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Esôfago de Barrett: prevalência, risco de adenocarcinoma e avaliação endoscópica

CLÍNICA CIRÚRGICA

Esôfago de Barrett. Prevalência, risco de adenocarcinoma e avaliação endoscópica

Pedro Luiz Squilacci Leme; Rodrigo Altenfelder Silva; Otto-Michael Pius Höhne

No departamento de Clínica Cirúrgica da Universidade de Pádua, na Itália, foi estudada a presença de metaplasia gástrica no esôfago distal. A definição do esôfago de Barrett foi modificada com o passar dos anos e apenas a metaplasia intestinal especializada tem demonstrado risco de desenvolvimento do câncer. A prevalência desta metaplasia em endoscopias com biópsias múltiplas, indicadas por sintomas dispépticos, varia de 9%-21% na cárdia e de 1,2%-8% ao se avaliar 3 cm acima da transição esôfago-gástrica.

Entre os doentes com esôfago de Barrett, há uma prevalência no sexo masculino, entre a quinta e a sétima década de vida e o risco de se desenvolver adenocarcinoma ainda não é bem estabelecido, mas calcula-se que seja de 30 a 125 vezes maior que o da população geral. O adenocarcinoma do esôfago é um tumor letal, com uma taxa de sobrevivência em cinco anos de 20%. Até agora nenhum dos estudos prospectivos empregando a endoscopia mostrou qualquer impacto positivo nas taxas de sobrevivência dos doentes, mas a recomendação atual seria a de se monitorar doentes do sexo masculino, com boas condições gerais e com segmentos de esôfago de Barrett maiores que 3 cm.

Comentário

Existem controvérsias para o diagnóstico desta doença, mas há uma preferência pela definição do epitélio de Barrett como apenas aquele que apresenta metaplasia intestinal especializada, que é o único tipo ligado à incidência aumentada de adenocarcinoma.

A endoscopia pode sugerir a alteração, presente em cerca de 10% dos portadores de doença do refluxo, mas as biópsias são sempre necessárias para confirmar e aumentar a freqüência dos diagnósticos, detectando microfocos de metaplasia. A endoscopia com magnificação da imagem, recurso antes utilizado nas colonoscopias, passa a ganhar destaque na avaliação desta afecção. O exame endoscópico anual com múltiplas biópsias tem sido recomendado, mas esta recomendação não seria justificada na presença de epitélios colunares fúndico e cárdico. O acompanhamento endoscópico pós-operatório mostra que o epitélio não se altera com o passar do tempo, sendo descritos doentes com degeneração adenocarcinomatosa após a correção do refluxo. Considera-se que 80% dos doentes operados para tratar o refluxo gastroesofágico não apresentam regressão do epitélio colunar e novas opções de tratamento endoscópico, ainda em estudo, como a fotoablação com laser e a terapia fotodinâmica, que embora tenham resultados iniciais promissores, ainda esperam estudos a longo prazo para uma avaliação adequada.

Referências

1. Zaninotto G, Costantini M, Molena D, Rizzetto C, Ekser B, Ancona E. Barrett's esophagus. Prevalence, risk of adenocarcinoma, role of endoscopic surveillance. Minerva Chir 2002; 57: 819-36.

2. Prolla JC, Dietz J. Epitélio de Barrett. In: Marchesini JB, Malafaia O, editores. Doença do refluxo gastroesofágico. São Paulo: Atheneu; 1996.p.93-103.

3. Pollara WM. Conduta terapêutica no esôfago de Barrett. In: Marchesini JB, Malafaia O, editores. Doença do refluxo gastroesofágico. São Paulo: Atheneu; 1996.p.105-31.

4. Yokota ME, Borsatto R, Malheiros CA. Endoscopia com magnificação: novo método de avaliação do esôfago de Barrett. Panorama Internacional. Rev Assoc Med Bras 2002; 48:276.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2003
  • Data do Fascículo
    Jun 2003
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