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Man machine system, penguin education

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt E. Weil

Man machine system, penguin education

Por W.T. Singleton. Harmonds-worth, England, Penguin Books Ltd., 1974. 178 p. ilustrado, brochura. Preço: 60p.

O aparecimento desse ótimo livrinho (no sentido de número de páginas, não de conteúdo) coincide com a necessidade de um livro-texto para o ensino da ergonomia, nos cursos de extensão de medicina de trabalho e engenharia de segurança. Sem nenhuma dúvida, houve um desenvolvimento extraordinário da ergonomia na sua definição atual:'' Projeto de sistema com as características de operador humano como ponto de partida e referência última." Há cinco anos a definição era "adaptação do homem à máquina e da máquina ao homem", e há 20 anos "ciência de botões e alavancas". O desenvolvimento da ergonomia muito deve ao projeto de um programa espacial, à necessidade de maior segurança de trabalho e à procura de meios de comunicação dentro da empresa e no lar, tais como o "bip" para chamadas e a propaganda dita subliminar.

Para o estudo da ergonomia necessita-se hoje de conhecimentos em muitas áreas de pesquisa e especialização:

engenharia de trabalho

higiene e segurança de trabalho

fisiologia

psicologia do trabalho

sociologia industrial

estatística e probabilidade

projeto industrial

eletrônica e ótica (teoria das ondas)

acústica, etc.

Numa época na qual a grande síntese de todas as ciências é procurada através de estabelecimento de sistemas, não podia deixar de existir a pesquisa do sistema ergonômico - e aqui está um livro baseado mais nos princípios psicológicos recentes, como fator de integração. A psicologia empregada é a ocupacional e a organizacional. A divisão de funções entre o homem e a máquina, a análise e o estudo do trabalho, a técnica de controle de qualidade, a seleção e treinamento, a teoria do aprendizado, a delegação de funções do homem à máquina e seus problemas psicológicos, como os das linhas de produção constituem subsistemas do sistema homem-máquina. Um livro que procura integrar todos os aspectos do homem e da máquina em conjunto, destinase, automaticamente, ao campo do administrador - dando assim um fecho a todas as especializações enumeradas anteriormente.

Nos últimos anos, devido principalmente ao tédio dos operários em linhas de produção, novas técnicas têm sido procuradas para dar alta produtividade com maior envolvimento humano. Experiências de abolição da linha de produção da Volvo, na Suécia, ou do horário móvel, da Robert Bosch do Brasil, são facetas do mesmo problema que podem ser observados pelo histórico do estudo do trabalho:

1. A era do engenheiro - o operador da máquina subordinado a esta.

2. A era dos sistemas de máquinas.

3. A era do sistema homemmáquina, que é a atual.

O autor, dentro do quadro do "sistema" moderno, apresenta esquematicamente o quadro acima.

O livro, que poderia servir quanto ao seu lay-out como exemplo para muitos livros-texto, tem os seguintes capítulos:

1. O método sistemático

2. Divisão de funções

3. Análise total das atividades

4. O operador (funcionário) da manutenção

5. Seleção e treinamento

6. Meios auxiliares de trabalho e de treinamento

7. Projetos de interface

8. Sistemas especiais

Vocabulário

Referências bibliográficas

Índice remissivo.

O glossário das definições de palavras como "atrito estático" e "atrito deslizante", "sistema", "operador programado" num número aproximado de 60. As referências bibliográficas são 120. Tudo que é apresentado é importante e funcional.

O primeiro capítulo é excelente introdução à análise de sistemas, diagrama de blocos, símbolos para projetos de sistemas e análise das limitações de pensar assistemicamente.

O segundo capítulo começa com uma sensacional listagem das vantagens ou desvantagens relativas de homem e máquina, infelizmente terminando com a vantagem 13 a 12 da máquina com dois empates. Por exemplo: no item cálculo, a máquina é rápida, precisa; o homem, lento e sujeito a erro. O empate é no raciocinio - a máquina é boa na dedução, o homem na indução. A máquina é trabalhosa para ser reprogramada, o homem é simples de reprogramar. De acordo com o que diz o livro, quem tem de reprogramar lembra-se do velho provérbio inglês: "Não se pode ensinar novos truques a cachorros velhos." O homem ganha por mobilidade e versatilidade, a máquina é específica. Mas a diferença principal, também discutível, é que o homem deteriora, enquanto a máquina quebra.

Há uma interessante maneira de como a máquina pode ajudar nos quatro campos funcionais da administração, desde o manual até a teoria da decisão, projeto e comunicação.

O capitulo dedicado à análise total das atividades é que introduz grande número de novidades no estudo sistêmico e sistemático do trabalho. Realmente, além da atividade da mão direita, mão esquerda, tempo, distância percorrida, etc , também introduz o "objetivo" de cada ação. Na p. 81 encontra-se a taxonomía do erro humano - desde a "clássica", que até parece religiosa "erro por omissão e comissão", até as mais modernas, como a de Meister (1965) "trabalho fora de seqüência" e de DeGreene (1970), "incorreções na manipulação lógica". O capítulo 4 dedica nove páginas ao operador de manutenção, chegando a encontrar critérios funcionais válidos para a manutenção, inclusive comparando o homem (por exemple: controla seu próprio serviço) com amáquina consertadora embutida (continuamente em atividade, o homem pode estar em outro lugar). O capítulo de treinamento nada introduz de essencialmente novo, mas a apresentação conjunta de projeto e treinamento facilita o último. Haja vista o "conjunto do sistema".

O estudo do manual de instrução como parte de subsistema de comunicação entre a máquina e o homem, é outro conceito novo e importante. Os meios auxiliares de produção incluem toda a gama de projetos, desenhos, etc, que permitem a comunicação da máquina e do homem; quando o cargo é descrito, a máquina colocada e o homem treinado.

O capítulo dedicado ao projeto da interface trata do problema de intervalo entre estímulo-homem e comandomáquina dado pelo homem. Neste caso os exemplos são do avião que aterrissa e o do submarino, e para esquematizar por fim, o motorista de automóvel. O operário da máquina é tratado como homem que deve decidir - pois necessita receber três tipos de informação:

1. Informação sobre política da empresa e objetivos (dentro de que limites ele pode variar o trabalho).

2. Informação sobre alternativas e conseqüências. A probabilidade de obter, por exemplo, uma peça boa deve ser pesada contra o tempo de permanência na têmpera, ou batida na forja, numa metalúrgica.

3. Informações sobre o estágio e as mudanças do sistema no qual ele, operário, toma parte.

O último capitulo trata do sistema educacional nacional britânico como um sistema de treinamento, que é um exemplo de aplicação.

Resumindo, o Prof. Singleton, de Psicologia Aplicada da Universidade Aston em Birmingham, Inglaterra, escreveu um livro que é interessante para administradores, médicos, engenheiros, organizadores e analistas de sistemas. Não há possibilidade de controvérsias, a apresentação é clara e seca, com o único traço de humor na capa - Charles Chaplin, Carlitos, na engrenagem de "Tempos modernos". Impressão boa. Esperamos que a Penguin não pare de publicar livros como este, após anunciar a redução de seu programa editorial e de seu funcionalismo (Gazeta Mercantil, São Paulo, 7.2.1975).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Abr 1975
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