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O Prontuário e o Paciente Digital

O surgimento da tecnologia e necessidade de sistematização das informações transformou a mais tradicional forma de prontuário do paciente, escrito em papel, em diversas formas de aplicações eletrônicas. Aplicativos foram desenvolvidos com o objetivo de melhorar a qualidade dos sistemas de saúde. Dentre as aplicações, o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) destacou-se pela possibilidade de organização dos dados de forma estruturada oferecendo suporte e apoio à tomada de decisão por parte da equipe médica. Inúmeros PEPs foram desenvolvidos para atender às demandas localizadas nas clínicas e hospitais. Objetivavam suprir as questões burocráticas e necessidades assistenciais com uma visão unidirecional do prestador para o paciente .

Com o advento da Internet e da computação em nuvem, os prontuários eletrônicos transformaram-se em importantes ferramentas, não apenas de registro e organização das informações para o médico sobre seus pacientes mas, sobretudo, como principal veículo através do qual médicos e pacientes possam acessar e alimentar com rapidez, facilidade e segurança os dados sobre saúde.

No mundo da Saúde Digital, o paciente dispõe de aplicativos integrados aos prontuários eletrônicos que possibilitam por exemplo, enviar resultados de exames laboratoriais e de imagem. Atualmente, existem inúmeros dispositivos médicos como relógios, pulseiras e sensores capazes de enviar dados qualificados e sinais de alerta continuamente sobre pressão arterial, oximetria, temperatura corporal e frequência cardíaca. Através de aplicativos e adaptadores em telefones, valores de glicemia e traçados eletrocardiográficos ou mesmo imagens dermatológicas e otológicas são enviadas a centrais médicas bastando apenas alguns toques na tela do telefone celular.

Os prontuários eletrônicos em nuvem tornaram-se plataformas de comunicação, digitalização, armazenamento e interpretação de dados.

Em países onde as questão regulatórias já estão mais avançadas, os PEPs se integraram a plataformas de teleconsulta, teleinterconsulta e telediagnóstico. Nos EUA, em 2018, um único prestador de serviço realizou mais de 3 milhões de tele consultas, todas devidamente integradas aos PEPs, seguindo protocolos de segurança da informação. Independentes dos atuais debates sobre as questões envolvendo a telemedicina, os PEPs serão as ferramentas centrais no universo da Saúde Digital.

Nesta longa trajetória do simples registro em papel até plataformas complexas, os prontuários eletrônicos precisaram adaptar-se às necessidades dos pacientes. Tornaram-se mais amigáveis e de fácil utilização. Para os profissionais de saúde, os PEPs tornaram-se ferramentas potencializadoras de engajamento de pacientes ao próprio tratamento. Apesar de toda evolução, os PEPs ainda apresentam entraves em sua implementação. A falta de padronização nas terminologias provoca a perda ou inviabiliza muito dos recursos que podem ser disponibilizados, como alertas, sistemas de apoio à decisão, pesquisas clínicas e outros. A ausência em si de recursos de segurança e confidencialidade gera descrédito, aumentando a falta de confiança dos usuários. A recente Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP), que estabelece regras para o tratamento de informações de pessoas físicas por outros indivíduos ou pessoas jurídicas, trouxe mais segurança jurídica para todos os envolvidos: pacientes, profissionais de saúde, operadoras de saúde e desenvolvedores de sistema.

É necessário que os profissionais de saúde sejam capacitados e desenvolvam habilidades para incorporarem as tecnologias em sua prática. A tecnologia não pede “licença“ para entrar. A tecnologia entra com respaldo dos usuários digitais, nesse caso, o Paciente Digital.

REFERENCES

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  • 4
    Massad EE, Marin HF, Azevedo RS. O prontuário eletrônico do paciente na assistência, informação e conhecimento médico. São Paulo: UNIFESP; 2003.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Set 2019
  • Data do Fascículo
    2019
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