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Behavioral concepts in management

RESENHA BIBLIOGRAFICA

Behavioral concepts in management

Por David R. Hampton. Dickenson Publishing Company, Belmont, Califdrnia, 1968. 144 p.

David R. Hampton é o organizador desta coletânea que reúne vários artigos publicados em revistas especializadas, além de outros trabalhos monográficos de grande interesse para o administrador.

Tudo nos leva a crer que o esforço de organização levado a efeito por Hampton tenha sido orientado para aqueles que enfrentam diariamente problemas administrativos, mais do que para os que se dedicam ao magistério ou à consultoria, muito embora também os últimos possam tirar bastante proveito da leitura do livro.

O autor não desconhece o caráter pouco científico da administração e também não parece dar muita importância a isto. Sua atitude é a de dar ao leitor informações oriundas das mais diversas correntes do pensamento administrativo, mas que, de alguma forma, lhe possam ser úteis. Acredita, contudo, que através de um procedimento como esse, é possível dar ao leitor uma visão dos fundamentos e dos limites da administração, bem como estimular as novas possibilidades do campo com uma atitude ativa e pensante. Para tanto, o livro é dividido em quatro partes básicas: natureza humana e administração, novas concepções em motivação, sistemas de comportamento organizacional e desenvolvimento organizacional.

No que se refere ao tópico Natureza humana e administração são apresentados alguns textos clássicos em administração: O lado humano da empresa, de Douglas MacGregor, Organização do trabalho: teorias e técnicas, de Robert T. Golembiewsky, e Managerial grid, de Blake, Mouton e Bidwell.

No que diz respeito ao tópico Novas concepções em motivação, mostra-se um trabalho de Frederick Herzberg e outro de Scott Myers. Sistemas de comportamento organizacional é o tópico seguinte, composto de trabalhos de Craig G. Lundberg, Frank J . Jasinski e Leonard R. Sayles.

Finalmente, o tópico Desenvolvimento organizacional é coberto por trabalhos da maior atualidade e importância, quais sejam: Desenvolvimento organizacional como um processo de influência, de Edgar H. Schein e T-groups para a eficácia organizacional.

Todavia, a despeito das qualidades indiscutíveis do livro, acreditamos que alguns cuidados não foram tomados, pelo organizador. Em primeiro lugar há muita heterogeneidade na importância dos trabalhos selecionados. Assim o lado humano da empresa, apesar de tratar-se de uma adaptação da teoria da motivação de Maslow, constitui um marco na teoria administrativa. Não há quem se possa dizer um conhecedor de administração, que nio tenha lido MacGregor. A hierarquia das necessidades humanas, apresentada por esse autor, mediante a qual ninguém é motivado por uma necessidade de nível superior sem que necessidades de níveis inferiores estejam sendo satisfeitas, além da constatação de que uma necessidade já satisfeita não é mais motivadora, revolucionou a concepção que os administradores tinham da natureza humana, abalou o equilíbrio empregado-administração e estimulou o surgimento de novas filosofias administrativas. Trabalhos como o de Lundberg e o de Jasinski, porém, embora de qualidade, são bem menos relevantes para o administrador.

Em segundo lugar, a separação em tópicos parece-nos um tanto artificial e falha. Não vemos, por exemplo, razões suficientes para separar as leituras de Hersberg e de Scott Myers da de McGregor, quando o tema é básicamente o mesmo. Além disso, o trabalho de Blake, Mouton e Bidwell é tipicamente um artigo referente a desenvolvimento organizacional, devendo a nosso ver estar na mesma classe dos de Schein e Argyris, discutível que seja a equivalência qualitativa.

Acreditamos, aliás, que em função da atualidade do tema desenvolvimento organizacional, cabe aqui um destaque especial para esses três trabalhos. Schein em Desenvolvimento da administração como um processo de influência aborda o tema sobre o problema da maneira pela qual uma organização pode influenciar as crenças, as atitudes e os valores de um indivíduo, com a finalidade de desenvolvê-lo, ou seja, mudá-lo na direção mais interessante para a organização. Para tanto, sugere um modelo de processo de influência composto de três fases; descongelamento, mudança e recongelamento. Em outras palavras: uma alteração das forças atuantes sobre o indivíduo, de maneira que seu equilíbrio estável seja perturbado suficientemente para motivá-lo e provocar nele uma mudança; a apresentação de uma direção de mudança e o processo real de aprendizagem de novas atitudes; e, finalmente, a integração das atitudes modificadas no quadro geral da personalidade ou nos relacionamentos emocionais importantes. Chris Argyris em T-groups para a eficiência organizacional procura indicar soluções para equipes administrativas que se tornam ineficientes e inflexíveis à medida em que o tempo passa, para administradores individuais que seguem um caminho semelhante, além de sugestões para o desenvolvimento de uma equipe administrativa inovadora. Tais soluções enquadram-se nas técnicas gerais dos "laboratórios de sensibilidade", sendo que, a seu ver, especialmente na forma de "T-groups". Já Blake, Mouton e Bidwell em Managerial grid, comparam sete teorias administrativas com vistas a selecionar suas visões das necessidades organizacionais relacionadas com a produção e os lucros e das necessidades humanas de relacionamentos saudáveis e amadurecidos. Seu objetivo é a demonstração da superioridade da "administração por equipe", especialmente com relação à "administração por tarefa" e à "administração clube de campo", esta última encarada como um protótipo de administração ingênua, que acredita que a satisfação tem que ser mantida a todo custo, porque dela depende de modo exclusivo a produtividade.

Em suma, a despeito de algumas deficiências, julgamos que o livro traz informações de utilidade indiscutível para os administradores de empresas, sendo sua leitura recomendável também a estudantes e consultores, bem como a todos aqueles que estiverem interessados em relembrar páginas importantes da área ou tomar um primeiro contato com as técnicas de alteração comportamental em voga no momento.

Fernando C. Prestes Motta

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Set 1971
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