RESUMO
Ao se considerar as componentes do cinema, pode-se dizer que ele é, talvez, a forma artística mais completa de comunicação, uma vez que alia, essencialmente, as componentes imagem, música e linguística. O filme Being There - Muito Além do Jardim, no Brasil, e Bem-Vindo Mr. Chance, em Portugal -, de Hal Ashby, de 1979, aborda precisamente a dimensão linguística, questionando: em que medida as nossas interações linguísticas não se baseiam em equívocos de interpretação? O filme, que é baseado no romance homônimo de Jerzy Kosiński, assenta-se em uma estrutura diegética que evidencia questões relativas aos equívocos no uso da linguagem verbal e ao papel de fenômenos como a polissemia e a metáfora nesses equívocos e nas interações linguísticas. Este texto procura analisar, através do jardineiro Chance e das suas interações com as demais personagens, sobretudo no nível da comunicação linguística, como o filme apresenta a relação entre os quadros cognitivos pessoais que nos constroem enquanto indivíduos humanos e a forma como eles são expressos pela linguagem verbal, principalmente no processo metafórico. Além disso, o artigo examina como é possível que quadros de descodificação completamente díspares e equivocados funcionem em universos paralelos de interpretação.
PALAVRAS-CHAVE: Cinema; Metáfora; Ambiguidade; Filme Being There; Muito Além do Jardim; Bem-Vindo Mr. Chance