da palavra “institution” (instituição). Todos esses termos eram válidos e relacionados ao foco deste estudo, conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3
Termos relacionados com institution (instituição)

Os asteriscos foram usados para incluir as diferenças ortográficas do inglês britânico e americano e para incluir os termos no plural.

Na terceira etapa do primeiro ciclo, realizamos uma busca na base de dados Scopus. Para refinar o escopo da investigação, a busca foi direcionada por citações de artigos publicados nos 51 periódicos anteriormente selecionados da lista ABS, todos indexados na base de dados Scopus. Esses artigos foram citados 76.435 vezes em toda a base, em 34.702 documentos, sendo 86% artigos de revistas científicas. Assim, 29.855 artigos indexados no Scopus citaram outros publicados em periódicos ABS, do campo de IB&AREA. A Tabela 4 lista os resultados do primeiro ciclo de pesquisas.

Tabela 4
Primeiro ciclo de buscas no Scopus

Ciclo 2: Refinamento dos resultados

Na segunda rodada, refinamos os resultados filtrando artigos com variantes da palavra raiz institution no título, resumo ou palavras-chave. Finalizamos esta busca com 3.520 artigos, conforme mostra a Tabela 5.

Tabela 5
Artigos extraídos

Ciclo 3: Seleção de palavras-chave

Analisamos os 3.520 artigos encontrados no segundo ciclo para identificar palavras-chave. O terceiro ciclo foi dividido em 11 passos. No passo 1, buscamos nos 3.520 artigos selecionados no ciclo anterior todas as palavras-chave. No passo 2 encontramos 21.487 ocorrências, o que equivale a 6.872 palavras-chave genuínas. No passo 3 foram excluídos 11 nomes de empresas enquanto nos passos 4 e 5 foram excluídos 20 nomes de autores e quatro nomes de periódicos, respectivamente. Nos passos 6 e 7 foram excluídos, respectivamente, 197 termos metodológicos e 590 palavras genéricas, por exemplo, “institutional framework” (quadro institucional) (226), “conceptual framework” (quadro conceitual) (21), “article” (artigo) (8), e “research” (pesquisa) (5). No Passo 8, excluímos o termo primário, “institution” (institutição) (197), resultando em 5.853 palavras-chave. Os termos “institution” e “institutions” foram excluídos quando apresentados sozinhos pois, embora fundamentais, eles são comuns a todos os artigos. No entanto, mantivemo-los quando combinados com outro termo, por exemplo, “political institutions” (instituições políticas), que atribuímos ao grupo de palavras-chave “polítics” (política).

Verificamos individualmente as 5.853 palavras para recodificá-las por similaridade. Realizamos esta etapa manualmente por meio de análise e discussão interativa, em conjunto com três estudiosos familiarizados com NI e estudos institucionais, com o objetivo de chegar a um código consensual. Como os três especialistas, em conjunto, verificaram cada palavra, descartamos a avaliação da confiabilidade do intercodificador. Para garantir critérios de qualidade, fornecemos relatórios transparentes e dados brutos dos procedimentos de recodificação de cada uma das palavras, conforme recomendado por O’Connor e Joffe (2020)O’Connor, C., & Joffe, H. (2020). Intercoder Reliability in Qualitative Research: Debates and Practical Guidelines. International Journal of Qualitative Methods, 19, 160940691989922. https://doi.org/10.1177/1609406919899220
https://doi.org/10.1177/1609406919899220...
. Por exemplo, os termos “violence” (violência) (50), “violent conflict” (conflito violento) (2), “violent democracy” (democracia violenta) (1) e “intra-elite violence” (violência intra-elite) (1) foram anexados ao grupo de palavras-chave “violence” (violência), que possui 54 itens. Além disso, os termos “transaction cost economics” (economia dos custos de transação) (14), “transaction costs” (custos de transação) (9), “transaction cost” (custo de transação) (3), “transacation cost analysis” (análise de custos de transação) (3), “transaction cost theory” (teoria do custo de transação) (2), “transaction costs theory” (teoria dos custos de transação) (1), “institutiona transaction costs” (custos de transações institucionais) (1) e “transaction costs variables” (variáveis de custos de transação) (1), foram todas anexados ao grupo TCT, com 33 itens. Também foram analisadas ocorrências de nomes de países. Os países com quatro ou menos ocorrências foram incluídos no seu grupo de continentes, mantendo os países com cinco ou mais menções separadas como entidades de palavra-chave única. No Passo 9, foram excluídos os grupos com menos de cinco ocorrências, totalizando 474 grupos, e foram submetidos ao software cientométrico. Após o agrupamento, no Passo 10, removemos mais 126 grupos de palavras-chave pois, mesmo agrupados, eles somaram menos de cinco ocorrências, restando 5.727 palavras-chave em 474 grupos. Finalmente, no passo 11, de 21.487 ocorrências de todas as 6.872 palavras-chave (cerca de 90% de todas as ocorrências com repetições excluídas) focamos em 19.432 ocorrências das 5.727 palavras-chave mais relevantes, garantindo ampla cobertura de palavras-chave e, portanto, a confiabilidade da análise. A Tabela 6 descreve esse processo.

Tabela 6
Palavras-chave extraídas

Procedimentos de Análise

Aplicamos um conjunto de técnicas de redes bibliométricas para responder às questões de pesquisa. A análise de redes bibliométricas analisa conjuntos de entidades extraídas de metadados bibliográficos como autores, documentos, palavras-chave ou periódicos (Borgatti et al., 2013Borgatti, S. P., Everett, M. G., & Johnson, J. C. (2013). Analyzing Social Networks (2nd ed.). Sage Publications London, Thousand Oaks, CA and New Delhi.). Empregamos a técnica de agrupamento baseada em modularidade ponderada para identificar grupos de entidades semelhantes (comunidades) (Eck & Waltman, 2017Eck, N. J. van, & Waltman, L. (2017). Citation-based clustering of publications using CitNetExplorer and VOSviewer. Scientometrics, 111(2), 1053-1070. https://doi.org/10.1007/s11192-017-2300-7
https://doi.org/10.1007/s11192-017-2300-...
). Esta técnica de agrupamento, desenvolvida por Waltman et al. (2010)Waltman, L., Eck, N. J. van, & Noyons, E. C. M. (2010). A unified approach to mapping and clustering of bibliometric networks. Journal of Informetrics, 4(4), 629-635. https://doi.org/10.1016/j.joi.2010.07.002
https://doi.org/10.1016/j.joi.2010.07.00...
, é uma variante ponderada e parametrizada da função de modularidade proposta por Newman and Girvan (2004)Newman, M. E. J., & Girvan, M. (2004). Finding and evaluating community structure in networks. Physical Review E, 69(2), 026113. https://doi.org/10.1103/PhysRevE.69.026113
https://doi.org/10.1103/PhysRevE.69.0261...
. O parâmetro de resolução γ (γ > 0) influencia o número e tamanhos dos agrupamentos. Este nível de controle é crucial pois dá mais flexibilidade à identificação de comunidades relevantes, especialmente em análises exploratórias (Palacios-Núñez et al., 2018Palacios-Núñez, G., Vélez-Cuartas, G., & Botero, J. D. (2018). Developmental tendencies in the academic field of intellectual property through the identification of invisible colleges. Scientometrics, 115(3), 1561-1574. https://doi.org/10.1007/s11192-018-2648-3
https://doi.org/10.1007/s11192-018-2648-...
). Diferente do tradicional agrupamento de modularidade ponderada (Muff et al., 2005Muff, S., Rao, F., & Caflisch, A. (2005). Local modularity measure for network clusterizations. Physical Review E, 72(5), 056107. https://doi.org/10.1103/PhysRevE.72.056107
https://doi.org/10.1103/PhysRevE.72.0561...
), não existe um valor ótimo geral de γ, sendo recomendado testar diferentes valores para o parâmetro de resolução, obtendo um nível de detalhe satisfatório para os objetivos da pesquisa (D’Angelo & Magnusson, 2021D’Angelo, V., & Magnusson, M. (2021). A Bibliometric Map of Intellectual Communities in Frugal Innovation Literature. IEEE Transactions on Engineering Management, 68(3), 653-666. https://doi.org/10.1109/TEM.2020.2994043
https://doi.org/10.1109/TEM.2020.2994043...
). Utilizamos a técnica de visualização de similaridades (VOS) para construção dos mapas da rede. As entidades são posicionadas em um espaço bidimensional, onde a distância entre os pares representa o seu relacionamento (Eck & Waltman, 2010Eck, N. J. van, & Waltman, L. (2010). Software survey: VOSviewer, a computer program for bibliometric mapping. Scientometrics, 84(2), 523-538. https://doi.org/10.1007/s11192-009-0146-3
https://doi.org/10.1007/s11192-009-0146-...
). Esta abordagem fornece uma representação mais adequada das redes do que os mapas construídos usando a técnica clássica de escalonamento multidimensional (Mariani et al., 2021Mariani, M. M., Al-Sultan, K., & Massis, A. De. (2021). Corporate social responsibility in family firms: A systematic literature review. Journal of Small Business Management, 1-55. https://doi.org/10.1080/00472778.2021.1955122
https://doi.org/10.1080/00472778.2021.19...
). Utilizamos o pacote de software informatizado VosViewer que implementa ambas as técnicas mencionadas de agrupamento e mapeamento (Eck et al., 2010Eck, N. J. van, Waltman, L., Dekker, R., & van den Berg, J. (2010). A comparison of two techniques for bibliometric mapping: Multidimensional scaling and VOS. Journal of the American Society for Information Science and Technology, 61(12), 2405-2416. https://doi.org/10.1002/asi.21421
https://doi.org/10.1002/asi.21421...
), e é adequado para apoiar o mapeamento científico na área de negócios e gestão (Sprong et al., 2021Sprong, N., Driessen, P. H., Hillebrand, B., & Molner, S. (2021). Market innovation: A literature review and new research directions. Journal of Business Research, 123(438), 450-462. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.09.057
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.0...
).

RESULTADOS

Os resultados das análises de agrupamento são apresentados graficamente em mapas de rede que ilustram as relações entre as unidades. Enquanto os círculos representam essas unidades, sejam elas autores ou grupos de palavras-chave, o tamanho de cada círculo representa o número de citações, no caso de autores, ou o número de ocorrências, no caso de grupos de palavras-chave. A cor de cada círculo indica o agrupamento ao qual pertence (exceto a Figura 5, em que as cores indicam as datas de publicação obedecendo um índice de citação temporal, explicada mais adiante). Os agrupamentos foram definidos por uma combinação de análise quantitativa e julgamento subjetivo. A posição de cada círculo em relação aos demais indica sua co-ocorrência, mesmo quando pertencem a agrupamentos diferentes, representando comparações entre assuntos ou abordagens teóricas. As linhas de ligação indicam que autores ou grupos de palavras-chave foram citados ou mencionados no mesmo artigo. Quando citada ou mencionada no mesmo agrupamento, a linha terá a sua cor. Quando as unidades de análise pertencem a agrupamentos diferentes, a linha que as conecta transitará gradativamente de uma cor para outra, representando uma mudança de assunto.

Agrupamento de autores e perspectivas institucionais

Antes de iniciar qualquer análise, destacamos como os autores da área citaram uns aos outros e quais publicações contribuíram para o desenvolvimento da abordagem baseada em instituições para os estudos de negócios internacionais (NI) - a Figura 2 retrata essas conexões.

Figura 2
Autores agrupados
,,00,

O agrupamento de cor verde engloba trabalhos que oferecem um conjunto de fundamentos teóricos para explicar o tripé estratégico que sustenta os NI, considerado a partir de uma perspectiva coevolucionária e integrativa (Peng et al., 2008Peng, M. W., Wang, D. Y. L. L., & Jiang, Y. (2008). An institution-based view of international business strategy: A focus on emerging economies. Journal of International Business Studies, 39(5), 920-936. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400377
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
). A visão de estratégia baseada em instituições de Peng tem as suas raízes em trabalhos anteriores que não utilizavam este termo específico, como Peng e Heath (1996)Peng, M. W., & Heath, P. S. (1996). The growth of the firm in planned economies in transition: Institutions, organizations, and strategic choice. Academy of Management Review, 21(2), 492-528. https://doi.org/10.5465/amr.1996.9605060220
https://doi.org/10.5465/amr.1996.9605060...
. Peng (2003)Peng, M. W. (2003). Institutional Transitions and Strategic Choices. The Academy of Management Review, 28(2), 275. https://doi.org/10.2307/30040713
https://doi.org/10.2307/30040713...
também propôs que as pressões regulatórias, normativas e cognitivas exercem vários graus de influência, dependendo das fases das transições institucionais em empresas estabelecidas, startups empreendedoras e entrantes estrangeiras. Assim, as organizações potencializam recursos e conexões na indústria em resposta às mudanças institucionais, criando e mudando instituições (Jackson & Deeg, 2008Jackson, G., & Deeg, R. (2008). Comparing capitalisms: understanding institutional diversity and its implications for international business. Journal of International Business Studies, 39(4), 540-561. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400375
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
).

O agrupamento de cor vermelha está concentrado em torno de Dunning (Dunning & Lundan, 2009Dunning, J. H., & Lundan, S. M. (2009). The Internationalization of Corporate R&D: A Review of the Evidence and Some Policy Implications for Home Countries 1. Review of Policy Research, 26(1-2), 13-33. https://doi.org/10.1111/j.1541-1338.2008.00367.x
https://doi.org/10.1111/j.1541-1338.2008...
), Buckley (Buckley & Ghauri, 2004Buckley, P. J., & Ghauri, P. (2004). Globalisation, economic geography and the strategy of multinational enterprises. Journal of International Business Studies, 35(2), 81-98. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400088
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
), Delios (Delios & Beamish, 1999Delios, A., & Beamish, P. W. (1999). Ownership Strategy of Japanese Firms: Transactional, Institutional and Experience Influences. Strategic Management Journal, 20(February), 915-933. https://doi.org/10.1002/(sici)1097-0266(199910)20:10<915::aid-smj51>3.0.co;2-0
https://doi.org/10.1002/(sici)1097-0266(...
), Williamson (1985b)Williamson, O. E. (1985b). The economic institutions of capitalism: Firms, markets, relational contracting. In The Economic Institutions of Capitalism Firms Markets Relational Contracting. Free Press. e Henisz e Swaminathan (2008)Henisz, W., & Swaminathan, A. (2008). Institutions and international business. Journal of International Business Studies, 39(4), 537-539. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400381
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
, entre outros. Em sintonia com a Teoria dos Custos de Transação (Williamson, 1985aWilliamson, O. E. (1985a). Markets and hierarchies: Analysis and antitrust implications: A study in the economics of internal organization. Free Press. https://doi.org/10.2139/ssrn.1496220
https://doi.org/10.2139/ssrn.1496220...
), este agrupamento tem seus fundamentos na explicação do Paradigma Eclético (Dunning, 1980Dunning, J. H. (1980). Toward an Eclectic Theory of International Production: Some Empirical Tests. Journal of International Business Studies, 11(1), 9-31. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8490593
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
) de como as empresas multinacionais expandem seus negócios no exterior, sustentadas por sua capacidade de avaliar o equilíbrio entre escolhas sobre propriedade, localização e internalização. Embora a contribuição original de Dunning centrada em aspectos racional-econômicos tenha uma ligação teórica limitada com o conceito de instituições, posteriormente explorado por Cantwell et al. (2010)Cantwell, J., Dunning, J. H., & Lundan, S. M. (2010). An evolutionary approach to understanding international business activity: The co-evolution of MNEs and the institutional environment. Journal of International Business Studies, 41(4), 567-586. https://doi.org/10.1057/jibs.2009.95
https://doi.org/10.1057/jibs.2009.95...
, a literatura subsequente passou a tratá-lo como um elemento central para explicar o contexto como um cenário no qual tais decisões são tomadas e como devem ser construídos conjuntos específicos de capacidades. Um aspecto relevante do agrupamento de cor vermelha é a proximidade entre diversas perspectivas sobre os NI. Uma possível explicação é a tendência da literatura em contrastar perspectivas para estabelecer delimitações e complementaridades. Por exemplo, a orientação comportamental nos estudos de NI coexiste com uma perspectiva racional-econômica, e o conceito de instituições é fundamental para a compreensão holística do contexto institucional (Levy et al., 2007Levy, O., Beechler, S., Taylor, S., & Boyacigiller, N. A. (2007). What we talk about when we talk about ‘global mindset’: Managerial cognition in multinational corporations. Journal of International Business Studies, 38(2), 231-258. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400265
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
).

Um terceiro agrupamento, em azul, conecta-se ao conceito de instituições informais. Estende-se desde Hofstede (1994)Hofstede, G. (1994). The business of international business is culture. International Business Review, 3(1), 1-14. https://doi.org/10.1016/0969-5931(94)90011-6
https://doi.org/10.1016/0969-5931(94)900...
, explicando a relação entre cultura e negócios, passando por Khanna and Palepu (2004)Khanna, T., & Palepu, K. G. (2004). Globalization and convergence in corporate governance: Evidence from Infosys and the Indian software industry. Journal of International Business Studies, 35(6), 484-507. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400103
https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.84...
e Kostova (1999)Kostova, T. (1999). Transnational Transfer of Strategic Organizational Practices: A Contextual Perspective. The Academy of Management Review, 24(2), 308. https://doi.org/10.2307/259084
https://doi.org/10.2307/259084...
até La Porta, Lopez-de-Silanes, and Shleifer (2008)Porta, R. La, Lopez-de-Silanes, F., & Shleifer, A. (2008). The Economic Consequences of Legal Origins. Journal of Economic Literature, 46(2), 285-332. https://doi.org/10.1257/jel.46.2.285
https://doi.org/10.1257/jel.46.2.285...
. Esse grupo representa uma tentativa de explicar a legalidade e os efeitos da corrupção nas empresas ou mesmo nas diferenças subnacionais a considerar ao investir fora do país (Aguilera, Flores, & Kim, 2015Aguilera, R. V., Flores, R., & Kim, J. U. (2015). Re-examining regional borders and the multinational enterprise. The Multinational Business Review, 23(4), 374-394. https://doi.org/10.1108/MBR-07-2015-0027
https://doi.org/10.1108/MBR-07-2015-0027...
) e como as origens do direito civil e do direito consuetudinário nas regulamentações afetam o ambiente institucional (Djankov, La Porta, Lopez-de-Silanes, & Shleifer, 2002). Esse agrupamento engloba uma discussão sobre elementos que impactam os negócios e são difíceis de medir. O agrupamento azul conecta-se com a teoria institucional pura (agrupamento amarelo) e a visão baseada em instituições (agrupamento verde). Uma possível explicação para isso é o fato de que essas publicações estão mais diretamente relacionadas com aspectos estratégicos dos NI e menos integradas com a institucionalização em si, o que é mais pronunciado no agrupamento vermelho.

Finalmente, o agrupamento amarelo representa um grupo central de estudiosos que aborda as instituições de uma perspectiva sociológica, incluindo Walter W. Powell, Royston Greenwood e William Richard Scott. Este grupo fornece dados úteis para a compreensão de como as perspectivas econômicas e sociológicas sobre as instituições tiveram diferentes influências nos estudos de NI e aponta que as explicações sobre as influências políticas são baseadas principalmente em perspectivas econômicas e não na teoria política, uma vez que a abordagem política às instituições é principalmente ignorada - embora exceções, como Kingston and Caballero (2009)Kingston, C., & Caballero, G. (2009). Comparing theories of institutional change. Journal of Institutional Economics, 5(2), 151-180. https://doi.org/10.1017/S1744137409001283
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devem ser reconhecidas. Por exemplo, Contractor (1990)Contractor, F. J. (1990). Contractual and cooperative forms of international business: Towards a unified theory of modal choice. MIR: Management International Review, 30(1), 31-54. salienta que, em ambientes com dimensões regulatórias restritas, as empresas estrangeiras estão mais inclinadas a alianças e parcerias com empresas locais. Além disso, Agarwal (1994)Agarwal, S. (1994). Socio-Cultural Distance and the Choice of Joint Ventures: A contingency perspective. Journal of International Marketing, 2(2), 63-80. https://doi.org/10.1177/1069031X9400200205
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menciona que algo semelhante ocorre em ambientes com um domínio normativo que separa culturalmente empresas estrangeiras e locais. O agrupamento amarelo representa um centro que conecta os estudos de NI com a teoria institucional. Semelhante a estudos anteriores, autores seminais na abordagem sociológica do institucionalismo são frequentemente citados neste grupo, juntamente com a abordagem da complexidade institucional, representando um novo caminho para examinar ambiguidades institucionais (Garrido et al., 2021Garrido, I., Vasconcellos, S. L. de, Faccin, K., Monticelli, J. M., & Carpenedo, C. (2021). The moderating role of polycentric institutions in the relationship between effectuation/causation logics and corporate entrepreneur’s decision-making processes. Global Strategy Journal, gsj.1419. https://doi.org/10.1002/gsj.1419
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; Greenwood et al., 2010Greenwood, R., Díaz, A. M., Li, S. X., & Lorente, J. C. (2010). The multiplicity of institutional logics and the heterogeneity of organizational responses. Organization Science, 21(2), 521-539. https://doi.org/10.1287/orsc.1090.0453
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).

Uma característica relevante da Figura 2 é a análise do mapeamento da rede. Por um lado, as posições de cada autor e as linhas traçadas entre eles ilustram as suas ligações. O tamanho de cada nó representa o número total de conexões (grau de centralidade). Por exemplo, Sirmon and Hitt (2007)Sirmon, D. G. D. G., Hitt, M. A. M. A., & Ireland, R. D. (2007). Managing firm resources in dynamic environments to create value: Looking inside the black box. The Academy of Management Review, 32(1), 273-292. https://doi.org/10.5465/amr.2007.23466005
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, Cuervo-Cazurra (2018)Cuervo-Cazurra, A. (2018). The Evolution of Business Groups’ Corporate Social Responsibility. Journal of Business Ethics, 153(4), 997-1016. https://doi.org/10.1007/s10551-018-3912-4
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e Eden (Eden, 2010Eden, L. (2010). Editorial: Letter from the Editor-in-Chief: Lifting the veil on how institutions matter in IB research. Journal of International Business Studies, 41(2), 175-177. https://doi.org/10.1057/jibs.2009.92
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) parecem ter extrapolado de alguma forma os limites de áreas específicas conduzindo pesquisas com uma abordagem mais multidisciplinar empregando uma ampla variedade de diferentes palavras-chave, conforme exploraremos na próxima seção. Por outro lado, a distância entre qualquer par de itens reflete a sua semelhança. Assim, a distância dos outros agrupamentos até os autores predominantemente focados na corrupção e nas regras, que são centrais para o agrupamento azul (Porta et al., 2008Porta, R. La, Lopez-de-Silanes, F., & Shleifer, A. (2008). The Economic Consequences of Legal Origins. Journal of Economic Literature, 46(2), 285-332. https://doi.org/10.1257/jel.46.2.285
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), poderia indicar um caminho interessante para futuros estudos.

Agrupamento de palavras-chave

Em seguida, exploramos os resultados do agrupamento dos 474 grupos de palavras-chave. Nossa primeira intenção foi simplesmente formar grupos, sem limites para o número de agrupamentos. Contudo, a multiplicidade de combinações observadas acabou por limitar as possibilidades de síntese das informações. Decidimos, portanto, resumir os agrupamentos em apenas três. Esperávamos que, dessa forma, o agrupamento indicasse melhor se a abordagem baseada em instituições para os estudos de NI tende a empregar perspectivas institucionais com origens nas ciências sociais, na economia ou na ciência política ou seguiria um caminho alternativo. A Figura 3 ilustra os resultados.

Figura 3
Modelo de três agrupamentos de palavras-chave

O agrupamento verde centra-se na palavras-chave polítics (política) (787 menções). Este grupo abrange 123 palavras-chave diferentes. As mais frequentes foram poltical economy (economia política) (99), polítical system (sistema político) (66), party politics (política partidária) (57), polítics (política) (46), elections (eleições) (42), political power (poder político) (42), political relationships (relações políticas) (32), political conflict (conflito político) (31) e political reform (reforma política) (31). As outras são mencionados menos de 20 vezes.

Esse mesmo agrupamento também trata de questões geográficas. Agrupamos países com menos de cinco menções - por exemplo, países da África (494). O grupo de palavras-chave inclui países da África com menos de cinco menções e questões gerais relacionadas com o continente africano. O grupo de palavras-chave Ásia também faz parte do agrupamento verde (359 menções) e foi formado aplicando a mesma lógica. Contém nomes de países asiáticos com menos de cinco menções e alguns assuntos gerais relacionados ao continente asiático. A Europa (176) também está no agrupamento verde e contém todos os países europeus com menos de cinco menções.

Em síntese, os estudos sobre o contexto institucional dos países da África, Europa e da Ásia que representam uma porcentagem relativamente pequena dos NI tendem a ter mais ligações com política, economia e reforma. Em contraste com o agrupamento vermelho, o verde ilustra como as abordagens institucionais da ciência política e da economia são utilizadas para explicar fenômenos contextuais. Do ponto de vista econômico, North (1990)North, D. C. (1990). Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. In Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511808678
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sublinha que as instituições desempenham um papel crucial na economia porque reduzem a incerteza e tornam-se uma referência para os indivíduos. As ineficiências institucionais geram elevados custos de transação e resultam num ambiente desfavorável ao sucesso das economias nacionais. Este quadro institucional é mais visível nas economias emergentes porque as instituições políticas e econômicas desencorajam a atividade produtiva. São exemplos de ineficiências institucionais a instabilidade política, a burocracia governamental, sistemas regulatórios de baixa qualidade, imprevisibilidade do sistema jurídico e pouco controle da corrupção (Kalasin, Cuervo-Cazurra, & Ramamurti, 2019Kalasin, K., Cuervo-Cazurra, A., & Ramamurti, R. (2019). State ownership and international expansion: The S-curve relationship. Global Strategy Journal, February, 1-33. https://doi.org/10.1002/gsj.1339
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).

O contexto da China (605) é predominante no agrupamento vermelho, e emerging markets (mercados emergentes) (217) também são um tema importante. Ambos estão principalmente ligados aos termos governance (governança) (305), financing (financiamento) (268), industry (indústria) (257), MNE ou multi-national enterprises (empresas multinacionais) (227), FDI ou foreign direct investment (investimento estrangeiro direto) (211) e entry mode (modo de entrada) (125). Como palavra-chave, a China foi mantida separada da discussão geral sobre a Ásia devido às suas peculiaridades. Essa decisão parece justificada pelo agrupamento dos resultados, que foram atribuídos a diferentes agrupamentos. A China é um catalisador para a discussão de recursos financeiros e fluxos de investimento nesse agrupamento, principalmente com base na Iniciativa Cinturão e Rota. Essas ligações ilustram a relevância da abordagem institucional econômica para explicar como o capital flui em todo o mundo, ao mesmo tempo que identifica um país comunista como um ator central nesses fluxos de capital.

Os pesquisadores estudaram novas formas organizacionais a partir de uma perspectiva sociológica, permitindo às empresas multinacionais lidar com a legitimidade (Kostova & Zaheer, 1999Kostova, T., & Zaheer, S. (1999). Organizational legitimacy under conditions of complexity: The case of the multinational enterprise. Academy of Management Review, 24(1), 64-81. https://doi.org/https://www.jstor.org/stable/259037
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) e a dualidade institucional entre países de origem e anfitriões (Kostova & Roth, 2002Kostova, T., & Roth, K. (2002). Adoption of an organizational practice by subsidiaries of multinational corporations: Institutional and relational effects. Academy of Management Journal, 45(1), 215-233.). A diversificação das operações internacionais das empresas de economias emergentes reduz o seu desempenho porque implica uma procura de adaptabilidade a diferentes arranjos institucionais, sejam eles de origem regulatória, normativa ou cognitiva (Scott, 1995Scott, W. R. (1995). Institutions and organizations. Sage Publications.). Por sua vez, as questões relacionadas com os indivíduos e a cultura não são centrais nessa discussão e têm maior destaque no agrupamento azul

O agrupamento azul ilustra a discussão de aspectos sociais, por exemplo, culture (cultura) (232), human resources (recursos humanos) (177), education (educação (147), gender (gênero) (153), migration (migração) (152), globalization (globalização) (145) e religion (religião) (111). Esses grupos de palavras-chave estão mais próximos da abordagem sociológica das instituições, sem a predominância de qualquer contexto institucional específico. No grupo, o contexto nacional é menos relevante e são as relações que dominam a discussão. Por exemplo, Meyer and Peng (2005)Meyer, K. E., & Peng, M. W. (2005). Probing theoretically into Central and Eastern Europe: Transactions, resources, and institutions. Journal of International Business Studies, 36(6), 600-621. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400167
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e Peng (2003)Peng, M. W. (2003). Institutional Transitions and Strategic Choices. The Academy of Management Review, 28(2), 275. https://doi.org/10.2307/30040713
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estudaram a mudança institucional quando os atores rompem ou consolidam relacionamentos para manter as instituições (Pinho & Prange, 2016Pinho, J. C., & Prange, C. (2016). The effect of social networks and dynamic internationalization capabilities on international performance. Journal of World Business, 51(3), 391-403. https://doi.org/10.1016/j.jwb.2015.08.001
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). Os autores que a mudança pode por vezes ser rápida e imprevisível, como quando os quadros regulamentares são alterados. A mesma perspectiva sobre a dinâmica da mudança também revelou que, em contraste, outras mudanças podem ser lentas e são muitas vezes subjetivas, como quando uma cultura estrangeira influencia o comportamento de uma população ou quando surgem subculturas locais (Child & Tse, 2001Child, J., & Tse, D. K. (2001). China’s Transition and its Implications for International Business. Journal of International Business Studies, 32(1), 5-21. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8490935
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; Meyer & Peng, 2005Meyer, K. E., & Peng, M. W. (2005). Probing theoretically into Central and Eastern Europe: Transactions, resources, and institutions. Journal of International Business Studies, 36(6), 600-621. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400167
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).

Mapa de calor retrospectivo

Usamos os recursos específicos do VosViewer - o mapa de calor, para obter uma retrospectiva de como os temas se conectam na abordagem baseada em instituições para estudos de NI. Observamos quantas vezes cada palavra-chave foi citada durante um período de tempo (medido em anos), da primeira à última aparição. Em seguida, examinamos a frequência com que cada palavra-chave foi usada anualmente, criando uma média ponderada. A fórmula para nosso índice de citação de tempo é:

X = i = 0 n ( y i w i ) i = 0 n w i

Na fórmula, X é nosso índice de citação temporal, W é o número de citações de palavras-chave para cada ano (peso) e Y é o ano. Por exemplo, se uma palavra-chave for usada uma vez no primeiro ano em que é citada, digamos 2010, nós a codificamos como 2010 = 1. Se em 2011 a palavra-chave foi citada três vezes, nós a codificamos como 2011 = 3; se em 2013 foi citada 50 vezes, codificamos como 2013 = 50. O número total de citações no exemplo é, portanto, 54. Então, a fórmula mede pontuações de discussões recentes para cada grupo de palavras-chave, conforme apresentado na Figura 4.

Figura 4
Mapa de calor retrospectivo

A Figura 4 oferece uma representação retrospectiva. Inicialmente representado por balões roxos e azulados, o foco dominante estava em aspectos relacionados a questões políticas e econômicas, como politics (política) (787), democracy (democracia) (199), África (494), Ásia (359), developing countries (países em desenvolvimento) (121) e reforms (reformas) (154). A abordagem baseada em instituições dos estudos de NI foi utilizada para explicar contextos distantes uns dos outros em relação à democratização e às reformas econômicas. Com o passar do tempo, assuntos adicionais começaram a surgir na discussão, representados pelos balões esverdeados, como China (605), development (desenvolvimento) (329), economics (economia) (273), governance (governança) (305), culture (cultura) (232), financing (financiamento) (268), MNE ou multinacional enterprises (empresas multinacionais) (227), SME ou small and micro enterprises (pequenas e médias empresas) (71) e labor (trabalho) (156). Este grupo de cores no mapa de calor indica que a intensificação dos NI levantou questões mais detalhadas que precisavam de resposta, envolvendo principalmente a China e relacionado com o movimento de investimentos, choques culturais e o desafio de gerir a força de trabalho em contextos institucionalmente distantes. Até certo ponto, este é um desenvolvimento do primeiro grupo de cor, agora mais relacionado com questões intra-empresas. A seguir, balões verdes claros e amarelos indicam a abordagem institucional de última geração para estudos de NI. Os emerging markets (mercados emergentes) (217) são um contexto desafiador e a discussão gira em torno de strategy (estratégia) (150), ownership (propriedade) (116), distances (distâncias) (74), subsidiaries (subsidiárias) (73) e corporate social resposibility (responsabilidade social corporativa) (CSR na figura) (99). Uma possibilidade é que tenha havido uma mudança para a abordagem sociológica das instituições, pretendendo explicar fenômenos mais específicos, tendo evoluído de uma consideração de contexto mais abrangente. Nesse sentido, o mapa de calor complementa a segmentação ilustrada no mapa de agrupamento mostrado acima (Figura 4), indicando uma tendência de utilização da abordagem baseada em instituições para estudos de NI, a fim de compreender aspectos em um nível de análise cada vez mais micro.

DISCUSSÃO

Para responder retrospectivamente à forma como os conceitos institucionais têm sido aplicados na explicação dos fenômenos de NI, discutimos esses conceitos, propomos uma agenda para lidar com as mudanças na abordagem conjunta dos termos e oferecemos recomendações com pontos de atenção.

Nossas descobertas mostram a mudança que a pesquisa sobre instituições em estudos de NI sofreu nas últimas décadas. Fica evidente que os pesquisadores partiram de uma perspectiva macro, focada principalmente nos níveis nacional e supranacional (Mudambi & Navarra, 2002Mudambi, R., & Navarra, P. (2002). Institutions and internation business: A theoretical overview. International Business Review, 11(6), 635-646. https://doi.org/10.1016/S0969-5931(02)00042-2
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). A pesquisa revelou que as conexões entre as instituições e os estudos de NI começaram a focar em como as instituições políticas e econômicas interagiam com NI (North, 1990North, D. C. (1990). Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. In Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511808678
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), rumo a um foco direcionado à ele que utiliza uma abordagem institucional como componente de análise (Peng et al., 2009Peng, M. W. ., Sun, S. L., Pinkham, B., & Chen, H. (2009). The Institution-Based View as a Third Leg for a Strategy Tripod. Academy of Management Perspectives, 23(3), 63-81. https://doi.org/10.5465/amp.2009.43479264
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). Este movimento tem consequências significativas para os estudos de NI e, talvez de forma mais drástica, para a compreensão das instituições na área. Os pesquisadores podem incorrer numa visão mais tênue das instituições, concentrando-se nas questões de NI e utilizando apenas as instituições como lente de análise (Jackson & Deeg, 2019Jackson, G., & Deeg, R. (2019). Comparing capitalisms and taking institutional context seriously. Journal of International Business Studies, 50(1), 4-19. https://doi.org/10.1057/s41267-018-0206-0
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). As evidências mostram que a mudança de foco pode levar os pesquisadores a ignorar efeitos institucionais significativos que se tornaram mais cruciais ao longo dos anos, mas que não foram totalmente investigados por falta de uma maior ênfase.

Além disso, chamamos a atenção para questões institucionais que estão em franca expansão em todo o mundo. A última década apresentou um aumento imperativo, em países de todo mundo, do populismo, do extremismo, da antiglobalização, da arbitrariedade, do nacionalismo e do autoritarismo. Essa tendência é especificamente nova, pois apresenta desafios institucionais e aos sistemas institucionais ou às nações que raramente foram vistos desde a Segunda Guerra Mundial. Mais atenção a estes movimentos pode ser de grande valor para uma melhor compreensão do papel da estabilidade institucional nos NI. Nestes termos, os nossos resultados complementam e atualizam Mudambi e Navarra (2002)Mudambi, R., & Navarra, P. (2002). Institutions and internation business: A theoretical overview. International Business Review, 11(6), 635-646. https://doi.org/10.1016/S0969-5931(02)00042-2
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e Henisz e Swaminathan (2008)Henisz, W., & Swaminathan, A. (2008). Institutions and international business. Journal of International Business Studies, 39(4), 537-539. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400381
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porque apresentam uma análise multinível da relação entre instituições e NI. Além disso, esses achados complementam Aguilera e Grøgaard (2019)Aguilera, R. V., & Grøgaard, B. (2019). The dubious role of institutions in international business: A road forward. Journal of International Business Studies, 50(1), 20-35. https://doi.org/10.1057/s41267-018-0201-5
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que reforçam a relevância do desembaraço das instituições para a compreensão da complexidade e da diversidade de forças interconectadas policentricamente.

Em síntese, destacamos caminhos de investigação futuros para ligar instituições e NI:

  • É necessário compreender como indivíduos de diferentes contextos institucionais influenciam os NI a partir de uma perspectiva de microfundamento.

  • Considerar como os ambientes institucionais subnacionais afetam os investimentos. As variações do ambiente institucional subnacional dentro de um país podem ser vastas, especialmente numa economia emergente.

  • Devido ao fato de a China ter se tornado uma pedra angular dos estudos de NI, o efeito das instituições da Iniciativa Cinturão e Rota da China noutras regiões de influência é um tópico específico a ser estudado.

  • Explorar as características duvidosas inerentes às instituições e adotar perspectivas teóricas multifacetadas delas, como a complexidade institucional e o policentrismo institucional, para compreender os fenômenos que afetam os NI em múltiplos aspectos.

  • Contra-intuitivamente, a heterogeneidade nos ambientes institucionais convida à abordagens holísticas para enfrentar problemas como as alterações climáticas e a desigualdade. Pode permitir-nos aproveitar os pontos fortes de diferentes instituições e culturas para desenvolver soluções mais eficazes.

Por fim, essa discussão sugere que a interface entre os NI e as instituições é um campo latente de pesquisa. Nossa revisão dá uma visão abrangente dessas questões. Assim, apresentamos um resumo das questões de investigação que acreditamos que devam ser abordadas:

Influência das instituições formais e informais nos NI:

  • Como é que as instituições informais e as suas interações com as instituições formais afetam a internacionalização das empresas?

  • Algumas destas instituições ou combinações de instituições em diferentes mercados são mais propícias às estratégias de NI?

  • Como as empresas influenciam as instituições formais e informais de diferentes maneiras? É uma estratégia deliberada ou emergente?

Influência das instituições na política de NI:

  • Que restrições e regras são relevantes para a política de NI?

  • Como as instituições supranacionais influenciaram a política de NI?

  • Como pode o “modelo estatal” ser analisado numa equação que tenta compreender empresas, instituições e clientes?

  • Como as empresas responderam às mudanças nas instituições instigadas pelo governo?

  • Como podem as distorções institucionais (por exemplo, dismorfia institucional, policentrismo institucional) mudar as políticas governamentais?

  • Que fatores de mudança institucional influenciaram as políticas de NI?

Influência das instituições nos modelos de internacionalização:

  • Que determinantes e resultados influenciam a internacionalização da empresa com o apoio das instituições?

  • Como podem os recursos naturais restringir ou incentivar a internacionalização de uma empresa com apoio institucional?

  • Existe espaço para desenvolver novos modelos para explicar os NI e as instituições?

  • Como as empresas lidam com a complexidade institucional nos NI?

Em suma, este artigo incentiva os pesquisadores a prestarem mais atenção aos NI e às instituições em vários níveis. Além disso, dirige a atenção dos acadêmicos para um contexto amplo de estudo das instituições, políticas de NI e modelos de internacionalização.

CONCLUSÕES

Neste artigo, pretendemos explorar a coevolução de estudos e instituições de NI, empregando uma abordagem cientométrica para revisar retrospectivamente a aplicação de conceitos institucionais em estudos de NI e delinear uma agenda de pesquisa. Nossa contribuição se desenvolve ao longo de três trajetórias distintas na literatura de NI.

Primeiramente, delineamos a trajetória evolutiva dos construtos teóricos, elucidando a transformação a partir da explicação da formulação de estratégias e da tomada de decisões. O nosso discernimento sublinha a jornada evolutiva das investigações centradas nas instituições dentro dos NI, começando com um ponto de vista político que eventualmente transita para uma perspectiva econômica. Está em curso uma mudança perceptível, com os pesquisadores de NI adotando uma lente sociológica para elucidar a interação das instituições e a intrincada relação entre estratégias, decisões e desafios intra-empresas.

Em segundo lugar, revelamos a inadequação dos paradigmas convencionais na compreensão de eventos com nuances contextuais que exercem uma influência confusa no domínio dos NI, como enfatizado pelo trabalho de Aguilera e Grøgaard (2019)Aguilera, R. V., & Grøgaard, B. (2019). The dubious role of institutions in international business: A road forward. Journal of International Business Studies, 50(1), 20-35. https://doi.org/10.1057/s41267-018-0201-5
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. Esse reconhecimento sublinha a indispensabilidade de examinar a encruzilhada entre as instituições e os NI, emergindo como um terreno fértil para a exploração acadêmica. Nosso estudo destaca a inadequação de segregar os estudos de NI em paradigmas econômicos e sociológicos racionais dicotômicos, uma vez que a importância crescente do meio institucional necessita de uma perspectiva mais holística para capturar a intrincada rede de dinâmicas interconectadas policêntricas.

Em terceiro lugar, o panorama dos subsídios dos NI foi transformado pela ascendência da China, alterando o ponto focal das considerações políticas e econômicas para o tecido institucional. Essa mudança é exemplificada pelo papel central da China, causando turbulência nas convenções estabelecidas no domínio dos estudos de NI que persistiram até ao final do século anterior.

É certo que, apesar do meticuloso rigor metodológico que caracteriza a nossa pesquisa, certas limitações merecem ser reconhecidas. Por exemplo, o emprego de um mapa de calor para retratar concentrações temporais de palavras-chave depende de médias, potencialmente obscurecendo padrões diferenciados em que a relevância de uma palavra-chave poderia exibir uma trajetória em forma de U, uma nuance não explicada por nossa análise. Além disso, a metodologia de agrupamento manual introduz inadvertidamente um viés que é inerentemente difícil de mitigar totalmente. A decisão de empregar uma trifurcação de agrupamentos de palavras-chave pode ter inadvertidamente encoberto sutilezas que uma estrutura de agrupamento mais extensa poderia ter capturado.

Não obstante tais limitações, nossas conclusões afirmam inequivocamente que, embora a perspectiva baseada em instituições tenha impulsionado uma mudança de foco nos estudos de NI, das dimensões políticas e econômicas para a introspecção dos domínios organizacionais e das suas afiliações contextuais, permanece uma exigência premente de aprofundamento maior de nossa compreensão. Nosso estudo traz implicações profundas para as atividades teóricas e metodológicas dentro da abordagem baseada em instituições para estudos de NI. Postulamos que aprofundar o corpus da ciência política poderia resultar na obtenção de uma compreensão diferenciada das ramificações políticas explícitas que se estendem além da mera política partidária, abrangendo a dinâmica do poder subsidiário, a inovação e a influência governamental.

Metodologicamente, nossa contribuição ressoa ao introduzir mapas de calor e cientometria como ferramentas para desvendar as trajetórias evolutivas das ligações teóricas. Por último, a conjuntura convergente de perspectivas institucionais e de investigação em NI está se orientando resolutamente para investigações microscópicas. Essa tendência acentua a pertinência de examinar a forma como as instituições interagem com os microfundamentos dos NI, possivelmente anunciando uma promissora via de exploração. Além disso, temas emergentes como a sustentabilidade global, os cuidados de saúde e a desglobalização oferecem um terreno fértil para investigar as impressões das instituições na dinâmica dos NI.

O nosso estudo ressalta o imperativo do contexto asiático em catalisar a metamorfose do discurso dos NI, redirecionando o seu ponto focal do contexto macro institucional para as suas ramificações dentro das entidades corporativas. Como recomendação final para estudos futuros que interajam com instituições e NI, salientamos a necessidade de reconhecer retrospectivamente as perspectivas predominantes que moldaram a nossa compreensão das instituições. Esse conhecimento é essencial para promover um diálogo perspicaz e avançar a fronteira dos estudos de NI centrados em instituições.

  • Avaliado pelo sistema double-anonymized peer review. Editor Associado ad hoc: Felipe Zambaldi
  • Os/as avaliadores/as não autorizaram a divulgação de sua identidade e relatório de avaliação.
  • Versão traduzida

REFERENCES

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    08 Dez 2022
  • Aceito
    16 Out 2023
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